Questões do Enem Comentadas sobre português
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Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse:
— Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!
O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.
A variação linguística afeta o processo de produção dos
sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o
emprego das marcas de variação objetiva
Essa propaganda visa convencer as mães de que o canal de televisão é adequado aos seus filhos. Para tanto, o locutor dirige-se ao interlocutor por meio de estratégias argumentativas de
SOUZA, J. Negros pelo vale. Belo Horizonte: Fale-UFMG, 2009.
O texto é uma transcrição da narrativa oral contada por Pedro Braga, antigo morador do povoado Vau, de Diamantina (MG). Com base no registro da fala do narrador, entende-se que seu relato
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou talvez, vicedito: indivíduo pedante, importuno agudo, falta de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência.
ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 (fragmento).
Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa,
depreende-se a predominância de uma das funções da
linguagem, identificada como
O nome é uma das primeiras coisas que não escolhemos na vida. Estará inscrito nos registros: na maternidade, no RG, no CPF, no obituário etc. Enfim, uma escolha que não fizemos nos acompanha do berço ao túmulo, pois na lápide se dirá que ali jaz Fulano de Tal.
SILVA, D. Língua, n. 77, mar. 2012
Algumas palavras atuam no desenvolvimento de um texto contribuindo para a sua progressão. A palavra “enfim” promove o encadeamento do texto, tendo sido utilizada com a intenção de
MORAN, J. M. Disponível em: www.eca.usp.br. Acesso em: 31 jul. 2012 (adaptado).
O texto expressa um posicionamento a respeito do uso da internet e suas repercussões na vida cotidiana. Na opinião do autor, esse sistema de informação e comunicação
A escrita é uma tecnologia intelectual que vem auxiliar o trabalho biológico. É como uma nova memória, situada fora do sujeito, e ilimitada. Com ela não é mais necessário reter todos os relatos - este auxiliar cognitivo vem, portanto, relativizar a memória para que a mente humana possa desviar sua atenção consciente para outros recursos e faculdades.
Se é arriscado associar diretamente o surgimento da ciência ao da escrita, podemos, de qualquer forma, afirmar que a escrita deu impulso e desempenhou um papel fundamental na construção do discurso científico. O distanciamento possibilitado pela grafia no papel traz o registro das experiências e das hipóteses, o conhecimento especulativo, o documentário de comprovações, a compilação de teorias e de paradigmas em torno dos quais as comunidades científicas vão se agrupar.
RAMAL, A. C. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002.
O advento da escrita como tecnologia intelectual está
diretamente ligado a uma série de mudanças na forma
de pensar e de construir o conhecimento nas sociedades.
A partir do texto, constata-se que, na elaboração do
discurso científico, a escrita
O papel do hipertexto é exatamente o de reunir, não apenas os textos, mas também as redes de associações, anotações e comentários às quais eles são vinculados pelas pessoas. Ao mesmo tempo, a construção do senso comum encontra-se exposta e como que materializada: a elaboração coletiva de um hipertexto. Trabalhar, viver, conversar fraternalmente com outros seres, cruzar um pouco por sua história, isto significa, entre outras coisas, construir uma bagagem de referências e associações comuns, uma rede hipertextual unificada, um texto compartilhado, capaz de diminuir os riscos de incompreensão.
LEVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Editora 34, 1992 (adaptado)
O texto evidencia uma relação entre o hipertexto e a sociedade em que essa tecnologia se insere. Constata-se que, nessa relação, há uma
Você se preocupa com sua família,
com seu trabalho e com sua casa.
E com você?
Cuide-se. Preocupe-se com sua saúde. Visite e incentive quem você gosta a visitar um cardiologista
Cláudia, ano 52, n. 2, fev. 2013 (adaptado).
Esse texto, publicado em uma revista, inicialmente aponta modificações ocorridas na sociedade e, em seguida,
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DAHMER,A. Disponível em: http://roundfinal.blogspot.com.br. Acesso em: 14 dez. 2012
Na tirinha, o autor utiliza estratégias para atingir sua finalidade comunicativa. Considerando os elementos verbais e não verbais que constituem o texto, seu objetivo é
O Poeta A névoa que sobe dos campos, das grotas, do fundo dos vales, é o hálito quente da terra friorenta.
