Questões de Vestibular USP 2019 para Vestibular
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(...) O mundo não tem sentido. O mundo e suas canções de timbre mais comovido estão calados, e a fala que de uma para outra sala ouvimos em certo instante é silêncio que faz eco e que volta a ser silêncio no negrume circundante. Silêncio: que quer dizer? Que diz a boca do mundo? Meu bem, o mundo é fechado, se não for antes vazio. O mundo é talvez: e é só.
Talvez nem seja talvez. O mundo não vale a pena, mas a pena não existe. Meu bem, façamos de conta. De sofrer e de olvidar, de lembrar e de fruir, de escolher nossas lembranças e revertê‐las, acaso se lembrem demais em nós. Façamos, meu bem, de conta – mas a conta não existe – que é tudo como se fosse, ou que, se fora, não era. (...)
Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma.
Em Claro Enigma, a ideia de engano surge sob a perspectiva do sujeito maduro, já afastado das ilusões, como se lê no verso‐síntese “Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.” (“Legado”). O excerto de “Cantiga de enganar” apresenta a relação do eu com o mundo mediada
“O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a população, que depois pegou dois dos três indivíduos e tentaram linchar eles. O outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois por uma viatura do 5º BPM”, afirmou o major. Disponível em https://www.gp1.com.br/.
No português do Brasil, a função sintática do sujeito não possui, necessariamente, uma natureza de agente, ainda que o verbo esteja na voz ativa, tal como encontrado em:
No período “Nem mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os que espalham informações mentirosas quanto aqueles que divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo número de pessoas.”, os dois‐pontos são utilizados para introduzir uma
*sem pelos, sem barba **tolo ***mestiço
O retrato de Manuel Fulô, tal como aparece no fragmento, permite afirmar que

O trecho que melhor define a “incompreensão fundamental” (L.6) referida pela autora é:


Perguntas
Numa incerta hora fria perguntei ao fantasma que força nos prendia, ele a mim, que presumo estar livre de tudo eu a ele, gasoso, (...)
No voo que desfere silente e melancólico, rumo da eternidade, ele apenas responde (se acaso é responder a mistérios, somar‐lhes um mistério mais alto):
Amar, depois de perder. Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma.
As perguntas da menina e do poeta versam sobre a morte. É correto afirmar que
Um soneto começo em vosso gabo*: Contemos esta regra por primeira, Já lá vão duas, e esta é a terceira, Já este quartetinho está no cabo.
Na quinta torce agora a porca o rabo; A sexta vá também desta maneira: Na sétima entro já com grã** canseira, E saio dos quartetos muito brabo.
Agora nos tercetos que direi? Direi que vós, Senhor, a mim me honrais Gabando‐vos a vós, e eu fico um rei.
Nesta vida um soneto já ditei; Se desta agora escapo, nunca mais: Louvado seja Deus, que o acabei. Gregório de Matos
*louvor **grande
Tipo zero
Você é um tipo que não tem tipo Com todo tipo você se parece E sendo um tipo que assimila tanto tipo Passou a ser um tipo que ninguém esquece
Quando você penetra num salão E se mistura com a multidão Você se torna um tipo destacado Desconfiado todo mundo fica Que o seu tipo não se classifica Você passa a ser um tipo desclassificado
Eu até hoje nunca vi nenhum Tipo vulgar tão fora do comum Que fosse um tipo tão observado Você ficou agora convencido Que o seu tipo já está batido Mas o seu tipo é o tipo do tipo esgotado Noel Rosa
O soneto de Gregório de Matos e o samba de Noel Rosa, embora distantes na forma e no tempo, aproximam‐se por ironizarem