Questões Militares de Português - Interpretação de Textos

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Q734006 Português
Sobre pontuação, não está de acordo com a norma padrão separar os termos essenciais e integrantes da oração. Reescritos os períodos do texto acima, está correta apenas a alternativa:
Alternativas
Q734003 Português
As palavras ratificar e retificar apresentam os seguintes significados, respectivamente:
Alternativas
Q734002 Português

 “Eleição de Trump gera temor sobre política de vigilância nos EUA”.

A surpreendente vitória de Donald Trump na eleição norte-americana alarmou as empresas de tecnologia e ativistas das liberdades civis que temem que o presidente eleito, que se descreve como um presidente "da lei e da ordem" tentará expandir os programas de vigilância e retomar uma longa batalha sobre o acesso do governo a informações criptografadas. A campanha de Trump teve vários ataques contra as empresas do setor de tecnologia, incluindo pedidos para fechamento de partes da Internet para limitar a propaganda do Estado Islâmico e convocação de boicote a produtos da Apple devido à recusa da empresa em ajudar o FBI a destravar um iPhone associado ao tiroteio de San Bernardino, na Califórnia, no ano passado. Trump também ameaçou uma ação antitruste contra a Amazon.com e exigiu que as empresas de tecnologia como a Apple elaborem seus produtos nos Estados Unidos. A batalha contra a criptografia, que remete aos anos 1990, pode se incendiar rapidamente com a vitória de Trump e reeleição do senador republicano Richard Burr, presidente do Comitê de Inteligência do Senado. Burr liderou um esforço fracassado no ano passado para aprovar uma lei que exige que empresas criem "portas dos fundos" em seus produtos que permitiriam que agentes do governo burlassem a criptografia e outras formas de proteção de dados. Tais exigências são fortemente rejeitadas pelo setor de tecnologia, que argumenta que portas dos fundos enfraquecem a segurança para todos e que o governo não tem que interferir no design de produtos de tecnologia. "Eu acho que [Trump] vai ser um cara que provavelmente vai ordenar a criação das portas dos fundos", disse o diretor de operações da Strategic Cyber Ventures e veterano da Agência de Segurança Nacional, Hank Thomas. "Eu não acho que ele vai ser amigável com a privacidade e eu temo que ele vá envolver mais as agências no cumprimento da lei internamente."

(Fonte:<http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/11/eleicao-de-trump-gera-temor-sobre-politica-de-vigilancia-nos-eua.html>).

De acordo com o texto, a eleição de Donald Trump pode ser interpretada pelos ativistas das liberdades civis e profissionais do setor de tecnologia da seguinte maneira:
Alternativas
Q734001 Português

“O Regulamento da Força Policial, aprovado em 1836, só veio ratificar a missão acima citada, outorgando-lhe a missão ampla e complexa de atender desde incêndios até a prisão de infratores das posturas municipais. Essa foi, durante muitos anos, a principal missão da Força Policial. Porém, durante o período Imperial, o Brasil se viu envolvido em inúmeras contendas internas e externas, tais como a Guerra dos Farrapos e a Guerra do Paraguai, para citar apenas as que atingiram mais diretamente o Estado de Santa Catarina.”

Disponível em: http://www.pm.sc.gov.br/institucional/historia/. Acesso em 12/11/2016. 

No texto, o pronome “lhe”, destacado acima, é um anafórico, refere-se à(ao):
Alternativas
Q733999 Português

“O Regulamento da Força Policial, aprovado em 1836, só veio ratificar a missão acima citada, outorgando-lhe a missão ampla e complexa de atender desde incêndios até a prisão de infratores das posturas municipais. Essa foi, durante muitos anos, a principal missão da Força Policial. Porém, durante o período Imperial, o Brasil se viu envolvido em inúmeras contendas internas e externas, tais como a Guerra dos Farrapos e a Guerra do Paraguai, para citar apenas as que atingiram mais diretamente o Estado de Santa Catarina.”

Disponível em: http://www.pm.sc.gov.br/institucional/historia/. Acesso em 12/11/2016. 

A palavra ”ratificar”, destacada acima, pode ser substituída, sem alterar o significado por:
Alternativas
Q733998 Português

“Não há um limite que estabelece até quando o apego a bichos de estimação é normal ou não. Ter um animal de estimação, na maioria dos casos, é benéfico para a saúde física e mental por ser uma forma de ter companhia e um meio de expressar emoções. Quem tem um bichinho sabe muito bem disso”. (Bichos de estimação Superinteressante, 2007).

De acordo com o texto, de forma geral, as pessoas que possuem bichos de estimação afastam que espécie de sentimento:

Alternativas
Q733997 Português

Leia com atenção as três estrofes da Canção da Polícia Militar de Santa Catarina

Letra e música: Ten Cel Roberto Kel.

“I

Na grandeza do nosso passado

Na bravura que o tempo guardou

Nossa Farda é um atestado

Que o heroísmo já glorificou

A defesa da Lei e dos lares

Essa Farda nos faz garantir

Os deveres são nossos altares

Destinados ao crime banir


Estribilho

Salve PM Catarinense

O teu nome havemos de honrar

Na batalha que o bem sempre vence

Para a Lei na vanguarda ficar

Na batalha que o bem sempre vence

Para a Lei na vanguarda ficar


II

Quer na paz patrulhando a cidade

Quer na guerra ou em pleno sertão

Onde faça mister a verdade

Onde faça mister a razão

Ao tombarem a serviço da Lei

Nossos bravos heróis destemidos

Esquecidos soldados da grei

Jamais sejam por nós esquecidos” 

Ainda sobre o uso de figuras de linguagem, há uma comparação metafórica em:
Alternativas
Q733996 Português

Leia com atenção as três estrofes da Canção da Polícia Militar de Santa Catarina

Letra e música: Ten Cel Roberto Kel.

