Questões de Vestibular IFF 2018 para Vestibular - Segundo Semestre
Foram encontradas 50 questões
Texto I
Feliz por nada
Geralmente, quando uma pessoa exclama “Estou tão feliz!”, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo? Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bemintencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja isso.
MEDEIROS, Martha. Felicidade crônica. 15.ed. Porto Alegre: L&PM, 2016. p. 86-87.
Texto I
Feliz por nada
Geralmente, quando uma pessoa exclama “Estou tão feliz!”, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo? Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bemintencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja isso.
MEDEIROS, Martha. Felicidade crônica. 15.ed. Porto Alegre: L&PM, 2016. p. 86-87.
Um texto pode estabelecer relação com outro, reafirmando suas ideias ou contrapondo-as.
O texto II é retomado de modo a reafirmar sua ideia por qual fragmento?
Texto III
O conceito felicidade para os filósofos
A felicidade é particular para cada ser humano, é uma questão muito individual. Mesmo que a ideia compartilhada entre a maior parte das pessoas seja que esse conceito é construído com saúde, amor, dinheiro, entre outros itens.
A filosofia que investiga e se dedica para definir e esclarecer as ideias do ser humano é excelente para refletir sobre a felicidade. E as primeiras reflexões de filosofia sobre ética continham o assunto felicidade, na Grécia antiga.
A mais antiga referência de filosofia sobre esse tema é o fragmento do texto de Tales de Mileto, este que viveu entre 7 a.C. e 6 a.C. Para Tales, ser feliz é ter corpo forte e são, boa sorte e alma formada.
Para Sócrates, essa ideia teve rumo novo, ele postulou que não havia relação da felicidade com somente satisfação dos desejos e necessidades do corpo, mas que o homem não é apenas corpo, e sim em principal, alma. Felicidade seria o bem da alma, através da conduta justa e virtuosa.
E já para Kant, a felicidade está no âmbito do prazer e desejo, e não há relação com Ética, logo não seria tema para investigar de maneira filosófica.
Mas ao que cerca a língua inglesa, na época de Kant, a felicidade teve destaque no pensamento político e sua busca passou a ser “direito do homem”, e isso é consignado na Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, redigida de acordo com o Iluminismo.
No século 20, surge uma nova reflexão sobre o tema do inglês Bertrand Russel com a obra A Conquista da Felicidade, com método da investigação lógica; para Bertrand, por síntese, ser feliz é eliminar o egocentrismo.
[...]
Disponível em: www.afilosofia.com.br/post/o-conceito-felicidade-para-os-filosofos/542. Acesso em: 06 abr. 2018 (adaptado).
Texto IV
Felicidade clandestina
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós, menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. In: Felicidade Clandestina: contos. Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1998 (adaptado).
Os elementos de coesão são recursos imprescindíveis para que um texto cumpra, de forma
efetiva, o seu papel comunicativo. No texto IV, tais elementos foram bastante utilizados.
Acerca de alguns deles, fizeram-se algumas considerações.
I. “Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados.” Verifica-se, no pronome em destaque, um caso de coesão catafórica, sendo o termo “essa menina” (l. 11) o referente.
II. No excerto “... um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós, menos ainda...” (l. 4-5), a coesão textual por elipse se estabelece pela omissão de um termo.
III. No fragmento “Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.”, é possível identificar uma relação lógico-discursiva concessiva entre as duas orações, separadas por “dois-pontos” (:).
IV. Entre as linhas 61 e 63, tem-se a ocorrência do substantivo “livro” por três vezes. Percebe-se o uso intencional da repetição como recurso coesivo a fim de produzir um efeito de sentido enfático, que demonstra a importância do objeto para a personagem.
Pode-se afirmar que estão CORRETAS
Texto V
A busca pela felicidade está nos tornando infelizes e
as redes sociais não estão ajudando
A opinião é do pianista James Rhodes, "Não somos destinados a ser felizes o tempo inteiro", diz ele no quadro opinativo Viewsnight, do programa da BBC Newsnight, afirmando que a busca pela felicidade a todo custo está nos tornando infelizes.
Na visão do pianista, "a busca pela felicidade parece nobre, mas é fundamentalmente falha".
Ele considera que "a felicidade não é algo a se perseguir mais do que a tristeza, a raiva, a esperança ou o amor".
A felicidade "é, simplesmente, um estado de ser, que é fluido, passageiro e às vezes inatingível".
Negar a existência de outros sentimentos, nem sempre considerados positivos, afirma, não é o melhor caminho. [...]
Rhodes observa que estamos em uma era de ritmo sem precedentes no dia a dia e que "nossa mentalidade 'sempre ligada' criou um ambiente impraticável e insustentável".
"Estamos em apuros", diz ele. "E as selfies cuidadosamente escolhidas e postadas no Instagram; a perfeição física espalhada por todas as mídias – inalcançável e extremamente 'photoshopada' – e o anonimato das redes sociais, onde descarregamos nossa ira, não estão ajudando".
"Sentimentos desafiadores"
Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que permeiam a vida e nem todos têm a ver com satisfação ou alegrias. Há também o outro lado.
"Todos nos sentimos alternadamente ansiosos, para baixo, tranquilos, aflitos, contentes. Ocasionalmente, alguns de nós podemos nos perder no continuum em direção a depressão, ao transtorno de estresse pós-traumático e a pensamentos suicidas", diz.
Mas pondera: "Só porque não estamos felizes não significa que estamos infelizes".
Para o pianista, assim é a complexidade da vida: "repleta de sentimentos e situações tumultuados, desafiadores e difíceis".
"Negá-los, resistir a eles, se desculpar por eles ou fingir que não existem é contraintuitivo e contraproducente".
Foi justamente o caminho contrário, o do reconhecimento de que "coisas ruins também acontecem" e de que é preciso falar sobre elas que ele decidiu trilhar há alguns anos – quando resolveu contar em livro problemas que enfrentou ao longo da vida.
Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/salasocial-42680542. Acesso em: 06 abr. 2018 (adaptado).
Os sufixos, elementos mórficos, atribuem novos sentidos aos radicais a que são agregados. Considerando o contexto em que se insere e as afirmações que seguem, julgue a opção CORRETA em relação ao termo destacado no trecho:
"E as selfies cuidadosamente escolhidas e postadas no Instagram; a perfeição física
espalhada por todas as mídias – inalcançável e extremamente 'photoshopada' – e o
anonimato das redes sociais, onde descarregamos nossa ira, não estão ajudando".
Texto I
Feliz por nada
Geralmente, quando uma pessoa exclama “Estou tão feliz!”, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo? Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bemintencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja isso.
MEDEIROS, Martha. Felicidade crônica. 15.ed. Porto Alegre: L&PM, 2016. p. 86-87
Texto III
O conceito felicidade para os filósofos
A felicidade é particular para cada ser humano, é uma questão muito individual. Mesmo que a ideia compartilhada entre a maior parte das pessoas seja que esse conceito é construído com saúde, amor, dinheiro, entre outros itens.
A filosofia que investiga e se dedica para definir e esclarecer as ideias do ser humano é excelente para refletir sobre a felicidade. E as primeiras reflexões de filosofia sobre ética continham o assunto felicidade, na Grécia antiga.
A mais antiga referência de filosofia sobre esse tema é o fragmento do texto de Tales de Mileto, este que viveu entre 7 a.C. e 6 a.C. Para Tales, ser feliz é ter corpo forte e são, boa sorte e alma formada.
Para Sócrates, essa ideia teve rumo novo, ele postulou que não havia relação da felicidade com somente satisfação dos desejos e necessidades do corpo, mas que o homem não é apenas corpo, e sim em principal, alma. Felicidade seria o bem da alma, através da conduta justa e virtuosa.
E já para Kant, a felicidade está no âmbito do prazer e desejo, e não há relação com Ética, logo não seria tema para investigar de maneira filosófica.
