Questões de Vestibular PUC - PR 2016 para Vestibular - Primeiro Semestre
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Leia atentamente o trecho do conto Felicidade Clandestina de Clarice Lispector, e assinale a alternativa CORRETA.
“Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas
depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais
indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns
instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade
sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar...
Havia orgulho e puder em mim. Eu era uma rainha delicada. ”
Leia atentamente o trecho do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, em que o seu narrador Paulo Honório reflete sobre o casamento, e assinale a alternativa CORRETA.
“Amanheci um dia pensando em casar. Foi uma ideia que me veio sem que nenhum rabo-de-saia a provocasse. Não me ocupo com amores, devem ter notado, e sempre me pareceu que mulher é um bicho esquisito, difícil de governar.
A que eu conhecia era a Rosa do Marciano, muito ordinária. Havia conhecido também a Germana e outras
dessa laia. Por elas eu julgava todas. Não me sentia, pois, inclinado para nenhuma: o que sentia era
desejo de preparar um herdeiro para as terras de S. Bernardo.”
Leia atentamente os poemas retirados da obra Muitas Vozes, de Ferreira Gullar, e em seguida assinale a alternativa CORRETA.
Texto 1
REDUNDÂNCIAS
Ter medo da morte
é coisa dos vivos
o morto está livre
de tudo o que é vida
Ter apego ao mundo
é coisa dos vivos
para o morto não há
(não houve)
raios rios risos
E ninguém vive a morte
quer morto quer vivo
mera noção que existe
só enquanto existo
Texto 2
LIÇÃO DE UM GATO SIAMÊS
Só agora sei
que existe a eternidade: é a duração
finita
da minha precariedade
O tempo fora
de mim
é relativo
mas não o tempo vivo:
esse é eterno
porque afetivo
— dura eternamente
enquanto vivo
E como não vivo
além do que vivo
não é
tempo relativo:
dura em si mesmo
eterno (e transitivo)
I. Os dois textos abordam temáticas centrais da obra “Muitas Vozes”, que são a finitude da vida e as constantes reflexões existenciais sobre o viver e o estar no mundo.
II. O texto 1 claramente trata da temática da morte, enquanto o texto 2 se opõe ao primeiro, introduzindo a figura religiosa da eternidade, a felicidade e o sentido da experiência humana.
III. O texto 1 reflete o interesse do eu lírico nas questões do pós-morte, evidenciando que o mistério da morte é maior que o entendimento humano e só podemos percebê-la a partir da fé religiosa.
IV. No texto 2, o eu lírico, com base na ironia, reflete sobre a ideia de eternidade, a qual nos apresenta na primeira estrofe como sendo a “duração finita da minha precariedade”.
V. No texto 1, temos a ideia de que a morte só interessa aos vivos, só amedronta os vivos, pois os mortos já estão livres dela.