Questões de Vestibular de Português

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Q1352637 Português
Leia o texto a seguir, e coloque V para proposição verdadeira e F para falsa.

Imagem associada para resolução da questão
Revista ISTO É, São Paulo: Editora Três, ano 31, 02 de julho, 2008, p. 60.
( ) Os dados revelam decisões políticas para o avanço da inclusão digital na sociedade brasileira.
( ) A expressão “Neste prazo” remete ao quantitativo de professores que serão capacitados em informática.
( ) O termo “até” funciona no texto como indicação circunstancial que expressa um ponto de chegada da banda larga nas escolas.

Marque a alternativa correta.
Alternativas
Q1352636 Português
O segundo enunciado

I - retoma e amplia a produção de sentido do texto, proporcionando progressividade textual.
II - propõe uma relação temática que gera uma confluência de sentidos por meio das formulações feitas.
III - apresenta circularidade, tendo em vista a repetição enfática na rede de constituição significativa.

Analise as proposições acima, e marque a alternativa que corresponde à(s) verdadeira(s):
Alternativas
Q1352635 Português
A expressão “Antes de mais nada” (linha 1):
Alternativas
Q1352634 Português

Imagem associada para resolução da questão

ANGELI, Folha de São Paulo, 11 jun. 2003.


Na charge acima, a temática do texto é revelada pelos traços da linguagem não-verbal e todo o contexto discursivo. Nesse sentido, pode-se depreender que:


I - A fala do personagem estabelece uma contradição entre o real e o imaginário.

II - Os procedimentos de construção subjetiva do autor contribuem para referendar as condições de exclusão social.

III - O discurso do personagem coloca em cena um enunciador que assume uma posição absurda, gerando um distanciamento marcado pelo contexto.

IV - A fala irônica do enunciador revela o conflito instaurado pela posição social que o personagem ocupa.


Analise as proposições acima, e marque a alternativa que corresponde às verdadeiras.

Alternativas
Q1352633 Português
Analise as proposições abaixo.

I - Os termos “portanto” (linha 5) e “pois” (linha 7) possuem equivalência semântica e provocam o mesmo efeito de sentido.
II - A locução “pode-se pensar” (linha 7), se substituída por “devese pensar”, permanece com o mesmo valor semântico.
III - A expressão intercalada “(mas não somente)” (linha 9), se colocada entre travessões, teria o seu sentido alterado.
IV - Os termos relacionais “por um lado” (linha 9) e “por outro” (linha 11) funcionam como conectores de idéias opostas.

Está(ão) correta(s), apenas:
Alternativas
Q1352632 Português
As aspas usadas em “risadinhas” (linha 3)
Alternativas
Q1352631 Português

Imagem associada para resolução da questão

Maurício de Souza. Navegar é preciso. In: Almanaque do Cebolinha, 2004, p. 79.


Entre as expressões “bancos de dados” (linha 16) do texto 01 e “banco de dados” do segundo quadrinho da história “Navegar é preciso”, pode-se inferir que:


( ) A articulação intertextual promovida pela interação entre tema e figura compõe um todo significativo.

( ) A coerência discursiva ocasionada pela ruptura aparentemente existente entre figura e tema se justifica por conta do humor criado pelo autor.

( ) A relação de incongruência entre as expressões “bancos de dados” e “banco de dados” se estabelece pela contradição das figuras em relação ao tema, ocasionando uma ambigüidade.

( ) O uso de “banco de dados” no segundo quadrinho estabelece uma relação dialógica entre os enunciados, produzindo o efeito de sentido.


Analise as proposições acima, coloque V para a verdadeira e F para a falsa a alternativa correta.

Alternativas
Q1352630 Português
A razão do uso da expressão “valores simbólicos” serviu para o autor
Alternativas
Q1352629 Português
Há no texto:
Alternativas
Ano: 2014 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2014 - Esamc - Vestibular |
Q1352413 Português
Texto para a questão:


D. SEBASTIÃO

'Sperai! Caí no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.

Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura
É Esse que regressarei.

(PESSOA, Fernando .Mensagem)
Comparativamente, o poema de Pessoa toma o mito sebastianista de modo um pouco diferente daquele referido por Wisnik. Em “D. Sebastião” especificamente o rei é a figura esperada, que regressará, para:
Alternativas
Ano: 2014 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2014 - Esamc - Vestibular |
Q1352412 Português
Texto para a questão:


D. SEBASTIÃO

'Sperai! Caí no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.

Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura
É Esse que regressarei.

