Questões Militares de Português - Gêneros Textuais

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Q936174 Português

Leia os dois textos a seguir.


Texto I


“No caso de mistura de gêneros, adoto a sugestão da linguista alemã Ulla Fix, que usa a expressão intertextualidade tipológica para designar esse aspecto da hibridização ou mescla de gêneros em que um gênero assume a função de outro. Pessoalmente, estou usando intergenericidade como a expressão que melhor traduz o fenômeno.”

MARCUCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editoria, 2009, p. 165.


Texto II

Receituário ‘prescrito’ pelo médico Renato Figueiredo

Médico do Hospital Regional de Campo Grande prescreve a receita ideal: “sorrisos e amor”. Iniciativa de profissional de hospital público da Capital faz sucesso nas redes sociais.


Imagem associada para resolução da questão

Disponível em: <http://www.diariodigital.com.br/geral/medico-do-hr-prescreve-receita-ideal-sorrisos/145063/> . Acesso em: 24 mai. 2018. Adaptado.


Considere as informações do Texto I e determine se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma sobre o Texto II.


( ) A fusão de dois diferentes gêneros – o gênero receituário e o gênero poema pode ser observada claramente.

( ) A hibridização dos gêneros alterou a finalidade da comunicação; portanto, causou prejuízo de sentidos para o texto.

( ) A intergenericidade foi empregada com um propósito bem definido: estabelecer uma comunicação eficiente com os médicos, público-alvo do receituário.

( ) O propósito comunicacional foi mantido, embora um dos gênero tenha tomado emprestado características que não são, por convenção, suas.


De acordo com as afirmações, a sequência correta é

Alternativas
Q936160 Português

Leia o texto abaixo.


Nasa lança satélites para estudar alterações da água na Terra


Agência espacial quer oferecer novos conhecimentos sobre o

aquecimento global e a elevação do nível do mar.


Imagem associada para resolução da questão


Um par de satélites idênticos, do tamanho de dois carros esportivos, será lançado com a missão de rastrear alterações na água e no gelo terrestres, oferecendo novo conhecimento para leitores e estudiosos sobre o aquecimento global e a elevação do nível do mar, informou a Nasa em 21 de maio. Mesmo sem muitos detalhes, esse fato pode ser um alento para todos e para o mundo.

Água subterrânea, oceanos, lagos, rios e mantos de gelo serão monitorados pelo Seguimento do Experimento Climático e Recuperação da Gravidade (GRACE-FO, na sigla em inglês), uma missão conjunta entre a agência espacial americana (Nasa) e o Centro Alemão de Pesquisas em Geociências (GFZ).

“A água é crucial para todos os aspectos da vida na Terra – a saúde, a agricultura e a manutenção do nosso estilo de vida”, explicou Michael Watkins, chefe científico da missão GRACE-FO e diretor do Laboratório de Propulsão a Jato de Pasadena, Califórnia. “Não se pode gerenciá-la bem até que se possa medi-la. A GRACE-FO fornece um meio único de mensurar a água em muitas de suas fases, permitindo-nos gerenciar os recursos hídricos de forma mais eficaz”, concluiu.

Disponível em:<https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/nasa-lanca-satelites-para-estudar-alteracoes-da-agua-na-terra.ghtml> . Acesso em: 23 mai. 2018. Adaptado.


O texto apresentado é uma reportagem, gênero jornalístico veiculado pelos meios de comunicação. A esse respeito, avalie as justificativas.


I. Serve-se de um tipo de comunicação mista para veicular um fato real.

II. Possui uma função social muito importante como formadora de opinião.

III. Baseia-se apenas em fontes primárias e no testemunho direto de uma autoridade.

IV. Tem como um de seus propósitos informar o leitor sobre um acontecimento relevante da atualidade.

V. Apresenta o retrato do assunto a partir de um ângulo impessoal; por isso, ao contrário da notícia, tem caráter totalmente objetivo.


