Questões de Vestibular UEMG 2018 para Vestibular
Foram encontradas 12 questões
Texto 1
O poeta contemporâneo ainda tem com o que se espantar?
(Audrey de Mattos)
Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar nas mudanças que, de Aristóteles aos vanguardistas do século XX, transformaram a forma conhecida por poesia em território do heterogêneo: grotesco e sublime, temas elevados e temas cotidianos, linguagem polida e palavreado chulo, tudo convive na poesia contemporânea, nem de longe pacificamente, pois que o estranhamento e o (des)entendimento que assomam à alma de quem lê dão conta de que a atual poesia não veio para repousar (nem deixar repousar) em margens plácidas.
[...]
Trata-se então de ouvir o inaudível e ver o invisível, conforme a fórmula clássica baudelairiana. A linguagem poética, até então mero instrumento de reprodução da realidade, “reclamará uma maior autonomia em relação à normatividade do mundo, reivindicando assim algo que parecia impossível: a capacidade de transfigurar o real e integrar-se ao mundo como elemento constitutivo deste” (Tereza Cabañas, in “A poética da inversão”).
[...]
Do poema enterrado ao poema digital, a poesia incorporará tantas e tão variadas formas de expressão que levarão Antonio Cicero a afirmar, em fins da primeira década do século XXI: “Não há mais vanguarda”. “Qualquer fetichismo residual em relação a qualquer forma convencional da poesia” foi eliminado e “a consequente relativização de todas as formas tradicionais de poesia” afeta todos os poetas pós-vanguarda.
[...]
Adaptado de <http://lounge.obviousmag.org/conversa_de_botequim/2014/09/poesia-no-seculo-xxi-rumos.html#ixzz4ybiYJXfM
Texto 1
O poeta contemporâneo ainda tem com o que se espantar?
(Audrey de Mattos)
Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar nas mudanças que, de Aristóteles aos vanguardistas do século XX, transformaram a forma conhecida por poesia em território do heterogêneo: grotesco e sublime, temas elevados e temas cotidianos, linguagem polida e palavreado chulo, tudo convive na poesia contemporânea, nem de longe pacificamente, pois que o estranhamento e o (des)entendimento que assomam à alma de quem lê dão conta de que a atual poesia não veio para repousar (nem deixar repousar) em margens plácidas.
[...]
Trata-se então de ouvir o inaudível e ver o invisível, conforme a fórmula clássica baudelairiana. A linguagem poética, até então mero instrumento de reprodução da realidade, “reclamará uma maior autonomia em relação à normatividade do mundo, reivindicando assim algo que parecia impossível: a capacidade de transfigurar o real e integrar-se ao mundo como elemento constitutivo deste” (Tereza Cabañas, in “A poética da inversão”).
[...]
Do poema enterrado ao poema digital, a poesia incorporará tantas e tão variadas formas de expressão que levarão Antonio Cicero a afirmar, em fins da primeira década do século XXI: “Não há mais vanguarda”. “Qualquer fetichismo residual em relação a qualquer forma convencional da poesia” foi eliminado e “a consequente relativização de todas as formas tradicionais de poesia” afeta todos os poetas pós-vanguarda.
[...]