(PESSOA, Fernando .Mensagem)
O sebastianismo, mito do retorno triunfal de Dom Sebastião, o rei desaparecido em batalha no norte da África, ilustra a fala de José Miguel Wisnki e o poema de Fernando Pessoa. O uso para Wisnik se justifica porque:
Alternativas
Ano: 2014 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2014 - Esamc - Vestibular |
Q1352411 Português
Leia o texto abaixo para responder a questão:


Prrrii!!
-Aí, Heitor!
A bola foi parar na extrema esquerda. Melle desembestou com ela.
A arquibancada pôs-se em pé. Conteve a respiração. Suspirou:
-Aaaah!
Miquelina cravava as unhas no braço gordo de Yolanda. Em torno do trapézio verde a ânsia de vinte mil pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De vermelho.
Delírio futebolístico no Parque Antártica.
Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorciam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava.
-Neco, Neco!
Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.
-Gooool! Gooool!
Miquelina ficou abobada com o olhar parado. Arquejando. Achando aquilo um desaforo, um absurdo.
-Alegoá-goá-goá! Alegoá-goá-goá! Urrá-urrá! Coríntians!
Palhetas subiram no ar. Com os gritos. Entusiasmos rugiam. Pulavam. Dançavam. E as mãos batendo nas bocas:
-Go-o-o-o-o-o-o-l!
Miquelina fechou os olhos de ódio.

(MACHADO, Antônio de Alcântara. (1926) “Corinthians (2) x Palestra (1)” In: . São Paulo: OESP/Klick, 1997. p. 49)
Em “Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorciam-se, esfalfavam-se, brigavam”, é possível verificar o uso de:
Alternativas
Ano: 2014 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2014 - Esamc - Vestibular |
Q1352410 Português
Leia o texto abaixo para responder a questão:


Prrrii!!
-Aí, Heitor!
A bola foi parar na extrema esquerda. Melle desembestou com ela.
A arquibancada pôs-se em pé. Conteve a respiração. Suspirou:
-Aaaah!
Miquelina cravava as unhas no braço gordo de Yolanda. Em torno do trapézio verde a ânsia de vinte mil pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De vermelho.
Delírio futebolístico no Parque Antártica.
Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorciam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava.
-Neco, Neco!
Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.
-Gooool! Gooool!
Miquelina ficou abobada com o olhar parado. Arquejando. Achando aquilo um desaforo, um absurdo.
-Alegoá-goá-goá! Alegoá-goá-goá! Urrá-urrá! Coríntians!
Palhetas subiram no ar. Com os gritos. Entusiasmos rugiam. Pulavam. Dançavam. E as mãos batendo nas bocas:
-Go-o-o-o-o-o-o-l!
Miquelina fechou os olhos de ódio.

(MACHADO, Antônio de Alcântara. (1926) “Corinthians (2) x Palestra (1)” In: . São Paulo: OESP/Klick, 1997. p. 49)
No trecho do conto é possível verficar uma descrição que muda várias vezes o ângulo da observação, efeito que, numa transmissão televisiva, se daria a partir de tomadas de várias câmeras diferentes. Assinale a alternativa que faça a correspondência correta entre o ângulo do trecho do conto e o ângulo de imagem dos fotogramas de uma partida de futebol.

Imagem associada para resolução da questão
Alternativas
Ano: 2014 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2014 - Esamc - Vestibular |
Q1352409 Português
Leia o texto abaixo para responder a questão:


Prrrii!!
-Aí, Heitor!
A bola foi parar na extrema esquerda. Melle desembestou com ela.
A arquibancada pôs-se em pé. Conteve a respiração. Suspirou:
-Aaaah!
Miquelina cravava as unhas no braço gordo de Yolanda. Em torno do trapézio verde a ânsia de vinte mil pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De vermelho.
Delírio futebolístico no Parque Antártica.
Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorciam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava.
-Neco, Neco!
Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.
-Gooool! Gooool!
Miquelina ficou abobada com o olhar parado. Arquejando. Achando aquilo um desaforo, um absurdo.
-Alegoá-goá-goá! Alegoá-goá-goá! Urrá-urrá! Coríntians!
Palhetas subiram no ar. Com os gritos. Entusiasmos rugiam. Pulavam. Dançavam. E as mãos batendo nas bocas:
-Go-o-o-o-o-o-o-l!
Miquelina fechou os olhos de ódio.

