Quem defende o desmatamento de áreas na Amazônia
costuma dizer que ele é necessário para levar progresso à região e
desenvolvê-la economicamente. O conflito entre preservar a
floresta e desenvolver a região, porém, é uma ideia errada e fora
de lugar, afirma Ricardo Abramovay, professor do Instituto de
Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo. Ele lançou o
livro Amazônia: por uma economia do conhecimento da
natureza, em que analisa e propõe formas de conservar a mata e
gerar crescimento econômico ao mesmo tempo.
A verdadeira alternativa é a economia da floresta em pé,
em substituição à economia da destruição da natureza que
predomina hoje. O açaí é o exemplo mais emblemático: o
rendimento de um hectare de açaí é muito superior ao de um
hectare de soja (R$ 26,8 mil para o açaí e R$ 2,8 mil para a soja
por ano em 2015). Há outras cadeias de valor existentes, como
castanha do Pará, borracha e piscicultura, mas exploradas em
condições muito precárias. A piscicultura de peixes de água doce
em cativeiro na Amazônia tem vantagem sobre as formas mais
conhecidas de piscicultura em cativeiro, como a de salmão. Os
peixes da Amazônia criados em água doce não são carnívoros,
logo o impacto ambiental é mais baixo. Além disso, o turismo
ecológico no mundo cresce 15% ao ano, e na Amazônia ele tem
um potencial de crescimento imenso. Tem também todo um
potencial de moléculas da biodiversidade para a produção de
fármacos. O Brasil vive o paradoxo de ser o país com a maior
diversidade do mundo e ter uma indústria farmacêutica
concentrada na produção de genéricos, pouco voltada a inovações
para as principais moléstias do século XXI. É outro potencial
para a valorização da floresta em pé que não estamos
aproveitando.
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