“I

Na grandeza do nosso passado

Na bravura que o tempo guardou

Nossa Farda é um atestado

Que o heroísmo já glorificou

A defesa da Lei e dos lares

Essa Farda nos faz garantir

Os deveres são nossos altares

Destinados ao crime banir


Estribilho

Salve PM Catarinense

O teu nome havemos de honrar

Na batalha que o bem sempre vence

Para a Lei na vanguarda ficar

Na batalha que o bem sempre vence

Para a Lei na vanguarda ficar


II

Quer na paz patrulhando a cidade

Quer na guerra ou em pleno sertão

Onde faça mister a verdade

Onde faça mister a razão

Ao tombarem a serviço da Lei

Nossos bravos heróis destemidos

Esquecidos soldados da grei

Jamais sejam por nós esquecidos” 

É comum, em textos em verso, a presença de figuras de linguagem. Há, nos versos, antítese em:
Alternativas
Q726272 Português
Assinale a alternativa em que o significado apresentado na Coluna 2 NÃO corresponde ao significado da palavra ou expressão destacada na Coluna 1.
Alternativas
Q726260 Português

Um rio do Éden

29 de agosto de 2013 | 2h 19. Luiz Fernando Veríssimo - O Estado de S. Paulo.

 O meu relógio biológico é um Rolex. Não, brincadeira. Nós todos temos um relógio dentro de nós que sempre "sabe" exatamente que horas são, embora nem todo mundo saiba que ele sabe, ou confie nele. O relógio biológico funciona mais ou menos como uma portaria de hotel, à qual você pede para ser acordado a certa hora. Ou como um despertador, que você marca para acordá-lo. O relógio interior pode falhar - as portarias de hotel e os despertadores também falham -, mas sempre que não acreditei no meu me arrependi. O que aconteceu mais de uma vez foi que o relógio biológico me acordou e fiquei na cama, aflito para saber se a portaria iria se lembrar ou o despertador funcionar, e acabei me atrasando. E minha tese é que quando o relógio biológico não nos acorda é porque, no fundo, não queremos acordar. Algum outro instrumento instintivo que carregamos sem saber prevaleceu e neutralizou o relógio.

 É fascinante essa ideia de que trazemos nos genes recursos, impulsos, fobias e encargos dos quais não nos damos conta, como relógios embutidos ligados a alguma fonte inimaginavelmente precisa de tempo certo. Somos portadores de mensagens cifradas que não conhecemos, e não entenderíamos se conhecêssemos. Há uma teoria segundo a qual o pavor universal de cobras vem de um resquício do passado reptiliano que ficou num dos cantos primitivos do nosso cérebro. E a mais nobre e misteriosa missão que nossos genes realizam à nossa revelia é a de trazer nosso DNA desde as origens da espécie humana até agora. Ninguém nos contratou, mas nossa função no mundo é transportar DNA.

 O famoso biólogo darwinista Richard Dawkins deu um título poético a um dos seus livros: River Out of Eden. Tirado de Gênese 2:10 "E saía um rio do Éden para regar o jardim, e dali se dividia". O rio do Éden de Dawkins e de DNA, e passa por todos nós.

Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,um-rio-do-eden-,1069085,0.htm. Acesso em 6/9/2013. 

Na crônica de Veríssimo, predominam as sequências dissertativo-argumentativas, pois o autor:
Alternativas
Q726259 Português

Um rio do Éden

29 de agosto de 2013 | 2h 19. Luiz Fernando Veríssimo - O Estado de S. Paulo.

 O meu relógio biológico é um Rolex. Não, brincadeira. Nós todos temos um relógio dentro de nós que sempre "sabe" exatamente que horas são, embora nem todo mundo saiba que ele sabe, ou confie nele. O relógio biológico funciona mais ou menos como uma portaria de hotel, à qual você pede para ser acordado a certa hora. Ou como um despertador, que você marca para acordá-lo. O relógio interior pode falhar - as portarias de hotel e os despertadores também falham -, mas sempre que não acreditei no meu me arrependi. O que aconteceu mais de uma vez foi que o relógio biológico me acordou e fiquei na cama, aflito para saber se a portaria iria se lembrar ou o despertador funcionar, e acabei me atrasando. E minha tese é que quando o relógio biológico não nos acorda é porque, no fundo, não queremos acordar. Algum outro instrumento instintivo que carregamos sem saber prevaleceu e neutralizou o relógio.

 É fascinante essa ideia de que trazemos nos genes recursos, impulsos, fobias e encargos dos quais não nos damos conta, como relógios embutidos ligados a alguma fonte inimaginavelmente precisa de tempo certo. Somos portadores de mensagens cifradas que não conhecemos, e não entenderíamos se conhecêssemos. Há uma teoria segundo a qual o pavor universal de cobras vem de um resquício do passado reptiliano que ficou num dos cantos primitivos do nosso cérebro. E a mais nobre e misteriosa missão que nossos genes realizam à nossa revelia é a de trazer nosso DNA desde as origens da espécie humana até agora. Ninguém nos contratou, mas nossa função no mundo é transportar DNA.

