Ao longo de décadas a UNESCO, Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, discutiu e
estimulou pesquisas destinadas a sensibilizar governantes para uma previsível crise internacional de água potável. O
ponto de partida dos especialistas da Unesco, a excelência internacional em hidrologia, considerava de um lado a
oferta natural de água potável: os 11 mil km3
/ano produzidos pelo ciclo hidrológico — algo como o regime da água em
um planeta com as características da Terra, localizado a determinada distância de sua estrela-mãe. O ciclo hidrológico
é o que, em exobiologia, define a “zona de habitabilidade”, região em órbita de uma estrela em que um planeta pode ter
água líquida e vida.
Do lado oposto da oferta, assegurada pelo ciclo hidrológico, especialistas da Unesco colocaram a escala de demanda
crescente pela sociedade humana e a conta, em um balanço elementar, simplesmente não batia. O crescimento
demográfico e, paradoxalmente, a melhoria das condições de vida de maneira geral, estimulando o consumo, localizava
a crise em 2015.
O Brasil se dependesse exclusivamente de seu potencial natural, estaria livre dessa situação, pois tem em torno de
14% dos estoques mundiais de água potável, o que significa dizer que, nesse caso, é o país mais beneficiado em todo
o mundo.
A escassez se manifesta e caminha para uma situação imprevisível. A crise de abastecimento hídrico na megalópole
São Paulo remete a um período de pré-urbanização, em completa contradição com a tecnologia da era espacial, que
assegura, entre outras facilidades, comunicação real em escala global.
A Organização das Nações Unidas, ONU, que abriga a Unesco, insiste também, há décadas, na sensibilização para os
efeitos do aquecimento global com mudanças climáticas. (CAPOZZOLI, 2014, p. 5).