Questões de Vestibular PUC-GO 2015 para Vestibular - Segundo Semestre
Foram encontradas 7 questões
As vozes do homem
Naquele momento de angústia,
o homem não sabia se era o mau ou o bom ladrão.
E quando a mais amarga das estrelas o oprimia demais,
eis que a sua boca ia dizendo:
eu sou anjo.
E os pés do homem: nós somos asas.
E as mãos: nós somos asas.
E a testa do homem: eu sou a lei.
E os braços: nós somos cetros.
E o peito: eu sou o escudo.
E as pernas: nós somos as colunas.
E a palavra do homem: eu sou o Verbo.
E o espírito do homem: eu sou o Verbo.
E o cérebro: eu sou o guia.
E o estômago: eu sou o alimento.
E se repetiram depois as acusações milenárias.
E todas as alianças se desfizeram de súbito.
E todas as maldições ressoaram tremendas.
E as espadas de fogo interceptaram o caminho da
[árvore da vida.
E as mãos abarcaram o pescoço do homem:
nós te abarcaremos.
[...]
(LIMA, Jorge de. Melhores poemas. São Paulo: Global, 2006. p. 94.)
I-A adoção do horário de verão no Brasil se deve à distribuição predominante do seu território em altas latitudes.
II-As diferenças entre o período claro e o período escuro no final da primavera e durante o verão se devem à inclinação do eixo de rotação da Terra.
III-Embora tenha sua eficiência comprovada, o horário de verão teria sua eficácia aumentada se a população fosse melhor informada acerca da sua condição e seus benefícios.
IV-Nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, se no período primavera-verão o Sol nasce mais cedo, no outono-inverno o Sol se põe mais cedo também.
Das assertivas apresentadas assinale o item em que todas estão corretas:
I
Corre em mim
(devastado)
um rio de revolta
e
cicio.
Por nada deste mundo
há de saber-se afogado,
senão por sua sede
e seu desvio!
II
Tudo que edifico
na origem milenar da espera
é poder
do que não pode
e se revela
ad mensuram.
(VIEIRA, Delermando. Os tambores da tempestade. Goiânia: Poligráfica, 2010. p. 23-24.)
Os movimentos juvenis da década de 1960 espalharam-se como um “rio de revolta" (Texto 2). De modo semelhante, em diversos países, ocorreram grandes manifestações buscando edificar uma contracultura afastada dos padrões capitalistas. Acerca desses movimentos, avalie as afirmações abaixo:
I- Nos Estados Unidos da América, ganhou destaque social a questão dos direitos humanos, especialmente da população afrodescendente.
II- Na França, a rebelião estudantil da Sorbonne, em maio de 1968, se irradiou para os operários, ocorrendo uma grande greve no país.
III- No Brasil, as manifestações foram poucas, apesar de incisivas, porque, com a instalação da Ditadura Militar em 1964, a repressão atuou eficazmente.
IV- No mundo soviético, a Primavera de Praga renuiu jovens do mundo inteiro que, acampados naquela cidade, lançaram a campanha de “combater canhões com flores".
Em relação às proposições, assinale a única alternativa que apresenta todos os itens corretos:
I
Corre em mim
(devastado)
um rio de revolta
e
cicio.
Por nada deste mundo
há de saber-se afogado,
senão por sua sede
e seu desvio!
II
Tudo que edifico
na origem milenar da espera
é poder
do que não pode
e se revela
ad mensuram.
(VIEIRA, Delermando. Os tambores da tempestade. Goiânia: Poligráfica, 2010. p. 23-24.)
Da leitura do Texto 2, os trechos “rio de revolta" e “há de saber-se afogado, senão por sua sede e seu desvio!", nos remete a uma fonte e a um recurso natural indispensável – rio e água. Nos últimos doze meses, a maior metrópole brasileira vem passando por sérios problemas advindos do esgotamento de seus reservatórios, culminando com a instalação de uma crise hídrica. Acerca dos motivos dessa situação e suas consequências, analise a assertivas a seguir:
I-O baixo nível dos reservatórios tem relação com os condicionantes do clima regional, associados à falta de planejamento, especialmente de médio a longo prazo.
II-Embora os reservatórios estivessem com o nível baixo, na iminência da falta de água, tão logo as precipitações ocorreram, seu nível voltou a um patamar satisfatório.
III-Uma possível solução para a crise hídrica na região metropolitana de São Paulo seria o desvio de parte do volume do rio Paraná para o rio Tietê.
IV-A falta de água na cidade de São Paulo se deve tanto a variabilidades no regime pluviométrico, quanto ao quantitativo populacional associado ao consumo per capita.
Dos itens apresentados, marque a alternativa em que todos estão corretos:
O outro
Ele me olhou como se estivesse descobrindo o mundo. Me olhou e reolhou em fração de segundo. Só vi isso porque estava olhando-o na mesma sintonia. A singularização do olhar. Tentei disfarçar virando o pescoço para a direita e para a esquerda, como se estivesse fazendo um exercício, e numa dessas viradas olhei rapidamente para ele no volante. Ele me olhava e volveu rapidamente os olhos, fingindo estar tirando um cisco da camisa. Era um ser de meia idade, os cabelos com alguns fios grisalhos, postura de gente séria, camisa branca, um cidadão comum que jamais flertaria com outra pessoa no trânsito. E assim, enquanto o semáforo estava no vermelho para nós, ficou esse jogo de olhares que não queriam se fixar, mas observar o outro espécime que nada tinha de diferente e ao mesmo tempo tinha tudo de diferente. Ele era o outro e isso era tudo. É como se, na igualdade de milhares de humanos, de repente, o ser se redescobrisse num outro espécime. Quando o semáforo ficou verde, nós nos olhamos e acionamos os motores.
(GONÇALVES, Aguinaldo. Das estampas. São Paulo: Nankin, 2013. p. 130.)
O outro
Ele me olhou como se estivesse descobrindo o mundo. Me olhou e reolhou em fração de segundo. Só vi isso porque estava olhando-o na mesma sintonia. A singularização do olhar. Tentei disfarçar virando o pescoço para a direita e para a esquerda, como se estivesse fazendo um exercício, e numa dessas viradas olhei rapidamente para ele no volante. Ele me olhava e volveu rapidamente os olhos, fingindo estar tirando um cisco da camisa. Era um ser de meia idade, os cabelos com alguns fios grisalhos, postura de gente séria, camisa branca, um cidadão comum que jamais flertaria com outra pessoa no trânsito. E assim, enquanto o semáforo estava no vermelho para nós, ficou esse jogo de olhares que não queriam se fixar, mas observar o outro espécime que nada tinha de diferente e ao mesmo tempo tinha tudo de diferente. Ele era o outro e isso era tudo. É como se, na igualdade de milhares de humanos, de repente, o ser se redescobrisse num outro espécime. Quando o semáforo ficou verde, nós nos olhamos e acionamos os motores.
(GONÇALVES, Aguinaldo. Das estampas. São Paulo: Nankin, 2013. p. 130.)
I-O período lua nova é antecedido pela gradativa oposição do satélite com o Sol, na sequência Sol - Terra - Lua, caracterizando a fase crescente.
II-A Lua não gira em torno da Terra, e sim em torno de um centro de massa do sistema Terra-Lua, mostrando sempre a mesma face para um observador fixo da superfície terrestre.
III-Devido ao efeito da ação gravitacional da Lua, ao longo do dia temos duas marés baixas e duas altas.
IV-Quando da sequência Sol-Terra-Lua, caracterizando a fase da lua nova, as marés são mais intensas, devido ao efeito cumulativo da atração gravitacional dos dois astros.
Dos itens analisados, marque a alternativa em que todos estão corretos:
TODO PIONEIRO É UM FORTE, pensava Bambico. Acredita nos sonhos. Se não fosse por ele, o mundo ainda estaria no tempo das cavernas... Quanto mais pensava nisso, mais se fortalecia.
Bambico chegara à Amazônia com as mãos vazias, vindo do Sul. Mas tinha na cabeça projetos grandiosos. Queria extrair da natureza toda a riqueza intacta, como o garimpeiro faz. Não desejava, entretanto, cavar rio e terra para achar pepitas de ouro. Não tinha vocação para tatu. Não faria como os garimpeiros: quando não havia mais nada, eles se mudavam, atrás de outros garimpos.
— Garimpeiro vive de ilusões. Eu gosto de projetos!
Que projetos grandiosos eram? Cortar árvores, exportar madeiras preciosas para a casa e a mobília dos ricos. Em seguida, semear capim, povoando os campos com as boiadas de nelore brilhando de tanta saúde. A riqueza estava acima do chão. A imensidão verde desaparecia no horizonte. Só de olhar para uma árvore, sabia quantos dólares cairia em seus bolsos. Quando ouvia os roncos das motosserras, costumava dizer, orgulhoso:
— Eis o barulho da fortuna!
Montes de serragem eram avistados de longe quando o visitante chegava às pequenas comunidades. Os caminhões de toras gemiam nas estradas esburacadas. Índios e caboclos eram afugentados à bala. A floresta se transformava num pó fino, que logo apodrecia. Quando os montes de serragem não apodreciam, eram queimados, sempre apressadamente. Por dias, os canudos negros de fumaça subindo pesadamente ao céu. Havia o medo dos fiscais. Quando apareciam, quase nunca eram vistos, era conveniente que houvesse pouca serragem...
Que história, a de Bambico! Teria muita coisa a contar para os netos que haveriam de chegar.
Em seu escritório, fumando um Havana, que um importador americano lhe presenteara, estufou o peito, vaidoso.
— Sim, muitas coisas! Quem te viu, quem te vê!
[...]
Sentia prazer com seus projetos grandiosos. Toda manhã se levantava para conquistar o mundo. Vereança era merreca. Não se rastejava em pequenos projetos. Muito menos desejava ser deputado... Ambicionava altos voos. Todo deputado era pau-mandado dos ricos. O Senado, sim, era o grande alvo. Lá, ele poderia afrontar esses “falsos profetas protetores da natureza". Essas ONGs de fachada... Lá, o seu cajado cairia sem dó, como um verdugo, sobre o costado dessa gente tola. Enquanto isso, ele poderia continuar seus projetos grandiosos. Cortar árvores, exportar madeiras preciosas para a casa e a mobília dos ricos, e semear capim.
Sonhara em ter uma dúzia de filhos, mas o destino lhe dera apenas dois. Sua mulher, após o segundo parto, ficara impossibilitada de procriar. Não queria fêmea entre os seus descendentes, mas logo no primeiro parto veio a decepção. Uma menina. Decepcionado, nada comentou com a esposa. No segundo, depois de uma gravidez tumultuada, veio o varão. Encheu-se de alegria. Com certeza, mais varões estavam para vir... [...]
(GONÇALVES, David. Sangue verde. São Paulo: Sucesso Pocket, 2014. p. 114-115.)