 O famoso biólogo darwinista Richard Dawkins deu um título poético a um dos seus livros: River Out of Eden. Tirado de Gênese 2:10 "E saía um rio do Éden para regar o jardim, e dali se dividia". O rio do Éden de Dawkins e de DNA, e passa por todos nós.

Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,um-rio-do-eden-,1069085,0.htm. Acesso em 6/9/2013. 

Ao justificar por que “a mais nobre e misteriosa missão que nossos genes realizam à nossa revelia é a de trazer nosso DNA desde as origens da espécie humana até agora” (§2), Veríssimo:
Alternativas
Q726258 Português

Um rio do Éden

29 de agosto de 2013 | 2h 19. Luiz Fernando Veríssimo - O Estado de S. Paulo.

 O meu relógio biológico é um Rolex. Não, brincadeira. Nós todos temos um relógio dentro de nós que sempre "sabe" exatamente que horas são, embora nem todo mundo saiba que ele sabe, ou confie nele. O relógio biológico funciona mais ou menos como uma portaria de hotel, à qual você pede para ser acordado a certa hora. Ou como um despertador, que você marca para acordá-lo. O relógio interior pode falhar - as portarias de hotel e os despertadores também falham -, mas sempre que não acreditei no meu me arrependi. O que aconteceu mais de uma vez foi que o relógio biológico me acordou e fiquei na cama, aflito para saber se a portaria iria se lembrar ou o despertador funcionar, e acabei me atrasando. E minha tese é que quando o relógio biológico não nos acorda é porque, no fundo, não queremos acordar. Algum outro instrumento instintivo que carregamos sem saber prevaleceu e neutralizou o relógio.

 É fascinante essa ideia de que trazemos nos genes recursos, impulsos, fobias e encargos dos quais não nos damos conta, como relógios embutidos ligados a alguma fonte inimaginavelmente precisa de tempo certo. Somos portadores de mensagens cifradas que não conhecemos, e não entenderíamos se conhecêssemos. Há uma teoria segundo a qual o pavor universal de cobras vem de um resquício do passado reptiliano que ficou num dos cantos primitivos do nosso cérebro. E a mais nobre e misteriosa missão que nossos genes realizam à nossa revelia é a de trazer nosso DNA desde as origens da espécie humana até agora. Ninguém nos contratou, mas nossa função no mundo é transportar DNA.

 O famoso biólogo darwinista Richard Dawkins deu um título poético a um dos seus livros: River Out of Eden. Tirado de Gênese 2:10 "E saía um rio do Éden para regar o jardim, e dali se dividia". O rio do Éden de Dawkins e de DNA, e passa por todos nós.

Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,um-rio-do-eden-,1069085,0.htm. Acesso em 6/9/2013. 

No início do segundo parágrafo, Veríssimo afirma: “É fascinante essa ideia de que trazemos nos genes recursos, impulsos, fobias e encargos dos quais não nos damos conta, como relógios embutidos ligados a alguma fonte inimaginavelmente precisa de tempo certo”. Nessa afirmação, a expressão destacada “essa ideia" foi utilizada para:

I - retomar algo já mencionado no primeiro parágrafo.

II - detalhar melhor os aspectos apresentados no primeiro parágrafo.

III - manter o tema e, ao mesmo tempo, acrescentar informações novas.

IV - fazer o texto progredir sequencialmente.

V - introduzir apenas informações completamente novas.

Estão corretas apenas :

Alternativas
Q726257 Português

Um rio do Éden

29 de agosto de 2013 | 2h 19. Luiz Fernando Veríssimo - O Estado de S. Paulo.

 O meu relógio biológico é um Rolex. Não, brincadeira. Nós todos temos um relógio dentro de nós que sempre "sabe" exatamente que horas são, embora nem todo mundo saiba que ele sabe, ou confie nele. O relógio biológico funciona mais ou menos como uma portaria de hotel, à qual você pede para ser acordado a certa hora. Ou como um despertador, que você marca para acordá-lo. O relógio interior pode falhar - as portarias de hotel e os despertadores também falham -, mas sempre que não acreditei no meu me arrependi. O que aconteceu mais de uma vez foi que o relógio biológico me acordou e fiquei na cama, aflito para saber se a portaria iria se lembrar ou o despertador funcionar, e acabei me atrasando. E minha tese é que quando o relógio biológico não nos acorda é porque, no fundo, não queremos acordar. Algum outro instrumento instintivo que carregamos sem saber prevaleceu e neutralizou o relógio.

 É fascinante essa ideia de que trazemos nos genes recursos, impulsos, fobias e encargos dos quais não nos damos conta, como relógios embutidos ligados a alguma fonte inimaginavelmente precisa de tempo certo. Somos portadores de mensagens cifradas que não conhecemos, e não entenderíamos se conhecêssemos. Há uma teoria segundo a qual o pavor universal de cobras vem de um resquício do passado reptiliano que ficou num dos cantos primitivos do nosso cérebro. E a mais nobre e misteriosa missão que nossos genes realizam à nossa revelia é a de trazer nosso DNA desde as origens da espécie humana até agora. Ninguém nos contratou, mas nossa função no mundo é transportar DNA.

 O famoso biólogo darwinista Richard Dawkins deu um título poético a um dos seus livros: River Out of Eden. Tirado de Gênese 2:10 "E saía um rio do Éden para regar o jardim, e dali se dividia". O rio do Éden de Dawkins e de DNA, e passa por todos nós.

Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,um-rio-do-eden-,1069085,0.htm. Acesso em 6/9/2013. 

Considerando o uso das palavras no texto, numere a segunda coluna de acordo com a primeira.

(1) Rolex

(2)gene

(3) DNA

(4) darwinista

(5) Gênese

(6) Éden

(...) sigla que abrevia o termo ácido desoxirribonucleico (ADN, em portuquês).

(...) que está de acordo com a teoria evolucionista do naturalista inglês Charles Robert Darwin (1809-1882).

(...) marca de relógio suíço de luxo, considerado, por muitos, um símbolo de status.

(...) menos usado que Gênesis: é o primeiro livro tanto da Bíblia Hebraica como da Bíblia Cristã

(...) jardim em que Adão e Eva viveram; paraíso.

(...) unidade fundamental, física e funcional da hereditariedade.

A sequência numérica correta é:

Alternativas
Q726130 Português
Na pele do outro (adaptação)
Eliane Brum
O cotidiano parece se repetir conforme o previsto até que você é empalado por uma cena. Eu saía da loja de um shopping de São Paulo, na tarde de sábado, quando ele passou por mim. Não sei se era a forma como o ar se deslocava de outro jeito ao redor dele, mas eu ainda não o tinha visto e minhas mãos já se estendiam no ar para ampará- lo. Ou talvez fosse só impressão minha, uma vontade estancada antes do movimento. Era um homem velho. Mas mais do que velho, era um homem doente. Cada um dos seus passos se dava por uma coragem tão grande, porque até o pé aterrissar no chão me parecia que ele podia retroceder ou cair. Mas ele avançava. E porque ele avançava na minha frente eu pude ver aquilo que outras partes de mim já haviam percebido antes. Sobre a sua cabeça havia uma peruca tão falsa que servia apenas para revelar aquilo que ele pretendia esconder. E de uma cor tão diferente do seu cabelo branco que parecia descuido de quem o amava ou não amava. Aquilo doía porque havia uma vaidade nele, a preocupação de ocultar a nudez da cabeça. E a peruca mal feita a expunha como um fracasso. A cada um de seus passos de epopeia sua camisa subia revelando um largo pedaço da fralda geriátrica. E assim ele avançava como uma denúncia claudicante da fragilidade de todos nós. Atravessando o corredor do shopping, lugar onde fingimos poder comprar tudo o que nos falta, consumidos pelo medo dessa vida que já começa nos garantindo apenas o fim.
Eu o seguia nesse balé sem coreografia quando ouvi os risinhos. Olhei ao redor e vi as pessoas se cutucando. Olha lá. Olha lá que engraçado. Ele tinha virado piada. Aquele homem desconhecido deixara a sua casa e atravessava o shopping. Para isso empreendera seus melhores esforços. Tinha vestido a peruca para que não percebessem sua calvície. Tinha colocado a fralda para não se urinar no meio do corredor. E caminhava podendo cair a cada passo. E as pessoas ao seu redor riam. E por um momento temi uma cena de filme, quando de repente todos começam a gargalhar e há apenas o homem em silêncio. O homem que não compreende. Até enxergar seu reflexo no olhar que o outro lhe devolve e ser aniquilado porque tudo o que veem nele não é um homem tentando viver, mas uma chance de garantir sua superioridade e sua diferença.
Quando entrevisto algum escritor costumo perguntar: por que você escreve? Alguns me respondem que escrevem para não matar. Eu também escrevo para não matar. Acho que na maior parte das vezes a gente escreve, pinta, cozinha, compõe, costura, cria, enfim, porque não sabe o que fazer com as pessoas que riem enquanto alguém tenta atravessar o corredor do shopping sem ter forças para atravessar o corredor do shopping.
O que me horroriza, mais do que os grandes massacres estampados no noticiário, são essas pequenas maldades do cotidiano. E só consigo compreender os grandes massacres a partir dos pequenos massacres de todo dia. Os risinhos e dedos que apontam, os cotovelos que se cutucam.
Quem pratica os massacres miúdos do dia a dia é gente que se acha do bem, que não cometeu nenhum delito, que vai trabalhar de manhã e dá presente de Natal. Gente com quem você pode conversar sobre o tempo enquanto espera o ônibus, que trabalha ao seu lado ou bem perto de você, e às vezes até lhe empresta o creme dental no banheiro. É destes que eu tenho mais medo, é com estes que eu não sei lidar.
Entrevistei muitos assassinos sem sobressalto, porque estava tudo ali, explícito. Era uma quebra. O que me parece mais difícil é lidar com o mal rotineiro e persistente, difícil de combater porque camuflado. O mal praticado com afinco pelos pequenos assassinos do cotidiano que nenhuma lei enquadra. E quando você os confronta, esboçam uma cara de espanto.
O pequeno mal está por toda parte. Possivelmente sempre esteve. Apenas que cada época tem suas peculiaridades. E na nossa somos cegados o tempo inteiro por imagens que nos chegam por telas de todos os tamanhos. E cada vez mais escolhemos as cenas que veremos, com quais nosso cérebro decidirá se comover. E as dividimos com os amigos no twitter, enviamos por email e parece até que há uma competição sobre quem consegue enviar mais rápido as imagens mais impactantes. Mas não sei se isso é ver. Não sei se isso nos coloca em contato de verdade.
Penso nisso porque acho que o mundo seria melhor — e a vida doeria um pouco menos — se cada um se esforçasse para vestir a pele do outro antes de rir, apontar e cutucar o colega para que não perca a chance de desprezar um outro, em geral mais vulnerável. Antes de julgar e de condenar. Antes de se achar melhor, mais esperto e mais inteligente. Vestir a pele do outro no minuto anterior ao salto na jugular. (...)
Quais são as razões delas, então? Por que ao testemunhar o homem que atravessa o shopping em passos trôpegos elas riem, se cutucam e apontam? Fiquei pensando se estas pessoas estão tão cegas pela avalanche de cenas em tempo real que para elas é apenas uma imagem da qual podem se descolar. É só mais uma cena que, como tantas a que assistimos todos os dias, não sabemos mais se é realidade ou ficção. Não é que não sabemos, apenas que parece que não importa, agora que os limites estão distendidos. Por que apenas assistimos às cenas — não as vemos nem entramos em contato. (...)
Será que era por isso que podiam rir? Por que não tinham nenhuma conexão com aquele outro ser humano? É curioso que agora o verbo conectar é mais usado para nos ligarmos a uma máquina que nos leva instantaneamente para a vida dos outros. Pela primeira vez somos capazes de nos conectar ao mundo inteiro. O que é mais fácil do que se conectar a uma só pessoa — ao homem doente que atravessa o corredor do shopping diante de nós. É curioso como agora podemos nos conectar — para nos desconectarmos.
E se, ao contrário, riam porque se sentiam tão conectadas a ele que precisavam rir para suportar? Pensei então que talvez pudesse ser esta a razão. Aquelas pessoas realmente enxergavam aquele homem — e por enxergar é que precisavam rir, se cutucar e apontar. Porque a fragilidade dele também é a delas, a de cada um de nós.
(...)
Talvez seja esta a razão, pensei. Essas pessoas precisaram rir, cutucar e apontar para ter a certeza — momentânea e ilusória — de que ele não era elas. Não seria nunca. Só apontamos para o outro, para o diferente, para aquele que não somos nós. E quando apontamos para alguém é justamente para denunciar que ela não é como nós.
Neste caso, teria sido para se certificar. Elas diziam: Olha que peruca ridícula. Ou: Você viu que ele está de fralda? Mas na verdade estavam dizendo: O que acontece com ele nunca acontecerá comigo. Ou: Ele não tem nada a ver comigo. Por que deixam gente assim entrar num shopping?
Riam, cutucavam e apontavam por medo do que viam nele — de si mesmas.
São hipóteses, apenas. Uma tentativa de entender — de pensar e escrever em vez de responder com violência à violência que presenciei. E que me aniquila tanto quanto um massacre reconhecido no noticiário como massacre.
Talvez não seja nada disso. No Natal minha filha me deu de presente uma camiseta em que a Mafalda, a personagem do cartunista argentino Quino, dizia: “E não é que neste mundo tem cada vez mais gente e cada vez menos pessoas?”. Talvez ali, no corredor do shopping, não fossem pessoas — só gente. Porque nascemos gente — mas só nos tornamos pessoas se fizermos o movimento.
(http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI202868- 15230,00.html – 02/03/2011)
“Penso nisso porque acho que o mundo seria melhor — e a vida doeria um pouco menos — se cada um se esforçasse para vestir a pele do outro antes de rir, apontar e cutucar o colega para que não perca a chance de desprezar um outro, em geral mais vulnerável.”
É possível substituir corretamente os travessões do período acima sem qualquer prejuízo sintático-semântico na seguinte alternativa:
Alternativas
Q725758 Português