Mas ao que cerca a língua inglesa, na época de Kant, a felicidade teve destaque no pensamento político e sua busca passou a ser “direito do homem”, e isso é consignado na Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, redigida de acordo com o Iluminismo.
No século 20, surge uma nova reflexão sobre o tema do inglês Bertrand Russel com a obra A Conquista da Felicidade, com método da investigação lógica; para Bertrand, por síntese, ser feliz é eliminar o egocentrismo.
[...]
Disponível em:http://www.afilosofia.com.br/post/o-conceito-felicidade-para-os-filosofos/542Acesso em: 06 abr. 2018 (adaptado).
Texto IV
Felicidade clandestina
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós, menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disseme que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente
nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. In: Felicidade Clandestina: contos. Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1998 (adaptado).
Texto V
A busca pela felicidade está nos tornando infelizes e as redes sociais não estão ajudando
A opinião é do pianista James Rhodes, "Não somos destinados a ser felizes o tempo inteiro", diz ele no quadro opinativo Viewsnight, do programa da BBC Newsnight, afirmando que a busca pela felicidade a todo custo está nos tornando infelizes.
Na visão do pianista, "a busca pela felicidade parece nobre, mas é fundamentalmente falha".
Ele considera que "a felicidade não é algo a se perseguir mais do que a tristeza, a raiva, a esperança ou o amor".
A felicidade "é, simplesmente, um estado de ser, que é fluido, passageiro e às vezes inatingível".
Negar a existência de outros sentimentos, nem sempre considerados positivos, afirma, não é o melhor caminho. [...]
Rhodes observa que estamos em uma era de ritmo sem precedentes no dia a dia e que "nossa mentalidade 'sempre ligada' criou um ambiente impraticável e insustentável".
"Estamos em apuros", diz ele. "E as selfies cuidadosamente escolhidas e postadas no
Instagram; a perfeição física espalhada por todas as mídias – inalcançável e extremamente
'photoshopada' – e o anonimato das redes sociais, onde descarregamos nossa ira, não
estão ajudando".
"Sentimentos desafiadores"
Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que permeiam a vida e
nem todos têm a ver com satisfação ou alegrias. Há também o outro lado.
"Todos nos sentimos alternadamente ansiosos, para baixo, tranquilos, aflitos, contentes. Ocasionalmente, alguns de nós podemos nos perder no continuum em direção a depressão, ao transtorno de estresse pós-traumático e a pensamentos suicidas", diz.
Mas pondera: "Só porque não estamos felizes não significa que estamos infelizes".
Para o pianista, assim é a complexidade da vida: "repleta de sentimentos e situações tumultuados, desafiadores e difíceis".
"Negá-los, resistir a eles, se desculpar por eles ou fingir que não existem é contraintuitivo e contraproducente".
Foi justamente o caminho contrário, o do reconhecimento de que "coisas ruins também acontecem" e de que é preciso falar sobre elas que ele decidiu trilhar há alguns anos – quando resolveu contar em livro problemas que enfrentou ao longo da vida.
Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/salasocial-42680542. Acesso em: 06 abr. 2018 (adaptado).
Assinale a alternativa que avalia CORRETAMENTE as assertivas seguintes:
I. No texto IV, caso seja retirado o acento gráfico de “histórias”, não haverá alteração semântica tampouco morfológica, o que comprova a acentuação gráfica ser fundamental para a coerência textual.
II. Corroborando ser a ortografia recurso importante para se manter a coerência de um enunciado, no texto IV, em “...espiava em silêncio...”, se a palavra em negrito for substituída por seu homônimo homófono “expiava”, manter-se-á o sentido original da expressão.
III. “Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que permeiam a vida...” (texto V) – No período transcrito, o acréscimo de uma vírgula antes do pronome relativo “que” mudará o caráter restritivo da oração. Isso demonstra que a pontuação contribui para a coerência do texto.
Texto I
Feliz por nada
Geralmente, quando uma pessoa exclama “Estou tão feliz!”, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo? Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar
as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e
não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não
estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma.
Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é
ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é
que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja isso.
MEDEIROS, Martha. Felicidade crônica. 15.ed. Porto Alegre: L&PM, 2016. p. 86-87.
Texto III
O conceito felicidade para os filósofos
A felicidade é particular para cada ser humano, é uma questão muito individual. Mesmo que a ideia compartilhada entre a maior parte das pessoas seja que esse conceito é construído com saúde, amor, dinheiro, entre outros itens.
A filosofia que investiga e se dedica para definir e esclarecer as ideias do ser humano é excelente para refletir sobre a felicidade. E as primeiras reflexões de filosofia sobre ética continham o assunto felicidade, na Grécia antiga.
A mais antiga referência de filosofia sobre esse tema é o fragmento do texto de Tales de Mileto, este que viveu entre 7 a.C. e 6 a.C. Para Tales, ser feliz é ter corpo forte e são, boa sorte e alma formada.
Para Sócrates, essa ideia teve rumo novo, ele postulou que não havia relação da felicidade com somente satisfação dos desejos e necessidades do corpo, mas que o homem não é apenas corpo, e sim em principal, alma. Felicidade seria o bem da alma, através da conduta justa e virtuosa.
E já para Kant, a felicidade está no âmbito do prazer e desejo, e não há relação com Ética, logo não seria tema para investigar de maneira filosófica.
Mas ao que cerca a língua inglesa, na época de Kant, a felicidade teve destaque no pensamento político e sua busca passou a ser “direito do homem”, e isso é consignado na Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, redigida de acordo com o Iluminismo.
No século 20, surge uma nova reflexão sobre o tema do inglês Bertrand Russel com a obra A Conquista da Felicidade, com método da investigação lógica; para Bertrand, por síntese, ser feliz é eliminar o egocentrismo.
[...]
- Disponível em: www.afilosofia.com.br/post/o-conceito-felicidade-para-os-filosofos/542.
- Acesso em: 06 abr. 2018 (adaptado).
- Texto IV
- Felicidade clandestina
- Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós, menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
- Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. In: Felicidade Clandestina: contos.
Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1998 (adaptado).
Texto V
A busca pela felicidade está nos tornando infelizes e as redes sociais não estão ajudando
A opinião é do pianista James Rhodes, "Não somos destinados a ser felizes o tempo inteiro", diz ele no quadro opinativo Viewsnight, do programa da BBC Newsnight, afirmando que a busca pela felicidade a todo custo está nos tornando infelizes.
Na visão do pianista, "a busca pela felicidade parece nobre, mas é fundamentalmente falha".
Ele considera que "a felicidade não é algo a se perseguir mais do que a tristeza, a raiva, a esperança ou o amor".
A felicidade "é, simplesmente, um estado de ser, que é fluido, passageiro e às vezes inatingível".
Negar a existência de outros sentimentos, nem sempre considerados positivos, afirma, não é o melhor caminho. [...]
Rhodes observa que estamos em uma era de ritmo sem precedentes no dia a dia e que "nossa mentalidade 'sempre ligada' criou um ambiente impraticável e insustentável".
"Estamos em apuros", diz ele. "E as selfies cuidadosamente escolhidas e postadas no Instagram; a perfeição física espalhada por todas as mídias – inalcançável e extremamente 'photoshopada' – e o anonimato das redes sociais, onde descarregamos nossa ira, não estão ajudando".
"Sentimentos desafiadores"
Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que permeiam a vida e nem todos têm a ver com satisfação ou alegrias. Há também o outro lado.
"Todos nos sentimos alternadamente ansiosos, para baixo, tranquilos, aflitos, contentes. Ocasionalmente, alguns de nós podemos nos perder no continuum em direção a depressão, ao transtorno de estresse pós-traumático e a pensamentos suicidas", diz.
Mas pondera: "Só porque não estamos felizes não significa que estamos infelizes". Para o pianista, assim é a complexidade da vida: "repleta de sentimentos e situações tumultuados, desafiadores e difíceis".
"Negá-los, resistir a eles, se desculpar por eles ou fingir que não existem é contraintuitivo e contraproducente".
Foi justamente o caminho contrário, o do reconhecimento de que "coisas ruins também acontecem" e de que é preciso falar sobre elas que ele decidiu trilhar há alguns anos – quando resolveu contar em livro problemas que enfrentou ao longo da vida.
Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/salasocial-42680542. Acesso em: 06 abr. 2018 (adaptado).
Texto VI
Ode ao dia feliz
Desta vez deixa-me
ser feliz,
nada passou a ninguém,
não estou em parte alguma,
acontece somente
que sou feliz
pelos quatro lados
do coração, andando
dormindo ou escrevendo.
O que vou fazer-te, sou
feliz
[...]
Pablo Neruda
Disponível em: http://www.portaldaliteratura.com/poemas.php?id=1400. Acesso em: 16 abr. 2018.
No processo de comunicação, é preciso expressar uma finalidade, um objetivo, que se
materializa por meio de uma função da linguagem específica. Leia as assertivas a seguir e
marque a INCORRETA em relação aos textos I, III, IV, V e VI:
O linguista Luiz Antônio Marcuschi define gêneros textuais como “os textos materializados que encontramos em nossa vida diária”. Algumas afirmações foram feitas sobre alguns dos gêneros textuais utilizados nesta prova. Entre elas, apenas uma está CORRETA. Identifique-a:
Shares in the music streaming firm Spotify will be publicly traded for the first time when the firm debuts on the New York market.
The flotation marks a turning point for the firm that after 12 years has not yet made a profit. Spotify's listing, which could value it at $20billion (£14 billion), is unconventional: it is not issuing any new shares. Instead, shares held by the firm's private investors will be made available.
What was once an small upstart Swedish music platform, has grown rapidly in recent years, adding millions of users to its free-to-use ad-funded service, and converting many of them to its more lucrative subscription service. It's used in 61 countries, has 159 million active users and a library of 35 million songs. They developed the platform in 2006 as a response to the growing piracy problem the music industry was facing. It is now the global leader among music streaming companies, boasting 71 million paying customers, twice as many as runner-up Apple.
What Spotify must do to survive? So far costs and fees to recording companies for the rights to play their music, have exceeded Spotify's revenues. And some analysts predict the listing will speed-up Spotify's race towards profitability. "When that's done we'll see a bit of a shift in strategy and direction." says Mark Mulligan at MIDia Research. The firm made a commitment to investors who backed it as the company was growing, that they would be given the chance to cash in their investment. The streaming giant has filed for paperwork to start trading its shares publicly on the New York Stock Exchange.
What will Spotify look like in the future? So what will change? "So far they've been treading a very fine line between being the dramatic new future of the music business but simultaneously being the biggest friend of the old music industry by giving record labels a platform to build out of decline," says Mr Mulligan.
"To go to the next phase [Spotify] will have to stop being so friendly to the record companies." More than half of Spotify's revenue goes directly to the record companies. Chris Hayes expects Spotify to evolve. "I think over time they're going to have to diversify their offering." he says, helping to set them apart from a sea of rival streaming services. They have already moved into podcasts and producing original music. They may well start to offer more original content like Taylor Swift's recent video which was only made available on the platform, says Chris Hayes.
So can Spotify make money? The firm's first operating profit (not including debt financing) is on the horizon for 2019 based on current trends, according to Mr Hayes. "The strategy has always been the free tier, but it is a funnel through which to persuade free users to upgrade to the subscription tier which is lucrative.
"As long as subscriptions continue to grow it should eventually become profitable. "Spotify's rivals are the biggest companies in the world with bottomless pockets," he says, and they are using music as a way to sell their core products, not as a business proposition in itself.
Apple, Amazon and Google are also in the streaming game and - unlike Spotify - all sell devices on which consumers can listen to music. And while Spotify has signed deals with all the "big three" record labels - Warner, Universal and Sony - it is the music executives that still hold the bargaining chips.
Adapted from: http://www.bbc.com/news/business-43613398. Acesso em: 03 abr. 2018.