(MACHADO, Antônio de Alcântara. (1926) “Corinthians (2) x Palestra (1)” In: . São Paulo: OESP/Klick, 1997. p. 49)
Uma das características da narrativa modernista é a sensação de alta velocidade com que as cenas são elaboradas. No trecho do conto de Antônio de Alcântara Machado, escritor modernista, essa alta velocidade é sugerida:
Alternativas
Ano: 2014 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2014 - Esamc - Vestibular |
Q1352408 Português
Leia a charge abaixo, que tem como tema uma cobrança de falta no futebol, para responder a questão:

(Disponível em https://opiodopovo.files.wordpress.com/2009/09/laerte-17-08-dragea116.jpg, acesso em 05/08/2014.)
A brutalidade da cena é enfatizada:
Alternativas
Ano: 2014 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2014 - Esamc - Vestibular |
Q1352407 Português
Leia a charge abaixo, que tem como tema uma cobrança de falta no futebol, para responder a questão:

(Disponível em https://opiodopovo.files.wordpress.com/2009/09/laerte-17-08-dragea116.jpg, acesso em 05/08/2014.)
A sátira que a tira acima faz ao futebol tem como alvo:
Alternativas
Ano: 2014 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2014 - Esamc - Vestibular |
Q1352406 Português

Texto para a questão:


Complexo de d. Sebastião

Neymar expia a culpa pela derrota, mas as mudanças em

nosso futebol não podem mais esperar, diz autor

Entrevista de Ivan Marsiglia com José Miguel Wisnik



ESTADÃO - A palavra mais usada nas avaliações da derrota da seleção brasileira para a alemã, por 7 a 1, na Copa de 2014, foi “apagão”. Concorda com ela?


WISNIK - Prefiro “implosão”. “Apagão” sugere uma falha de energia, um acidente de percurso, um lapso momentâneo. A comissão técnica, que se especializou na negação da evidência e da amplitude dos fatos, apega-se a essa versão. Implosão, em vez disso, significa que uma estrutura cedeu a pressões que ela não pôde mais suportar. Acho que é claramente esse o caso. Ou, pelo menos, é esse o claro enigma.


ESTADÃO - Outra palavra muito repetida foi 'vexame', e de tal proporção que teria redimido a histórica derrota na final de 1950 para o Uruguai.

WISNIK - “Vexame” dá uma inflexão moral a essa catástrofe futebolística, e quem dirá que não se trata de uma tremenda humilhação esportiva? Mas martelar a palavra soa como uma atualização do gozo regressivo da eleição do bode expiatório. Não vejo mais essa necessidade de achar nos jogadores o novo Barbosa e o novo Bigode, [jogadores culpabilizados pela derrota da seleção na Copa de 1950] felizmente. O que não passou, no entanto, é a permanente espera mágica pela vitória por goleada, independente da existência do adversário, combinada com a precária análise dos dados de realidade. Esse desequilíbrio pesa sobre os jogadores. O grau da expectativa futebolístico-messiânica é altíssimo, e não é de se espantar que o time brasileiro entre em colapso em certas situações cruciais. Aliás, isso já aconceu pelo menos três vezes: lá no Maracanazo [Copa de 1950], agora no Mineiraço, e na final de 1998 na França, depois da convulsão de Ronaldo. Não me consta que outras seleções nacionais passem pela mesma síndrome. Uma vez é um acidente. Duas, uma coincidência. Mas três é uma estrutura.


ESTADÃO - E de onde vem essa estrutura?

WISNIK - Essas partidas fazem pensar na batalha de Alcácer Quibir, em 1578, durante a qual, segundo relatos, o jovem rei português d. Sebastião foi tomado por estranha catatonia, antes de desaparecer no deserto e ter a sua volta aguardada durante séculos pelos portugueses. [...] Em 1950, a equipe, encolhida na partida final ante a enormidade do sucesso ou do fracasso inéditos, esteve paralisada abaixo do seu tamanho. Em 2014, sucumbiu ante a expectativa maciça, projetada sobre ela, por algo maior do que seu tamanho. Nos dois casos, espelhados sintomaticamente em território brasileiro, há uma resistente dificuldade de dimensionar, isto é, de encarar o real, que se junta à euforização publicitária, à cobertura da Rede Globo, aos oportunismos políticos de todo tipo e ao baixo nível médio da cultura futebolística. Tudo continua muito parecido com o ambiente que cercou a final de 1950, embora sem a mesma inocência trágica.


ESTADÃO - Você escreveu que 'a glorificação frenética de Neymar, justificada pela excepcionalidade do jogador, disfarça uma ansiedade compensatória de fundo'. Por quê?

