Questões de Vestibular UFPR 2015 para Vestibular - 1º Fase

Foram encontradas 17 questões

Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591376 Português
Para responder a questão, leia o seguinte diálogo entre os personagens Simei e Colonna, no romance Número Zero, de Umberto Eco:

    – Colonna, exemplifique para os nossos amigos como é que se pode seguir, ou dar mostras de seguir, um princípio fundamental do jornalismo democrático: fatos separados de opiniões. Opiniões no Amanhã [nome do jornal] haverá inúmeras, e evidenciadas como tais, mas como é que se demonstra que em outros artigos são citados apenas fatos?
    – Muito simples – disse eu. – Observem os grandes jornais de língua inglesa. Quando falam, sei lá, de um incêndio ou de um acidente de carro, evidentemente não podem dizer o que acham daquilo. Então inserem no artigo, entre aspas, as declarações de uma testemunha, um homem comum, um representante da opinião pública. Pondo-se aspas, essas afirmações se tornam fatos, ou seja, é um fato que aquele sujeito tenha expressado tal opinião. Mas seria possível supor que o jornalista tivesse dado a palavra somente a quem pensasse como ele. Portanto, haverá duas declarações discordantes entre si, para mostrar que é fato que há opiniões diferentes sobre um caso, e o jornal expõe esse fato irretorquível. A esperteza está em pôr antes entre aspas uma opinião banal e depois outra opinião, mais racional, que se assemelhe muito à opinião do jornalista. Assim o leitor tem a impressão de estar sendo informado de dois fatos, mas é induzido a aceitar uma única opinião como a mais convincente. Vamos ver um exemplo. Um viaduto desmoronou, um caminhão caiu e o motorista morreu. O texto, depois de relatar rigorosamente o fato, dirá: Ouvimos o senhor Rossi, 42 anos, que tem uma banca de jornal na esquina. Fazer o quê, foi uma fatalidade, disse ele, sinto pena desse coitado, mas destino é destino. Logo depois um senhor Bianchi, 34 anos, pedreiro que estava trabalhando numa obra ao lado, dirá: É culpa da prefeitura, que esse viaduto estava com problemas eu já sabia há muito tempo. Com quem o leitor se identificará? Com quem culpa alguém ou alguma coisa, com quem aponta responsabilidade. Está claro? O problema é no quê e como pôr aspas.

ECO, Umberto. Número Zero. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 55-6.
Segundo o texto, são estratégias utilizadas pelos jornais ao fazer citações: 1. Escolher criteriosamente as citações das testemunhas para contemplar pontos de vista divergentes sobre um mesmo fato. 2. Salientar os pontos de vista que mais interessam ao jornalista. 3. Redigir as notícias de tal forma que as opiniões sejam apresentadas como fatos. 4. Citar em primeiro lugar as palavras da testemunha que faz uma análise mais racional dos acontecimentos.
Estão de acordo com o texto as estratégias: 
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591377 Português
Para responder a questão, leia o seguinte diálogo entre os personagens Simei e Colonna, no romance Número Zero, de Umberto Eco:

    – Colonna, exemplifique para os nossos amigos como é que se pode seguir, ou dar mostras de seguir, um princípio fundamental do jornalismo democrático: fatos separados de opiniões. Opiniões no Amanhã [nome do jornal] haverá inúmeras, e evidenciadas como tais, mas como é que se demonstra que em outros artigos são citados apenas fatos?
    – Muito simples – disse eu. – Observem os grandes jornais de língua inglesa. Quando falam, sei lá, de um incêndio ou de um acidente de carro, evidentemente não podem dizer o que acham daquilo. Então inserem no artigo, entre aspas, as declarações de uma testemunha, um homem comum, um representante da opinião pública. Pondo-se aspas, essas afirmações se tornam fatos, ou seja, é um fato que aquele sujeito tenha expressado tal opinião. Mas seria possível supor que o jornalista tivesse dado a palavra somente a quem pensasse como ele. Portanto, haverá duas declarações discordantes entre si, para mostrar que é fato que há opiniões diferentes sobre um caso, e o jornal expõe esse fato irretorquível. A esperteza está em pôr antes entre aspas uma opinião banal e depois outra opinião, mais racional, que se assemelhe muito à opinião do jornalista. Assim o leitor tem a impressão de estar sendo informado de dois fatos, mas é induzido a aceitar uma única opinião como a mais convincente. Vamos ver um exemplo. Um viaduto desmoronou, um caminhão caiu e o motorista morreu. O texto, depois de relatar rigorosamente o fato, dirá: Ouvimos o senhor Rossi, 42 anos, que tem uma banca de jornal na esquina. Fazer o quê, foi uma fatalidade, disse ele, sinto pena desse coitado, mas destino é destino. Logo depois um senhor Bianchi, 34 anos, pedreiro que estava trabalhando numa obra ao lado, dirá: É culpa da prefeitura, que esse viaduto estava com problemas eu já sabia há muito tempo. Com quem o leitor se identificará? Com quem culpa alguém ou alguma coisa, com quem aponta responsabilidade. Está claro? O problema é no quê e como pôr aspas.

ECO, Umberto. Número Zero. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 55-6.
Assinale a alternativa correta sobre afirmações encontradas no texto.
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591378 Português
O texto a seguir é referência para a questão.

Vontade de punir

   Deu no Datafolha que 87% dos brasileiros querem baixar a maioridade penal. Maiorias assim robustas, que já são raras em questões sociais, ficam ainda mais intrigantes quando se considera que, entre especialistas, o assunto é controverso. Como explicar o fenômeno?

   Estamos aqui diante de um dos mais fascinantes aspectos da natureza. Se você pretende produzir seres sociais, precisa encontrar um modo de fazer com que eles colaborem uns com os outros e, ao mesmo tempo, se protejam dos indivíduos dispostos a explorá-los. A fórmula que a evolução encontrou para equacionar esse e outros dilemas foi embalar regras de conduta em instintos, emoções e sentimentos que provocam ações que funcionam em mais instâncias do que não funcionam.

   Assim, para evitar a superexploração pelos semelhantes, desenvolvemos verdadeiro horror àquilo que percebemos como injustiças. Na prática, isso se traduz no impulso que temos de punir quem tenta levar vantagem indevida. Quando não podemos castigá-los diretamente, torcemos para que levem a pior, o que, além de garantir o sucesso de filmes de Hollywood, torna a justiça retributiva algo popular em nossa espécie.

   Isso, porém, é só parte do problema. Uma sociedade pautada apenas pelo ideal de justiça soçobraria. Se cada mínima ofensa exigisse imediata reparação e todos tivessem de ser tratados de forma rigorosamente idêntica, a vida comunitária seria impossível. A natureza resolve isso com sentimentos como amor e favoritismo, que permitem, entre outras coisas, que mães prefiram seus próprios filhos aos de desconhecidos.

   Nas sociedades primitivas, bandos de 200 pessoas onde todos tinham algum grau de parentesco, o sistema funcionava razoavelmente bem. Os ímpetos da justiça retributiva eram modulados pela empatia familiar. Agora que vivemos em grupos de milhões sem vínculos pessoais, a vontade de punir impera inconteste.

SCHWARTSMAN, Hélio. Folhaonline, em 24 jun. 2015.
Assinale a alternativa que resume um posicionamento do autor do texto.
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591379 Português
O texto a seguir é referência para a questão.

Vontade de punir

   Deu no Datafolha que 87% dos brasileiros querem baixar a maioridade penal. Maiorias assim robustas, que já são raras em questões sociais, ficam ainda mais intrigantes quando se considera que, entre especialistas, o assunto é controverso. Como explicar o fenômeno?

   Estamos aqui diante de um dos mais fascinantes aspectos da natureza. Se você pretende produzir seres sociais, precisa encontrar um modo de fazer com que eles colaborem uns com os outros e, ao mesmo tempo, se protejam dos indivíduos dispostos a explorá-los. A fórmula que a evolução encontrou para equacionar esse e outros dilemas foi embalar regras de conduta em instintos, emoções e sentimentos que provocam ações que funcionam em mais instâncias do que não funcionam.

