Questões de Vestibular UNIFESP 2016 para 1º dia - Prova de Língua Portuguesa, Língua Inglesa

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Q1351580 Português
Leia o trecho do conto “A igreja do Diabo”, de Machado de Assis (1839-1908), para responder à questão.

   Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula¹ beneditina, como hábito de boa fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para retificar a noção que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito contavam as velhas beatas.
   – Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil e airoso. Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdouro², fazei dele um troféu e um lábaro³ , e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...
   Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar, em suma, as multidões ao pé de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir a doutrina. A doutrina era a que podia ser na boca de um espírito de negação. Isso quanto à substância, porque, acerca da forma, era umas vezes sutil, outras cínica e deslavada.
   Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por outras, que eram as naturais e legítimas. A soberba, a luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia, com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada4 . A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada: “Musa, canta a cólera de Aquiles, filho de Peleu”... [...] Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do mundo. Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de prosperidades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento.
   As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia-lhes, a grandes golpes de eloquência, toda a nova ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e detestar as sãs.
  Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que ele dava da fraude. Chamava-lhe o braço esquerdo do homem; o braço direito era a força; e concluía: Muitos homens são canhotos, eis tudo. Ora, ele não exigia que todos fossem canhotos; não era exclusivista. Que uns fossem canhotos, outros destros; aceitava a todos, menos os que não fossem nada. A demonstração, porém, mais rigorosa e profunda, foi a da venalidade5 . Um casuísta6 do tempo chegou a confessar que era um monumento de lógica. A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do homem? Demonstrando assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer duplicadamente.

(Contos: uma antologia, 1998.)

1cogula: espécie de túnica larga, sem mangas, usada por certos religiosos.
2desdouro: descrédito, desonra.
3lábaro: estandarte, bandeira.
4esgalgado: comprido e estreito.
5venalidade: condição ou qualidade do que pode ser vendido.
6casuísta: pessoa que pratica o casuísmo (argumento fundamentado em raciocínio enganador ou falso).
Estão empregados em sentido figurado os termos destacados nos seguintes trechos:
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Q1351584 Português
Leia o excerto do livro 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono de Jonathan Crary para responder à questão. 

   No fim dos anos 1990, um consórcio espacial russo-europeu anunciou que construiria e lançaria satélites que refletiriam a luz do Sol para a Terra. O esquema previa colocar em órbita uma cadeia de satélites, sincronizados com o Sol, a uma altitude de 1700 quilômetros, cada um deles equipado com refletores parabólicos retráteis, da espessura de uma folha de papel. Quando completamente abertos, cada satélite-espelho, com duzentos metros de diâmetro, teria a capacidade de iluminar uma área da Terra de 25 quilômetros quadrados, com uma luminosidade quase cem vezes maior do que a da Lua. Em princípio, o projeto visava fornecer iluminação para a exploração industrial de recursos naturais em regiões remotas com longas noites polares, na Sibéria e no leste da Rússia, permitindo atividade ao ar livre, noite e dia. Mas o consórcio acabou expandindo seus planos para a possibilidade de oferecer iluminação noturna a regiões metropolitanas inteiras. Calculando que se reduziriam os custos de energia da iluminação elétrica, o slogan da empresa era “Luz do dia a noite toda”.
   A oposição ao projeto surgiu de imediato e de diversas frentes. Astrônomos temeram os efeitos nefastos da observação espacial a partir da Terra. Cientistas e ambientalistas apontaram consequências fisiológicas prejudiciais tanto aos animais quanto aos humanos, uma vez que a ausência de alternância regular entre dia e noite interromperia vários padrões metabólicos, inclusive o sono. Associações culturais e humanitárias também protestaram, alegando que o céu noturno é um bem comum ao qual toda a humanidade tem direito, e que desfrutar da escuridão da noite e observar as estrelas é um direito humano básico que nenhuma empresa pode eliminar. De qualquer modo, direito ou privilégio, ele já está sendo violado para mais da metade da população do planeta, em cidades que estão permanentemente envoltas na penumbra da poluição e na intensa iluminação.
   Defensores do projeto, todavia, afirmaram que tal tecnologia diminuiria o uso noturno de eletricidade e que a perda da noite e de sua escuridão seria um preço razoável, considerando-se a redução do consumo global de energia. Seja como for, esse empreendimento, ao fim inviável, ilustra o imaginário contemporâneo, para o qual um estado de iluminação contínua é inseparável da ininterrupta operação de troca e circulação globais. Em seus excessos empresariais, o projeto é uma expressão hiperbólica de uma intolerância institucional a tudo que obscureça ou impeça uma situação de visibilidade instrumentalizada e constante.