WISNIK - Sem querer me repetir, [a figura de Neymar] ferida encarnava d. Sebastião em batalha, desaparecido do campo, mas preservado misteriosamente da desgraça explícita e ocupando mais ainda o lugar mítico do Desejado.

(O Estado de S. Paulo, 12/07/2014. Disponível em http://m.estadao.com.br/ O Estado de S. Paulo noticias/ali%C3%A1s,complexo-de-d-sebastiao,1527395,0.htm, acesso em 01/09/2014)

Em “Acho que é claramente esse o caso. Ou, pelo menos, é esse o claro enigma”, a expressão “claro enigma” é exemplo de:
Alternativas
Ano: 2014 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2014 - Esamc - Vestibular |
Q1352405 Português

Texto para a questão:


Complexo de d. Sebastião

Neymar expia a culpa pela derrota, mas as mudanças em

nosso futebol não podem mais esperar, diz autor

Entrevista de Ivan Marsiglia com José Miguel Wisnik



ESTADÃO - A palavra mais usada nas avaliações da derrota da seleção brasileira para a alemã, por 7 a 1, na Copa de 2014, foi “apagão”. Concorda com ela?


WISNIK - Prefiro “implosão”. “Apagão” sugere uma falha de energia, um acidente de percurso, um lapso momentâneo. A comissão técnica, que se especializou na negação da evidência e da amplitude dos fatos, apega-se a essa versão. Implosão, em vez disso, significa que uma estrutura cedeu a pressões que ela não pôde mais suportar. Acho que é claramente esse o caso. Ou, pelo menos, é esse o claro enigma.


ESTADÃO - Outra palavra muito repetida foi 'vexame', e de tal proporção que teria redimido a histórica derrota na final de 1950 para o Uruguai.

WISNIK - “Vexame” dá uma inflexão moral a essa catástrofe futebolística, e quem dirá que não se trata de uma tremenda humilhação esportiva? Mas martelar a palavra soa como uma atualização do gozo regressivo da eleição do bode expiatório. Não vejo mais essa necessidade de achar nos jogadores o novo Barbosa e o novo Bigode, [jogadores culpabilizados pela derrota da seleção na Copa de 1950] felizmente. O que não passou, no entanto, é a permanente espera mágica pela vitória por goleada, independente da existência do adversário, combinada com a precária análise dos dados de realidade. Esse desequilíbrio pesa sobre os jogadores. O grau da expectativa futebolístico-messiânica é altíssimo, e não é de se espantar que o time brasileiro entre em colapso em certas situações cruciais. Aliás, isso já aconceu pelo menos três vezes: lá no Maracanazo [Copa de 1950], agora no Mineiraço, e na final de 1998 na França, depois da convulsão de Ronaldo. Não me consta que outras seleções nacionais passem pela mesma síndrome. Uma vez é um acidente. Duas, uma coincidência. Mas três é uma estrutura.


ESTADÃO - E de onde vem essa estrutura?

WISNIK - Essas partidas fazem pensar na batalha de Alcácer Quibir, em 1578, durante a qual, segundo relatos, o jovem rei português d. Sebastião foi tomado por estranha catatonia, antes de desaparecer no deserto e ter a sua volta aguardada durante séculos pelos portugueses. [...] Em 1950, a equipe, encolhida na partida final ante a enormidade do sucesso ou do fracasso inéditos, esteve paralisada abaixo do seu tamanho. Em 2014, sucumbiu ante a expectativa maciça, projetada sobre ela, por algo maior do que seu tamanho. Nos dois casos, espelhados sintomaticamente em território brasileiro, há uma resistente dificuldade de dimensionar, isto é, de encarar o real, que se junta à euforização publicitária, à cobertura da Rede Globo, aos oportunismos políticos de todo tipo e ao baixo nível médio da cultura futebolística. Tudo continua muito parecido com o ambiente que cercou a final de 1950, embora sem a mesma inocência trágica.


ESTADÃO - Você escreveu que 'a glorificação frenética de Neymar, justificada pela excepcionalidade do jogador, disfarça uma ansiedade compensatória de fundo'. Por quê?

WISNIK - Sem querer me repetir, [a figura de Neymar] ferida encarnava d. Sebastião em batalha, desaparecido do campo, mas preservado misteriosamente da desgraça explícita e ocupando mais ainda o lugar mítico do Desejado.

(O Estado de S. Paulo, 12/07/2014. Disponível em http://m.estadao.com.br/ O Estado de S. Paulo noticias/ali%C3%A1s,complexo-de-d-sebastiao,1527395,0.htm, acesso em 01/09/2014)

Releia o trecho: “O grau da expectativa futebolístico-messiânica é altíssimo, e não é de se espantar que o time brasileiro entre em colapso em certas situações cruciais. Aliás, isso já aconteceu pelo menos três vezes: lá no Maracanazo [Copa de 1950], agora no Mineiraço, e na final de 1998 na França [...].” O termo “aliás”, na segunda sentença, estabelece com a antecedente uma relação de
Alternativas
Ano: 2014 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2014 - Esamc - Vestibular |
Q1352404 Português

Texto para a questão:


Complexo de d. Sebastião

Neymar expia a culpa pela derrota, mas as mudanças em

nosso futebol não podem mais esperar, diz autor

Entrevista de Ivan Marsiglia com José Miguel Wisnik



ESTADÃO - A palavra mais usada nas avaliações da derrota da seleção brasileira para a alemã, por 7 a 1, na Copa de 2014, foi “apagão”. Concorda com ela?


WISNIK - Prefiro “implosão”. “Apagão” sugere uma falha de energia, um acidente de percurso, um lapso momentâneo. A comissão técnica, que se especializou na negação da evidência e da amplitude dos fatos, apega-se a essa versão. Implosão, em vez disso, significa que uma estrutura cedeu a pressões que ela não pôde mais suportar. Acho que é claramente esse o caso. Ou, pelo menos, é esse o claro enigma.


ESTADÃO - Outra palavra muito repetida foi 'vexame', e de tal proporção que teria redimido a histórica derrota na final de 1950 para o Uruguai.

WISNIK - “Vexame” dá uma inflexão moral a essa catástrofe futebolística, e quem dirá que não se trata de uma tremenda humilhação esportiva? Mas martelar a palavra soa como uma atualização do gozo regressivo da eleição do bode expiatório. Não vejo mais essa necessidade de achar nos jogadores o novo Barbosa e o novo Bigode, [jogadores culpabilizados pela derrota da seleção na Copa de 1950] felizmente. O que não passou, no entanto, é a permanente espera mágica pela vitória por goleada, independente da existência do adversário, combinada com a precária análise dos dados de realidade. Esse desequilíbrio pesa sobre os jogadores. O grau da expectativa futebolístico-messiânica é altíssimo, e não é de se espantar que o time brasileiro entre em colapso em certas situações cruciais. Aliás, isso já aconceu pelo menos três vezes: lá no Maracanazo [Copa de 1950], agora no Mineiraço, e na final de 1998 na França, depois da convulsão de Ronaldo. Não me consta que outras seleções nacionais passem pela mesma síndrome. Uma vez é um acidente. Duas, uma coincidência. Mas três é uma estrutura.


ESTADÃO - E de onde vem essa estrutura?

WISNIK - Essas partidas fazem pensar na batalha de Alcácer Quibir, em 1578, durante a qual, segundo relatos, o jovem rei português d. Sebastião foi tomado por estranha catatonia, antes de desaparecer no deserto e ter a sua volta aguardada durante séculos pelos portugueses. [...] Em 1950, a equipe, encolhida na partida final ante a enormidade do sucesso ou do fracasso inéditos, esteve paralisada abaixo do seu tamanho. Em 2014, sucumbiu ante a expectativa maciça, projetada sobre ela, por algo maior do que seu tamanho. Nos dois casos, espelhados sintomaticamente em território brasileiro, há uma resistente dificuldade de dimensionar, isto é, de encarar o real, que se junta à euforização publicitária, à cobertura da Rede Globo, aos oportunismos políticos de todo tipo e ao baixo nível médio da cultura futebolística. Tudo continua muito parecido com o ambiente que cercou a final de 1950, embora sem a mesma inocência trágica.


ESTADÃO - Você escreveu que 'a glorificação frenética de Neymar, justificada pela excepcionalidade do jogador, disfarça uma ansiedade compensatória de fundo'. Por quê?

WISNIK - Sem querer me repetir, [a figura de Neymar] ferida encarnava d. Sebastião em batalha, desaparecido do campo, mas preservado misteriosamente da desgraça explícita e ocupando mais ainda o lugar mítico do Desejado.

(O Estado de S. Paulo, 12/07/2014. Disponível em http://m.estadao.com.br/ O Estado de S. Paulo noticias/ali%C3%A1s,complexo-de-d-sebastiao,1527395,0.htm, acesso em 01/09/2014)

Em ’’Essas partidas fazem pensar na batalha de Alcácer Quibir, em 1578, durante a qual, segundo relatos, o jovem rei português d. Sebastião foi tomado por estranha catatonia’’, a palavra “catatonia” poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido, por:
Alternativas
Ano: 2014 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2014 - Esamc - Vestibular |
Q1352403 Português

Texto para a questão:


Complexo de d. Sebastião

Neymar expia a culpa pela derrota, mas as mudanças em

nosso futebol não podem mais esperar, diz autor

Entrevista de Ivan Marsiglia com José Miguel Wisnik



ESTADÃO - A palavra mais usada nas avaliações da derrota da seleção brasileira para a alemã, por 7 a 1, na Copa de 2014, foi “apagão”. Concorda com ela?


WISNIK - Prefiro “implosão”. “Apagão” sugere uma falha de energia, um acidente de percurso, um lapso momentâneo. A comissão técnica, que se especializou na negação da evidência e da amplitude dos fatos, apega-se a essa versão. Implosão, em vez disso, significa que uma estrutura cedeu a pressões que ela não pôde mais suportar. Acho que é claramente esse o caso. Ou, pelo menos, é esse o claro enigma.


ESTADÃO - Outra palavra muito repetida foi 'vexame', e de tal proporção que teria redimido a histórica derrota na final de 1950 para o Uruguai.

WISNIK - “Vexame” dá uma inflexão moral a essa catástrofe futebolística, e quem dirá que não se trata de uma tremenda humilhação esportiva? Mas martelar a palavra soa como uma atualização do gozo regressivo da eleição do bode expiatório. Não vejo mais essa necessidade de achar nos jogadores o novo Barbosa e o novo Bigode, [jogadores culpabilizados pela derrota da seleção na Copa de 1950] felizmente. O que não passou, no entanto, é a permanente espera mágica pela vitória por goleada, independente da existência do adversário, combinada com a precária análise dos dados de realidade. Esse desequilíbrio pesa sobre os jogadores. O grau da expectativa futebolístico-messiânica é altíssimo, e não é de se espantar que o time brasileiro entre em colapso em certas situações cruciais. Aliás, isso já aconceu pelo menos três vezes: lá no Maracanazo [Copa de 1950], agora no Mineiraço, e na final de 1998 na França, depois da convulsão de Ronaldo. Não me consta que outras seleções nacionais passem pela mesma síndrome. Uma vez é um acidente. Duas, uma coincidência. Mas três é uma estrutura.


ESTADÃO - E de onde vem essa estrutura?

WISNIK - Essas partidas fazem pensar na batalha de Alcácer Quibir, em 1578, durante a qual, segundo relatos, o jovem rei português d. Sebastião foi tomado por estranha catatonia, antes de desaparecer no deserto e ter a sua volta aguardada durante séculos pelos portugueses. [...] Em 1950, a equipe, encolhida na partida final ante a enormidade do sucesso ou do fracasso inéditos, esteve paralisada abaixo do seu tamanho. Em 2014, sucumbiu ante a expectativa maciça, projetada sobre ela, por algo maior do que seu tamanho. Nos dois casos, espelhados sintomaticamente em território brasileiro, há uma resistente dificuldade de dimensionar, isto é, de encarar o real, que se junta à euforização publicitária, à cobertura da Rede Globo, aos oportunismos políticos de todo tipo e ao baixo nível médio da cultura futebolística. Tudo continua muito parecido com o ambiente que cercou a final de 1950, embora sem a mesma inocência trágica.


ESTADÃO - Você escreveu que 'a glorificação frenética de Neymar, justificada pela excepcionalidade do jogador, disfarça uma ansiedade compensatória de fundo'. Por quê?

WISNIK - Sem querer me repetir, [a figura de Neymar] ferida encarnava d. Sebastião em batalha, desaparecido do campo, mas preservado misteriosamente da desgraça explícita e ocupando mais ainda o lugar mítico do Desejado.

(O Estado de S. Paulo, 12/07/2014. Disponível em http://m.estadao.com.br/ O Estado de S. Paulo noticias/ali%C3%A1s,complexo-de-d-sebastiao,1527395,0.htm, acesso em 01/09/2014)

Sendo um exemplo de entrevista, o texto tem como principal marca do gênero:
Alternativas
Respostas
3841: D
3842: C
3843: E
3844: C
3845: A
3846: C
3847: A
3848: B
3849: C
3850: B
3851: C
3852: A
3853: C
3854: D
3855: D
3856: D
3857: C
3858: D
3859: C
3860: C