Questões de Vestibular PUC-MINAS 2013 para Prova 01
Foram encontradas 8 questões
Pneumotórax
Manuel Bandeira
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
– Diga trinta e três.
– Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
– Respire.
...............................................................................................................................
– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem & Estrela da manhã. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, p. 30.
I. A linha pontilhada pode ser lida como sinalizadora de tempo de espera, suspense.
II. A resposta final do médico, enigmática, tenta encobrir sua impotência diante do mal.
III. O paciente dá mostras de conviver com a doença há longo tempo.
Tendo em conta as afirmativas acima, assinale a alternativa CORRETA.
Pneumotórax
Manuel Bandeira
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
– Diga trinta e três.
– Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
– Respire.
...............................................................................................................................
– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem & Estrela da manhã. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, p. 30.
I. O verbo “poder”, embora formalmente no imperfeito do indicativo, indica hipótese, possibilidade.
II. O uso do discurso direto tem como efeito conferir ao poema um tom prosaico.
III. A conjunção “e”, no segundo verso, tem valor adversativo.
Tendo em conta as afirmativas acima, assinale a alternativa CORRETA.
TEXTO 1
“No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
São rudes, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!”
(Dias, Gonçalves. I-Juca-Pirama. [Trecho] [1851]. In: Fundação Biblioteca Nacional. Departamento Nacional do Livro. Disponível em: objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/jucapirama.pdf. Acesso: 21 ago. 2013).
TEXTO 2
No meio das tabas há menos verdores,
Não há gentes brabas nem campos de flores.
No meio das tabas cercadas de insetos,
Pensando nas babas dos analfabetos,
Vou chamando as tribos dos sertões gerais,
Passando recibos nos vãos de Goiás.
Venham os xerentes, craôs e crixás,
Bororos doentes e xicriabás.
E os apinajés, os carajás roídos,
E os tapirapés e os inás perdidos
[...]
No meio das tabas não quero ver dores,
Mas morubixabas e altivos senhores.
Quero a rebeldia das tribos na aldeia.
Nada de “poesia”. Quero cara feia:
Cor de jenipapo e urucum no peito,
Não índio de trapo falando sem jeito.
(TELES, Gilberto M. “Aldeia global”. In: Os melhores poemas de
Gilberto Mendonça Teles. Seleção Luís Busatto. São Paulo: Global,
2001.p. 91-92).
TEXTO 1
“No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
São rudes, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!”
(Dias, Gonçalves. I-Juca-Pirama. [Trecho] [1851]. In: Fundação Biblioteca Nacional. Departamento Nacional do Livro. Disponível em: objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/jucapirama.pdf. Acesso: 21 ago. 2013).
TEXTO 2
No meio das tabas há menos verdores,
Não há gentes brabas nem campos de flores.
No meio das tabas cercadas de insetos,
Pensando nas babas dos analfabetos,
Vou chamando as tribos dos sertões gerais,
Passando recibos nos vãos de Goiás.
Venham os xerentes, craôs e crixás,
Bororos doentes e xicriabás.
E os apinajés, os carajás roídos,
E os tapirapés e os inás perdidos
[...]
No meio das tabas não quero ver dores,
Mas morubixabas e altivos senhores.
Quero a rebeldia das tribos na aldeia.
Nada de “poesia”. Quero cara feia:
Cor de jenipapo e urucum no peito,
Não índio de trapo falando sem jeito.
(TELES, Gilberto M. “Aldeia global”. In: Os melhores poemas de
Gilberto Mendonça Teles. Seleção Luís Busatto. São Paulo: Global,
2001.p. 91-92).
“À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!”
(PESSOA, Fernando Pessoa. “Ode Triunfal” [Trecho]. Poesias de Álvaro de Campos. In: Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003, p. 306).
O poema de Fernando Pessoa foi publicado em Portugal na década de 1910. A referência a aspectos da vida
urbana, como fábricas, engrenagens, motores etc., indica um diálogo intertextual com a proposta estética do
“Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?
Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo.
Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas? Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua:
Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?
No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite em branco?
A diferença entre um ás no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?
O mato desconhecido é que é o anonimato?
O pequeno viaduto é um abreviaduto? [...]”
(COUTO, Mia. Perguntas à língua portuguesa. Disponível em: http://ciberduvidas.sapo.pt/antologia.php?rid=118. Acesso: 7 de março de 2007).
Mia Couto é um importante escritor da literatura moçambicana. No trecho em análise, seus questionamentos à língua portuguesa