Questões do Enem
Sobre português
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De acordo com alguns estudos, uma inovação do português brasileiro é o R caipira, às vezes tão intenso que parece valer por dois ou três, como em porrrta ou carrrne.
Associar o R caipira apenas ao interior paulista é uma
imprecisão geográfica e histórica, embora o R tenha sido
uma das marcas do estilo matuto do ator Mazzaropi em
32 filmes. Seguindo as rotas dos bandeirantes paulistas
em busca de ouro, os linguistas encontraram o R
supostamente típico de São Paulo em cidades de Minas
Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e oeste
de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, formando um
modo de falar similar ao português do século XVIII.
Quem tiver paciência e ouvido apurado poderá encontrar também na região central do Brasil o S chiado, uma característica típica do falar carioca que veio com os portugueses em 1808 e era um sinal de prestígio por representar o falar da Corte.
A história da língua portuguesa no Brasil está revelando as características preservadas do português, como a troca do L pelo R, resultando em pranta em vez de planta. Camões registrou essa troca em Os Lusíadas — lá está um frautas no lugar de flautas —, e o cantor e compositor paulista Adoniran Barbosa a deixou registrada em frases como “frechada do teu olhar”, do samba Tiro ao Álvaro.
FIORAVANTI, C. Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso em: 11 dez. 2017.
Ponto morto
A minha primeira mulher
se divorciou do terceiro marido.
A minha segunda mulher
acabou casando com a melhor amiga dela.
A terceira (seria a quarta?)
detesta os filhos do meu primeiro casamento.
Estes, por sua vez, não suportam os filhos
do terceiro casamento da minha primeira mulher.
Confesso que guardo afeto pelas minhas ex-sogras.
Estava sozinho
quando um dos meus filhos acenou para mim no
meio do engarrafamento.
A memória demorou para engatar seu nome.
Por segundos, a vida parou em ponto morto.
MASSI, A. A vida errada. Rio de Janeiro: 7Letras, 2001.
No poema, a singularidade da situação representada é efeito da correlação entre
O livro It – A Coisa, de Stephen King
Durante as férias escolares de 1958, em Derry, pacata cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da confiança e... do medo. O mais profundo e tenebroso medo. Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno, que deixou terríveis marcas de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade. Mike Hanlon, o único que permanece em Derry, dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry. O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa. Em It – A Coisa, clássico de Stephen King em nova edição, os amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique ultrapassar os próprios limites.
Disponível em: www.livrariacultura.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017.
Relacionando-se os elementos que compõem esse texto, depreende-se que sua função social
consiste em levar o leitor a
Cartas se caracterizam por serem textos efêmeros, inscritas no tempo de sua produção e escritas, muitas vezes, no papel que se tem à mão. Por isso, frequentemente, salvo um esforço dos próprios missivistas ou de terceiros, preocupados em preservá-las, facilmente desaparecem, seja pelo corriqueiro de seu conteúdo, seja pela sua fragilidade material. Nem sempre é assim, porém. Temos assistido, nestas duas décadas do século XXI, a um grande interesse pelas chamadas écritures du moi (“escritas do eu”, na expressão de Georges Gusdorf): nunca se estudaram tantas memórias, diários, cartas, quanto nesses últimos tempos. Publicações de memórias, diários, cartas sempre houve. Estudos, no entanto, que os enxergassem como objetos de pesquisa, e não como auxiliares para a interpretação da obra de um escritor, como protagonistas, e não como coadjuvantes, eram raros.
Nesse sentido, engana-se quem abre o volume Cartas provincianas: correspondência entre Gilberto Freyre e Manuel Bandeira, lançado pela Global Editora, e julga deparar-se apenas com um livro de cartas. A organizadora preocupou-se em contextualizar cada uma das 68 cartas, em um trabalho cuidadoso e pormenorizado de reconstituição das condições de produção de cada uma delas, um verdadeiro resgate.
TIN, E. Diálogos intermitentes. Pesquisa Fapesp, n. 259, set. 2017.
De acordo com o texto, o gênero carta tem assumido a função social de material de cunho
científico por
Como o preconceito contribui para o aumento da epidemia de aids
Apesar dos avanços da medicina, a mentalidade em relação à aids e ao HIV continua na década de 1980.
O último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, de 2016, mostrou que os casos de HIV entre os jovens no Brasil aumentaram consideravelmente. O problema avançou: das 32 321 novas infecções por HIV registradas em 2015, 24,8% aconteceram com pessoas entre 15 e 24 anos.
Muitos apontam como causa o fato de que os adolescentes não conviveram com o auge da epidemia. Mas, para os especialistas, a questão é bem mais complexa. “Continuamos com essa visão hipócrita de que falar sobre sexo incita os mais jovens, e não damos ferramentas para que eles tomem decisões mais seguras em relação à sexualidade”, afirma Georgiana Braga-Orillard, diretora do Unaids, programa conjunto da ONU sobre HIV e aids, que tem como meta acabar com a epidemia até 2030.
