Questões de Vestibular PUC - RS 2016 para Vestibular - Segundo Semestre - 2º Dia

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Ano: 2016 Banca: PUC - RS Órgão: PUC - RS Prova: PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Segundo Semestre - 2º Dia |
Q809509 Português

Há alguns séculos, o olhar da literatura tem como foco central o homem em suas relações com o outro. Porém, muitas vezes, este outro não é humano, mas sim um animal. São muitos os exemplos na literatura universal de obras que conferem protagonismo aos bichos: das fábulas de Esopo à baleia Mobydick, da Revolução dos Bichos a Maus. A fera selvagem que amedronta o homem, o ser que sofre pela própria ação humana ou o companheiro de todas as horas são alguns dos exemplos de animais também presentes na literatura em língua portuguesa, sendo o tema de discussão nesta prova.

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o excerto de “O burrinho pedrês”, de João Guimarães Rosa.

Era um Burrinho Pedrês, miúdo e resignado, vindo de Passa-Tempo, Conceição do Serro, ou não sei onde no sertão. Chamava-se Sete-de-Ouros, e já fora tão bom, como outro não existiu e nem pode haver igual. Agora, porém, estava idoso, muito idoso. Tanto, que nem seria preciso abaixar-lhe a maxila teimosa, para espiar os cantos dos dentes. Era decrépito mesmo a distância: no algodão bruto do pelo – sementinhas escuras em rama rala e encardida; nos olhos remelentos, cor de bismuto, com pálpebras rosadas, quase sempre oclusas, em constante semissono; e na linha, fatigada e respeitável – uma horizontal perfeita, do começo da testa à raiz da cauda em pêndulo amplo, para cá, para lá, tangendo as moscas. Na mocidade, muitas coisas lhe haviam acontecido. Fora comprado, dado, trocado e revendido, vezes, por bons e maus preços. Em cima dele morrera um tropeiro do Indaiá, baleado pelas costas. Trouxera, um dia, do pasto – coisa muito rara para essa raça de cobras – uma jararacussu, pendurada do focinho, como linda tromba negra com diagonais amarelas, da qual não morreu porque a lua era boa e o benzedor acudiu pronto. Vinha-lhe de padrinho jogador de truque a última intitulação, de baralho, de manilha; mas, vida a fora, por anos e anos, outras tivera, sempre involuntariamente. (...) De que fosse bem tratado, discordar não havia, pois lhe faltavam carrapichos ou carrapatos, na crina - reta, curta e levantada, como uma escova de dentes.

Com base no excerto, preencha os parênteses com V para verdadeiro e F para falso.

( ) O narrador constrói um discurso que confronta um presente decadente com um passado conturbado.

( ) O narrador preocupa-se com a exatidão naquilo que conta para conferir verossimilhança ao relato.

( ) É sugerido pelo narrador que a degradação física do animal tem relação com os maus tratos promovidos pelo seu atual dono.

( ) No evento da cobra, o narrador substitui uma explicação científica pela superstição.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:


Alternativas
Ano: 2016 Banca: PUC - RS Órgão: PUC - RS Prova: PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Segundo Semestre - 2º Dia |
Q809510 Português

Há alguns séculos, o olhar da literatura tem como foco central o homem em suas relações com o outro. Porém, muitas vezes, este outro não é humano, mas sim um animal. São muitos os exemplos na literatura universal de obras que conferem protagonismo aos bichos: das fábulas de Esopo à baleia Mobydick, da Revolução dos Bichos a Maus. A fera selvagem que amedronta o homem, o ser que sofre pela própria ação humana ou o companheiro de todas as horas são alguns dos exemplos de animais também presentes na literatura em língua portuguesa, sendo o tema de discussão nesta prova.

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o excerto de “O burrinho pedrês”, de João Guimarães Rosa.