Está correto apenas o que se afirma em

Alternativas
Q933373 Português
Passeio à Infância

    Primeiro vamos lá embaixo no córrego; pegaremos dois pequenos carás dourados. E como faz calor, veja, os lagostins saem da toca. Quer ir de batelão, na ilha, comer ingás? Ou vamos ficar bestando nessa areia onde o sol dourado atravessa a água rasa? Não catemos pedrinhas redondas para atiradeira, porque é urgente subir no morro; os sanhaços estão bicando os cajus maduros. É janeiro, grande mês de janeiro!
    Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e descer escorregando no capim até a beira do açude. Com dois paus de pita, faremos uma balsa, e, como o carnaval é no mês que vem, vamos apanhar tabatinga para fazer formas de máscaras. Ou então vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim tem um pé de saboneteira.
    Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha, numa simples menina de pernas magras e vamos passear nessa infância de uma terra longe. É verdade que jamais comeu angu de fundo de panela?
    Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino. Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma forquilha com o canivete. Mas não consigo imaginá-la assim; talvez se na praia ainda houver pitangueiras... Havia pitangueiras na praia? Tenho uma ideia vaga de pitangueiras junto à praia. Iremos catar conchas cor-de-rosa e búzios crespos, ou armar o alçapão junto do brejo para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser três horas da tarde, as galinhas lá fora estão cacarejando de sono, você gosta de fruta-pão assada com manteiga? Eu lhe dou aipim ainda quente com melado. Talvez você fosse como aquela menina rica, de fora, que achou horrível nosso pobre doce de abóbora e coco.
    Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do bambual; ali pescarei piaus. Há rolinhas. Ou então ir descendo o rio numa canoa bem devagar e de repente dar um galope na correnteza, passando rente às pedras, como se a canoa fosse um cavalo solto. Ou nadar mar afora até não poder mais e depois virar e ficar olhando as nuvens brancas. Bem pouca coisa eu sei; os outros meninos riram de mim porque cortei uma iba de assa-peixe. Lembro-me que vi o ladrão morrer afogado com os soldados de canoa dando tiros, e havia uma mulher do outro lado do rio gritando.
    Mas como eu poderia, mulher estranha, convertê-la em menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez vi uma urutu junto de um tronco queimado; e me lembro de muitas meninas. Tinha uma que era para mim uma adoração. Ah, paixão da infância, paixão que não amarga. Assim eu queria gostar de você, mulher estranha que ora venho conhecer, homem maduro. Homem maduro, ido e vivido; mas quando a olhei, você estava distraída, meus olhos eram outra vez os encantados olhos daquele menino feio do segundo ano primário que quase não tinha coragem de olhar a menina um pouco mais alta da ponta direita do banco.
    Adoração de infância. Ao menos você conhece um passarinho chamado saíra? E um passarinho miúdo: imagine uma saíra grande que de súbito aparecesse a um menino que só tivesse visto coleiros e curiós, ou pobres cambaxirras. Imagine um arco-íris visto na mais remota infância, sobre os morros e o rio. O menino da roça que pela primeira vez vê as algas do mar se balançando sob a onda clara, junto da pedra.
    Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração da infância. Na minha adolescência você seria uma tortura. Quero levá-la para a meninice. Bem pouca coisa eu sei; uma vez na fazenda riram: ele não sabe nem passar um barbicacho! Mas o que sei lhe ensino; são pequenas coisas do mato e da água, são humildes coisas, e você é tão bela e estranha! Inutilmente tento convertê-la em menina de pernas magras, o joelho ralado, um pouco de lama seca do brejo no meio dos dedos dos pés.
    Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra grande! Na adolescência me torturaria; mas sou um homem maduro. Ainda assim às vezes é como um bando de sanhaços bicando os cajus de meu cajueiro, um cardume de peixes dourados avançando, saltando ao sol, na piracema; um bambual com sombra fria, onde ouvi silvo de cobra, e eu quisera tanto dormir. Tanto dormir! Preciso de um sossego de beira de rio, com remanso, com cigarras. Mas você é como se houvesse demasiadas cigarras cantando numa pobre tarde de homem.

Julho, 1945

Crônica extraída do livro “200 crônicas escolhidas”, de Rubem Braga.