   Assim, para evitar a superexploração pelos semelhantes, desenvolvemos verdadeiro horror àquilo que percebemos como injustiças. Na prática, isso se traduz no impulso que temos de punir quem tenta levar vantagem indevida. Quando não podemos castigá-los diretamente, torcemos para que levem a pior, o que, além de garantir o sucesso de filmes de Hollywood, torna a justiça retributiva algo popular em nossa espécie.

   Isso, porém, é só parte do problema. Uma sociedade pautada apenas pelo ideal de justiça soçobraria. Se cada mínima ofensa exigisse imediata reparação e todos tivessem de ser tratados de forma rigorosamente idêntica, a vida comunitária seria impossível. A natureza resolve isso com sentimentos como amor e favoritismo, que permitem, entre outras coisas, que mães prefiram seus próprios filhos aos de desconhecidos.

   Nas sociedades primitivas, bandos de 200 pessoas onde todos tinham algum grau de parentesco, o sistema funcionava razoavelmente bem. Os ímpetos da justiça retributiva eram modulados pela empatia familiar. Agora que vivemos em grupos de milhões sem vínculos pessoais, a vontade de punir impera inconteste.

SCHWARTSMAN, Hélio. Folhaonline, em 24 jun. 2015.
“A fórmula que a evolução encontrou para equacionar esse e outros dilemas foi embalar regras de conduta em instintos, emoções e sentimentos que provocam ações que funcionam em mais instâncias do que não funcionam". A que dilema a expressão “esse" se refere?
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591380 Português
O texto a seguir é referência para a questão.

Vontade de punir

   Deu no Datafolha que 87% dos brasileiros querem baixar a maioridade penal. Maiorias assim robustas, que já são raras em questões sociais, ficam ainda mais intrigantes quando se considera que, entre especialistas, o assunto é controverso. Como explicar o fenômeno?

   Estamos aqui diante de um dos mais fascinantes aspectos da natureza. Se você pretende produzir seres sociais, precisa encontrar um modo de fazer com que eles colaborem uns com os outros e, ao mesmo tempo, se protejam dos indivíduos dispostos a explorá-los. A fórmula que a evolução encontrou para equacionar esse e outros dilemas foi embalar regras de conduta em instintos, emoções e sentimentos que provocam ações que funcionam em mais instâncias do que não funcionam.

   Assim, para evitar a superexploração pelos semelhantes, desenvolvemos verdadeiro horror àquilo que percebemos como injustiças. Na prática, isso se traduz no impulso que temos de punir quem tenta levar vantagem indevida. Quando não podemos castigá-los diretamente, torcemos para que levem a pior, o que, além de garantir o sucesso de filmes de Hollywood, torna a justiça retributiva algo popular em nossa espécie.

   Isso, porém, é só parte do problema. Uma sociedade pautada apenas pelo ideal de justiça soçobraria. Se cada mínima ofensa exigisse imediata reparação e todos tivessem de ser tratados de forma rigorosamente idêntica, a vida comunitária seria impossível. A natureza resolve isso com sentimentos como amor e favoritismo, que permitem, entre outras coisas, que mães prefiram seus próprios filhos aos de desconhecidos.

   Nas sociedades primitivas, bandos de 200 pessoas onde todos tinham algum grau de parentesco, o sistema funcionava razoavelmente bem. Os ímpetos da justiça retributiva eram modulados pela empatia familiar. Agora que vivemos em grupos de milhões sem vínculos pessoais, a vontade de punir impera inconteste.

SCHWARTSMAN, Hélio. Folhaonline, em 24 jun. 2015.
Considere o verbo grifado na seguinte frase extraída do texto: “Uma sociedade pautada apenas pelo ideal de justiça soçobraria".
Um dos objetivos de um dicionário é esclarecer o significado das palavras, apresentando as acepções de um vocábulo indo do literal para o metafórico. No caso dos verbos, há também informações sobre a regência.
Entre as acepções para o verbo grifado acima, adaptadas do Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa (Rio de Janeiro: ed. Objetiva, 2001), assinale a que corresponde ao uso no texto.
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591381 Português
O texto a seguir é referência para a questão.

    Dependendo do contexto em que são empregados, termos como “aí", “até" e “ir" ora denotam espaço, ora denotam tempo. Esses variados sentidos que as palavras podem assumir nem sempre são precisamente especificados no dicionário.
    Talvez o exemplo mais interessante para ilustrar a indicação de tempo ou de espaço com a mesma palavra seja o verbo “ir". O sentido primeiro (aceitemos isso para efeito de raciocínio) do verbo “ir" é de deslocamento: “alguém vai de A a B" quer dizer que alguém se desloca do ponto A ao ponto B. Trata-se de espaço.
    Dizemos também, por exemplo, que a Bandeirantes vai de Piracicaba a S. Paulo. Mas é claro que a rodovia não se desloca: ela começa em uma cidade e termina em outra. Não há sentido de deslocamento nessa oração, mas ainda estamos no domínio do espaço.
    Agora, veja-se outro caso: também dizemos que o período colonial vai de 1500 a 1822 (ou a 1808, conforme o ponto de vista). Nesse exemplo, ninguém se desloca, nem se informa sobre dois pontos do espaço, dois lugares extremos. Agora não se trata mais de espaço. Trata-se de tempo. E o verbo é o mesmo.
POSSENTI, Sírio. Analogias. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/analogias>. Acesso em 23 mai. 2014.
Considere as frases abaixo:
1. A numeração deste modelo de tênis vai de 35 a 44. 2. Se alguém perguntar por mim, diga que fui ao cinema. 3. O Canal do Panamá vai do Oceano Atlântico ao Pacífico. 4. No hemisfério Sul, o outono vai de 21 de março a 20 de junho. 5. As linhas de ônibus que partem do terminal 2 vão para a estação central.
O sentido do verbo “ir" fica no domínio do espaço: 
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591382 Português
O texto a seguir é referência para a questão.

    Dependendo do contexto em que são empregados, termos como “aí", “até" e “ir" ora denotam espaço, ora denotam tempo. Esses variados sentidos que as palavras podem assumir nem sempre são precisamente especificados no dicionário.
    Talvez o exemplo mais interessante para ilustrar a indicação de tempo ou de espaço com a mesma palavra seja o verbo “ir". O sentido primeiro (aceitemos isso para efeito de raciocínio) do verbo “ir" é de deslocamento: “alguém vai de A a B" quer dizer que alguém se desloca do ponto A ao ponto B. Trata-se de espaço.
    Dizemos também, por exemplo, que a Bandeirantes vai de Piracicaba a S. Paulo. Mas é claro que a rodovia não se desloca: ela começa em uma cidade e termina em outra. Não há sentido de deslocamento nessa oração, mas ainda estamos no domínio do espaço.
    Agora, veja-se outro caso: também dizemos que o período colonial vai de 1500 a 1822 (ou a 1808, conforme o ponto de vista). Nesse exemplo, ninguém se desloca, nem se informa sobre dois pontos do espaço, dois lugares extremos. Agora não se trata mais de espaço. Trata-se de tempo. E o verbo é o mesmo.
POSSENTI, Sírio. Analogias. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/analogias>. Acesso em 23 mai. 2014.
O verbo “ir" tem, ainda, outro uso corrente não contemplado no texto: pode ser uma partícula unicamente gramatical responsável por marcar o tempo futuro do verbo principal da oração. Assinale a alternativa representativa desse uso. 
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591383 Português
O texto a seguir é referência para a questão.

