“A marcha que parou São Paulo era a comprovação de que se consolidara
uma frente de oposição ao governo, com capacidade de mobilização e
composição social heterogênea. Na origem dessa frente, em primeiro lugar
estava a compartilhada aversão de setores da sociedade ao protagonismo
crescente dos trabalhadores urbanos e rurais. Em segundo, o dinheiro
curto e o futuro incerto acenderam o ativismo das classes médias urbanas,
cientes de que um processo radical de distribuição de renda e de poder por
certo afetaria suas tradicionais posições naquela sociedade brutalmente
desigual. E tudo isso junto ajuda a entender a intensidade e a extensão
do movimento. Entre 19 de março e 8 de junho de 1964, uma multidão
marchou com Deus contra João Goulart –, ou após 31 de março, para
comemorar a vitória do golpe que depôs seu governo – em pelo menos
cinquenta cidades do país, incluindo capitais e cidades de pequeno ou
médio porte”.
Lilia M. Schwarcz e Heloísa M. Starling. Brasil: Uma biografia.
São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p.445
Em 19 de março de 1964, a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” reuniu
cerca de 500 mil pessoas em São Paulo. De tendências políticas diversas, as
pessoas que ali se reuniram tinham em comum a oposição ao governo, as críticas
à suposta ligação do presidente com o comunismo e associavam o agravamento
da crise econômica à incapacidade administrativa de João Goulart. A respeito
da realização e das consequências de tal movimento, assinale a alternativa
INCORRETA.