Questões Militares de Português - Advérbios

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Q582368 Português
Dentre as circunstâncias destacadas a seguir, uma delas apresenta um valor diferente das demais, assinale-a.
Alternativas
Q572895 Português
TEXTO 01 
                                                                                           Os celulares

Resolvi optar pela forma de plural, pois vejo tanta gente agora com, pelo menos, dois. O que me pergunto é como se comportaria a maioria das pessoas sem celular, como viver hoje sem ele? Uma epidemia neurótica grave atacaria a população? Certamente! Quem não tem seu celular hoje em dia? Crianças, cada vez mais crianças, lidam, e bem, com ele. Apenas uns poucos retrógrados, avessos ao progresso tecnológico. A força consumista do aparelho foi crescendo com a possibilidade de suas crescentes utilizações. Me poupem de enumerá-las, pois só sei de algumas. De fato, ele faz hoje em dia de um tudo. Diria mesmo que o celular veio a modificar as relações do ser humano com a vida e com as outras pessoas.
Até que não custei tanto assim a aderir a este telefoninho ! Nem posso deixar de reconhecer que ele tem me quebrado uns galhos importantes no corre-corre da vida. Mas me utilizo dele pouco e apenas para receber e efetuar ligações. Nem lembro que ele marca as horas, possui calendário. É verdade, recebi uns torpedos e, com dificuldade, enviei outros, bem raros. Imagine tirar fotos, conectá-lo à internet, ao Facebook! Não quero passar por um desajustado à vida moderna. Isto não! No computador, por exemplo, além dos e-mails, participo de rede social, digito (mal), é verdade, meus textos, faço lá algumas compras e pesquisas... Fora dele, tenho meus cartões de crédito, efetuo pagamentos nas máquinas bancárias e, muito importante, sei de cabeça todas as minhas senhas, que vão se multiplicando. Haja memória!
Mas, no caso dos celulares, o que me chama mesmo a atenção é que as pessoas parecem não se desgrudar dele, em qualquer situação, ou ligando para alguém, ou entrando em contato com a internet, acompanhando o movimento das postagens do face, ou mesmo brincando com seus joguinhos, como procedem alguns taxistas, naqueles instantes em que param nos sinais ou em que o trânsito está emperrado.
Não há como negar, contudo, que esta utilização constante do aparelhinho tem causado desconfortos sociais. Comenta a Danuza Leão: "Outro dia fui a um jantar com mais seis pessoas e todas elas seguravam um celular. Pior, duas delas , descobri depois, trocavam torpedos entre elas." Me sinto muito constrangido quando, num grupo, em torno de uma mesa, tem alguém, do meu lado, falando, sem parar, pelo celular. Pior, bem pior, quando estou só com alguém, e esta pessoa fica atendendo ligações continuas, algumas delas com aquela voz abafada, sussurrante... Pode? É freqüente um casal se sentar a uma mesa colada à minha, em um restaurante e, depois, feitos os pedidos aos garçons, a mulher e o homem tomam, de imediato, os seus respectivos celulares. E ficam neles conversando quase o tempo todo, mesmo após o inicio da refeição. Se é um casal de certa idade, podem me argumentar, não devia ter mais nada para conversar. Afinal, casados há tanto tempo! Porém, vejo também casais bem mais jovens, comma mesma atitude, consultando, logo ao se sentarem, os celulares para ver o movimento nas redes sociais, ou enviando torpedos, a maior parte do tempo. Clima de namoro, de sedução, é que não brotava dali. Talvez, alguém parece ter murmurado em meu ouvido, assim os casais encontraram uma maneira eficiente de não discutirem. Falando com pessoas não presentes ali. A tecnologia a serviço do bom entendimento, de uma refeição em paz.
Mas vivencio sempre outras situações em que o uso do celular me prende a atenção. Entrei em um consultório médico, uma senhora aguardava sua vez na sala de espera. Deu para perceber que ela acabava de desligar seu aparelho. Mas, de imediato, fez outra chamada. Estava sentado próximo a ela, que falava bem alto. A ligação era para uma amiga bem intima, estava claro pela conversa desenrolada, desenrolada mesmo. Em breves minutos, não é por nada não, fiquei sabendo de alguns "probleminhas" da vida desta senhora. Não, não vou aqui devassar a vida dela, nem a própria me deu autorização para tal... Afinal, sou uma pessoa discreta. Não pude foi evitar escutar o que minha companheira de sala de espera... berrava. Para não dizer, no entanto, que não contei nada, também é discrição demais, só um pequeno detalhe, sem maior surpresa: ela estava a ponto de estrangular o marido. 0 homem, não posso afiançar, aprontava as suas. Do outro lado, a amigona parecia estimular bem a infortunada senhora. De repente, me impedindo de saber mais fatos, a atendente chama a senhora, chegara a sua hora de adentrar ao consultório do médico. Não sei como ela, bastante exasperada, iria enfrentar um exame, na verdade, delicado. Não deu para vê-la sair pela outra porta. É, os celulares criaram estas situações, propiciando já a formação do que poderá vir a ser chamado de auditeurismo, que ficará, assim, ao lado do antigo voyeurismo.