(24/7: capitalismo tardio e os fins do sono, 2014. Adaptado.)
Em relação ao projeto, a postura do autor é de
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Q1351602 Inglês
Reducing food waste would mitigate
climate change, study shows

April 7, 2016
   Reducing food waste around the world would help curb emissions of planet-warming gases, lessening some of the impacts of climate change such as more extreme weather and rising seas, scientists said on Thursday.
   Up to 14% of emissions from agriculture in 2050 could be avoided by managing food use and distribution better, according to a new study from the Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK). “Agriculture is a major driver of climate change, accounting for more than 20% of overall global greenhouse gas emissions in 2010,” said co-author Prajal Pradhan. “Avoiding food loss and waste would therefore avoid unnecessary greenhouse gas emissions and help mitigate climate change.”
   Between 30 and 40% of food produced around the world is never eaten, because it is spoiled after harvest and during transportation, or thrown away by shops and consumers. The share of food wasted is expected to increase drastically if emerging economies like China and India adopt western food habits, including a shift to eating more meat, the researchers warned. Richer countries tend to consume more food than is healthy or simply waste it, they noted.
   As poorer countries develop and the world’s population grows, emissions associated with food waste could soar from 0.5 gigatonnes (GT) of carbon dioxide equivalent per year to between 1.9 and 2.5 GT annually by mid-century, showed the study published in the Environmental Science & Technology journal. It is widely argued that cutting food waste and distributing the world’s surplus food where it is needed could help tackle hunger in places that do not have enough - especially given that land to expand farming is limited.
   But Jürgen Kropp, another of the study’s co-authors and PIK’s head of climate change and development, told the Thomson Reuters Foundation the potential for food waste curbs to reduce emissions should be given more attention. “It is not a strategy of governments at the moment,” he said.

(www.theguardian.com. Adaptado.)
De acordo com o terceiro parágrafo, a parcela de alimentos desperdiçados deverá aumentar no futuro se
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Q1351606 Inglês
Reducing food waste would mitigate
climate change, study shows

April 7, 2016
   Reducing food waste around the world would help curb emissions of planet-warming gases, lessening some of the impacts of climate change such as more extreme weather and rising seas, scientists said on Thursday.
   Up to 14% of emissions from agriculture in 2050 could be avoided by managing food use and distribution better, according to a new study from the Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK). “Agriculture is a major driver of climate change, accounting for more than 20% of overall global greenhouse gas emissions in 2010,” said co-author Prajal Pradhan. “Avoiding food loss and waste would therefore avoid unnecessary greenhouse gas emissions and help mitigate climate change.”
   Between 30 and 40% of food produced around the world is never eaten, because it is spoiled after harvest and during transportation, or thrown away by shops and consumers. The share of food wasted is expected to increase drastically if emerging economies like China and India adopt western food habits, including a shift to eating more meat, the researchers warned. Richer countries tend to consume more food than is healthy or simply waste it, they noted.
   As poorer countries develop and the world’s population grows, emissions associated with food waste could soar from 0.5 gigatonnes (GT) of carbon dioxide equivalent per year to between 1.9 and 2.5 GT annually by mid-century, showed the study published in the Environmental Science & Technology journal. It is widely argued that cutting food waste and distributing the world’s surplus food where it is needed could help tackle hunger in places that do not have enough - especially given that land to expand farming is limited.
   But Jürgen Kropp, another of the study’s co-authors and PIK’s head of climate change and development, told the Thomson Reuters Foundation the potential for food waste curbs to reduce emissions should be given more attention. “It is not a strategy of governments at the moment,” he said.

(www.theguardian.com. Adaptado.)
In the last paragraph, according to Jürgen Kropp,
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Q1351607 Inglês
Reducing food waste would mitigate
climate change, study shows

April 7, 2016
   Reducing food waste around the world would help curb emissions of planet-warming gases, lessening some of the impacts of climate change such as more extreme weather and rising seas, scientists said on Thursday.
   Up to 14% of emissions from agriculture in 2050 could be avoided by managing food use and distribution better, according to a new study from the Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK). “Agriculture is a major driver of climate change, accounting for more than 20% of overall global greenhouse gas emissions in 2010,” said co-author Prajal Pradhan. “Avoiding food loss and waste would therefore avoid unnecessary greenhouse gas emissions and help mitigate climate change.”
   Between 30 and 40% of food produced around the world is never eaten, because it is spoiled after harvest and during transportation, or thrown away by shops and consumers. The share of food wasted is expected to increase drastically if emerging economies like China and India adopt western food habits, including a shift to eating more meat, the researchers warned. Richer countries tend to consume more food than is healthy or simply waste it, they noted.
   As poorer countries develop and the world’s population grows, emissions associated with food waste could soar from 0.5 gigatonnes (GT) of carbon dioxide equivalent per year to between 1.9 and 2.5 GT annually by mid-century, showed the study published in the Environmental Science & Technology journal. It is widely argued that cutting food waste and distributing the world’s surplus food where it is needed could help tackle hunger in places that do not have enough - especially given that land to expand farming is limited.
   But Jürgen Kropp, another of the study’s co-authors and PIK’s head of climate change and development, told the Thomson Reuters Foundation the potential for food waste curbs to reduce emissions should be given more attention. “It is not a strategy of governments at the moment,” he said.

(www.theguardian.com. Adaptado.)
No trecho do quinto parágrafo “the potential for food waste curbs to reduce emissions”, o termo em destaque indica
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