Era um Burrinho Pedrês, miúdo e resignado, vindo de Passa-Tempo, Conceição do Serro, ou não sei onde no sertão. Chamava-se Sete-de-Ouros, e já fora tão bom, como outro não existiu e nem pode haver igual. Agora, porém, estava idoso, muito idoso. Tanto, que nem seria preciso abaixar-lhe a maxila teimosa, para espiar os cantos dos dentes. Era decrépito mesmo a distância: no algodão bruto do pelo – sementinhas escuras em rama rala e encardida; nos olhos remelentos, cor de bismuto, com pálpebras rosadas, quase sempre oclusas, em constante semissono; e na linha, fatigada e respeitável – uma horizontal perfeita, do começo da testa à raiz da cauda em pêndulo amplo, para cá, para lá, tangendo as moscas. Na mocidade, muitas coisas lhe haviam acontecido. Fora comprado, dado, trocado e revendido, vezes, por bons e maus preços. Em cima dele morrera um tropeiro do Indaiá, baleado pelas costas. Trouxera, um dia, do pasto – coisa muito rara para essa raça de cobras – uma jararacussu, pendurada do focinho, como linda tromba negra com diagonais amarelas, da qual não morreu porque a lua era boa e o benzedor acudiu pronto. Vinha-lhe de padrinho jogador de truque a última intitulação, de baralho, de manilha; mas, vida a fora, por anos e anos, outras tivera, sempre involuntariamente. (...) De que fosse bem tratado, discordar não havia, pois lhe faltavam carrapichos ou carrapatos, na crina - reta, curta e levantada, como uma escova de dentes.

INSTRUÇÃO: Com base no excerto de “O burrinho pedrês” e no contexto da obra de Guimarães Rosa, leia as seguintes afirmativas:

I. Guimarães Rosa é autor conhecido pelo uso de neologismos, e o excerto apresenta exemplos desse recurso.

II. O espaço rural em “O burrinho pedrês” é uma exceção na ambientação das narrativas de Guimarães Rosa.

III. Grande sertão: veredas, Sagarana e Corpo de Baile são algumas das obras da biografia de Guimarães Rosa.

Está/Estão correta(s) apenas a(s) afirmativas:

Alternativas
Ano: 2016 Banca: PUC - RS Órgão: PUC - RS Prova: PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Segundo Semestre - 2º Dia |
Q809511 Português

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o poema de Fernando Pessoa.

Gato que brincas na rua

Como se fosse na cama,

Invejo a sorte que é tua

Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais

Que regem pedras e gentes,

Que tens instintos gerais

E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,

Todo o nada que és é teu.

Eu vejo-me e estou sem mim,

Conheço-me e não sou eu.

Com base no poema e em seu contexto, leia as seguintes afirmativas.

I. No poema, o eu lírico compara-se com o gato e deduz que o animal é feliz e livre porque não tem absoluta consciência de si mesmo.

II. É possível depreender no poema uma percepção da fragmentação do sujeito, característica da modernidade, explorada por Fernando Pessoa em sua obra como um todo.

III. Fernando Pessoa é conhecido por exercitar a heteronímia, especialmente ao criar Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Mário de Sá Carneiro.

A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são

Alternativas
Ano: 2016 Banca: PUC - RS Órgão: PUC - RS Prova: PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Segundo Semestre - 2º Dia |
Q809512 Português

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o excerto abaixo, retirado da obra As vítimas algozes, de Joaquim Manuel de Macedo.

Havia no terreiro cães a velar; mas o homem compra os cães como compra homens; a uns, pedaços de carne; aos outros, mais ou menos moedas de ouro. Simeão comprara os cães e um negro escravo da cozinha, e entrava todas as noites na casa de João de Sales. A casa de João de Sales estava pois de noite à mercê das intenções e de quaisquer projetos de Simeão; mas que casa há aí, onde haja escravos e sobretudo escravas, cuja segurança não esteja exposta às consequências do instinto animal e da boa ou má vontade do elemento escravo? Simeão era, pois, durante duas horas em cada noite mais do que o amante da mucama, o árbitro das vidas e da fortuna de João de Sales e de sua família. Ainda bem que Simeão, o escravo, ali ia somente como animal que o instinto arrasta em procura da sua igual; se fora ladrão ou assassino tinha tido abertas a janela da sala e a porta da cozinha.