(UCHÔA, Carlos Eduardo Falcão. Os celulares. In:___ . A vida e o tempo em tom de conversa. Ia ed. Rio de Janeiro: Odisséia, 2013. p. 150-153.).


TEXTO 02 
                                                                                       O reinado do celular

De alto a baixo da pirâmide social, quase todas as pessoas que eu conheço possuem celular. É realmente um grande quebra-galho. Quando estamos na rua e precisamos dar um recado, é só sacar o aparelhinho da bolsa e resolver a questão, caso não dê pra esperar chegar em casa. Pra isso — e só pra isso — serve o telefone móvel, na minha inocente opinião.
Ao contrário da maioria das mulheres, nunca fui fanática por telefone, incluindo o fixo. Uso com muito comedimento para resolver assuntos de trabalho, combinar encontros, cumprimentar alguém, essas coisas relativamente rápidas. Fazer visita por telefone é algo para o qual não tenho a menor paciência. Por celular, muito menos. Considero-o um excelente resolvedor de pendências e nada mais .
Logo, você pode imaginar meu espanto ao constatar como essa engenhoca se transformou no símbolo da neurose urbana. Outro dia fui assistir a um show. Minutos antes de começar, o lobby do teatro estava repleto de pessoas falando ao celular. "Vou ter que desligar, o espetáculo vai começar agora". Era como se todos estivessem se despedindo antes de embarcar para a lua. Ao término do show, as luzes do teatro mal tinham acendido quando todos voltaram a ligar seus celulares e instantaneamente se puseram a discar Para quem? Para quê? Para contar sobre o show para os amigos, para saber o saldo no banco, para o tele-horóscopo?? Nunca vi tamanha urgência em se comunicar à distância. Conversar entre si, com o sujeito ao lado, quase ninguém conversava.
O celular deixou de ser uma necessidade para virar uma ansiedade. E toda ânsia nos mantém reféns, Quando vejo alguém checando suas mensagens a todo minuto e fazendo ligações triviais em público, não imagino estar diante de uma pessoa ocupada e poderosa, e sim de uma pessoa rendida: alguém que não possui mais controle sobre seu tempo, alguém que não consegue mais ficar em silêncio e em privacidade. E deixar celular em cima de mesa de restaurante, só perdoo se o cara estiver com a mãe no leito de morte e for ligeiramente surdo.
Isso tudo me ocorreu enquanto lia o livro infantil menino que queria ser celular, de Marcelo Pires, com ilustrações de Roberto Lautert, Conta a história de um garotinho que não suporta mais a falta de comunicação com o pai e a mãe, já que ambos não conseguem desligar o celular nem por um instante, nem no fim de semana - levam o celular até para o banheiro. O menino não tem vez. Aí a ideia: se ele fosse um celular, receberia muito mais atenção.
Não é história da carochinha, isso rola pra valer.
Adultos e adolescentes estão virando dependentes de um aparelho telefônico e desenvolvendo uma nova fobia: medo de ser esquecido. E dá-lhe falar a toda hora, por qualquer motivo, numa esquizofrenia considerada, ora, ora, moderna.
Os celulares estão cada dia menores e mais fininhos. Mas são eles que estão botando muita gente na palma da mão.

(MEDEIROS, Martha. O reinado do celular. In:____ . Montanha Russa; Coisas da vida; Feliz por nada. Porto Alegre, RS: L&PM, 2013. p. 369-370.)
Leia os trechos abaixo:

I) "Até que não custei tanto assim a aderir [...]." (TEXTO 1, 2 °§) II) "[...] levam o celular até para o banheiro." (TEXTO 2, 5 °§)
Assinale a opção em que o comentário sobre o emprego dos elementos destacados está correto.
Alternativas
Q543154 Português
Assinale a opção em que a expressão sublinhada estabelece uma circunstância que se DISTINGUE das demais.
Alternativas
Q536721 Português

O que diria e o que faria Mandela?