Outras razões para a pauta negativa
Venício A. Lima

    O sempre interessante Boletim UFMG, que traz, a cada semana, notícias do dia a dia da Universidade Federal de Minas Gerais, informa, na edição de 4 de maio, o trabalho desenvolvido por grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação (DCC) em torno da “análise de sentimento", que relaciona o sucesso das notícias com sua polaridade, negativa ou positiva.
    Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907 manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais ao longo de oito meses de 2014: The New York Times, BBC, Reuters e Daily Mail. E as notícias foram agrupadas em cinco grandes categorias: negócios e dinheiro, saúde, ciência e tecnologia, esportes e mundo. As conclusões da pesquisa são preciosas.
    Cerca de 70% das notícias diárias estão relacionadas a fatos que geram “sentimentos negativos" – tais como catástrofes, acidentes, doenças, crimes e crises. Os textos das manchetes foram relacionados aos sentimentos que elas despertam, numa escala de menos 5 (muito negativo) a mais 5 (muito positivo). Descobriu-se que o sucesso de uma notícia, vale dizer, o número de vezes em que é “clicada" pelo eventual leitor está fortemente vinculado a esses “sentimentos" e que os dois extremos – negativo e positivo – são os mais “clicados". As manchetes negativas, todavia, são aquelas que atraem maior interesse dos leitores.
    Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites internacionais – não brasileiros –, os resultados do trabalho dos pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a predominância do “jornalismo do vale de lágrimas" na grande mídia brasileira.
    Para além da partidarização seletiva das notícias, parece haver também uma importante estratégia de sobrevivência empresarial influindo na escolha da pauta negativa. Os principais telejornais exibidos na televisão brasileira, por exemplo, estão se transformando em incansáveis noticiários diários de crises, crimes, catástrofes, acidentes e doenças de todos os tipos. Carrega-se, sem dó nem piedade, nas notícias que geram sentimentos negativos. Mais do que isso: os âncoras dos telejornais, além das notícias negativas, se encarregam de editorializar, fazer comentários, invariavelmente críticos e pessimistas, reforçando, para além da notícia, exatamente seus aspectos e consequências funestos.
    Existe, sim, o risco do esgotamento. Cansado de tanta notícia ruim e sentindo-se impotente para influir no curso dos eventos, pode ser que o leitor/telespectador afinal desista de se expor a esse tipo de jornalismo que o empurra cotidianamente rumo a um inexorável “vale de lágrimas" mediavalesco.

Adaptado de < http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-eba...>.Acesso em 19 mai. 2015. 
Assinale a alternativa que exprime a tese do texto.
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591384 Português
O texto a seguir é referência para a questão.

Outras razões para a pauta negativa
Venício A. Lima

    O sempre interessante Boletim UFMG, que traz, a cada semana, notícias do dia a dia da Universidade Federal de Minas Gerais, informa, na edição de 4 de maio, o trabalho desenvolvido por grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação (DCC) em torno da “análise de sentimento", que relaciona o sucesso das notícias com sua polaridade, negativa ou positiva.
    Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907 manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais ao longo de oito meses de 2014: The New York Times, BBC, Reuters e Daily Mail. E as notícias foram agrupadas em cinco grandes categorias: negócios e dinheiro, saúde, ciência e tecnologia, esportes e mundo. As conclusões da pesquisa são preciosas.
    Cerca de 70% das notícias diárias estão relacionadas a fatos que geram “sentimentos negativos" – tais como catástrofes, acidentes, doenças, crimes e crises. Os textos das manchetes foram relacionados aos sentimentos que elas despertam, numa escala de menos 5 (muito negativo) a mais 5 (muito positivo). Descobriu-se que o sucesso de uma notícia, vale dizer, o número de vezes em que é “clicada" pelo eventual leitor está fortemente vinculado a esses “sentimentos" e que os dois extremos – negativo e positivo – são os mais “clicados". As manchetes negativas, todavia, são aquelas que atraem maior interesse dos leitores.
    Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites internacionais – não brasileiros –, os resultados do trabalho dos pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a predominância do “jornalismo do vale de lágrimas" na grande mídia brasileira.
    Para além da partidarização seletiva das notícias, parece haver também uma importante estratégia de sobrevivência empresarial influindo na escolha da pauta negativa. Os principais telejornais exibidos na televisão brasileira, por exemplo, estão se transformando em incansáveis noticiários diários de crises, crimes, catástrofes, acidentes e doenças de todos os tipos. Carrega-se, sem dó nem piedade, nas notícias que geram sentimentos negativos. Mais do que isso: os âncoras dos telejornais, além das notícias negativas, se encarregam de editorializar, fazer comentários, invariavelmente críticos e pessimistas, reforçando, para além da notícia, exatamente seus aspectos e consequências funestos.
    Existe, sim, o risco do esgotamento. Cansado de tanta notícia ruim e sentindo-se impotente para influir no curso dos eventos, pode ser que o leitor/telespectador afinal desista de se expor a esse tipo de jornalismo que o empurra cotidianamente rumo a um inexorável “vale de lágrimas" mediavalesco.

Adaptado de < http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-eba...>.Acesso em 19 mai. 2015. 
Ao criar o termo mediavalesco que finaliza o texto, o autor associa a media/mídia ao termo medievalesco, ou seja, relativo à Idade Média. Sua intenção, com isso, é ressaltar um aspecto dos meios de comunicação que poderia ser resumido pelo termo:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591385 Português
O texto a seguir é referência para a questão.

Outras razões para a pauta negativa
Venício A. Lima

    O sempre interessante Boletim UFMG, que traz, a cada semana, notícias do dia a dia da Universidade Federal de Minas Gerais, informa, na edição de 4 de maio, o trabalho desenvolvido por grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação (DCC) em torno da “análise de sentimento", que relaciona o sucesso das notícias com sua polaridade, negativa ou positiva.
    Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907 manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais ao longo de oito meses de 2014: The New York Times, BBC, Reuters e Daily Mail. E as notícias foram agrupadas em cinco grandes categorias: negócios e dinheiro, saúde, ciência e tecnologia, esportes e mundo. As conclusões da pesquisa são preciosas.
    Cerca de 70% das notícias diárias estão relacionadas a fatos que geram “sentimentos negativos" – tais como catástrofes, acidentes, doenças, crimes e crises. Os textos das manchetes foram relacionados aos sentimentos que elas despertam, numa escala de menos 5 (muito negativo) a mais 5 (muito positivo). Descobriu-se que o sucesso de uma notícia, vale dizer, o número de vezes em que é “clicada" pelo eventual leitor está fortemente vinculado a esses “sentimentos" e que os dois extremos – negativo e positivo – são os mais “clicados". As manchetes negativas, todavia, são aquelas que atraem maior interesse dos leitores.
    Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites internacionais – não brasileiros –, os resultados do trabalho dos pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a predominância do “jornalismo do vale de lágrimas" na grande mídia brasileira.
    Para além da partidarização seletiva das notícias, parece haver também uma importante estratégia de sobrevivência empresarial influindo na escolha da pauta negativa. Os principais telejornais exibidos na televisão brasileira, por exemplo, estão se transformando em incansáveis noticiários diários de crises, crimes, catástrofes, acidentes e doenças de todos os tipos. Carrega-se, sem dó nem piedade, nas notícias que geram sentimentos negativos. Mais do que isso: os âncoras dos telejornais, além das notícias negativas, se encarregam de editorializar, fazer comentários, invariavelmente críticos e pessimistas, reforçando, para além da notícia, exatamente seus aspectos e consequências funestos.
    Existe, sim, o risco do esgotamento. Cansado de tanta notícia ruim e sentindo-se impotente para influir no curso dos eventos, pode ser que o leitor/telespectador afinal desista de se expor a esse tipo de jornalismo que o empurra cotidianamente rumo a um inexorável “vale de lágrimas" mediavalesco.

Adaptado de < http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-eba...>.Acesso em 19 mai. 2015. 
Considere as seguintes sentenças retiradas do texto e assinale a alternativa em que a expressão verbal grifada concorda com um sujeito posposto. 
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591386 Português
O texto a seguir é referência para a questão.

Famílias em transformação

    O projeto de lei que cria o Estatuto da Família colocou na pauta do dia a discussão a respeito do conceito de família. Afinal, o que é família hoje? Alguém aí tem uma definição, para a atualidade, que consiga acolher todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares?
    A Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: “Família é a união entre homem e mulher, por meio de casamento ou de união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto com os filhos". Essa é a definição aprovada pela Câmara para o projeto cuja finalidade é orientar as políticas públicas quanto aos direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta –, principalmente nas áreas de segurança, saúde e educação. Vou deixar de lado a discussão a respeito das injustiças, preconceitos e exclusões que tal definição comporta, para conversar a respeito das famílias da atualidade.
    Desde o início da segunda metade do século passado, o conceito de família entrou em crise, e uso a palavra crise no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovação e transição; mudança, enfim. Até então, tínhamos, na modernidade, uma configuração social hegemônica de família, que era pautada por um tipo de aliança – entre um homem e uma mulher – e por relações de consanguinidade. As mudanças ocorridas no mundo determinaram inúmeras alterações nas famílias, não apenas em seu desenho, mas, principalmente, em suas dinâmicas.
    E é importante aceitar essa questão: não foram as famílias que provocaram mudanças na sociedade; esta é que determinou muitas mudanças nas famílias. Só assim iremos conseguir enxergar que a família não é um agente de perturbação da sociedade. É a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recém-nascido durante todo o período da licença-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicação à família. É assim ou não é?
    Se pudéssemos levantar um único quesito que seria fundamental para caracterizar a transformação de um agrupamento de pessoas em família, eu diria que é o vínculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que têm relação de parentesco que não se constituem verdadeiramente em família, por absoluta falta de vínculo entre seus integrantes.
    Os novos valores sociais têm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos lembrar valores decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambição desmedida e o sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotar um estilo de vida juvenil, que dá pouco espaço para o compromisso que os vínculos exigem; a busca da felicidade, identificada com satisfação imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades e par afetivo, só para citar alguns exemplos. O vínculo afetivo tem relação com a vida pessoal. O vínculo social, com a cidadania. Ambos estão bem frágeis, não é?

SAYÃO, Rosely.  <www.folhaonline.com.br>. Em 29 set. 2015.
Com base no texto, considere as seguintes afirmativas:
1. O conceito de família adotado no projeto de lei que cria o Estatuto da Família corresponde à composição familiar predominante na primeira metade do século XX. 2. Uma família se constitui pelo vínculo entre pessoas, sejam da mesma geração, sejam de gerações diferentes. 3. A ausência de vínculo afetivo entre pessoas que têm relação de parentesco é um fator de desestabilização da sociedade. 4. O conceito de família aprovado pela Câmara dos Deputados exclui do escopo das políticas públicas parte dos agrupamentos familiares existentes.
Assinale a alternativa correta. 
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591387 Português
O texto a seguir é referência para a questão.

Famílias em transformação

    O projeto de lei que cria o Estatuto da Família colocou na pauta do dia a discussão a respeito do conceito de família. Afinal, o que é família hoje? Alguém aí tem uma definição, para a atualidade, que consiga acolher todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares?
    A Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: “Família é a união entre homem e mulher, por meio de casamento ou de união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto com os filhos". Essa é a definição aprovada pela Câmara para o projeto cuja finalidade é orientar as políticas públicas quanto aos direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta –, principalmente nas áreas de segurança, saúde e educação. Vou deixar de lado a discussão a respeito das injustiças, preconceitos e exclusões que tal definição comporta, para conversar a respeito das famílias da atualidade.
    Desde o início da segunda metade do século passado, o conceito de família entrou em crise, e uso a palavra crise no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovação e transição; mudança, enfim. Até então, tínhamos, na modernidade, uma configuração social hegemônica de família, que era pautada por um tipo de aliança – entre um homem e uma mulher – e por relações de consanguinidade. As mudanças ocorridas no mundo determinaram inúmeras alterações nas famílias, não apenas em seu desenho, mas, principalmente, em suas dinâmicas.
    E é importante aceitar essa questão: não foram as famílias que provocaram mudanças na sociedade; esta é que determinou muitas mudanças nas famílias. Só assim iremos conseguir enxergar que a família não é um agente de perturbação da sociedade. É a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recém-nascido durante todo o período da licença-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicação à família. É assim ou não é?
    Se pudéssemos levantar um único quesito que seria fundamental para caracterizar a transformação de um agrupamento de pessoas em família, eu diria que é o vínculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que têm relação de parentesco que não se constituem verdadeiramente em família, por absoluta falta de vínculo entre seus integrantes.
    Os novos valores sociais têm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos lembrar valores decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambição desmedida e o sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotar um estilo de vida juvenil, que dá pouco espaço para o compromisso que os vínculos exigem; a busca da felicidade, identificada com satisfação imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades e par afetivo, só para citar alguns exemplos. O vínculo afetivo tem relação com a vida pessoal. O vínculo social, com a cidadania. Ambos estão bem frágeis, não é?

