Jorge de Lima (*1893, em União-AL
†1953, no Rio de Janeiro), poeta, mas também
médico e pintor, compôs seus primeiros poemas
sob a égide passadista. Em 1925, no entanto,
adere ao Modernismo, publicando um folheto
intitulado O mundo do menino impossível, onde
reúne alguns de seus poemas livres. O ano de
1928 foi o de Essa negra Fulô, talvez sua obra
mais lida. O ano de 1935 é marcado por sua
conversão ao Catolicismo. Passa, a partir de então,
a construir uma obra marcada por uma temática
cristã de sentido bíblico e apocalíptico. Em 1952,
lança Invenção de Orfeu, um longo poema
hermético dividido em 10 partes ou cantos, como
Os Lusíadas, de Camões, por meio do qual o
poeta, segundo suas palavras, queria modernizar a
epopeia clássica. São ainda palavras de Jorge de
Lima: “A ideia central desse poema [Invenção de
Orfeu] é a epopeia do poeta olhado como herói
diante das vicissitudes do mundo através do tempo
e do espaço. O que atravessa o poema de ponta a
ponta é o drama da Queda. Sem a Queda não
haveria história, não haveria Epopeia. O poeta é o
seu herói”. O texto 3 que vem a seguir foi extraído
desse grande poema intitulado Invenção de Orfeu.
(Observação: Orfeu, personagem da mitologia
grega, é considerado o músico por excelência, o
músico e o poeta. Tocava lira e cítara, da qual
teria sido o inventor.)
(LIMA, Jorge de. In: Invenção de Orfeu. Rio de
Janeiro: Edições de Ouro, 1967. p. 57-58.)