Nós sempre fomos invisíveis. O povo indígena, os povos
indígenas, sempre foram invisíveis para o mundo. Aquele
ser humano que passa fome, que passa sede, que é
massacrado, perseguido, morto lá na floresta, nas estradas,
nas aldeias. Esse não existe. Para o mundo aqui fora,
existe aquele indígena exótico: o que usa cocar, colar, que
dança, que canta. Coisa para turista ver. Mas aquele outro
que está lá na aldeia, esse sofre de uma doença que é a
doença de ser invisível. De desaparecer. Ele quase não é
visto. Tanto para o mundo do Direito, principalmente para o
mundo do Direito, como ser humano. Ele desaparece. Ele
se afoga nesse mar de burocracia, no mar de teorias da
academia, ele é afogado no meio das palavras. Quando a
academia, os estudiosos, entendem mais de indígena, de
índio, que o próprio índio? Ele é individualizado pela própria
academia
Almires Martins. Disponível em:
http://alice.ces.uc.pt/news/?p=4203. (Acesso: 23 02 2016).