A questão do preconceito não pode ser separada de uma síndrome estigmatizante como a aids. Leis como a que garante o tratamento gratuito pelo SUS e a que penaliza atos de discriminação ajudam, mas não são suficientes para mudar a mentalidade da sociedade, que ainda enxerga quem vive com o vírus como um “merecedor”. Além disso, o acesso à saúde e à orientação não é igual para todos.
Disponível em: http://revistaplaneta.terra.com.br. Acesso em: 2 set. 2017 (adaptado).
Essa reportagem discute o preconceito de não se falar abertamente sobre sexo com os mais
jovens como um fator responsável pelo avanço do número de casos de aids no Brasil. A
estratégia usada pelo repórter para tentar desconstruir esse preconceito é
DE MARIA, W. Campo relampejante, 1977.
Disponível em: www.ballardian.com. Acesso em: 12 jun. 2018.
Na obra Campo relampejante (1977), o artista Walter de Maria coloca hastes de ferro em
espaços regulares, em um campo de 1600 metros quadrados no Novo México. O trabalho faz
parte do movimento artístico Land Art, que trata da
ALBINO, B. S.; VAZ, A. F. O corpo e as técnicas para o embelezamento feminino. Movimento, n. 1, 2008 (adaptado).
Considerando-se as expectativas sobre as feminilidades produzidas pela mídia, na revista mencionada a prática de exercícios tem corroborado para a construção de uma feminilidade
Disponível em: www.comunicadores.info. Acesso em: 27 ago. 2017.
Essa é uma campanha de conscientização sobre os efeitos do álcool na direção. Pela leitura
do texto, depreende-se que
Disponível em: www.hospitalalbertorassi.org.br. Acesso em: 13 dez. 2017 (adaptado).
Considerando-se os elementos constitutivos do texto, esse anúncio visa resolver um problema
relacionado ao(à)
A carroça sem cavalo
Conta-se que, em noites frias de inverno, descia um forte nevoeiro trazido pelo mar e, nessa noite, ouviam-se muitos barulhos estranhos. Os moradores da cidade de São Francisco, que é a cidade mais antiga de Santa Catarina, eram acordados de madrugada com um barulho perturbador. Ao abrirem a janela de casa, os moradores assustavam-se com a cena: viam uma carroça andando sem cavalo e sem ninguém puxando... Andava sozinha! Na carroça, havia objetos barulhentos, como panelas, bules, inclusive alguns objetos amarrados do lado de fora da carroça. O medo dominou a pequena cidade. Conta-se ainda que um carroceiro foi morto a coices pelo seu cavalo, por maltratar o animal. Nas noites de manifestação da assombração, a carroça saía de um nevoeiro, assustava a população e, depois de um tempo, voltava a desaparecer no nevoeiro.
Disponível em: www.gazetaonline.com.br. Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado).
Considerando-se que os diversos gêneros que circulam na sociedade cumprem uma função
social específica, esse texto tem por função
MATTOS, L. O. N. Educação física e educação para a saúde. MultiRio, 2016 (adaptado).
Adolescentes associam que a conquista da “forma ideal” do corpo está relacionada à
PIZANI, J.; BARBOSA-RINALDI, I. P. Cotidiano escolar: a presença de elementos gímnicos nas brincadeiras infantis. Revista de Educação Física da UEM, n. 1, 2010.
Os fundamentos gímnicos da roda e da parada de mãos requerem, respectivamente, a aplicação dos elementos de
Disponível em: www.inbatatais.com.br. Acesso em: 8 maio 2012.
No anúncio sobre a proibição da venda de bebidas alcoólicas para menores, a linguagem
formal interage com a linguagem informal quando o autor
GUARNIERI, A. Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 1 338, set.-out. 2011.
Ao correlacionar o trabalho humano ao da máquina, o autor vale-se da disposição visual do
texto para
Qual a influência da comunicação nos fluxos migratórios?
Denise Cogo, doutora em comunicação, discute a relação entre as tecnologias digitais e as migrações no mundo.
Para a especialista, grande parte das representações e das experiências que conhecemos dos imigrantes chega pela mídia. “A mídia é mediadora das relações”, explica.
O imigrante não é só um sujeito econômico, mas, explica Cogo, um sujeito sociocultural. Portanto, a comunicação integra a trajetória das migrações dentro de um processo histórico. “Desde o planejamento e o estudo das políticas migratórias para o país de destino até o contato com amigos e familiares, o encontro dos fluxos migratórios com as tecnologias digitais traz novas perspectivas para os sujeitos. Também se abre a possibilidade para que, com um celular na mão, os próprios imigrantes possam narrar suas histórias, construindo novos caminhos”, analisa.
