As canções dos escravos tornaram-se espetáculos em
eventos sociais e religiosos organizados pelos senhores
e chegaram a ser cantadas e representadas, ao longo do
século XIX, de forma estereotipada e depreciativa, pelos
blackfaces dos Estados Unidos e Cuba, e pelos teatros
de revista do Brasil. As canções escravas, sob a forma
de cakewalks ou lundus, despontavam frequentemente
no promissor mercado de partituras musicais, nos salões,
nos teatros e até mesmo na nascente indústria fonográfica
— mas não necessariamente seus protagonistas negros.
O mundo do entretenimento e dos empresários musicais
atlânticos produziu atraentes diversões dançantes com
base em gêneros e ritmos identificados com a população
negra das Américas.
ABREU, M. O legado das canções escravas nos Estados Unidos e no Brasil: diálogos
musicais no pós-abolição. Revista Brasileira de História, n. 69, jan.-jun. 2015.
A absorção de elementos da vivência escrava pela
nascente indústria do lazer, como demonstrada no texto,
caracteriza-se como