Leia o trecho de Galvez, Imperador do Acre, de Márcio
Souza, para responder à questão:
Juno e Flora e outras divindades mitológicas
O cabaré não primava pela decoração, mas o ambiente
era simples e acolhedor. Era bem conceituado pelos anos de
serviços prestados. Uma sala pequena cheia de sofás, algumas mesas redondas de mármore encardido. Meia penumbra. Fomos sentar numa mesa perto da orquestra. A casa
começava a esvaziar e estavam apenas os clientes mais
renitentes. Duas meninas dançavam um can-can desajeitado e deviam ser paraenses. As duas meninas suavam sem
parar. Fomos atendidos por Dona Flora, gorda e oxigenada
proprietária que bem poderia ser a deusa Juno. Recebemos
as vênias de sempre e Trucco pediu uísque. A música já
estava com o andamento de fim de festa e o garçom veio
servir nossas bebidas. Trucco perguntou se Lili ainda iria
apresentar-se e o garçom respondeu que o número dela era
sempre à meia-noite. Havia um ar de familiaridade, e duas
polacas vieram sentar em nossa mesa. Afastei a cadeira para
elas sentarem e notei que eram bem velhas e machucadas.
Decidi dar uma observada no ambiente enquanto Trucco trocava gentilezas com as duas cocottes1
.
(Galvez, Imperador do Acre, 1977.)
1cocotte: mulher jovem e atraente.