Questões de Vestibular UERJ 2019 para Vestibular - Segundo Exame
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JASÃO:
Puxa, mestre, o senhor é cismento
Eu já lhe falei pra levantar
grana num banco. Aí moderniza
a oficina, põe pra trabalhar
uns empregados e nem precisa
forçar a vista. Fica ali só
na administração... (Levantando)
EGEU:
(Com autoridade) Presepada,
menino... Tira esse paletó
e senta aí. Que banco que nada!
Senta duma vez, eu tou mandando
Pega o alicate e a chave de fenda
e vai matutando, matutando,
até que você um dia aprenda
a ser dono da sua consciência
A reação de Mestre Egeu se baseia em uma avaliação implícita acerca de Jasão.
De acordo com essa avaliação, o compositor se caracteriza como uma pessoa:
JOANA:
O pai e a filha vão colher a tempestade
A ira dos centauros e de pomba-gira
levará seus corpos a crepitar na pira
e suas almas a vagar na eternidade
Os dois vão pagar o resgate dos meus ais
Para tanto invoco o testemunho de Deus,
a justiça de Têmis e a bênção dos céus,
os cavalos de São Jorge e seus marechais,
Hécate, feiticeira das encruzilhadas,
padroeira da magia, deusa-demônia,
falange de Ogum, sintagmas da Macedônia,
suas duzentas e cinquenta e seis espadas,
mago negro das trevas, flecha incendiária,
Lambrego, Canheta, Tinhoso, Nunca-visto,
fazei desta fiel serva de Jesus Cristo
de todas as criaturas a mais sanguinária
(...)
A invocação de Joana, que revela uma característica da religiosidade brasileira, é organizada por meio de certo recurso literário.
Esse recurso e a característica da religiosidade são nomeados, respectivamente, como:
CREONTE:
Esperem um pouco
Eu preciso de alguém pra refletir
comigo se eu estou caduco, louco,
ou o mundo está ficando esquisito...
Fazem baderna, chiam, quebram trem,
Quebram estação, muito bem, bonito
E a gente inda tem que dizer amém
(...)
JASÃO:
Não discuto quebrar... Agora
quem às três da manhã tá de olho aberto,
se espreme pra chegar no emprego às sete,
lá passa o dia todo, volta às onze
da noite pra acordar a canivete
de novo às três, tinha que ser de bronze
pra fazer isso sempre, todo dia
(...)
Na resposta de Jasão a Creonte, o uso da palavra “agora”, sublinhada acima, possui função
argumentativa, expressando sentido de:
JOANA:
(...)
Seu povo é que é urgente, força cega,
coração aos pulos, ele carrega
um vulcão amarrado pelo umbigo
Ele então não tem tempo, nem amigo,
nem futuro, que uma simples piada
pode dar em risada ou punhalada
Como a mesma garrafa de cachaça
acaba em carnaval ou desgraça
(...)
Na caracterização do povo brasileiro feita por Joana no trecho acima, observa-se uma sequência da
seguinte figura de linguagem:
JOANA:
(...)
Já lhe dei meu corpo, não me servia
Já estanquei meu sangue, quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor
Deixa em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção
− faça não
Pode ser a gota d’água
(...)
A expressão “gota d’água” é uma metáfora que expressa o sentimento de Joana.
Dentre os acontecimentos da peça vividos pela personagem, aquele que se torna a gota d’água é: