Questões de Vestibular FGV 2015 para Administração

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Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: FGV Prova: FGV - 2015 - FGV - Administração |
Q636973 Português

                 À margem de Memórias de um sargento de milícias

      É difícil associar à impressão deixada por essa obra divertida e leve a ideia de um destino trágico. Foi, entretanto, o que coube a Manuel Antônio de Almeida, nascido em 1831 e morto em 1861. A simples justaposição dessas duas datas é bastante reveladora: mais alguns dados, os poucos de que dispomos, apenas servem para carregar nas cores, para tornar a atmosfera do quadro mais deprimente. Que é que cabe num prazo tão curto?

      Uma vida toda em movimento, uma série tumultuosa de lutas, malogros e reerguimentos, as reações de uma vontade forte contra os golpes da fatalidade, os heroicos esforços de ascensão de um self-made man esmagado pelas circunstâncias. Ignoramos quase totalmente seus começos de menino pobre, mas talvez seja possível reconstruí-los em parte pelas cenas tão vivas em que apresenta o garoto Leonardo lançado de chofre nas ruas pitorescas da indolente cidadezinha que era o Rio daquela época. Basta enumerar todas as profissões que o escritor exerceu em seguida para adivinhar o ambiente. Estudante na Escola de Belas-Artes e na Faculdade de Medicina, jornalista e tradutor, membro fundador da Sociedade das Belas-Artes, administrador da Tipografia Nacional, diretor da Academia Imperial da Ópera Nacional, Manuel Antônio provavelmente não se teria candidatado ainda a uma cadeira da Assembleia Provincial se suas ocupações sucessivas lhe garantissem uma renda proporcional ao brilho de seus títulos. Achava-se justamente a caminho da “sua” circunscrição, quando, depois de tantos naufrágios no sentido figurado, pereceu num naufrágio concreto, deixando saudades a um reduzido círculo de amigos, um medíocre libreto de ópera e algumas traduções, do francês, de romances de cordel, aos pesquisadores de curiosidade, e as Memórias de um sargento de milícias ao seu país.

                                     Paulo Rónai, Encontros com o Brasil. Rio de Janeiro:

                                                                                   Edições de Janeiro, 2014. 

No trecho “depois de tantos naufrágios no sentido figurado, pereceu num naufrágio concreto”, o autor emprega a palavra “naufrágio” em dois sentidos diferentes. Esses dois tipos de sentido também podem ser identificados, respectivamente, nas seguintes palavras do texto:
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Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: FGV Prova: FGV - 2015 - FGV - Administração |
Q636974 Português

                 À margem de Memórias de um sargento de milícias

      É difícil associar à impressão deixada por essa obra divertida e leve a ideia de um destino trágico. Foi, entretanto, o que coube a Manuel Antônio de Almeida, nascido em 1831 e morto em 1861. A simples justaposição dessas duas datas é bastante reveladora: mais alguns dados, os poucos de que dispomos, apenas servem para carregar nas cores, para tornar a atmosfera do quadro mais deprimente. Que é que cabe num prazo tão curto?

      Uma vida toda em movimento, uma série tumultuosa de lutas, malogros e reerguimentos, as reações de uma vontade forte contra os golpes da fatalidade, os heroicos esforços de ascensão de um self-made man esmagado pelas circunstâncias. Ignoramos quase totalmente seus começos de menino pobre, mas talvez seja possível reconstruí-los em parte pelas cenas tão vivas em que apresenta o garoto Leonardo lançado de chofre nas ruas pitorescas da indolente cidadezinha que era o Rio daquela época. Basta enumerar todas as profissões que o escritor exerceu em seguida para adivinhar o ambiente. Estudante na Escola de Belas-Artes e na Faculdade de Medicina, jornalista e tradutor, membro fundador da Sociedade das Belas-Artes, administrador da Tipografia Nacional, diretor da Academia Imperial da Ópera Nacional, Manuel Antônio provavelmente não se teria candidatado ainda a uma cadeira da Assembleia Provincial se suas ocupações sucessivas lhe garantissem uma renda proporcional ao brilho de seus títulos. Achava-se justamente a caminho da “sua” circunscrição, quando, depois de tantos naufrágios no sentido figurado, pereceu num naufrágio concreto, deixando saudades a um reduzido círculo de amigos, um medíocre libreto de ópera e algumas traduções, do francês, de romances de cordel, aos pesquisadores de curiosidade, e as Memórias de um sargento de milícias ao seu país.

                                     Paulo Rónai, Encontros com o Brasil. Rio de Janeiro:

                                                                                   Edições de Janeiro, 2014. 

No primeiro parágrafo, o conectivo “entretanto” introduz uma oração que contém, em relação à associação feita no período anterior, ideia de
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Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: FGV Prova: FGV - 2015 - FGV - Administração |
Q636975 Português

                 À margem de Memórias de um sargento de milícias

      É difícil associar à impressão deixada por essa obra divertida e leve a ideia de um destino trágico. Foi, entretanto, o que coube a Manuel Antônio de Almeida, nascido em 1831 e morto em 1861. A simples justaposição dessas duas datas é bastante reveladora: mais alguns dados, os poucos de que dispomos, apenas servem para carregar nas cores, para tornar a atmosfera do quadro mais deprimente. Que é que cabe num prazo tão curto?

