Questões de Vestibular de Português - Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto
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JOANA:
(...)
A Creonte, à filha, a Jasão e companhia
vou deixar esse presente de casamento
Eu transfiro pra vocês a nossa agonia
porque, meu Pai, eu compreendi que o sofrimento
de conviver com a tragédia todo dia
é pior que a morte por envenenamento
(...)
No final da peça, Joana fala do “sofrimento de conviver com a tragédia todo dia”.
Em relação a esse sofrimento, a personagem tem uma reação que consiste em:
JOANA:
(...)
Já lhe dei meu corpo, não me servia
Já estanquei meu sangue, quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor
Deixa em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção
− faça não
Pode ser a gota d’água
(...)
A expressão “gota d’água” é uma metáfora que expressa o sentimento de Joana.
Dentre os acontecimentos da peça vividos pela personagem, aquele que se torna a gota d’água é:
JOANA:
O pai e a filha vão colher a tempestade
A ira dos centauros e de pomba-gira
levará seus corpos a crepitar na pira
e suas almas a vagar na eternidade
Os dois vão pagar o resgate dos meus ais
Para tanto invoco o testemunho de Deus,
a justiça de Têmis e a bênção dos céus,
os cavalos de São Jorge e seus marechais,
Hécate, feiticeira das encruzilhadas,
padroeira da magia, deusa-demônia,
falange de Ogum, sintagmas da Macedônia,
suas duzentas e cinquenta e seis espadas,
mago negro das trevas, flecha incendiária,
Lambrego, Canheta, Tinhoso, Nunca-visto,
fazei desta fiel serva de Jesus Cristo
de todas as criaturas a mais sanguinária
(...)
A invocação de Joana, que revela uma característica da religiosidade brasileira, é organizada por meio de certo recurso literário.
Esse recurso e a característica da religiosidade são nomeados, respectivamente, como:
JASÃO:
Puxa, mestre, o senhor é cismento
Eu já lhe falei pra levantar
grana num banco. Aí moderniza
a oficina, põe pra trabalhar
uns empregados e nem precisa
forçar a vista. Fica ali só
na administração... (Levantando)
EGEU:
(Com autoridade) Presepada,
menino... Tira esse paletó
e senta aí. Que banco que nada!
Senta duma vez, eu tou mandando
Pega o alicate e a chave de fenda
e vai matutando, matutando,
até que você um dia aprenda
a ser dono da sua consciência
A reação de Mestre Egeu se baseia em uma avaliação implícita acerca de Jasão.
De acordo com essa avaliação, o compositor se caracteriza como uma pessoa:
JOANA:
(...)
Olhando eles assim, sem sofrimento,
imóveis, sorrindo até, flutuando,
olhando eles assim, fiquei pensando:
podem acordar a qualquer momento
Se eles acordam, minha vida assim
do jeito que ela está destrambelhada,
sem pai, sem pão, a casa revirada,
se eles acordam, vão olhar pra mim
Vão olhar pro mundo sem entender
Vão perder a infância, o sonho e o sorriso
pro resto da vida... Ouçam, eu preciso
de vocês e vocês vão compreender:
duas crianças cresceram pra nada,
pra levar bofetada pelo mundo,
melhor é ficar num sono profundo
com a inocência assim cristalizada
O fragmento da cena acima contém um índice, para os leitores, da construção da história.
A função desse índice é: