Questões de Vestibular de Português - Uso da Vírgula
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Com base no texto 3 e no romance Memórias de um Sargento de Milícias e levando em consideração o contexto do Romantismo brasileiro, marque a proposição CORRETA.
Nas linhas 1, 6 e 8, observa-se a anteposição de uma vírgula à conjunção “e”. Segundo
as regras atuais de pontuação, essas vírgulas poderiam ser omitidas, porque em cada
caso o sujeito da oração introduzida por “e” é o mesmo da oração anterior.
Ainda considerando o texto 4, assinale a proposição CORRETA.
A vírgula colocada após a palavra tudo (linha 6) pode ser adequadamente substituída por dois
pontos, anunciando uma enumeração.
(Adaptado de Lilia Schwarcz, Havia uma vírgula no meio do caminho. Nexo Jornal, 21/05/2018.)
Considerando o gênero propaganda institucional e o paralelo histórico traçado pela autora, é correto afirmar que o slogan do atual governo fracassou porque
Para responder às questões, considere o texto abaixo.
MIDANI, André. Do vinil ao download. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 2015. Adaptado.
TEXTO:
SANTOS, Milton. Uma globalização perversa. Por uma outra
globalização: do pensamento único à consciência universal. 17.ed. Rio
de Janeiro: Record, 2008, p. 37-39. Adaptado.
CAMPANERUT, Camila. Obras de Monteiro Lobato entram
para domínio público. Brasília: Ministério da Cidadania,
2019. Disponível em: http://cultura.gov.br/obras-de-
monteiro-lobato-entram-para-dominio-publico/. Acesso em:
30/08/2019.
( ) Quando se lê o enunciado transcrito, não fica bem clara a relação sintática da oração “sentados nos degraus do escadote...” com os outros termos do enunciado: se ela se liga a “esses desocupados”, ou a “os jornais velhos que mamãe amontoa num canto”. A esse tipo de relação, que confunde o leitor, chama-se ambiguidade semântica. ( ) A vírgula usada depois do substantivo “canto” não diminui a confusão que ocorre no trecho. ( ) Somente o conhecimento dos traços semânticos (ou de significação) dos substantivos “desocupados” e “jornais” pode esclarecer o verdadeiro sentido do enunciado. ( ) Poder-se-ia reestruturar o enunciado de modo a eliminar esse problema: Sentados nos degraus do escadote com que mamãe alcança as prateleiras altas, esses desocupados matam o tempo jogando porrinha, ou lendo os jornais velhos que ela amontoa num canto.
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:
I. Estaria de acordo com os ensinamentos da gramática normativa o acréscimo de duas vírgulas ao enunciado: Ou by serendipity, como dizem os ingleses quando, na caça a um tesouro, se tem a felicidade de deparar com outro bem, mais precioso ainda. II. A regra que ampara o emprego das vírgulas acrescentadas é a seguinte: Separa-se com vírgulas o adjunto adverbial deslocado ou intercalado. III. Haveria diferença de sentido e de classe gramatical se mudássemos a posição da vírgula em “a felicidade de deparar com outro bem, mais precioso ainda”, que passaria a “felicidade de deparar com outro, bem mais precioso ainda”. Na estrutura do texto, bem é um substantivo, e a expressão tem o seguinte sentido: deparar com outra coisa que não é um tesouro, porém é mais precioso do que um tesouro. Na estrutura modificada – com outro, bem mais precioso ainda”, bem seria um advérbio, e a expressão teria o seguinte sentido: deparar com outro tesouro bem mais precioso do que aquele que se procurava.
Está correto o que se diz em
Eu não sou um homem fácil: um filme que precisa ser visto!
23/04/2018
Por Paula Ramos
Recentemente, o já amplo cardápio da Netflix ganhou novas aquisições. Filmes e séries foram adicionados às milhares de opções do streaming – ou seja, nossas dúvidas só aumentaram. Em meio a diversas produções norte-americanas, um certo filme francês ganhou destaque. Eu não sou um homem fácil [Je ne suis pas un Homme Facile] pode não ter o melhor título do mundo, mas certamente merece a atenção do público. Embora pareça uma clássica comédia machista, a trama não demora para revelar seu verdadeiro objetivo. E é exatamente o oposto do que pensávamos. O longa não apenas vai contra todos os princípios machistas, como também usa a comédia para distorcê-los.
O filme
Damien é o típico estereótipo de um homem machista. Além de ser um conquistador, trata mulheres como objetos e pensa existir exclusividades de gênero, como roupas e tipos de bebidas. Conforme caminhava pelas ruas, a vida resolve lhe dar uma lição e recorre a uma maneira nada gentil de fazer isso. Damien bate a cabeça em um poste, literalmente, e acorda em um mundo invertido [...]. Nele, homens e mulheres têm seus papéis trocados em todos os sentidos. A vida do protagonista não mudou, visto que ele ainda tem seus amigos e seu emprego de antes. Entretanto, todos estão adaptados ao mundo novo. Enquanto seu melhor amigo se tornou dono de casa, sua chefe passou a usar terno para trabalhar. O corpo masculino passou a ser tratado de maneira exageradamente sexual, bem como o corpo feminino passou a ser coberto por calças.
De maneira cômica e irônica, mulheres passaram a classificar os homens como “sexo frágil”. Depilação se tornou algo destinado (e quase obrigatório) ao gênero masculino. O romantismo se tornou raro entre as garotas, que apresentam a fama de serem infiéis. Os cargos de importância e liderança são todos ocupados por mulheres, que correm pelas ruas sem camisa e sem a preocupação de serem assediadas. Além disso, para desespero de Damien, a moça por quem ele tinha se interessado antes da mudança, se transformou em uma versão feminina dele mesmo. Alexandra objetifica os homens, tratando-os como meros pedaços de carne para seu bel-prazer. Damien passa, então, a sentir as consequências de seus atos na pele. O longa desenvolve isso da melhor e mais divertida maneira possível.
Eu não sou um homem fácil?
O objetivo principal do longa é mostrar que não é fácil viver na sociedade em que vivemos. Uma vez que você tenha nascido como membro do gênero feminino, tais dificuldades se multiplicam. Quando Damien perde “os privilégios” de ter nascido homem, ele passa a entender como é ruim viver no lado “desprivilegiado”. Suas roupas confortáveis e largas passaram a ser substituídas por peças curtas e extremamente apertadas. Sua chefe exibe absorventes internos em cima da mesa, sem a menor preocupação de mencionar o assunto “menstruação”. Ela, por sua vez, oferece uma oportunidade de trabalho para Damien em troca de favores sexuais. Chocante, não?
No momento em que mulheres começam a olhar para suas pernas e sua bunda, Damien acha graça. Não demora, porém, para ele não aguentar mais viver no “mundo feminino”. Eu não sou um homem fácil exagera – ou não – nos estereótipos para construir sua trama. As personagens femininas arrotam, não se preocupam com a aparência, só bebem cerveja, gostam de futebol e são experts em trair seus parceiros. Mesmo que nem todos os homens sejam assim na “realidade”, sabemos que o objetivo principal do longa é criticar a sociedade patriarcal em que vivemos.
Para fechar com chave de ouro, temos também os gays do mundo invertido. No novo cotidiano de Damien, os homossexuais são pessoas que se vestem da forma que a “normalidade” do protagonista exige. Mulheres de vestido e homens de blazer se escondem em festas exclusivas e reservadas aos olhos do público. Apesar das diferenças, algo permanece: independentemente do mundo, a sociedade irá marginalizar o diferente.
O que achamos?
Apesar de todas as risadas que damos ao longo do filme, Eu não sou um homem fácil não deve ser classificado como uma “comédia romântica invertida”. A diretora e roteirista Eleonore Pourriat optou por uma forma divertida e sutil de criticar o machismo intrínseco à sociedade. E em tempos de grandes denúncias de assédio em Hollywood, o filme não poderia ter vindo em melhor hora. Ao final da trama, o público tem a certeza de que uma sociedade matriarcal é tão ruim quanto a patriarcal, tendo apenas os papéis invertidos. Para conseguir o efeito desejado, o roteiro apela para os clichês tradicionais do gênero. A protagonista cafajeste muda de opinião ao conhecer o homem da sua vida, e vice-versa.
Algumas cenas ganham destaque em meio a outras. O momento de dar à luz, por exemplo, é bizarro. Embora a responsabilidade de gerar um filho ainda caiba a elas, são eles que se preocupam com as frivolidades. Um outro exemplo acontece na cena em que Damien é assediado física e verbalmente em um bar. Em nosso mundo, basta assistirmos a poucos minutos de um telejornal para observarmos casos piores com mulheres em todo o mundo. Por que o contrário é chocante? Talvez porque não estejamos acostumados à igualdade entre os gêneros – infelizmente, nem mesmo as mulheres estão. E é por isso que Eu não sou um homem fácil se tornou extremamente necessário. O filme é, sem dúvidas, mais um acerto da Netflix. Só nos resta esperar que seja aceito pelo lado masculino do público.
(Texto adaptado. Disponível em:<https://poltronanerd.com.br/tags/eu-nao-sou-um-homem-facil>
Releia o trecho:
“Além disso, para desespero de Damien, a moça por quem ele tinha se interessado antes da mudança, se transformou em uma versão feminina dele mesmo.”
Quanto ao uso das vírgulas no trecho acima, podemos dizer que:
TEXTO:
CONTRERA, Malena Segura. O distanciamento na comunicação. In: Mídia em pânico: saturação da informação, violência e crise cultural na mídia. São Paulo: Annablume; FAPESP, 2002. p. 53-54.
A QUESTÃO REFERE-SE AO TEXTO I.
Sobre o uso da vírgula, leia as regras entre parênteses e assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) “Lembrou-se da mulher, mas repeliu logo esta ideia com escrupulosa repugnância” (O uso da vírgula se justifica, por se tratar de uma oração coordenada sindética adversativa).
( ) “Não teve ânimo de dar palavra, e retirou-se tristonho e murcho para o seu quarto de desquitado.” (A vírgula está inadequada, pois está sendo usada antes da conjunção aditiva e).
( ) “...o Miranda, que era homem de sangue esperto e orçava então pelos seus trinta e cinco anos, sentiu-se em insuportável estado de lubricidade. (O uso da vírgula se justifica, porque foi utilizada para separar oração subordinada adjetiva explicativa)
( ) “E deixou-se empolgar pelos rins, de olhos fechados, fingindo que continuava a dormir, sem a menor consciência de tudo aquilo. (As vírgulas foram usadas para separar orações intercaladas)
Assinale a alternativa correta
Nova geração
Ivan Angelo
O rapaz chegou para a entrevista. O executivo de vendas on-line da grande empresa levantou-se para apertar sua mão (...) e aproveitou para dar uma geral no rapaz.
Arrumado, mas nada formal, de sapato novo, jeans, camisa de manga comprida enrolada até a metade do antebraço. O detalhe que o incomodou um pouco foi um brinquinho prateado de argola mínima na orelha esquerda. “Nisso dá-se um jeito depois, se valer a pena”, pensou o executivo.
Ele sabia que não estava fácil atrair novos talentos e reter os melhores. Empresas aparelhavam-se para o crescimento projetado do país, contratavam jovens promissores, mesmo os muito jovens, como era o caso do rapaz à sua frente, 21 anos. (...)
Havia mais de duas horas que o rapaz estava em avaliação na empresa. Passara pela entrevista inicial com o chefe do setor, resolvera os probleminhas técnicos de internet e programação visual que lhe apresentaram, com rapidez e certa superioridade irônica, lera os princípios, valores e perfil da empresa (...). Alguns itens, como “comprometimento”, foram apresentados como pré-requisitos. Afinal o encaminharam para o diretor da área de e-comerce, vendas pela internet. O executivo tinha em mãos a avaliação do candidato: excelente.
Descreveu o trabalho de que a empresa necessitava: desenvolvimento de um site interativo no qual o cliente internauta pudesse fazer simulações de medidas, cores, ajustes, acessórios, preços, formas de pagamento e programação de entrega de cerca de 200 produtos. Durante sua fala, o rapaz mexeu as pernas, levantou um pé, depois o outro, incomodado. O executivo perguntou se ele se sentia apto.
— Dá para fazer — respondeu o rapaz, movendo a perna, como se buscasse alívio.
— Posso te ajudar em alguma coisa?
— Vou te falar a verdade. Eu comprei este sapato para vir aqui e ele está me apertando e incomodando. Eu só uso tênis.
O executivo sorriu e pensou: “Esses meninos...”.
— Quem falou para eu vir fazer esta entrevista, e vir de sapato, foi minha namorada. Porque eu não vinha. Ela falou para eu comprar sapato, e o sapato está me apertando aqui, me atrapalhando.
Nos últimos anos, o executivo vinha percebendo que os desafios pessoais para a novíssima geração eram diferentes, e que havia limites para o que eles estavam dispostos a ceder antes de se comprometer com um trabalho formal.
— Não tem problema. Pode vir de tênis. O emprego é seu.
— Não, obrigado. Eu não quero emprego.
O executivo parou estupefato. O menino continuou:
— Todo mundo foi muito gentil, mas não vai dar. Esta camisa é do meu pai, eu tenho tatuagem, trabalho ouvindo música.
— Então por que se candidatou, se não queria trabalhar?
— Desculpe, eu não falei que não queria trabalhar.
Novo espanto do executivo. Sentia nas falas dele e do rapaz uma dissintonia curiosa. Como ficou calado, esperando, o rapaz prosseguiu:
— É muito arrumado aqui. E eu não quero ficar ouvindo falar de identidade corporativa, marco regulatório, desenvolvimento organizacional, demanda de mercado, sinergia, estratégia, parâmetros, metas, foco, valores... Desculpe, eu não sabia que era assim. Achava que era só fazer o trabalho direito e ver funcionar legal.
O executivo ficou olhando a figura, contando até dez, olhos fixados naquele brinco. O garoto queria ter a liberdade dele, a camiseta colorida dele, o tênis furado dele, ouvir a música dele nos fones de ouvido, talvez trabalhar de madrugada e dormir de manhã. Não queria aquele mundo em que ele mesmo estava metido havia vinte anos. Conferiu de novo as qualificações do rapaz, aquele “excelente”. Ousou:
— Trabalhar em casa você aceita?
— Aceito.
Queria o trabalho, não o emprego. Acertaram os detalhes. Assim caminha a humanidade.
“E eu não quero ficar ouvindo falar de identidade corporativa, marco regulatório, desenvolvimento organizacional, demanda de mercado, sinergia, estratégia, parâmetros, metas, foco, valores...”
A organização sintática, na construção desse período, foi possível porque as vírgulas empregadas separam
TEXTO:
ADONIAS FILHO. O largo de branco. O Largo da Palma. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. p. 31-32 e 46-47.
Há um exemplo desse uso em
Briga à toa – Jorge de Altinho
Briga à toa – Jorge de Altinho Se você quer voltar pra mim
Tem que me dizer agora
Meu amor, vamos embora
Pois quem ama, não demora
A gente perde tempo à toa
Não tem briga boa, bom mesmo é amar
Você sofrendo, me querendo
E eu aqui roendo, doido pra voltar
Não adianta mais fingir
Que não dá mais pra ir na mesma direção
É bom a gente se entender
Pra depois não sofrer com a separação
Disponível: < https://www.letras.mus.br/jorge-de-altinho/briga-a-toa/>. Acesso em: 10 maio. 2017.
I. Seria necessária uma vírgula entre os dois primeiros versos, “Se você quer voltar pra mim / Tem que me dizer agora”, um vez que o primeiro verso é uma oração subordinada adverbial anteposta à principal. II. A vírgula, em “Meu amor, vamos embora”, deveria ser mantida, pois está isolando um vocativo, ou seja, um chamamento “Meu amor”. III.Na escrita em prosa, no trecho “Meu amor, vamos embora / Pois quem ama, não demora”, seria mantida a vírgula antes de “não demora”. IV.Em “Não adianta mais fingir / Que não dá mais pra ir na mesma direção”, haveria a necessidade de uma vírgula antes do segundo verso, pois se trata de uma oração subordinada substantiva objetiva direta. V. No final do segundo verso “Meu amor, vamos embora”, poderia haver um sinal de exclamação para denotar toda emoção na súplica que está sendo feita pelo eu-lírico.
Estão CORRETAS apenas as proposições