Com base no excerto, assinale a única alternativa INCORRETA:

Alternativas
Ano: 2016 Banca: PUC - RS Órgão: PUC - RS Prova: PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Segundo Semestre - 2º Dia |
Q809513 Português

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia a passagem a seguir, referente a uma marcante personagem da literatura brasileira, e preencha as lacunas do texto relacionado ao excerto.

Examinou o terreiro, viu Baleia coçando-se a esfregar as peladuras no pé de turco, levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando, até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto. Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-se mais alguns passos. Ao chegar às catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de Baleia, que se pôs a latir desesperadamente. (...) Dirigiu-se ao copiar, mas temeu encontrar Fabiano e afastou-se para o chiqueiro das cabras. Demorou-se aí um instante, meio desorientada, saiu depois sem destino, aos pulos.

Na famosa cena da morte de Baleia, personagem do romance _________, de _________, é nítida a _________ da cadela numa cena extremamente _________.

Alternativas
Ano: 2016 Banca: PUC - RS Órgão: PUC - RS Prova: PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Segundo Semestre - 2º Dia |
Q809514 Português

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia um trecho do poema “Um novo Jó”, de Manoel de Barros, e preencha os parênteses com V para verdadeiro e F para falso.

Desfrutado entre bichos

raízes, barro e água

o homem habitava

sobre um montão de pedras.

(...)

Convivência de murta

e rãs... A boca de raiz

e água escorria barro...

Bom era

sobre um pedregal frio

e limoso dormir!

Ao gume de uma adaga

tudo dar.

Bom era ser bicho

que rasteja nas pedras;

ser raiz de vegetal

ser água.

Bom era caminhar sem dono

na tarde

com pássaros em torno

e os ventos nas vestes amarelas.

Não ter nunca chegada

nunca optar por nada

Ir andando pequeno sob a chuva

torto como um pé de maçãs (...)

( ) Ainda que valorize a simplicidade do meio rural, o poema manifesta a superioridade do homem frente à natureza.

( ) O poeta brinca com as palavras, dando-lhes novos sentidos e causando estranhezas no leitor.

( ) No poema, bichos, plantas e minerais convivem em harmonia e simbiose.

( ) O eu lírico destaca a necessidade de um destino, de um objetivo a ser traçado pelo homem.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

Alternativas
Ano: 2016 Banca: PUC - RS Órgão: PUC - RS Prova: PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Segundo Semestre - 2º Dia |
Q809515 Português

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o excerto do poema “Borboleta morta”, de Alberto de Oliveira, e preencha os parênteses com V para verdadeiro e F para falso.

Abrindo as asas, – leve fantasia

Da primavera quando despertava,

Sonho dos campos, – ao nascer do dia

De trecho em trecho a borboleta voava.

(...)

Ia e vinha, volteava no ar, arfando,

Descia às flores e, num torvelinho

De pétalas e pólen doidejando,

Ruflava as asas como um passarinho.

E voava. Os vossos olhos, entretanto,

Viam-na, e quando junto da janela

Passava acaso, enchendo-se de espanto:

–“Lá vai!” – disseram, enlevados nela.

“Lá vai! tão grande! tão azul! tão linda!

Apanhemo-la” – Assim foi que a tivestes;

E a esforçar por ser livre, vendo-a ainda,

A sacudir as pequeninas vestes,

Mão bárbara e cruel, mão feminina

De atro estilete segurando na haste

Como que vibra, lâmina assassina,

O peito, sem piedade, lhe varaste” (...)

( ) O poeta utiliza-se de imagens que revelam a delicadeza do voo da borboleta.

( ) O uso de aliterações pode também ser encontrado no poema, recurso que auxilia na construção sonora do bater das asas da borboleta.

( ) O poeta humaniza, em diversos momentos, a borboleta.

( ) A fragilidade da borboleta é presa fácil à mão humana, e o inseto não oferece qualquer tipo de resistência.

( ) O poeta suaviza a morte da borboleta com a utilização de eufemismos, técnica comum no movimento simbolista.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

Alternativas
Ano: 2016 Banca: PUC - RS Órgão: PUC - RS Prova: PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Segundo Semestre - 2º Dia |
Q809516 Português

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, tenha como base a tirinha As cobras, de Luis Fernando Verissimo.