Shares in the music streaming firm Spotify will be publicly traded for the first time when the firm debuts on the New York market.
The flotation marks a turning point for the firm that after 12 years has not yet made a profit. Spotify's listing, which could value it at $20billion (£14 billion), is unconventional: it is not issuing any new shares. Instead, shares held by the firm's private investors will be made available.
What was once an small upstart Swedish music platform, has grown rapidly in recent years, adding millions of users to its free-to-use ad-funded service, and converting many of them to its more lucrative subscription service. It's used in 61 countries, has 159 million active users and a library of 35 million songs. They developed the platform in 2006 as a response to the growing piracy problem the music industry was facing. It is now the global leader among music streaming companies, boasting 71 million paying customers, twice as many as runner-up Apple.
What Spotify must do to survive? So far costs and fees to recording companies for the rights to play their music, have exceeded Spotify's revenues. And some analysts predict the listing will speed-up Spotify's race towards profitability. "When that's done we'll see a bit of a shift in strategy and direction." says Mark Mulligan at MIDia Research. The firm made a commitment to investors who backed it as the company was growing, that they would be given the chance to cash in their investment. The streaming giant has filed for paperwork to start trading its shares publicly on the New York Stock Exchange.
What will Spotify look like in the future? So what will change? "So far they've been treading a very fine line between being the dramatic new future of the music business but simultaneously being the biggest friend of the old music industry by giving record labels a platform to build out of decline," says Mr Mulligan.
"To go to the next phase [Spotify] will have to stop being so friendly to the record companies." More than half of Spotify's revenue goes directly to the record companies. Chris Hayes expects Spotify to evolve. "I think over time they're going to have to diversify their offering." he says, helping to set them apart from a sea of rival streaming services. They have already moved into podcasts and producing original music. They may well start to offer more original content like Taylor Swift's recent video which was only made available on the platform, says Chris Hayes.
So can Spotify make money? The firm's first operating profit (not including debt financing) is on the horizon for 2019 based on current trends, according to Mr Hayes. "The strategy has always been the free tier, but it is a funnel through which to persuade free users to upgrade to the subscription tier which is lucrative.
"As long as subscriptions continue to grow it should eventually become profitable. "Spotify's rivals are the biggest companies in the world with bottomless pockets," he says, and they are using music as a way to sell their core products, not as a business proposition in itself.
Apple, Amazon and Google are also in the streaming game and - unlike Spotify - all sell devices on which consumers can listen to music. And while Spotify has signed deals with all the "big three" record labels - Warner, Universal and Sony - it is the music executives that still hold the bargaining chips.
Adapted from: http://www.bbc.com/news/business-43613398. Acesso em: 03 abr. 2018.
Shares in the music streaming firm Spotify will be publicly traded for the first time when the firm debuts on the New York market.
The flotation marks a turning point for the firm that after 12 years has not yet made a profit. Spotify's listing, which could value it at $20billion (£14 billion), is unconventional: it is not issuing any new shares. Instead, shares held by the firm's private investors will be made available.
What was once an small upstart Swedish music platform, has grown rapidly in recent years, adding millions of users to its free-to-use ad-funded service, and converting many of them to its more lucrative subscription service. It's used in 61 countries, has 159 million active users and a library of 35 million songs. They developed the platform in 2006 as a response to the growing piracy problem the music industry was facing. It is now the global leader among music streaming companies, boasting 71 million paying customers, twice as many as runner-up Apple.
What Spotify must do to survive? So far costs and fees to recording companies for the rights to play their music, have exceeded Spotify's revenues. And some analysts predict the listing will speed-up Spotify's race towards profitability. "When that's done we'll see a bit of a shift in strategy and direction." says Mark Mulligan at MIDia Research. The firm made a commitment to investors who backed it as the company was growing, that they would be given the chance to cash in their investment. The streaming giant has filed for paperwork to start trading its shares publicly on the New York Stock Exchange.
What will Spotify look like in the future? So what will change? "So far they've been treading a very fine line between being the dramatic new future of the music business but simultaneously being the biggest friend of the old music industry by giving record labels a platform to build out of decline," says Mr Mulligan.
"To go to the next phase [Spotify] will have to stop being so friendly to the record companies." More than half of Spotify's revenue goes directly to the record companies. Chris Hayes expects Spotify to evolve. "I think over time they're going to have to diversify their offering." he says, helping to set them apart from a sea of rival streaming services. They have already moved into podcasts and producing original music. They may well start to offer more original content like Taylor Swift's recent video which was only made available on the platform, says Chris Hayes.
So can Spotify make money? The firm's first operating profit (not including debt financing) is on the horizon for 2019 based on current trends, according to Mr Hayes. "The strategy has always been the free tier, but it is a funnel through which to persuade free users to upgrade to the subscription tier which is lucrative.
"As long as subscriptions continue to grow it should eventually become profitable. "Spotify's rivals are the biggest companies in the world with bottomless pockets," he says, and they are using music as a way to sell their core products, not as a business proposition in itself.
Apple, Amazon and Google are also in the streaming game and - unlike Spotify - all sell devices on which consumers can listen to music. And while Spotify has signed deals with all the "big three" record labels - Warner, Universal and Sony - it is the music executives that still hold the bargaining chips.
Adapted from: http://www.bbc.com/news/business-43613398. Acesso em: 03 abr. 2018.
Shares in the music streaming firm Spotify will be publicly traded for the first time when the firm debuts on the New York market.
The flotation marks a turning point for the firm that after 12 years has not yet made a profit. Spotify's listing, which could value it at $20billion (£14 billion), is unconventional: it is not issuing any new shares. Instead, shares held by the firm's private investors will be made available.
What was once an small upstart Swedish music platform, has grown rapidly in recent years, adding millions of users to its free-to-use ad-funded service, and converting many of them to its more lucrative subscription service. It's used in 61 countries, has 159 million active users and a library of 35 million songs. They developed the platform in 2006 as a response to the growing piracy problem the music industry was facing. It is now the global leader among music streaming companies, boasting 71 million paying customers, twice as many as runner-up Apple.
What Spotify must do to survive? So far costs and fees to recording companies for the rights to play their music, have exceeded Spotify's revenues. And some analysts predict the listing will speed-up Spotify's race towards profitability. "When that's done we'll see a bit of a shift in strategy and direction." says Mark Mulligan at MIDia Research. The firm made a commitment to investors who backed it as the company was growing, that they would be given the chance to cash in their investment. The streaming giant has filed for paperwork to start trading its shares publicly on the New York Stock Exchange.
What will Spotify look like in the future? So what will change? "So far they've been treading a very fine line between being the dramatic new future of the music business but simultaneously being the biggest friend of the old music industry by giving record labels a platform to build out of decline," says Mr Mulligan.
"To go to the next phase [Spotify] will have to stop being so friendly to the record companies." More than half of Spotify's revenue goes directly to the record companies. Chris Hayes expects Spotify to evolve. "I think over time they're going to have to diversify their offering." he says, helping to set them apart from a sea of rival streaming services. They have already moved into podcasts and producing original music. They may well start to offer more original content like Taylor Swift's recent video which was only made available on the platform, says Chris Hayes.
So can Spotify make money? The firm's first operating profit (not including debt financing) is on the horizon for 2019 based on current trends, according to Mr Hayes. "The strategy has always been the free tier, but it is a funnel through which to persuade free users to upgrade to the subscription tier which is lucrative.
"As long as subscriptions continue to grow it should eventually become profitable. "Spotify's rivals are the biggest companies in the world with bottomless pockets," he says, and they are using music as a way to sell their core products, not as a business proposition in itself.
Apple, Amazon and Google are also in the streaming game and - unlike Spotify - all sell devices on which consumers can listen to music. And while Spotify has signed deals with all the "big three" record labels - Warner, Universal and Sony - it is the music executives that still hold the bargaining chips.
