Havia já muito tempo que a Europa desfrutava os
benefícios da vacina e arrancava à morte milhares de
inocentes, condenados a serem vítimas do terrível flagelo
das bexigas, e o governo de Portugal nunca se lembrara de
transmitir ao Brasil a mais útil das descobertas humanas,
quando aliás nenhum país mais do que ele carecia deste
salutar invento ou se atendesse às vantagens da população
ou ao perdimento de imensas somas na mortandade
contínua de escravos, que este flagelo devorava. O certo
é que mais ocupado de seu ouro que de seus habitantes,
Portugal, como em outros muitos casos, esperou que o
Brasil por seu próprio impulso remediasse a este mal.
PEREIRA, J. C. 12 jan. 1828 apud LOPES, M. B.; POLITO, R. Para uma história
da vacina no Brasil: um manuscrito inédito de Norberto e Macedo. História,
Ciências, Saúde — Manguinhos, n. 2, abr.-jun. 2007 (adaptado).
Escrito em 1828, o texto expressa a seguinte ideia de
origem iluminista: