“O massacre físico do povo palestino se
sustenta na sua eliminação simbólica. Armas,
imagens e palavras são dispositivos bélicos, cada
um com sua especificidade, mas todos articulados
em torno de um objetivo estratégico: o povo
palestino deve desaparecer. É da imaterialidade das
palavras e imagens que Israel estrutura a
legitimação da violência. Em que consiste esta
violência simbólica? Há dois eixos discursivos
conectados: o não reconhecimento da existência de
um povo que habitava as terras que serviriam para
o território-cemitério de Israel (‘cemitério’ porque
em cada pedaço de metro quadrado construído por
Israel há uma história assassinada, memórias
negadas, corpos palestinos enterrados). Por outro, a
ressignificação do ‘árabe’ como ser genérico, sem
rosto, sem singularidade.”
BENTO, Berenice. Os muros que separam os palestinos do
mundo. In: Outras palavras. Publicado em 28/05/2019.
Disponível em:
https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/cartilhapara-riscar-os-palestinos-do-mapa/
Na passagem acima, as expressões “imagens e
palavras são dispositivos bélicos” e “eixos
discursivos conectados” correspondem à concepção
de poder