Questões de Vestibular
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O amor não tem nada a ver com a idade
Penso saber que o amor não tem nada que ver com a idade, como acontece com qualquer outro sentimento. Quando se fala de uma época a que se chamaria de descoberta do amor, eu penso que essa é uma maneira redutora de ver as relações entre as pessoas vivas. O que acontece é que há toda uma história nem sempre feliz do amor que faz que seja entendido que o amor numa certa idade seja natural, e que noutra idade extrema poderia ser ridículo. Isso é uma ideia que ofende a disponibilidade de entrega de uma pessoa a outra, que é em que consiste o amor.
Eu não digo isto por ter a minha idade e a relação de amor que vivo. Aprendi que o sentimento do amor não é mais nem menos forte conforme as idades, o amor é uma possibilidade de uma vida inteira, e se acontece, há que recebê-lo. Normalmente, quem tem ideias que não vão neste sentido, e que tendem a menosprezar o amor como fator de realização total e pessoal, são aqueles que não tiveram o privilégio de vivê-lo, aqueles a quem não aconteceu esse mistério.
José Saramago, em “Revista Máxima, Outubro 1990"
I – Em “Penso saber que o amor não tem nada a ver com a idade, como acontece com qualquer outro sentimento.", a oração apresenta um sujeito indeterminado, indicado pela palavra PENSO.
II – Em “Isso é uma ideia que ofende a disponibilidade de entrega de uma pessoa a outra,..." QUE é uma preposição.
III – Em “Eu não digo isto por ter a minha idade e a relação de amor que vivo.", a palavra ISTO classifica-se como pronome demonstrativo.
Corrida - Prova 1 500 metros rasos
A prova dos 1 500 metros rasos, juntamente com a da milha (1 609 metros), característica dos países anglo-saxônicos, é considerada prova tática por excelência, sendo muito importante o conhecimento do ritmo e da fórmula a ser utilizada para vencer a prova. Os especialistas nessas distâncias são considerados completos homens de luta que, após um penoso esforço para resistir ao ataque dos adversários, recorrem a todas as suas energias restantes a fim de manter a posição de destaque conseguida durante a corrida, sem ceder ao constante assédio dos seus perseguidores.
[...] Para correr essa distância em um tempo aceitável, deve-se gastar o menor tempo possível no primeiro quarto da prova, devendo-se para tanto sair na frente dos adversários, sendo essencial o completo domínio das pernas, para em seguida normalizar o ritmo da corrida. No segundo quarto, deve-se diminuir o ritmo, a fim de trabalhar forte no restante da prova, sempre procurando dosar as energias, para não correr o risco de ser surpreendido por um adversário e ficar sem condições para a luta final.
Deve ser tomado cuidado para não se deixar enganar por algum adversário de condição inferior, que normalmente finge possuir energias que realmente não tem, com o intuito de minar o bom corredor, para que o companheiro da mesma equipe possa tirar proveito da situação e vencer a prova. Assim sendo, o corredor experiente saberá manter regularmente as suas passadas, sem deixar-se levar por esse tipo de artimanha. Conhecendo o estado de suas condições pessoais, o corredor saberá se é capaz de um sprint nos 200 metros finais, que é a distância ideal para quebrar a resistência de um adversário pouco experiente.
O corredor que possui resistência e velocidade pode conduzir a corrida segundo a sua conveniência, impondo os seus próprios meios de ação. Finalmente, ao ultrapassar um adversário, deve-se fazê-lo decidida e folgadamente, procurando sempre impressioná-lo com sua ação enérgica. Também deve-se procurar manter sempre uma boa descontração muscular durante o desenvolvimento da corrida, nunca levar a cabeça para trás e encurtar as passadas para finalizar a prova.
(http://treino-de-corrida.f1cf.com.br)
A gente Honório Cota
Quando o coronel João Capistrano Honório Cota mandou erguer o sobrado, tinha pouco mais de trinta anos. Mas já era homem sério de velho, reservado, cumpridor. Cuidava muito dos trajes, da sua aparência medida. O jaquetão de casimira inglesa, o colete de linho atravessado pela grossa corrente de ouro do relógio; a calça é que era como a de todos na cidade - de brim, a não ser em certas ocasiões (batizado, morte, casamento - então era parelho mesmo, por igual), mas sempre muito bem passada, o vinco perfeito. Dava gosto ver:
O passo vagaroso de quem não tem pressa - o mundo podia esperar por ele, o peito magro estufado, os gestos lentos, a voz pausada e grave, descia a rua da Igreja cumprimentando cerimoniosamente, nobremente, os que por ele passavam ou os que chegavam na janela muitas vezes só para vê-lo passar.
Desde longe a gente adivinhava ele vindo: alto, magro, descarnado, como uma ave pernalta de grande porte. Sendo assim tão descomunal, podia ser desajeitado: não era, dava sempre a impressão de uma grande e ponderada figura. Não jogava as pernas para os lados nem as trazia abertas, esticava-as feito medisse os passos, quebrando os joelhos em reto.
Quando montado, indo para a sua Fazenda da Pedra Menina, no cavalo branco ajaezado de couro trabalhado e prata, aí então sim era a grande, imponente figura, que enchia as vistas. Parecia um daqueles cavaleiros antigos, fugidos do Amadis de Gaula ou do Palmeirim, quando iam para a guerra armados cavaleiros.
(Ópera dos mortos, 1970.)