 O mundo acompanha o drama humanitário e os dilemas europeus sobre acolher e/ou conter migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo da África do Norte para a Europa. São desastres constantes nas embarcações com seus passageiros, nas transações encetadas por traficantes do desespero e da esperança. No último fim-de-semana foi o naufrágio de um barco pesqueiro na costa líbia que deixou centenas de mortos. No entanto, outro drama humanitário se desenrola no sul da África, com a violência e a xenofobia dos últimos dias justamente na nação arco-íris que Nelson Mandela se propôs a construir no lugar do apartheid há pouco mais de 20 anos. [...] 

      A mais recente onda de violência mistura xenofobia e mera criminalidade em um país em crescente crise econômica, taxa de desemprego de 24%, chefiado pelo desacreditado presidente Jacob Zuma e marcado pela percepção, especialmente em comunidades pobres, de que estrangeiros estão roubando os empregos. No entanto, o catalisador da violência (xenofobia) se diluiu em meio à escalada, pois muitos dos mortos e donos de negócios saqueados eram sul-africanos.

Nelson Mandela nunca teve sucessores à altura e sempre se soube que seria uma tarefa descomunal construir uma nação arco-íris. O desafio se tornou mais ingrato e o arco-íris está ainda mais distante no horizonte.

(Caio Blinder, 21/04/2015.Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/nova-york/africa-do-sul/o-que-diria-mandela/. Adaptado.)

Acerca dos elementos evidenciados, informe se as afirmativas abaixo são verdadeiras (V) ou falsas (F) e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a seqüência correta.

( ) Em “para a Europa", o “para" contém uma ideia de finalidade.

( ) As duas ocorrências da expressão “no entanto" apresentam o mesmo valor.

( ) No último parágrafo do texto, “sempre" traz uma ideia de tempo, assim como “ainda".

( ) O segmento “o drama humanitário e os dilemas europeus" é sujeito composto pois possui dois núcleos.

Alternativas
Q535698 Português

TELEFONE, UM INIMIGO NECESSÁRIO 

Anna Veronica Mautner

    Na vida nossa de cada dia, muitos tornam o número de telefone acessível, nem sempre com disposição para atender as exigências que disso decorrem. Existe aí uma responsabilidade em relação ao "outro". Se eu dou meu número para alguém, estou anunciando que sou acessível.

    No tempo em que existia lista telefônica, isso poderia ser discutível, pois os números ficavam públicos de certa forma, por lei. Mas, hoje, meu número de celular não está em lista oficial nenhuma, só é acessível se eu der. A partir daí, torno-me responsável por atendê-lo. O processo funciona em mão dupla. Quando ligo para alguém, imagino que vá me atender - senão, por que teria me dado seu número?

    A relação com a telefonia é uma escolha pessoal. Há quem ama falar, há quem é lacônico. Seja como for, tornar-se acessível significa perder graus de liberdade e, ao mesmo tempo, ganhar em acessibilidade. 

    O telefone me torna pública, mas também pode preservar minha privacidade. Para me garantir e me defender, posso usar a secretária eletrônica ou o bina, aliás, inventado e patenteado por um brasileiro. 

    Tudo isso é muito recente. Há cinquenta anos, o telefone era uma raridade reservada para pessoas da classe A. A linha era comprada a preço de ouro. Muitas lojas não tinham mais do que um aparelho - muitas vezes com cadeado; outras, com cadeado só das 13h às 15h, quando ilegalmente recebiam o resultado do jogo do bicho - não disponível para fregueses.

    E, então, um dia, privatizaram a companhia telefônica, e a cidade foi inundada por telefones. Logo depois chegaram os celulares, que invadiram definitivamente nossa vida. 

     Tudo isso transformou as relações interpessoais de maneira avassaladora. Não atender o celular pode ser visto quase como um estelionato. Você está privando o outro do acesso a você - que você prometeu quando deu o número.

    O celular foi uma revolução tão grande quanto a difusão do telefone fixo. Se ligo para o fixo de alguém que não me atende, só sei que a pessoa não está lá. Mas, com o celular, temos que aprender a mentir melhor. Vamos desenvolvendo jeitinhos. Se fulano não me atende, ligo de um número que ele não conhece e descubro se não está lá ou se não quer me atender. Inventamos o bina e depois inventamos jeitinhos para driblá-lo.

     A barreira da invisibilidade ainda não foi vencida. Se é meu amigo ou meu inimigo, não sou capaz de distinguir antes de atender e ouvir a voz. Só depois de atender, o enigma se desfaz. Uma educação para o uso do telefone se faz cada dia mais necessária. 

Folha de São Paulo, 05 fev.2013

VOCABULÁRIO

Lacônico: breve, conciso.

Todas as palavras destacadas abaixo têm natureza adverbial, EXCETO:
Alternativas
Respostas
191: A
192: B
193: C
194: D
195: D