Texto adaptado à nova ortografia.
A crônica Passeio à Infância, de Rubem Braga, é um texto:
Alternativas
Q924070 Português

TEXTO I


Só o homem entediado terá chance de salvação num futuro de smartphones

                                                    João Pereira Coutinho





Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2017/06/1897093-so-ohomem-entediado-tera-chance-de-salvacao-num-futuro-de-smartphones.shtml>. Último acesso em 06 de julho de 2017. (Adaptado).

VOCABULÁRIO:
1. Toga – traje preto e comprido, usado por advogados e por professores catedráticos e doutorados em ocasiões especiais.
2. Nefasto – nocivo, prejudicial, perverso, trágico, mau.
3. Espreitar – espiar, olhar demorada e fixamente.
4. Torpor – indiferença ou apatia moral; indolência, prostração.
5. Ópio – narcótico, droga que provoca adormecimento.

Sobre o texto I, responda à questão.
O texto I, de João Pereira Coutinho, é uma crônica. Enquadra-se afinado, pois, tanto com os gêneros jornalísticos quanto com os artísticos. Em relação às especificidades destes últimos, cronistas costumam-se valer de recursos estilísticos que enriqueçam seu texto. Indique a alternativa que demonstra adequada associação entre exemplo destacado e recurso utilizado na crônica.
Alternativas
Q905544 Português

Feminicídio


(Vladimir Safatle)


    Neste final de semana, esta Folha publicou editorial criticando a proposta de ampliar a pena daqueles que assassinam mulheres por “razões de gênero”. O texto alega que tal “populismo” jurídico seria extravagância, já que todas as circunstâncias agravantes que poderiam particularizar o homicídio contra mulheres (motivo fútil, crueldade, dificuldade de defesa) estariam contempladas pela legislação vigente. Neste sentido, criar a categoria jurídica “razões de gênero” de nada serviria, a não ser quebrar o quadro universalista que deveria ser o fundamento da lei.

    No entanto, é difícil concordar com o argumento geral. Primeiro porque não é correta a ideia de que dispositivos jurídicos que particularizam a violência de grupos historicamente vulneráveis sejam eficazes. A Lei Maria da Penha, só para ficar em um exemplo, mostra o contrário. Pois, ao particularizar, o direito dá visibilidade a algo que a sociedade teima em não reconhecer. Ele indica a especificidade para um tipo de violência que só pode ser combatido quando nomeado. Neste contexto, apagar o nome é uma forma brutal de perpetuação da violência.

    Estudo do Ipea1 estima anualmente, no Brasil, algo em torno de 527 mil tentativas e casos de estupros, sendo que 88,5% das vítimas são mulheres e mais da metade tem menos de 13 anos. Só em 2011, foram notificados no Sinan2 33 casos de estupro por dia, ou seja, esse foi o número de vítimas que procuraram o serviço médico. Diante de números aterradores, é difícil não reconhecer que existe uma violência específica contra as mulheres, assim como há específicas contra homossexuais, travestis entre outros. Que o direito sirva-se de sua capacidade de particularizar sofrimentos para lutar contra tais especificidades, eis uma de suas funções mais decisivas em sociedades em luta para criar um conceito substantivo de democracia.

    Nesse sentido, há de se lembrar que não se justifica usar o argumento da necessidade de respeitar a natureza universalista da lei em situações sociais nas quais tal universalidade mascara desigualdades reais. O direito deve usar, de forma estratégica e provisória, a particularização a fim de evidenciar o vínculo entre violência e certas formas de identidade, impulsionando com isto a criação de um universalismo real.

    Se a sociedade brasileira chegou a este estágio de violência contra a mulher é porque há coisas que ela nunca quis ver e continuará não vendo enquanto o direito não nomeá-las. Quando tal violência passar, podemos voltar ao quadro legal generalista. Desta forma, ao menos desta vez, o governo agiu de maneira correta.


(SAFATLE, Vladimir. Feminicídio. Folha de S. Paulo. São Paulo, 10 mar. 2015. P A2)


1Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

2Sistema de Informações de Agravos de Notificação

A partir da variedade de gêneros textuais existentes e as características do texto “Feminicídio”, pode-se afirmar que este deve ser classificado como:
Alternativas
Respostas
111: B
112: A
113: A
114: E
115: D