Questões de Vestibular de Português - Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto
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Veio a sua mente a figura de Gongora e Argote, o poeta
espanhol que tanto admirava, vestido como nos retratos em seu hábito eclesiástico
de capelão do rei: o rosto longo e duro, o queixo partido ao meio, as têmporas
rapadas até detrás das orelhas. Gongora tinha-se ordenado sacerdote aos cinqüenta
e seis anos. Usava um anel de Rubi no dedo anular da mão esquerda, que todos
beijavam. Gregório Matos queria, como o poeta espanhol, escrever coisas que não
fossem vulgares, alcançar o culteranismo. Saberia escrever assim? Seria dentro
de si um abismo. Se ali caísse, aonde o levaria? Não estivera Gongora tentando
unir a alma elevada do homem à terra e seus sofrimentos carnais? Gregório de
Matos estava no lado escuro do mundo, comendo
a parte podre do banquete. Sobre
o que poderia falar? Goza, goza el color,
da luz, el oro. Teria sido bom para Gregório se tivesse nascido na Espanha?
Teria sido diferente? “Ah, Gregório”, pensou o poeta, “Porque em cullis mundi te meteste?”
(Miranda,
2006, p. 9).
I - O narrador, que intencionalmente oscila entre a referência histórica imparcial e um olhar contemporâneo de certo estrato do período colonial, a Bahia do século XVII, expõe o paradoxo que há entre a suposta nobreza, “el oro”, da metrópole colonizadora e a vulgaridade de uma realidade em nada poética, “por que em culis mundi te meteste?”.
II - As angustiantes questões que o personagem Gregório se propõe, não só poéticas, também políticas, étnicas, sociais, refletem o declínio de uma certa aristocracia intelectual, e sua correlata visão de mundo, com o advento do capitalismo e de novas relações sociais. Do conflito entre uma consciência ainda presa a valores morais e religiosos do Classicismo e uma realidade que passa a funcionar à revelia de tais valores, estará repleta a obra e o projeto de vida do Gregório de Matos poeta.
III - As expressões vulgares com as quais o poeta se refere ao Brasil ao longo de toda a narrativa, de certo modo, refletem a visão sobre o país dos personagens principais do romance, ainda presos a uma hierarquização colonialista entre metrópole e colônia, como observado nestas palavras de Antonio Vieira, “o mundo está cheio de ladrões e a coisa aqui parece pior” (p. 58), e de personagens secundários como o vereador Luiz Bonicho, “qualquer lugar é melhor do que esta triste tafularia” (p. 34) ou da imigrante Anica de Melo, “escolhi o Brasil porque aqui todos se sentem labregos” (p. 143).
Considerando a leitura do texto, pode-se inferir
I - o princípio de igualdade de raças e nele a superação da intolerância e do preconceito.
II - o respeito à diversidade que deve constituir a organização da sociedade brasileira.
III - a construção de uma sociedade em função da pluralidade social e cultural pressuposta no paralelismo linguístico.
IV - a responsabilidade de conquista dos negros por uma posição social hierárquica proeminente.
Marque a alternativa abaixo, que indica a(s) proposição(ões) verdadeira(s).
I - a compatibilidade entre os enunciados, estabelecem relação de progressividade e funcionam como operadores de sequenciação no texto.
II - o encadeamento linear de elos coesivos, reiteram a coerência textual e especificam a sucessão de ideias no texto.
III - a retomada de termos e funcionam como pistas linguísticas que propiciam sentidos ao texto.
Marque a alternativa abaixo, que indica a(s) proposição(ões) verdadeira(s).
( ) situa o tema da obra resenhada de forma clara e objetiva e resume os conteúdos abordados pelos autores que compõem a coletânea.
( ) desenvolve o tema da diversidade social e articula as ideias de forma resumida, fazendo apreciações e imprimindo juízo de valor sobre a obra.
( ) apresenta breve comentário que incentiva a leitura do livro resenhado com a finalidade de transmitir uma ideia geral sobre o sentido nele contido.
( ) sintetiza uma obra e expõe críticas em relação à temática, justificando o posicionamento dos autores.
Analise as proposições acima, e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas.
Marque a alternativa CORRETA.