Adaptado de <http://lounge.obviousmag.org/conversa_de_botequim/2014/09/poesia-no-seculo-xxi-rumos.html#ixzz4ybiYJXfM
Texto 2
Trabalivre
(Tribalistas)
Um dia minha mãe me disse
Você já é grande, tem que trabalhar
Naquele instante aproveitei a chance
Vi que eu era livre para me virar
Fiz minha mala, comprei a passagem
O tempo passou depressa e eu aqui cheguei
Passei por tudo que é dificuldade
Me perdi pela cidade mas já me encontrei
Domingo boto meu pijama
Deito lá na cama para não cansar
Segunda-feira eu já tô de novo
Atolado de trabalho para entregar
Na terça não tem brincadeira
Quarta-feira tem serviço para terminar
Na quinta já tem hora extra
E na sexta o expediente termina no bar
Mas tenho o sábado inteiro pra mim mesmo
Fora do emprego
Pra me aprimorar
Sou easy, eu não entro em crise
Tenho tempo livre
Pra me trabalhar
Disponível em: <https://www.letras.mus.br/tribalistas/trabalivre/>
Texto 2
Trabalivre
(Tribalistas)
Um dia minha mãe me disse
Você já é grande, tem que trabalhar
Naquele instante aproveitei a chance
Vi que eu era livre para me virar
Fiz minha mala, comprei a passagem
O tempo passou depressa e eu aqui cheguei
Passei por tudo que é dificuldade
Me perdi pela cidade mas já me encontrei
Domingo boto meu pijama
Deito lá na cama para não cansar
Segunda-feira eu já tô de novo
Atolado de trabalho para entregar
Na terça não tem brincadeira
Quarta-feira tem serviço para terminar
Na quinta já tem hora extra
E na sexta o expediente termina no bar
Mas tenho o sábado inteiro pra mim mesmo
Fora do emprego
Pra me aprimorar
Sou easy, eu não entro em crise
Tenho tempo livre
Pra me trabalhar
Disponível em: <https://www.letras.mus.br/tribalistas/trabalivre/>
Assinale a alternativa correta.
Texto 3
“ALIEN INTERVIEW” (Entrevista com um alienígena)
No momento em que o ser alienígena tinha sido devolvido à base eu já tinha passado várias horas com ela. Como já referi, o Sr. Cavitt me disse para ficar com a extraterrestre, já que eu era a única pessoa entre nós que poderia compreendê-la e manter comunicação telepaticamente. Eu não pude compreender e entender a minha capacidade de me “comunicar” telepaticamente com o ser extraterrestre. Eu nunca antes havia tido experiência com comunicação telepática com alguém.
A comunicação não-verbal que eu experimentei era como a compreensão que se tem quando uma criança ou um cão está tentando fazer você entender alguma coisa, mas muito, muito mais direta e poderosa! Mesmo que não houvesse falado “palavras”, ou comunicação através de sinais, a intenção dos pensamentos eram inconfundíveis para mim. Percebi mais tarde que, apesar de eu receber o pensamento, eu necessariamente não interpretava o seu significado exatamente.
[...]
Disponível em:<http://www.bibliotecapleyades.net/vida_alien/alieninterview/alieninterview.htm) >. Acesso em 10 nov.
Assinale a alternativa correta a respeito
do Texto 3 e de seus elementos
linguísticos.
A questão refere-se à obra As melhores histórias de Fernando Sabino.
O texto a seguir é um excerto da crônica O caso do charuto.
E o ascensorista inflexível. Que o homem guardasse o charuto no bolso, engolisse o charuto, fizesse o que melhor lhe parecesse. Sem o quê, ele não subiria. Distraído pelos próprios argumentos, o homem, em vez de se desfazer do charuto, tirou dele uma baforada. Foi o bastante para generalizar-se a confusão. A senhora do Bronx resolveu intervir, alegando raivosamente que ela não tinha nada com aquela história e queria subir. O panamenho, como se estivesse no mundo da lua, perguntava em vão e em mau inglês em que andar era o Consulado do Panamá. O gordinho gritava que aquilo era um desaforo etc. etc. E o elevador parado. O dono do charuto levou-o novamente à boca, para ter as mãos livres e poder se explicar, provocando indignação geral. Então o gordinho, fora de si, estendeu o braço para com uma tapa derrubar o charuto, resolvendo assim a questão. Acontece, porém, que seu gesto foi mal calculado e o que ele deu foi um bofetão na cara do homem. O charuto saltou no ar largando brasa para cima do panamenho, que até então não entendia coisa nenhuma.
SABINO, Fernando. As melhores histórias de Fernando Sabino. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010. p. 61.
A questão refere-se à obra As melhores histórias de Fernando Sabino.
O texto a seguir é um excerto da crônica O caso do charuto.