Leia o verbete de dicionário abaixo.

Imagem associada para resolução da questão

O pequeno príncipe pergunta à raposa sobre o significado de “cativar”. Como resposta, ela diz “criar laços” (linha 18). Considerando os diversos significados apresentados no verbete, identifique aqueles que se assemelham à resposta dada.

Alternativas
Q724830 Português

                 OMS: 80% dos habitantes sofrem com poluição

                                           em 3 mil cidades


      Oito de cada dez pessoas que vivem em zonas urbanas respiram um ar com níveis de poluição que supera os limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com uma situação notoriamente mais grave nos países de renda média e baixa. Neste último grupo de países, 98% das cidades com mais de 100 mil habitantes não cumpre com as normas internacionais em matéria de qualidade do ar, enquanto nos países ricos essa porcentagem cai para 56%. Esses são alguns dados mais relevantes da base de dados sobre poluição ambiental apresentada hoje pela OMS, que inclui informações de 3.000 cidades em 103 países, o que representa a maior compilação de dados feita até o momento.

   “Na maioria dos países pobres, a qualidade do ar está piorando e isso se tornou uma tendência, enquanto se observa o contrário nos países com uma renda maior”, declarou o coordenador do Departamento de Saúde Pública da OMS, Carlos Dora.

      Se for feita uma extrapolação dos dados pode-se sustentar que mais da metade da população urbana vive em cidades com um nível de poluição 2,5 vezes maior do que o recomendado e que somente 16% respira um ar que cumpre com as normas. Na apresentação desses dados à imprensa, Carlos Dora destacou que em todas as regiões, inclusive demasiadamente pobres, algumas cidades estão conseguindo melhorar a qualidade de seu ar, mas lamentou que “a maioria de cidades estejam no caminho errado”.

    No entanto, a poluição ambiental não deve ser observada como uma fatalidade nos países pobres: “há certas cidades que pertencem a países com poucos recursos e que melhoraram a qualidade de seu ar e isso é muito promissor”.

      A OMS atribui mais de 7 milhões de mortes por ano à poluição do ar, causada pela elevada concentração de partículas pequenas e finas que provocam diversas doenças - câncer de pulmão e doenças respiratórias - e aumenta o risco de derrame cerebral e cardiopatia.

     Segundo Carlos Dora, se a poluição do ar fosse reduzida para uma quarta parte, conforme os limites estabelecidos pela OMS, se conseguiria reduzir em 15% a mortalidade.

     As cidades que experimentaram progressos o fizeram graças a melhoras em seus sistemas de transporte coletivo e incentivando o uso de veículos não motorizados, particularmente bicicletas, aumentando os espaços verdes e melhorando a gestão dos resíduos.


(Portal Terra, 12/05/2016. Disponível em https://noticias.terra.com.br/ ciencia/sustentabilidade/oms-80-dos-habitantes-de-cidades-sofremcom-poluicao-acima-dos-limites,85960d8d6fc49e578118846e37dde- 0c08wmhfiu7.html)

Em relação ao TEXTO 2 e aos aspectos linguísticos da Língua Portuguesa, julgue, como Certo (C) ou Errado (E), o item a seguir.

Infere-se do TEXTO 2 que mais de 50% das cidades do mundo apresentam grau de contaminação do ar acima do nível saudável. Em contrapartida, um número irrisório de cidades dispõe de um ar com qualidade.

Alternativas
Q724827 Português

                 OMS: 80% dos habitantes sofrem com poluição

                                           em 3 mil cidades


      Oito de cada dez pessoas que vivem em zonas urbanas respiram um ar com níveis de poluição que supera os limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com uma situação notoriamente mais grave nos países de renda média e baixa. Neste último grupo de países, 98% das cidades com mais de 100 mil habitantes não cumpre com as normas internacionais em matéria de qualidade do ar, enquanto nos países ricos essa porcentagem cai para 56%. Esses são alguns dados mais relevantes da base de dados sobre poluição ambiental apresentada hoje pela OMS, que inclui informações de 3.000 cidades em 103 países, o que representa a maior compilação de dados feita até o momento.

   “Na maioria dos países pobres, a qualidade do ar está piorando e isso se tornou uma tendência, enquanto se observa o contrário nos países com uma renda maior”, declarou o coordenador do Departamento de Saúde Pública da OMS, Carlos Dora.

      Se for feita uma extrapolação dos dados pode-se sustentar que mais da metade da população urbana vive em cidades com um nível de poluição 2,5 vezes maior do que o recomendado e que somente 16% respira um ar que cumpre com as normas. Na apresentação desses dados à imprensa, Carlos Dora destacou que em todas as regiões, inclusive demasiadamente pobres, algumas cidades estão conseguindo melhorar a qualidade de seu ar, mas lamentou que “a maioria de cidades estejam no caminho errado”.

    No entanto, a poluição ambiental não deve ser observada como uma fatalidade nos países pobres: “há certas cidades que pertencem a países com poucos recursos e que melhoraram a qualidade de seu ar e isso é muito promissor”.

      A OMS atribui mais de 7 milhões de mortes por ano à poluição do ar, causada pela elevada concentração de partículas pequenas e finas que provocam diversas doenças - câncer de pulmão e doenças respiratórias - e aumenta o risco de derrame cerebral e cardiopatia.

     Segundo Carlos Dora, se a poluição do ar fosse reduzida para uma quarta parte, conforme os limites estabelecidos pela OMS, se conseguiria reduzir em 15% a mortalidade.

     As cidades que experimentaram progressos o fizeram graças a melhoras em seus sistemas de transporte coletivo e incentivando o uso de veículos não motorizados, particularmente bicicletas, aumentando os espaços verdes e melhorando a gestão dos resíduos.


(Portal Terra, 12/05/2016. Disponível em https://noticias.terra.com.br/ ciencia/sustentabilidade/oms-80-dos-habitantes-de-cidades-sofremcom-poluicao-acima-dos-limites,85960d8d6fc49e578118846e37dde- 0c08wmhfiu7.html)

Em relação ao TEXTO 2 e aos aspectos linguísticos da Língua Portuguesa, julgue, como Certo (C) ou Errado (E), o item a seguir.

Depreende-se do TEXTO 2 que a contaminação do ar pode potencializar as chances de ocorrerem doenças do coração. Tal contaminação se dá por pequenas partículas que representam grande risco ambiental para a saúde.

Alternativas
Q724822 Português

                           “Hei de vencer. Hei de vencer. Hei de vencer” –

                           como o mantra da autoajuda pode te derrotar

                                                                                                Daniel Martins de Barros

      O mantra da autoajuda, de visualizar o sucesso, é um passo para o fracasso. Felizmente, existem alternativas para nos motivar sem prejudicar o desempenho.

        Uma das técnicas mais ensinadas por gurus da autoajuda diz que, para alcançar um objetivo, nós temos que visualizar nosso sucesso. Se conseguirmos nos ver no alto do pódio, ou na cadeira de chefe, tirando uma nota dez que seja, essas metas são alcançadas, já que o cérebro se convence do seu sucesso de antemão. Uma versão sofisticada do velho mantra “Hei de vencer”. Muito interessante. Pena que não funciona.