O Lavrador Engana-se, amigo. Aquilo é fumaça que sai da geada.
O Poeta Fumaça, que eu saiba, somente de chama e brasa é que sai!
O Lavrador E, acaso, a geada não é fogo branco caído do céu, tostando tudinho, crestando tudinho, queimando tudinho, sem pena, sem dó?
FORNARI, E. Trem da serra. Porto Alegre: Acadêmica, 1987.
Neste diálogo poético, encena-se um embate de ideias entre o Poeta e o Lavrador, em que
Entrevista — Tony Bellotto
A língua é rock
Guitarrista do Titãs e escritor completa dez anos à frente de programa televisivo em que discute a língua portuguesa por meio da música
O que o atraiu na proposta de Afinando a Língua?
No começo, em 1999, a ideia era fazer um programa que falasse de língua portuguesa usando a música como atrativo, principalmente, para os jovens. Com o passar do tempo, ele foi se transformando num programa sobre a linguagem usada em letras de música, no jornalismo, na literatura de ficção e na poesia. Como não sou um cara de TV, trago a experiência de escritor e músico, e sempre participo de forma mais ativa do que como um mero apresentador. Estou nas reuniões de pauta e faço sugestões nos roteiros. Mas o conteúdo é feito pelo pessoal do Futura.
Quais as vantagens e desvantagens do ensino da língua por meio das letras de música?
Não sou pedagogo ou educador, então só vejo vantagens, porque as letras de música usam uma linguagem que é a do dia a dia, principalmente, dos jovens. A música é algo que lhes dá prazer e, didaticamente, pode fazer as vezes de algo que o aluno tem a noção de ser entediante — estudo da língua, sentar e abrir um livro. Ao ouvir uma música, os exemplos surgem. É a grande vantagem e sempre foi a ideia do programa.
Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br. Acesso em: 8 ago. 2012 (fragmento).
Os gêneros textuais são definidos por meio de sua
estrutura, função e contexto de uso.Tomando por base a
estrutura dessa entrevista, observa-se que
O grupo de rap Brô MCs, criado no final de 2009, é formado pelos pares de irmãos (daí o “bro”, de brother) Bruno/Clemerson e Kelvin/Charles, jovens que cresceram ouvindo hip hop nas rádios da aldeia Jaguapiru Bororo, em Dourados, Mato Grosso do Sul. — Desde o começo a gente não queria impor uma cultura estranha que invadisse a cultura indígena — afirma o produtor, chamando a atenção para o grande destaque do Brô MCs: as letras em língua indígena. Expressar-se em língua originária e fazer com que os jovens indígenas percebam a vitalidade do idioma nativo é uma das motivações do grupo. A dificuldade maior vem dos críticos, que não aceitam o fato de que a cultura indígena é dinâmica e sempre incorpora novidades. — “Mas índio cantando rap?”, tem gente que questiona. O rap é de quem canta, é de quem gosta, não é só dos americanos — avalia Dani [o vocal feminino].
BONFIM, E. Revista Língua Portuguesa, n. 81, jul. 2012 (adaptado)
Considerando-se as opiniões apresentadas no texto, a indagação “Mas índio cantando rap?” traduz um ponto de vista que evidencia
CAZES, H. Choro: do quintal ao Municipal. São Paulo: Editora 34, 1998 (adaptado).
Além do sotaque inerente à música de cada colonizador e da influência religiosa, que outro elemento auxiliou a constituir os gêneros de música popular citados no texto?