E o ascensorista inflexível. Que o homem guardasse o charuto no bolso, engolisse o charuto, fizesse o que melhor lhe parecesse. Sem o quê, ele não subiria. Distraído pelos próprios argumentos, o homem, em vez de se desfazer do charuto, tirou dele uma baforada. Foi o bastante para generalizar-se a confusão. A senhora do Bronx resolveu intervir, alegando raivosamente que ela não tinha nada com aquela história e queria subir. O panamenho, como se estivesse no mundo da lua, perguntava em vão e em mau inglês em que andar era o Consulado do Panamá. O gordinho gritava que aquilo era um desaforo etc. etc. E o elevador parado. O dono do charuto levou-o novamente à boca, para ter as mãos livres e poder se explicar, provocando indignação geral. Então o gordinho, fora de si, estendeu o braço para com uma tapa derrubar o charuto, resolvendo assim a questão. Acontece, porém, que seu gesto foi mal calculado e o que ele deu foi um bofetão na cara do homem. O charuto saltou no ar largando brasa para cima do panamenho, que até então não entendia coisa nenhuma.
SABINO, Fernando. As melhores histórias de Fernando Sabino. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010. p. 61.
Leia o início da crônica Fantasmas de Minas:
“Tão logo Scliar soube que eu pretendia passar o carnaval em Ouro Preto e não conseguira hotel, amavelmente ofereceu-me sua casa. É uma linda casa, informou com ar matreiro. Tão matreiro que dava até para desconfiar. Mas eu já ouvira falar na casa, [...]”.
SABINO, Fernando. As melhores histórias de Fernando Sabino. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010. p. 147.
Tendo como base o restante dessa crônica, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) Ao longo da crônica, especialmente em sua última parte, há alusões a locais históricos de Minas Gerais e de seus “fantasmas”. O narrador percorre algumas cidades até chegar a Belo Horizonte, cidade na qual o fantasma é ele próprio.
( ) Pode-se afirmar que essa crônica, com uma linguagem permeada por traços de oralidade, consegue ir a fundo no sentimento humano. Isso se dá de maneira mais evidente na narrativa a partir de quando o narrador vai embora de Ouro Preto e passa a apresentar uma linguagem carregada de lirismo.
( ) O narrador em primeira pessoa corrobora para a aproximação do leitor para com a matéria narrada.
A questão refere-se à obra As melhores histórias de Fernando Sabino.
O texto a seguir é um excerto da crônica O caso do charuto.
E o ascensorista inflexível. Que o homem guardasse o charuto no bolso, engolisse o charuto, fizesse o que melhor lhe parecesse. Sem o quê, ele não subiria. Distraído pelos próprios argumentos, o homem, em vez de se desfazer do charuto, tirou dele uma baforada. Foi o bastante para generalizar-se a confusão. A senhora do Bronx resolveu intervir, alegando raivosamente que ela não tinha nada com aquela história e queria subir. O panamenho, como se estivesse no mundo da lua, perguntava em vão e em mau inglês em que andar era o Consulado do Panamá. O gordinho gritava que aquilo era um desaforo etc. etc. E o elevador parado. O dono do charuto levou-o novamente à boca, para ter as mãos livres e poder se explicar, provocando indignação geral. Então o gordinho, fora de si, estendeu o braço para com uma tapa derrubar o charuto, resolvendo assim a questão. Acontece, porém, que seu gesto foi mal calculado e o que ele deu foi um bofetão na cara do homem. O charuto saltou no ar largando brasa para cima do panamenho, que até então não entendia coisa nenhuma.
SABINO, Fernando. As melhores histórias de Fernando Sabino. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010. p. 61.
Com base na leitura da obra As melhores histórias de Fernando Sabino, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas.
I. Algumas tramas se passam em Nova Iorque e há referências a espaços artísticos, bares, restaurantes e artistas que são famosos no contexto estadunidense.
II. Por vezes, tem-se nas narrativas uma perspectiva, da parte do narrador, perpassada pelo preconceito racial. Isso se faz notar de maneira explícita na crônica Albertine Disparue, por meio da caracterização da personagem Albertina, a qual é funcionária do narrador.
