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Ano: 2021 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2021 - UPE - Vestibular - 2º Fase - 1º Dia |
Q1675817 Português

              Texto 2


IV


Era um sonho dantesco... o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho,

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros... estalar de açoite...

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar... 


Negras mulheres, suspendendo às tetas

Magras crianças, cujas bocas pretas

Rega o sangue das mães:

Outras, moças, mas nuas e espantadas,

No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs!


E ri-se a orquestra irônica, estridente...

E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais...

Se o velho arqueja, se no chão resvala,

Ouvem-se gritos... o chicote estala.

E voam mais e mais...


Presa nos elos de uma só cadeia,

A multidão faminta cambaleia,

E chora e dança ali!

Um de raiva delira, outro enlouquece,

Outro, que de martírios embrutece,

Cantando, geme e ri!


No entanto o capitão manda a manobra,

E após, fitando o céu que se desdobra,

Tão puro sobre o mar,

Diz do fumo entre os densos nevoeiros:

"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!

Fazei-os mais dançar!..."

 [...]


ALVES, Castro. O Navio Negreiro. Excertos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf Acesso em: 12 set. 2020.


Texto 3



Texto 4

PAI CONTRA MÃE
Machado de Assis

   A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dous para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. [...] Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. [...]

ASSIS, Machado de. Pai contra mãe. Excertos. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/11-textos-dos-autores/451-machado-de-assis-textos-selecionados Acesso em: 12/09/2020.

Texto 5 



Texto 6

   A onda de protestos após a morte de George Floyd por um policial de Mineápolis, nos Estados Unidos, fez a hashtag #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam, em tradução livre) ganhar manifestações nas ruas e nas redes sociais. Famosos e anônimos têm usado o termo nos últimos dias, no online e no offline, como forma de apoio ao movimento antirracista e para cobrar das autoridades que resguardem vidas negras.

   O Black Lives Matter, às vezes citado nos cartazes como BLM, é uma organização que nasceu em 2013 por três ativistas norte-americanas: Alicia Garza, da aliança nacional de trabalhadoras domésticas; Patrisse Cullors, da coalizão contra a violência policial em Los Angeles; e Opal Tometi, da aliança negra pela imigração justa. Hoje, é uma fundação global cuja missão é "erradicar a supremacia branca e construir poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras" pelo Estado e pela polícia.

Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/06/03/black-livesmatter-conheca-o-movimento-fundado-por-tresmulheres.htm?cmpid=copiaecola Acesso em: 12/09/2020.

Os textos poéticos são os mais ricos em recursos expressivos. Em O Navio Negreiro (Texto 2), magnífico exemplo desse princípio, Castro Alves lança mão de inúmeros recursos expressivos para obter determinados efeitos estéticos e discursivos. Acerca dos recursos expressivos empregados pelo poeta e dos efeitos pretendidos, analise as afirmativas a seguir.
1) O eufemismo "sonho dantesco" é usado a fim de preparar o expectador, com serenidade e delicadeza, para uma cena que se mostrará demasiado impactante. 2) Criando imagens fortes, como a hipérbole "(o tombadilho) em sangue a se banhar", o poeta procura provocar indignação e obter apoio e engajamento para a causa que defende. 3) Ao usar termos que remetem a cores (avermelha o brilho, homens negros, bocas pretas), sons (tinir, estalar, estridente) e movimentos (dançar, arrastadas, doudas espirais), o poeta leva o ouvinte/leitor a perceber a cena descrita em todo o seu horror. 4) Compondo cenas com homens e mulheres; mães, crianças e velhos, todos brutalizados, o poeta afeta os ouvintes/leitores nas suas características igualmente humanas e os convida a intervir na realidade social em que vivem.
Estão CORRETAS:
Alternativas
Ano: 2021 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2021 - UPE - Vestibular - 2º Fase - 1º Dia |
Q1675816 Português

              Texto 2


IV


Era um sonho dantesco... o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho,

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros... estalar de açoite...

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar... 


Negras mulheres, suspendendo às tetas

Magras crianças, cujas bocas pretas

Rega o sangue das mães:

Outras, moças, mas nuas e espantadas,

No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs!


E ri-se a orquestra irônica, estridente...

E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais...

Se o velho arqueja, se no chão resvala,

Ouvem-se gritos... o chicote estala.

E voam mais e mais...


Presa nos elos de uma só cadeia,

A multidão faminta cambaleia,

E chora e dança ali!

Um de raiva delira, outro enlouquece,

Outro, que de martírios embrutece,

Cantando, geme e ri!


No entanto o capitão manda a manobra,

E após, fitando o céu que se desdobra,

Tão puro sobre o mar,

Diz do fumo entre os densos nevoeiros:

"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!

Fazei-os mais dançar!..."

 [...]


ALVES, Castro. O Navio Negreiro. Excertos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf Acesso em: 12 set. 2020.


Texto 3



Texto 4

PAI CONTRA MÃE
Machado de Assis

   A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dous para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. [...] Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. [...]

ASSIS, Machado de. Pai contra mãe. Excertos. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/11-textos-dos-autores/451-machado-de-assis-textos-selecionados Acesso em: 12/09/2020.

Texto 5 



Texto 6

   A onda de protestos após a morte de George Floyd por um policial de Mineápolis, nos Estados Unidos, fez a hashtag #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam, em tradução livre) ganhar manifestações nas ruas e nas redes sociais. Famosos e anônimos têm usado o termo nos últimos dias, no online e no offline, como forma de apoio ao movimento antirracista e para cobrar das autoridades que resguardem vidas negras.

