Questões do ENEM 2012 para Exame Nacional do Ensino Médio - Primeiro e Segundo Dia - PPL
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Notícias do além
Aquele que morrer primeiro e for para o céu deverá voltar à Terra para contar ao outro como é a vida lá no paraíso. Assim ficou combinado entre Francisco e Sebastião, amigos inseparáveis e apaixonados pelo futebol. Francisco teve morte súbita e, passado algum tempo, no meio da noite, sua alma apareceu ao colega:
— Nossa Senhora, Chico! Você veio mesmo!
— Estou aqui, Tião, para cumprir a minha promessa, trazendo-lhe duas notícias.
— Então me fala.
— O céu é uma maravilha, um colosso, uma beleza. Tem futebol todo dia.
— E a outra?
— A outra é que você está escalado para jogar no meu time amanhã cedo.
DIAS, M. V. R. Humor na Marolândia. In: ILARI, R. Introdução à semântica: brincando com a gramática. São Paulo: Contexto, 2001.
Esse texto pode ser analisado sob dois pontos de vista que incluem situações diferentes de interlocução: a primeira, considerando seu produtor e seus potenciais leitores; e a segunda, considerando os interlocutores Francisco e Sebastião. Para cada uma dessas situações o produtor do texto tem um objetivo específico que se determina, não só pela situação, mas também pelo gênero textual.
Os verbos que sintetizam os objetivos do produtor nas duas situações propostas são, respectivamente,
O que a internet esconde de você
Para cada site que você pode visitar, existem pelo menos 400 outros que não consegue acessar. Eles existem, estão lá, mas são invisíveis. Estão presos num buraco negro digital maior do que a própria internet. A cada vez que você interage com um amigo nas redes sociais, vários outros são ignorados e têm as mensagens enterradas num enorme cemitério on-line. E, quando você faz uma pesquisa no Google, não recebe os resultados de fato — e sim uma versão maquiada, previamente modificada de acordo com critérios secretos. Sim, tudo isso é verdade — e não é nenhuma grande conspiração. Acontece todos os dias sem que você perceba. Pegue seu chapéu de Indiana Jones e vamos explorar a web perdida.
GRAVATÁ, A. Superinteressante, nov. 2011 (fragmento).
Os gêneros do discurso jornalístico, geralmente a
manchete, a notícia e a reportagem, exigem um repórter
que não diz “eu”, nem mesmo que se refira ao leitor
do texto explicitamente. No trecho lido, ao contrário, é
recorrente o emprego de "você", o qual
Pode chegar de mansinho, como é costume por ali, e observar sem pressa cada detalhe da estação ferroviária de Mariana. Repare na arquitetura recém-revitalizada do casarão, e como os detalhes em madeira branca, as delicadas arandelas de luzes amarelas e os elementos barrocos da torre já começam a dar o gostinho da viagem aguardada. Vindo lá de longe, o apito estridente anuncia que logo, logo o cenário estará completo para a partida. E não tarda para o trem de fato surgir. Pequenino a princípio, mas de repente, em toda aquela imensidão que desliza pelos trilhos. Arrancando sorrisos e deixando boquiaberto até o mais desconfiado dos mineiros.
TIUSSU, B. Raízes m ineiras. Disponível em: www.estadao.com.br. Acesso em: 15 nov. 2011 (fragmento).
A leitura do trecho mostra que textos jornalísticos
produzidos em determinados gêneros mobilizam recursos
linguísticos com o objetivo de conduzir seu público-alvo a
aceitar suas ideias. Para envolver o leitor no retrato que
faz da cidade, a autora
Conflitos de interação ajudam a promover o efeito de
humor. No cartum, o recurso empregado para promover
esse efeito é a
Sambinha
Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras.
Afobadas braços dados depressinha
Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens da rua.
As costureirinhas vão explorando perigos...
Vestido é de seda.
Roupa-branca é de morim.
Falando conversas fiadas
As duas costureirinhas passam por mim.
— Você vai?
— Não vou não!
Parece que a rua parou pra escutá-las.
Nem trilhos sapecas
Jogam mais bondes um pro outro.
E o Sol da tardinha de abril
Espia entre as pálpebras sapiroquentas de duas nuvens.
As nuvens são vermelhas.
A tardinha cor-de-rosa.
Fiquei querendo bem aquelas duas costureirinhas...
Fizeram-me peito batendo
Tão bonitas, tão modernas, tão brasileiras!
Isto é...
Uma era ítalo-brasileira.
Outra era áfrico-brasileira.
Uma era branca.
Outra era preta.
ANDRADE, M. Os melhores poemas. Sao Paulo: Global, 1988.
Os poetas do Modernismo, sobretudo em sua primeira fase, procuraram incorporar a oralidade ao fazer poético, como parte de seu projeto de configuração de uma identidade linguística e nacional. No poema de Mário de Andrade esse projeto revela-se, pois