      Quando pesquisadores resolveram testar a ideia perceberam que tais técnicas não eram apenas inúteis, eram prejudiciais. Alunos que “visualizavam” boas notas acreditavam mesmo que iriam bem nas provas, e por isso mesmo deixavam de estudar. Resultado? Bomba! Pessoas em dieta que se imaginavam resistindo bravamente aos alimentos calóricos caíam mais nas tentações do que aqueles que eram instruídos a lembrar que a carne é fraca.

     Mas nem tudo está perdido. Existem sim técnicas motivacionais que podem nos levar a melhorar nossa performance. O segredo é o foco. Vale recitar mantra ou tentar a visualização, mas em vez de se voltar para o resultado final, é importante pensar no processo. Um estudo on-line com mais de quarenta mil pessoas testou diferentes abordagens. O desafio era um jogo de atenção e velocidade, no qual tinham que clicar nos números de 1 a 36, embaralhados numa matriz de 6×6, na sequência correta. Para aumentar a pressão, o jogo era contra um oponente (na verdade, um software, mas os voluntários não sabiam disso). Diversas intervenções foram testadas, mas as que melhoraram o desempenho dos jogadores foram as que os instruíam a visualizar (ou recitar para si mesmos) não o resultado, mas os processos ou os outcomes (que em inglês mais do que resultado, traz a noção de consequência, desenlace). A instrução com foco no processo era “Quero que você se veja jogando, sabendo que dessa vez você pode reagir mais rapidamente”. Note que a ênfase está na velocidade de reação, em vez de no resultado dela. Já para o outcome era “Quero que você se veja jogando, e se imagine batendo o score anterior” Novamente, não basta se ver “vencendo”, mas melhorando em relação ao esforço anterior.

      Dizem que tudo o que a gente pode pensar já foi descoberto na Grécia Antiga. Bom, se é verdade que ter certeza da vitória nos leva a colocar menos esforço na tarefa (aumentando as chances de derrota), e se está provado que o foco tem que ser no processo e não no resultado, então, mil anos atrás, Esopo já havia ensinado essa lição. Nem todos irão concordar comigo, mas essa parece ser uma moral possível de se tirar da fábula sobre a lebre e a tartaruga, na qual a ligeira lebre perde uma corrida para a lerda tartaruga. Acreditando na vitória fácil, ela cai no sono, enquanto a tartaruga vence por manter o foco no esforço. As lições da fábula variam muito, desde “Quanto maior a pressa, pior a velocidade”, até “O sucesso depende de usar os talentos, não apenas de tê-los”. Mas nós bem poderíamos acrescentar: “Quem acredita que a vitória é certa, certamente acaba derrotado”.


Adaptado de: http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/daniel-martinsde-barros/hei-de-vencer-hei-de-vencer-hei-de-vencer-como-o-mantra-da-autoajuda-pode-te-derrotar/

Em relação ao TEXTO 1 e aos aspectos linguísticos da Língua Portuguesa, julgue, como Certo (C) ou Errado (E), o item a seguir.


O excerto “Pena que não funciona”, retirado do segundo parágrafo do TEXTO 1, refere-se e caracteriza especificamente o “velho mantra ‘Hei de vencer’”, citado anteriormente no próprio texto.

Alternativas
Q724820 Português

                           “Hei de vencer. Hei de vencer. Hei de vencer” –

                           como o mantra da autoajuda pode te derrotar

                                                                                                Daniel Martins de Barros

      O mantra da autoajuda, de visualizar o sucesso, é um passo para o fracasso. Felizmente, existem alternativas para nos motivar sem prejudicar o desempenho.

        Uma das técnicas mais ensinadas por gurus da autoajuda diz que, para alcançar um objetivo, nós temos que visualizar nosso sucesso. Se conseguirmos nos ver no alto do pódio, ou na cadeira de chefe, tirando uma nota dez que seja, essas metas são alcançadas, já que o cérebro se convence do seu sucesso de antemão. Uma versão sofisticada do velho mantra “Hei de vencer”. Muito interessante. Pena que não funciona.

      Quando pesquisadores resolveram testar a ideia perceberam que tais técnicas não eram apenas inúteis, eram prejudiciais. Alunos que “visualizavam” boas notas acreditavam mesmo que iriam bem nas provas, e por isso mesmo deixavam de estudar. Resultado? Bomba! Pessoas em dieta que se imaginavam resistindo bravamente aos alimentos calóricos caíam mais nas tentações do que aqueles que eram instruídos a lembrar que a carne é fraca.

     Mas nem tudo está perdido. Existem sim técnicas motivacionais que podem nos levar a melhorar nossa performance. O segredo é o foco. Vale recitar mantra ou tentar a visualização, mas em vez de se voltar para o resultado final, é importante pensar no processo. Um estudo on-line com mais de quarenta mil pessoas testou diferentes abordagens. O desafio era um jogo de atenção e velocidade, no qual tinham que clicar nos números de 1 a 36, embaralhados numa matriz de 6×6, na sequência correta. Para aumentar a pressão, o jogo era contra um oponente (na verdade, um software, mas os voluntários não sabiam disso). Diversas intervenções foram testadas, mas as que melhoraram o desempenho dos jogadores foram as que os instruíam a visualizar (ou recitar para si mesmos) não o resultado, mas os processos ou os outcomes (que em inglês mais do que resultado, traz a noção de consequência, desenlace). A instrução com foco no processo era “Quero que você se veja jogando, sabendo que dessa vez você pode reagir mais rapidamente”. Note que a ênfase está na velocidade de reação, em vez de no resultado dela. Já para o outcome era “Quero que você se veja jogando, e se imagine batendo o score anterior” Novamente, não basta se ver “vencendo”, mas melhorando em relação ao esforço anterior.

