Ao primeiro brilho da alvorada chegou do horizonte uma
nuvem negra, que era conduzida [pelo] senhor da tempestade
(...). Surgiram então os deuses do abismo; Nergal destruiu as
barragens que represavam as águas do inferno; Ninurta, o
deus da guerra, pôs abaixo os diques (...). Por seis dias e seis
noites os ventos sopraram; enxurradas, inundações e
torrentes assolaram o mundo; a tempestade e o dilúvio
explodiam em fúria como dois exércitos em guerra. Na
alvorada do sétimo dia o temporal (...) amainou (...) o dilúvio
serenou (...) toda a humanidade havia virado argila (...). Na
montanha de Nisir o barco ficou preso (...). Na alvorada do
sétimo dia eu soltei uma pomba e deixei que se fosse. Ela voou
para longe, mas, não encontrando um lugar para pousar,
retornou. Então soltei um corvo. A ave viu que as águas
haviam abaixado; ela comeu, (...) grasnou e não mais voltou
para o barco. Eu então abri todas as portas e janelas, expondo
a nave aos quatro ventos. Preparei um sacrifício e derramei
vinho sobre o topo da montanha em oferenda aos deuses (...).
A Epopeia de Gilgamesh, São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Com base no texto,registrado aproximadamente no século VII a.C.
e que se refere a um antigo mito da Mesopotâmia, bem como em
seus conhecimentos, é possível dizer que a sociedade descrita era