   O Black Lives Matter, às vezes citado nos cartazes como BLM, é uma organização que nasceu em 2013 por três ativistas norte-americanas: Alicia Garza, da aliança nacional de trabalhadoras domésticas; Patrisse Cullors, da coalizão contra a violência policial em Los Angeles; e Opal Tometi, da aliança negra pela imigração justa. Hoje, é uma fundação global cuja missão é "erradicar a supremacia branca e construir poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras" pelo Estado e pela polícia.

Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/06/03/black-livesmatter-conheca-o-movimento-fundado-por-tresmulheres.htm?cmpid=copiaecola Acesso em: 12/09/2020.

Em diálogo com as questões sociais, a literatura configura-se como um meio importante na representação de temas, como a escravidão e o racismo, por exemplo. Na leitura da coletânea (Textos de 2 a 6), atente para: o contexto histórico-social e literário em que cada texto foi produzido; as relações temáticas entre os textos; e as características estilísticas da poesia de Castro Alves e da prosa de Machado de Assis. Acerca dos textos que formam a coletânea, assinale a afirmativa CORRETA.
Alternativas
Ano: 2021 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: UPE Prova: UPENET/IAUPE - 2021 - UPE - Vestibular - 2º Fase - 1º Dia |
Q1675813 Português

Texto 1 


13 DE MAIO


Foi quando eu era seminarista no interior de São Paulo. Era 13 de maio de 1966 e os meus colegas de seminário, quase todos descendentes de italianos ou alemães, resolveram homenagear o dia da abolição dos escravos com um almoço. Nós, os poucos negros ou pardos da turma, fomos "convidados" a sentar na mesa central do refeitório, decorada com as palavras 'Navio Negreiro'. Quando vi aquilo me recusei e me sentei numa mesa lateral, com todos os outros colegas. Pois os organizadores daquilo me pegaram à força, me arrastaram e me fizeram sentar na marra junto aos outros negros, no que considerei uma ofensa gravíssima. Arrumei as malas para ir embora, mas fui convencido a ficar pelo padre do local. Ele me recomendou que deixasse o ódio passar e que tomasse aquele episódio como bandeira de luta para um mundo melhor. E, de fato, aquele episódio alterou radicalmente a direção da minha vida. Foi a partir de então que tirei a foto do meu pai, que era negro, do fundo da minha mala, e coloquei-a ao lado da fotografia da minha mãe, branca, com os meus objetos pessoais.


Frei David Raimundo dos Santos, 63 anos, frade, fundador da ONG Educafro. Disponível em: www.educafro.org.br Acesso em: 15 set. 2020. Adaptado.

Quanto aos recursos lexicais, gramaticais e gráficos empregados no Texto 1 e seus efeitos nos sentidos, analise as afirmativas a seguir.
1) As aspas em "convidados" revelam que o narrador ficou surpreso ao ser convidado para o evento do dia 13 de Maio. 2) A designação 'Navio Negreiro‘ para a mesa de refeição foi ofensiva ao narrador, porque simboliza a opressão e a violência que vitimam os negros, há séculos. 3) Em: "Quando vi aquilo", o pronome (destacado) se refere ao trecho "mesa central do refeitório, decorada com as palavras 'Navio Negreiro'"; o uso de 'aquilo', nesse caso, reforça que o narrador despreza a ação de seus colegas e discorda dela. 4) O termo "bandeira de luta" sinaliza a ideia de "ir à forra", "passar por cima", isto é, destruir a supremacia branca.
Estão CORRETAS:
Alternativas
Q1675405 Português
Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes,


    Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada que haviam empreendido juntos1 e colocaram numa clareira tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:
    — Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você, que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato, até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande amigo burro em paz para deliberar.
    Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2 e ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois voltando, o burro perguntou ao leão:
    — Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?
    O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.
    Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
    — Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão de que concorda em que não podíamos suportar a presença de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora — divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe calma para uma deliberação sensata.
    Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida. Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça, inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio, quando o rato o chamou:
    — Compadre leão, está pronta a partilha!
    O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não pôde deixar de cumprimentar o rato:
    — Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?
    E o rato respondeu:
    — Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a minha — é claro que você precisa de muito maior volume de alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha — e, evidentemente, a partilha só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo espírito! — Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que argúcia! — exclamou o leão, realmente admirado. — Olha, juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta sabedoria?
    — Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender tudo agora mesmo, com o burro morto.


Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.


1 A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum.

2 Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula.


(100 fábulas fabulosas, 2012.)


“E o rato respondeu:
— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais.” (12° e 13° parágrafos)

Ao se transpor esse trecho para o discurso indireto, o termo sublinhado assume a seguinte forma:
Alternativas
Q1675403 Português
Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes,


    Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada que haviam empreendido juntos1 e colocaram numa clareira tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:
    — Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você, que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato, até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande amigo burro em paz para deliberar.
    Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2 e ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois voltando, o burro perguntou ao leão:
    — Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?
    O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.
    Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
    — Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão de que concorda em que não podíamos suportar a presença de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora — divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe calma para uma deliberação sensata.
    Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida. Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça, inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio, quando o rato o chamou:
    — Compadre leão, está pronta a partilha!
    O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não pôde deixar de cumprimentar o rato:
    — Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?
    E o rato respondeu:
    — Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a minha — é claro que você precisa de muito maior volume de alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha — e, evidentemente, a partilha só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo espírito! — Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que argúcia! — exclamou o leão, realmente admirado. — Olha, juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta sabedoria?
    — Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender tudo agora mesmo, com o burro morto.


Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.


1 A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum.

2 Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula.


(100 fábulas fabulosas, 2012.)


Uma moral para a narrativa de Millôr Fernandes em conformidade com uma fábula tradicional seria:
Alternativas
Respostas
426: D
427: D
428: D
429: E
430: D