Questões de Vestibular UNESP 2010 para Vestibular - Segundo Semestre
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Instrução: A questão toma por base o seguinte fragmento do livro Reflexões sobre a linguagem, de Noam Chomsky (1928-):
Por que estudar a linguagem? Há muitas respostas possíveis e, ao focalizar algumas delas, não pretendo, é claro, depreciar outras ou questionar sua legitimidade. Algumas pessoas, por exemplo, podem simplesmente achar os elementos da linguagem fascinantes em si mesmos e querer descobrir sua ordem e combinação, sua origem na história ou no indivíduo, ou os modos de sua utilização no pensamento, na ciência ou na arte, ou no intercurso social normal. Uma das razões para estudar a linguagem – e para mim, pessoalmente, a mais premente delas – é a possibilidade instigante de ver a linguagem como “um espelho do espírito”, como diz a expressão tradicional. Com isto não quero apenas dizer que os conceitos expressados e as distinções desenvolvidas no uso normal da linguagem nos revelam os modelos do pensamento e o universo do “senso comum” construídos pela mente humana. Mais intrigante ainda, pelo menos para mim, é a possibilidade de descobrir, através do estudo da linguagem, princípios abstratos que governam sua estrutura e uso, princípios que são universais por necessidade biológica e não por simples acidente histórico, e que decorrem de características mentais da espécie. Uma língua humana é um sistema de notável complexidade. Chegar a conhecer uma língua humana seria um feito intelectual extraordinário para uma criatura não especificamente dotada para realizar esta tarefa. Uma criança normal adquire esse conhecimento expondo-se relativamente pouco e sem treinamento específico. Ela consegue, então, quase sem esforço, fazer uso de uma estrutura intrincada de regras específicas e princípios reguladores para transmitir seus pensamentos e sentimentos aos outros, provocando nestes ideias novas, percepções e juízos sutis.
(Noam Chomsky. Reflexões sobre a linguagem. Trad. Carlos Vogt.
São Paulo:
Editora Cultrix, 1980.)
Instrução: A questão toma por base uma matéria assinada por Danilo Albergaria na revista eletrônica COMCIÊNCIA:
Cinema e Telejornalismo: Convergência de Linguagens para Divulgar Ciência
Encampando um ponto de vista em que um vídeo de divulgação científica não deve apenas ensinar e informar, mas também entreter, motivar e gerar curiosidade, Iara Cardoso defendeu a convergência das linguagens telejornalística e cinematográfica para incrementar as produções de vídeo voltadas para a ciência: “A convergência é possível, é necessária, e cada vez mais acessível com as novas tecnologias digitais”, disse a jornalista em apresentação durante o Foro Iberoamericano de Comunicação e Divulgação Científica, que ocorreu na Unicamp entre os dias 23 e 25 de novembro.
A ideia de mesclar linguagens aparentemente distantes surgiu quando Cardoso começou a produzir o vídeo SitRaios, encomendado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para divulgar a ciência por trás de um software que localizava mais facilmente descargas elétricas atmosféricas nas linhas de energia e possibilitava um religamento mais rápido da eletricidade. “Seria maçante produzir esse vídeo da maneira tradicional. Então, introduzimos, num vídeo que usualmente estaria destinado a ser muito próximo do telejornalismo, a linguagem do cinema. Utilizamos conceitos como o de revelação e de aumento de expectativa – introduzimos uma narrativa, enfim”, afirma Cardoso. Além da roteirista e diretora, a equipe, enxuta, teve apenas mais um editor e um cinegrafista. “Esse tipo de convergência não demanda mais recursos do que uma produção tradicional”, defende.
As produções de cinema são tradicionalmente mais dispendiosas do que vídeos jornalísticos. Porém, contrariando o que o senso comum pensa sobre os custos dos vídeos que incorporam linguagens cinematográficas, Cardoso esclarece que os custos de produção tornaram-se mais acessíveis com o surgimento das novas tecnologias digitais. Ela aponta, por exemplo, que tornaram-se amplamente acessíveis as câmeras digitais, hoje largamente utilizadas tanto no cinema quanto na produção jornalística. “Os próprios cineastas estão, cada vez mais, filmando com o suporte digital”, afirma. Outra facilidade está na edição digital: “Mesmo quem ainda não aderiu ao suporte digital nas filmagens nunca deixa de utilizar a edição digital, que se tornou imprescindível. Perto da edição em computadores, os antigos métodos tornaram-se inviáveis”, avalia.
Enquanto o suporte tecnológico facilita a convergência e aproxima linguagens, o que é realmente fundamental, na visão da jornalista, são as ideias por trás do vídeo: são elas, as concepções, que vão formar um roteiro interessante, as bases do apelo dos vídeos de ciência para o grande público. Segundo a diretora, a incorporação da dramaticidade, do suspense – ferramentas usuais na narrativa ficcional – ajudam um vídeo a tornar mais atraente uma teoria ou explicação científica. Ao mesmo tempo, se feita com o devido preparo e seriedade, não compromete a qualidade da informação transmitida — pelo contrário, a potencializa.
(Danilo Albergaria. Cinema e telejornalismo: convergência de linguagens para
divulgar ciência. COMCIÊNCIA, www.comciencia.br, 26.11.2009.)