      Uma vida toda em movimento, uma série tumultuosa de lutas, malogros e reerguimentos, as reações de uma vontade forte contra os golpes da fatalidade, os heroicos esforços de ascensão de um self-made man esmagado pelas circunstâncias. Ignoramos quase totalmente seus começos de menino pobre, mas talvez seja possível reconstruí-los em parte pelas cenas tão vivas em que apresenta o garoto Leonardo lançado de chofre nas ruas pitorescas da indolente cidadezinha que era o Rio daquela época. Basta enumerar todas as profissões que o escritor exerceu em seguida para adivinhar o ambiente. Estudante na Escola de Belas-Artes e na Faculdade de Medicina, jornalista e tradutor, membro fundador da Sociedade das Belas-Artes, administrador da Tipografia Nacional, diretor da Academia Imperial da Ópera Nacional, Manuel Antônio provavelmente não se teria candidatado ainda a uma cadeira da Assembleia Provincial se suas ocupações sucessivas lhe garantissem uma renda proporcional ao brilho de seus títulos. Achava-se justamente a caminho da “sua” circunscrição, quando, depois de tantos naufrágios no sentido figurado, pereceu num naufrágio concreto, deixando saudades a um reduzido círculo de amigos, um medíocre libreto de ópera e algumas traduções, do francês, de romances de cordel, aos pesquisadores de curiosidade, e as Memórias de um sargento de milícias ao seu país.

                                     Paulo Rónai, Encontros com o Brasil. Rio de Janeiro:

                                                                                   Edições de Janeiro, 2014. 

Das seguintes propostas de substituição para o trecho sublinhado em “os poucos de que dispomos”, a única que requer o uso de preposição antes do pronome “que”, tal como ocorre no referido trecho, é:  
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Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: FGV Prova: FGV - 2015 - FGV - Administração |
Q636976 Português

      (...) Um dia, passado muito tempo, Pedro Bala ia com o Sem-Pernas pelas ruas. Entraram numa igreja da Piedade, gostavam de ver as coisas de ouro, mesmo era fácil bater uma bolsa de uma senhora que rezasse. Mas não havia nenhuma senhora na igreja àquela hora. Somente um grupo de meninos pobres e um capuchinho que lhes ensinava catecismo.

      — É Pirulito... — disse Sem-Pernas.

      Pedro Bala ficou olhando. Encolheu os ombros:

      — Que adianta?

      Sem-Pernas olhou:

      — Não dá de comer...

      — Um dia vai ser padre também. Tem que ser é tudo junto.

      Sem-Pernas disse:

      — A bondade não basta.

      Completou:

      — Só o ódio...

      Pirulito não os via. Com uma paciência e uma bondade extremas ensinava às crianças buliçosas as lições de catecismo. Os dois Capitães da Areia saíram balançando a cabeça. Pedro Bala botou a mão no ombro do Sem-Pernas.

      — Nem o ódio, nem a bondade. Só a luta. A voz bondosa de Pirulito atravessa a igreja.

      A voz de ódio do Sem-Pernas estava junto de Pedro Bala. Mas ele não ouvia nenhuma. Ouvia era a voz de João de Adão, o doqueiro, a voz de seu pai morrendo na luta.

                                                       Jorge Amado, Capitães da Areia.

Atente para as seguintes afirmações referentes ao excerto, considerado no contexto de Capitães da Areia:

I Os termos “bondade”, “ódio” e “luta”, postos em questão no excerto, encontram-se objetivamente em relação dialética – na qual a contradição entre os dois primeiros é superada na síntese operada pelo termo “luta”, que os engloba e ultrapassa.

II Vista no conjunto da trajetória da personagem, a cena registra um momento decisivo no processo de politização de Pedro Bala.

III Para definir os perfis que as personagens Pirulito, Sem-Pernas e Pedro Bala assumem no excerto, as palavras-chave poderiam ser, respectivamente, ilusão, ressentimento e projeto.

Está correto o que se afirma em

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Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: FGV Prova: FGV - 2015 - FGV - Administração |
Q636977 Português

      (...) Um dia, passado muito tempo, Pedro Bala ia com o Sem-Pernas pelas ruas. Entraram numa igreja da Piedade, gostavam de ver as coisas de ouro, mesmo era fácil bater uma bolsa de uma senhora que rezasse. Mas não havia nenhuma senhora na igreja àquela hora. Somente um grupo de meninos pobres e um capuchinho que lhes ensinava catecismo.

      — É Pirulito... — disse Sem-Pernas.

      Pedro Bala ficou olhando. Encolheu os ombros:

      — Que adianta?

      Sem-Pernas olhou:

      — Não dá de comer...

      — Um dia vai ser padre também. Tem que ser é tudo junto.

      Sem-Pernas disse:

      — A bondade não basta.

      Completou:

      — Só o ódio...

      Pirulito não os via. Com uma paciência e uma bondade extremas ensinava às crianças buliçosas as lições de catecismo. Os dois Capitães da Areia saíram balançando a cabeça. Pedro Bala botou a mão no ombro do Sem-Pernas.

      — Nem o ódio, nem a bondade. Só a luta. A voz bondosa de Pirulito atravessa a igreja.

      A voz de ódio do Sem-Pernas estava junto de Pedro Bala. Mas ele não ouvia nenhuma. Ouvia era a voz de João de Adão, o doqueiro, a voz de seu pai morrendo na luta.

                                                       Jorge Amado, Capitães da Areia.

Embora as atitudes assumidas por Pirulito, Sem-Pernas e Pedro Bala sejam bastante diferentes entre si, todas as três são reações a um estado de coisas cuja causa principal, tal como identificada no contexto de Capitães da Areia, é a
Alternativas
Respostas
6: B
7: C
8: A
9: E
10: B