III. O recurso da ironia não é uma constância na obra.
IV. Por causa da linguagem leve, divertida e acessível presente nas crônicas, as reflexões profundas ficam em segundo plano. Tal característica é comum no gênero crônica.
V. Muitas das crônicas presentes na obra apresentam processos intertextuais, seja por meio da evocação direta e indireta de textos literários, seja por meio da alusão ou citação do nome de outros autores da literatura, dentre eles Marcel Proust.
A questão é referente à obra A dança dos cabelos, de Carlos Herculano Lopes.
Leia o seguinte excerto:
“Assentada neste banco onde a empregada me trouxe o jantar e após a sobremesa uma garrafa de café, estou com os olhos no azul da serra e no sol que nele se abriga, nessa estranha hora em que o silêncio é cortado apenas pelo berro de uma rês ou pelo cruzar de uma ave, e em que faço mais um cigarro, sem, no entanto, livrar-me dos latejos que em fincadas sucessivas voltam às minhas pernas e doem como as antigas lembranças de minha infância.”
LOPES, Carlos Herculano. A dança dos cabelos. Rio de
Janeiro: Record, 2017.
A questão é referente à obra A dança dos cabelos, de Carlos Herculano Lopes.
Leia o seguinte excerto:
“Assentada neste banco onde a empregada me trouxe o jantar e após a sobremesa uma garrafa de café, estou com os olhos no azul da serra e no sol que nele se abriga, nessa estranha hora em que o silêncio é cortado apenas pelo berro de uma rês ou pelo cruzar de uma ave, e em que faço mais um cigarro, sem, no entanto, livrar-me dos latejos que em fincadas sucessivas voltam às minhas pernas e doem como as antigas lembranças de minha infância.”
LOPES, Carlos Herculano. A dança dos cabelos. Rio de
Janeiro: Record, 2017.
A questão é referente à obra A dança dos cabelos, de Carlos Herculano Lopes.
Leia o seguinte excerto:
“Assentada neste banco onde a empregada me trouxe o jantar e após a sobremesa uma garrafa de café, estou com os olhos no azul da serra e no sol que nele se abriga, nessa estranha hora em que o silêncio é cortado apenas pelo berro de uma rês ou pelo cruzar de uma ave, e em que faço mais um cigarro, sem, no entanto, livrar-me dos latejos que em fincadas sucessivas voltam às minhas pernas e doem como as antigas lembranças de minha infância.”
LOPES, Carlos Herculano. A dança dos cabelos. Rio de
Janeiro: Record, 2017.
Leia o seguinte excerto:
“Às vezes, estando ocupada na cozinha ou em outros afazeres, como remendar as calças que Antônio usava no campo, ou passando algum dos seus ternos para as reuniões políticas, ou da maçonaria, ou ainda respondendo às cartas que os empregados recebiam dos parentes em São Paulo, ou fazendo as quitandas que nunca faltaram aqui em casa, assim como o café com leite que ainda tomamos antes de deitar, ou seja lá o que for, que nem sempre eu percebia a ausência de minha filha.”
LOPES, Carlos Herculano. A dança dos cabelos. Rio de Janeiro: Record, 2017.
Considerando esse excerto da obra e o contexto de toda a narrativa, analise as assertivas e assinale a alternativa correta.
I. As personagens femininas possuem alto poder de reflexão, uma vez que levam uma vida tranquila, o que propicia a atividade reflexiva.
II. As mulheres da narrativa sofrem constantemente dos abusos de um contexto patriarcal, o que pode contribuir para a formação de comportamentos contrários à moral convencional.
III. Os homens da narrativa possuem práticas abusivas que levam à falta de atividade reflexiva por parte das mulheres, uma vez que estas são forçadas ao trabalho contínuo, vetando a possibilidade de um pensamento acerca do mundo que as circunda.
V. Há a preocupação de uma das personagens, de nome Isaura, em perder as terras que, segundo ela, foram conquistadas com o suor de seus familiares de gerações passadas.
V. O estupro é uma prática recorrente na
narrativa.