SAYÃO, Rosely.  <www.folhaonline.com.br>. Em 29 set. 2015.
Identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas sobre o uso de expressões e/ou sinais de pontuação no texto.
( ) O diálogo com o leitor é marcado no texto pelo uso da expressão “alguém aí", na segunda linha, e pelo uso recorrente da interrogação. ( ) A expressão sublinhada em “a Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa" antecipa para o leitor a adesão da autora à definição de família aprovada para o projeto de lei do Estatuto da Família. ( ) No trecho “direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta –", a expressão entre travessões alerta o leitor para a restrição do conceito de família mencionado. ( ) As expressões “desde o início da segunda metade do século passado" e “até então" (3º parágrafo) introduzem informações situadas em um mesmo período.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. 
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591388 Português
O soneto “No fluxo e refluxo da maré encontra o poeta incentivo pra recordar seus males", de Gregório de Matos, apresenta características marcantes do poeta e do período em que ele o escreveu:


Seis horas enche e outras tantas vaza
A maré pelas margens do Oceano,
E não larga a tarefa um ponto no ano,
Depois que o mar rodeia, o sol abrasa.

Desde a esfera primeira opaca, ou rasa
A Lua com impulso soberano
Engole o mar por um secreto cano,
E quando o mar vomita, o mundo arrasa.

Muda-se o tempo, e suas temperanças.
Até o céu se muda, a terra, os mares,
E tudo está sujeito a mil mudanças.

Só eu, que todo o fim de meus pesares
Eram de algum minguante as esperanças,
Nunca o minguante vi de meus azares.
De acordo com o poema, é correto afirmar:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591389 Português
A respeito do narrador do romance Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591390 Português
Considere as seguintes afirmativas feitas em relação a alguns contos do livro Várias Histórias, de Machado de Assis:
1. O conto “Um homem célebre" assinala que nem a arte, nem o artista conseguem ficar alheios aos interesses mercadológicos e às motivações mais torpes da política. 2. “A Causa Secreta" apresenta uma relação peculiar entre dois homens e uma mulher, na qual a efetivação da relação adúltera entre dois amantes alegra um marido masoquista. 3. O “Conto de escola" indica que, mesmo no ambiente corretivo e punitivo de uma escola severa, é possível aprender valores morais deturpados e nocivos. 4. O conto “D. Paula" é narrado a partir de uma perspectiva feminina, e nele a mulher pode escolher o seu destino, mesmo que a ordem patriarcal estabelecida a impeça. 5. O conto “O Cônego ou a metafísica do estilo" apresenta várias teorias sobre a natureza do estilo; entre elas, uma segundo a qual as palavras possuem sexo e residem em áreas diferentes do cérebro. Assinale a alternativa correta. 
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591391 Português
- Considere o trecho abaixo, que integra o livro Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar:
“[...] aprenderei ainda muitas outras tarefas, e serei sempre zeloso no cumprimento de todas elas, sou dedicado e caprichoso no que faço, e farei tudo com alegria, mas pra isso devo ter um bom motivo, quero uma recompensa para o meu trabalho, preciso estar certo de poder apaziguar a minha fome neste pasto exótico, preciso do teu amor, querida irmã, e sei que não exorbito, é justo o que te peço, é a parte que me compete, o quinhão que me cabe, a ração a que tenho direito", e, fazendo uma pausa no fluxo da minha prece, aguardei perdido em confusos sonhos, meus olhos caídos no dorso dela, meu pensamento caído numa paragem inquieta, mas tinha sido tudo inútil, Ana não se mexia, continuava de joelhos, tinha o corpo de madeira, nem sei se respirava [...] (p. 124)
Sobre esse trecho, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Ano: 2015 Banca: NC-UFPR Órgão: UFPR Prova: NC-UFPR - 2015 - UFPR - Vestibular - 1º Fase |
Q591392 Português
Leia, atentamente, o seguinte poema:

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita. 
O poema “Amar" integra a segunda parte, “Notícias Amorosas", do livro Claro enigma, de Carlos Drummond de Andrade. Sobre esse poema, assinale a alternativa correta. 
Alternativas
Respostas
1: C
2: B
3: A
4: E
5: C
6: E
7: C
8: D
9: B
10: A
11: D
12: A
13: B
14: E
15: D
16: A
17: D