Questões Militares de Português - Denotação e Conotação

Foram encontradas 40 questões

Q839196 Português

                                       O dono do livro


      Li outro dia um fato real narrado pelo escritor moçambicano Mia Couto. Ele disse que certa vez chegou em casa no fim do dia, já havia anoitecido, quando um garoto humilde de 16 anos o esperava sentado no muro. O garoto estava com um dos braços para trás, o que perturbou o escritor, que imaginou que pudesse ser assaltado.

      Mas logo o menino mostrou o que tinha em mãos: um livro do próprio Mia Couto. Esse livro é seu? perguntou o menino. Sim, respondeu o escritor. Vim devolver. O garoto explicou que horas antes estava na rua quando viu uma moça com aquele livro nas mãos, cuja capa trazia a foto do autor.

      O garoto reconheceu Mia Couto pelas fotos que já havia visto em jornais. Então perguntou para a moça: Esse livro é do Mia Couto? Ela respondeu: É. E o garoto mais que ligeiro tirou o livro das mãos dela e correu para a casa do escritor para fazer a boa ação de devolver a obra ao verdadeiro dono.

      Uma história assim pode acontecer em qualquer país habitado por pessoas que ainda não estejam familiarizadas com os livros - aqui no Brasil, inclusive. De quem é o livro? A resposta não é a mesma de quando se pergunta: "Quem escreveu o livro?".

      O autor é quem escreve, mas o livro é de quem lê, e isso de uma forma muito mais abrangente do que o conceito de propriedade privada - comprei, é meu. O livro é de quem lê mesmo quando foi retirado de uma biblioteca, mesmo que seja emprestado, mesmo que tenha sido encontrado num banco de praça.

      O livro é de quem tem acesso às suas páginas e através delas consegue imaginar os personagens, os cenários, a voz e o jeito com que se movimentam. São do leitor as sensações provocadas, a tristeza, a euforia, o medo, o espanto, tudo o que é transmitido pelo autor, mas que reflete em quem lê de uma forma muito pessoal. É do leitor o prazer. É do leitor a identificação. É do leitor o aprendizado. É do leitor o livro.

      Dias atrás gravei um comercial de rádio em prol do Instituto Estadual do Livro em que falo aos leitores exatamente isso: os meus livros são os seus livros. E são, de fato. Não existe livro sem leitor. Não existe. É um objeto fantasma que não serve pra nada.

      Aquele garoto de Moçambique não vê assim. Para ele, o livro é de quem traz o nome estampado na capa, como se isso sinalizasse o direito de posse. Não tem ideia de como se dá o processo todo, possivelmente nunca entrou numa livraria, nem sabe o que é tiragem.

      Mas, em seu desengano, teve a gentileza de tentar colocar as coisas em seu devido lugar, mesmo que para isso tenha roubado o livro de uma garota sem perceber.

      Ela era a dona do livro. E deve ter ficado estupefata. Um fã do Mia Couto afanou seu exemplar. Não levou o celular, a carteira, só quis o livro. Um danado de um amante da literatura, deve ter pensado ela. Assim são as histórias escritas também pela vida, interpretadas a seu modo por cada dono. 

(Martha Medeiros. JORNAL ZERO HORA - 06/11/11./ Revista O Globo, 25 de novembro de 2012.)

Em que opção ocorre um exemplo de uso conotativo da linguagem?
Alternativas
Q829285 Português
O estilo textual do gênero blog admite o uso da linguagem figurada. Marque a alternativa em que NÃO há esse tipo de linguagem.
Alternativas
Q827007 Português


Com base no texto acima, julgue o item subsequente.

A forma verbal “tateia” (l.9) foi empregada com sentido figurado.

Alternativas
Ano: 2017 Banca: PM-MG Órgão: PM-MG Prova: PM-MG - 2017 - PM-MG - Soldado 2° Classe |
Q811387 Português

Observe as palavras destacadas em negrito dos exemplos abaixo:

Pegou o bonde andando.

André é cobra em matemática.

Maria superou a decepção, os cacos da vida foram colados.

Marque a alternativa CORRETA que denomina as palavras destacadas.

Alternativas
Q799749 Português

                         Dados pessoais, uma questão política

       No mundo, foram vendidos 1,424 bilhão de smartphones em 2015; 200 milhões a mais que no ano anterior. Um terço da humanidade carrega um computador no bolso. Manipular esse aparelho tão prático é algo de tal forma óbvio que quase nos faz esquecer o que ele nos impõe em troca e sobre o que repousa toda a economia digital: as empresas do Vale do Silício oferecem aplicativos a usuários que, em contrapartida, lhes entregam seus dados pessoais. Localização, histórico da atividade on-line, contatos etc. são coletados sem pudor, analisados e revendidos a anunciantes publicitários felizes em mirar as “pessoas certas, transmitindo-lhes sua mensagem certa no momento certo”, como alardeia a direção do Facebook. “Se é gratuito, então você é o produto”, já anunciava um slogan dos anos 1970.

      Enquanto as controvérsias sobre vigilância se multiplicam desde as revelações de Edward Snowden em 2013, a extorsão de dados com objetivos comerciais quase não é percebida como uma questão política, ou seja, ligada às escolhas comuns e podendo se tornar objeto de uma deliberação coletiva. Fora das associações especializadas, ela praticamente não mobiliza ninguém. Talvez porque é pouco conhecida.

      Nos anos 1970, o economista norte-americano Dallas Smythe avisava que qualquer pessoa arriada diante de uma tela é um trabalhador que ignora a si próprio. A televisão, explica, produz uma mercadoria, a audiência, composta da atenção dos telespectadores, que as redes vendem para os anunciantes. “Você contribui com seu tempo de trabalho não remunerado e, em troca, recebe os programas e a publicidade”. O labor não pago do internauta se mostra mais ativo do que o do espectador. Nas redes sociais, nós mesmos convertemos nossas amizades, emoções, desejos e cólera em dados que podem ser explorados por algoritmos. Cada perfil, cada “curtir”, cada tweet, cada solicitação, cada clique derrama uma gota de informação de valor no oceano dos servidores refrigerados instalados pela Amazon, pelo Google e pela Microsoft em todos os continentes.

                                  (Pierre Rimbert. Le Monde Diplomatique Brasil, setembro de 2016)

No texto, emprega-se a linguagem figurada com o propósito de intensificar o sentido de uma informação em:
Alternativas
Respostas
21: E
22: D
23: C
24: D
25: E