Disponível em: http://operamundi.uol.com.br. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).
Ao trazer as novas perspectivas acionadas pelos sujeitos na escrita de suas histórias, o texto
apresenta uma visão positiva sobre a presença da(s)
Ao lado da indústria da moda, a do rock é o melhor exemplo da vendabilidade elástica do passado cultural, com suas reciclagens regulares de sua própria história na forma de retomadas e releituras, retornos e versões cover. Nos últimos anos, o desenvolvimento de novas tecnologias acelerou e, de certa maneira, democratizou esse processo a ponto de permitir que as evidências culturais do rock sejam fisicamente desmanteladas e remontadas como pastiche e colagem, com mais rapidez e falta de controle do que em qualquer época.
CONNOR, S. Cultura pós-moderna: introdução às teorias do contemporâneo. São Paulo: Loyola, 1989.
O rock personifica o paradoxo da cultura de massas (pós-moderna), visto que seu alcance e
influência globais, combinados com a sua tolerância, criam uma
Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado,
Por que vejas uma hora despertado
O sono vil do esquecimento frio:
Não vês nas tuas margens o sombrio,
Fresco assento de um álamo copado;
Não vês ninfa cantar, pastar o gado
Na tarde clara do calmoso estio.
Turvo banhando as pálidas areias
Nas porções do riquíssimo tesouro
O vasto campo da ambição recreias.
Que de seus raios o planeta louro
Enriquecendo o influxo em tuas veias,
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.
COSTA, C. M. Obras poéticas de Glauceste Satúrnio. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 out. 2015.
A concepção árcade de Cláudio Manuel da Costa registra sinais de seu contexto histórico,
refletidos no soneto por um eu lírico que
Muito do que gastamos (e nos desgastamos) nesse consumismo feroz podia ser negociado com a gente mesmo: uma hora de alegria em troca daquele sapato. Uma tarde de amor em troca da prestação do carro do ano; um fim de semana em família em lugar daquele trabalho extra que está me matando e ainda por cima detesto.
Não sei se sou otimista demais, ou fora da realidade. Mas, à medida que fui gostando mais do meu jeans, camiseta e mocassins, me agitando menos, querendo ter menos, fui ficando mais tranquila e mais divertida. Sapato e roupa simbolizam bem mais do que isso que são: representam uma escolha de vida, uma postura interior.
Nunca fui modelo de nada, graças a Deus. Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos armários da alma e na bolsa também. Resistir a certas tentações é burrice; mas fugir de outras pode ser crescimento, e muito mais alegria.
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2011.
Nesse texto, há duas ocorrências de dois-pontos. Na primeira, eles anunciam uma
enumeração das negociações que podemos fazer conosco. Na segunda, eles introduzem uma
TEXTO I
A planta de Belo Horizonte
Foi muito grande o contraste entre a nova capital e as antigas vilas coloniais mineiras, nascidas das necessidades das populações do século XVIII, que se desenvolveram sem nenhum planejamento. A futura capital seria inovadora, moderna e progressista. Assim, o projeto urbanístico que o engenheiro paraense Aarão Reis elaborou para Belo Horizonte causou curiosidade e entusiasmo.
É digno de atenção observar os nomes que foram dados às ruas de Belo Horizonte: estados brasileiros, tribos indígenas, rios etc. Mencioná-los era uma verdadeira aula de estudos sociais. Era, inclusive, uma forma de ensinar a população, ainda carente de ensino formal.
Disponível em: www.descubraminas.com.br. Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado).
TEXTO II
Ruas da cidade
Guaicurus, Caetés, Goitacazes
Tupinambás, Aimorés
Todos no chão
Guajajaras, Tamoios, Tapuias
Todos Timbiras, Tupis
Todos no chão
A parede das ruas não devolveu
Os abismos que se rolou
Horizonte perdido no meio da selva
Cresceu o arraial, arraial
Passa bonde, passa boiada
Passa trator, avião
Ruas e reis
Guajajaras, Tamoios,
Tapuias Tupinambás, Aimorés
Todos no chão
A cidade plantou no coração
Tantos nomes de quem morreu
Horizonte perdido no meio da selva
Cresceu o arraial, arraial
A parede das ruas não devolveu
Os abismos que se rolou
Horizonte perdido no meio da selva
BORGES, L.; BORGES, M. In: NASCIMENTO, M. Clube da esquina 2. Rio de Janeiro: EMI, 1978 (fragmento).
Os textos abordam a preservação da memória e da identidade nacional, presente na
nomeação das ruas belorizontinas. Quais versos do Texto II contestam o projeto arquitetônico
descrito no Texto I?
Disponível em: www.folhavitoria.com.br. Acesso em: 11 dez. 2017.
O uso inusitado do jogo de caça-palavras nessa publicidade de um mercado hortifrúti leva à