Imagem associada para resolução da questão

Com base na tirinha e no contexto de seu autor, assinale a única alternativa INCORRETA:

Alternativas
Ano: 2016 Banca: PUC - RS Órgão: PUC - RS Prova: PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Segundo Semestre - 2º Dia |
Q809517 Português

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, tenha como base o excerto da obra Quincas Borba, de Machado de Assis, e seu contexto. 

Rubião achou um rival no coração de Quincas Borba, – um cão, um bonito cão, meio tamanho, pelo cor de chumbo, malhado de preto. Quincas Borba levava-o para toda parte, dormiam no mesmo quarto. De manhã, era o cão que acordava o senhor, trepando ao leito, onde trocavam as primeiras saudações. Uma das extravagâncias do dono foi dar-lhe o seu próprio nome; mas, explicava-o por dois motivos, um doutrinário, outro particular.

– Desde que Humanitas, segundo a minha doutrina, é o princípio da vida e reside em toda a parte, existe também no cão, e este pode assim receber um nome de gente, seja cristão ou muçulmano...

– Bem, mas por que não lhe deu antes o nome de Bernardo, disse Rubião com o pensamento em um rival político da localidade.

– Esse agora é o motivo particular. Se eu morrer antes, como presumo, sobreviverei no nome do meu bom cachorro. Ris-te, não?

Rubião fez um gesto negativo.

– Pois devias rir, meu querido. Porque a imortalidade é o meu lote ou o meu dote, ou como melhor nome haja. Viverei perpetuamente no meu grande livro. Os que, porém, não souberem ler, chamarão Quincas Borba ao cachorro, e...

O cão, ouvindo o nome, correu à cama. Quincas Borba, comovido, olhou para Quincas Borba: – Meu pobre amigo! meu bom amigo! meu único amigo!

Com base no excerto, leia as seguintes afirmativas.

I. O narrador sugere um ciúme em Rubião frente ao novo amigo de Quincas.

II. O motivo particular de o cão receber o mesmo nome do dono é um desejo vaidoso de permanência do personagem.

III. Para o filósofo Quincas Borba, também o cão encarna o princípio de Humanitas.

A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são:


Alternativas
Ano: 2016 Banca: PUC - RS Órgão: PUC - RS Prova: PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Segundo Semestre - 2º Dia |
Q809518 Português

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, tenha como base o excerto da obra Quincas Borba, de Machado de Assis, e seu contexto. 

Rubião achou um rival no coração de Quincas Borba, – um cão, um bonito cão, meio tamanho, pelo cor de chumbo, malhado de preto. Quincas Borba levava-o para toda parte, dormiam no mesmo quarto. De manhã, era o cão que acordava o senhor, trepando ao leito, onde trocavam as primeiras saudações. Uma das extravagâncias do dono foi dar-lhe o seu próprio nome; mas, explicava-o por dois motivos, um doutrinário, outro particular.

– Desde que Humanitas, segundo a minha doutrina, é o princípio da vida e reside em toda a parte, existe também no cão, e este pode assim receber um nome de gente, seja cristão ou muçulmano...

– Bem, mas por que não lhe deu antes o nome de Bernardo, disse Rubião com o pensamento em um rival político da localidade.

– Esse agora é o motivo particular. Se eu morrer antes, como presumo, sobreviverei no nome do meu bom cachorro. Ris-te, não?

Rubião fez um gesto negativo.

– Pois devias rir, meu querido. Porque a imortalidade é o meu lote ou o meu dote, ou como melhor nome haja. Viverei perpetuamente no meu grande livro. Os que, porém, não souberem ler, chamarão Quincas Borba ao cachorro, e...

O cão, ouvindo o nome, correu à cama. Quincas Borba, comovido, olhou para Quincas Borba: – Meu pobre amigo! meu bom amigo! meu único amigo!

Com relação à biografia de Machado de Assis, é correto afirmar:
Alternativas
Respostas
1: A
2: C
3: C
4: B
5: B
6: E
7: A
8: D
9: E
10: C