SÃO PAULO - Leila Lopes, de 25 anos, não é a primeira negra a receber a faixa de Miss Universo. A primazia coube a Janelle "Penny" Commissiong, de Trinidad e Tobago, vencedora do concurso em 1977. Depois dela vieram Chelsi Smith, dos Estados Unidos, em 1995; Wendy Fitzwilliam, também de Trindad e Tobago, em 1998, e Mpule Kwelagobe, de Botswana, em 1999. Em 1986, a gaúcha Deise Nunes, que foi a primeira negra a se eleger Miss Brasil, ficou em sexto lugar na classificação geral. Ainda assim a estupidez humana faz com que, vez ou outra, surjam manifestações preconceituosas como a de um site brasileiro que, às vésperas da competição, e se valendo do anonimato de quem o criou, emitiu opiniões do tipo "Como alguém consegue achar uma preta bonita?" Após receber o título, a mulher mais linda do mundo - que tem o português como língua materna e também fala fluentemente o inglês - disse o que pensa de atitudes como essa e também sobre como sua conquista pode ajudar os necessitados de Angola e de outros países.
COSTA, D. Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 10 set 2011 (adaptado)
O uso da expressão “ainda assim” presente nesse texto tem como finalidade
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros Vinha da boca do povo na língua errada do povo Língua certa do povo Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil Ao passo que nós O que fazemos É macaquear A sintaxe lusíada...
Bandeira, M Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro Nova Fronteira, 2007.
Segundo o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísticas originárias das classes populares devem ser
Não é só nas bibliotecas e livrarias que se encerra o conhecimento. A internet, por meio de seu infinito conteúdo, e através de sites como Domínio Público e muitos outros similares, demonstra as transformações ocorridas na disponibilização de obras literárias ou de todas as outras áreas. Sites, como o citado acima, contêm arquivos com textos digitalizados dos mais variados autores, dos clássicos aos contemporâneos. Antes, esse conteúdo todo só seria passível de consulta em suporte material. O suporte virtual, também conhecido como e-book, é, digamos, semimaterial, pois nos põe em contato com o texto através do computador, mas não nos põe o livro nas mãos, a não ser que queiramos imprimir o texto digital.
Nossa geração passa por um período de transição lento que transformará profundamente o hábito da leitura. Paradoxalmente, a alta velocidade com que se proliferam as informações faz com que também seja aumentada a nossa velocidade de captação dessas informações, ou seja, aos poucos e de modo geral a leitura vai ficando cada vez mais fragmentada. Isso já apresenta reflexos no modo como lemos os diversos textos contidos em revistas, jornais ou internet, e igualmente na produção literária contemporânea.
Disponível em: www.tecnosapiens.com.br. Acesso em: 28 fev. 2012 (adaptado).
A criação dos e-books oferece vantagens e facilidades para a leitura. No texto, ressalta-se a influência desse meio virtual, sobretudo no contexto atual, pois
TEXTO I
TEXTO II
Só Deus pode me julgar
Soldado da guerra a favor da justiça Igualdade por aqui é coisa fictícia Você ri da minha roupa, ri do meu cabelo Mas tenta me imitar se olhando no espelho Preconceito sem conceito que apodrece a nação Filhos do descaso mesmo pós-abolição
MV BILL. Declaração de guerra. Manaus:BMG, 2002 (fragmento).
O trecho do rap e o grafite evidenciam o papel social das manifestações artísticas e provocam a
Triste, mas verdadeira, a constatação de Jairo Marques — colunista que tem um talento raro — em seu texto “E a mãe ficou velhinha” (“Cotidiano”, ontem). Aqueles que percebem que a mãe envelheceu sempre têm atitudes diversas. Ou não a procuram mais, porque essa é uma forma de negar que um dia perderão o amparo materno, ou resolvem estar ao lado dela o maior tempo possível, pois têm medo de perdê-la sem ter retribuído plenamente o amor que receberam.
Leonor Souza (São Paulo, SP) — Painel do Leitor. Folha de S. Paulo, 29 fev. 2012.
Os gêneros textuais desempenham uma função social específica, em determinadas situações de uso da língua, em que os envolvidos na interação verbal têm um objetivo comunicativo. Considerando as características do gênero, a análise do texto Mães revela que sua função é
ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1967 (fragmento).
No gênero crônica, Machado de Assis legou inestimável contribuição para o conhecimento do contexto social de seu tempo e seus hábitos culturais. O fragmento destacado comprova que o escritor avalia o(a)