Adapted from: http://www.bbc.com/news/business-43613398. Acesso em: 03 abr. 2018.
Shares in the music streaming firm Spotify will be publicly traded for the first time when the firm debuts on the New York market.
The flotation marks a turning point for the firm that after 12 years has not yet made a profit. Spotify's listing, which could value it at $20billion (£14 billion), is unconventional: it is not issuing any new shares. Instead, shares held by the firm's private investors will be made available.
What was once an small upstart Swedish music platform, has grown rapidly in recent years, adding millions of users to its free-to-use ad-funded service, and converting many of them to its more lucrative subscription service. It's used in 61 countries, has 159 million active users and a library of 35 million songs. They developed the platform in 2006 as a response to the growing piracy problem the music industry was facing. It is now the global leader among music streaming companies, boasting 71 million paying customers, twice as many as runner-up Apple.
What Spotify must do to survive? So far costs and fees to recording companies for the rights to play their music, have exceeded Spotify's revenues. And some analysts predict the listing will speed-up Spotify's race towards profitability. "When that's done we'll see a bit of a shift in strategy and direction." says Mark Mulligan at MIDia Research. The firm made a commitment to investors who backed it as the company was growing, that they would be given the chance to cash in their investment. The streaming giant has filed for paperwork to start trading its shares publicly on the New York Stock Exchange.
What will Spotify look like in the future? So what will change? "So far they've been treading a very fine line between being the dramatic new future of the music business but simultaneously being the biggest friend of the old music industry by giving record labels a platform to build out of decline," says Mr Mulligan.
"To go to the next phase [Spotify] will have to stop being so friendly to the record companies." More than half of Spotify's revenue goes directly to the record companies. Chris Hayes expects Spotify to evolve. "I think over time they're going to have to diversify their offering." he says, helping to set them apart from a sea of rival streaming services. They have already moved into podcasts and producing original music. They may well start to offer more original content like Taylor Swift's recent video which was only made available on the platform, says Chris Hayes.
So can Spotify make money? The firm's first operating profit (not including debt financing) is on the horizon for 2019 based on current trends, according to Mr Hayes. "The strategy has always been the free tier, but it is a funnel through which to persuade free users to upgrade to the subscription tier which is lucrative.
"As long as subscriptions continue to grow it should eventually become profitable. "Spotify's rivals are the biggest companies in the world with bottomless pockets," he says, and they are using music as a way to sell their core products, not as a business proposition in itself.
Apple, Amazon and Google are also in the streaming game and - unlike Spotify - all sell devices on which consumers can listen to music. And while Spotify has signed deals with all the "big three" record labels - Warner, Universal and Sony - it is the music executives that still hold the bargaining chips.
Adapted from: http://www.bbc.com/news/business-43613398. Acesso em: 03 abr. 2018.
Após a leitura do texto I, “Spotify braces for $20billion US share market listing”, e da charge
acima, marque a alternativa INCORRETA:
A região hachurada a seguir é o conjunto-solução da inequação
Em um jogo pela Liga dos Campeões da Europa, o jogador do time Real Madrid Cristiano Ronaldo conseguiu fazer um gol por meio de um movimento chamado bicicleta, em que o jogador faz um giro no ar atingindo a bola com um chute enquanto ela ainda está no alto. Considere que, na jogada em questão, a bola foi atingida quando estava a 2,10m de altura em relação ao solo e a 0,70m de distância do corpo do jogador.
Na imagem a seguir, considere A, ponto médio da altura da bola no instante em que é atingida, B o ponto referente à posição da bola no momento do chute e C o vértice referente ao ângulo reto do triângulo ABC. Considerando que o deslocamento do pé que atinge a bola desde o início do movimento (ponto D) é o arco de uma circunferência, e sabendo que BC = 0,70m e BÂC = 34˚, a distância percorrida pelo pé do jogador do instante em que deixou o solo até o momento em que atingiu a bola é
(Considere sen 34 ˚ = 0,6, cos 34˚ = 0,8 e tan 34˚ = 0,7)