      Dizem que tudo o que a gente pode pensar já foi descoberto na Grécia Antiga. Bom, se é verdade que ter certeza da vitória nos leva a colocar menos esforço na tarefa (aumentando as chances de derrota), e se está provado que o foco tem que ser no processo e não no resultado, então, mil anos atrás, Esopo já havia ensinado essa lição. Nem todos irão concordar comigo, mas essa parece ser uma moral possível de se tirar da fábula sobre a lebre e a tartaruga, na qual a ligeira lebre perde uma corrida para a lerda tartaruga. Acreditando na vitória fácil, ela cai no sono, enquanto a tartaruga vence por manter o foco no esforço. As lições da fábula variam muito, desde “Quanto maior a pressa, pior a velocidade”, até “O sucesso depende de usar os talentos, não apenas de tê-los”. Mas nós bem poderíamos acrescentar: “Quem acredita que a vitória é certa, certamente acaba derrotado”.


Adaptado de: http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/daniel-martinsde-barros/hei-de-vencer-hei-de-vencer-hei-de-vencer-como-o-mantra-da-autoajuda-pode-te-derrotar/

Em relação ao TEXTO 1 e aos aspectos linguísticos da Língua Portuguesa, julgue, como Certo (C) ou Errado (E), o item a seguir.

No excerto “Quando pesquisadores resolveram testar a ideia perceberam que tais técnicas não eram apenas inúteis, eram prejudiciais.”, o “quando” introduz uma noção de tempo e está flexionado no masculino e tanto a palavra “ideia” quanto a expressão “tais técnicas” referem-se às técnicas de autoajuda que consistem em visualizar o sucesso antecipadamente.

Alternativas
Q724815 Português

                           “Hei de vencer. Hei de vencer. Hei de vencer” –

                           como o mantra da autoajuda pode te derrotar

                                                                                                Daniel Martins de Barros

      O mantra da autoajuda, de visualizar o sucesso, é um passo para o fracasso. Felizmente, existem alternativas para nos motivar sem prejudicar o desempenho.

        Uma das técnicas mais ensinadas por gurus da autoajuda diz que, para alcançar um objetivo, nós temos que visualizar nosso sucesso. Se conseguirmos nos ver no alto do pódio, ou na cadeira de chefe, tirando uma nota dez que seja, essas metas são alcançadas, já que o cérebro se convence do seu sucesso de antemão. Uma versão sofisticada do velho mantra “Hei de vencer”. Muito interessante. Pena que não funciona.

      Quando pesquisadores resolveram testar a ideia perceberam que tais técnicas não eram apenas inúteis, eram prejudiciais. Alunos que “visualizavam” boas notas acreditavam mesmo que iriam bem nas provas, e por isso mesmo deixavam de estudar. Resultado? Bomba! Pessoas em dieta que se imaginavam resistindo bravamente aos alimentos calóricos caíam mais nas tentações do que aqueles que eram instruídos a lembrar que a carne é fraca.

     Mas nem tudo está perdido. Existem sim técnicas motivacionais que podem nos levar a melhorar nossa performance. O segredo é o foco. Vale recitar mantra ou tentar a visualização, mas em vez de se voltar para o resultado final, é importante pensar no processo. Um estudo on-line com mais de quarenta mil pessoas testou diferentes abordagens. O desafio era um jogo de atenção e velocidade, no qual tinham que clicar nos números de 1 a 36, embaralhados numa matriz de 6×6, na sequência correta. Para aumentar a pressão, o jogo era contra um oponente (na verdade, um software, mas os voluntários não sabiam disso). Diversas intervenções foram testadas, mas as que melhoraram o desempenho dos jogadores foram as que os instruíam a visualizar (ou recitar para si mesmos) não o resultado, mas os processos ou os outcomes (que em inglês mais do que resultado, traz a noção de consequência, desenlace). A instrução com foco no processo era “Quero que você se veja jogando, sabendo que dessa vez você pode reagir mais rapidamente”. Note que a ênfase está na velocidade de reação, em vez de no resultado dela. Já para o outcome era “Quero que você se veja jogando, e se imagine batendo o score anterior” Novamente, não basta se ver “vencendo”, mas melhorando em relação ao esforço anterior.

      Dizem que tudo o que a gente pode pensar já foi descoberto na Grécia Antiga. Bom, se é verdade que ter certeza da vitória nos leva a colocar menos esforço na tarefa (aumentando as chances de derrota), e se está provado que o foco tem que ser no processo e não no resultado, então, mil anos atrás, Esopo já havia ensinado essa lição. Nem todos irão concordar comigo, mas essa parece ser uma moral possível de se tirar da fábula sobre a lebre e a tartaruga, na qual a ligeira lebre perde uma corrida para a lerda tartaruga. Acreditando na vitória fácil, ela cai no sono, enquanto a tartaruga vence por manter o foco no esforço. As lições da fábula variam muito, desde “Quanto maior a pressa, pior a velocidade”, até “O sucesso depende de usar os talentos, não apenas de tê-los”. Mas nós bem poderíamos acrescentar: “Quem acredita que a vitória é certa, certamente acaba derrotado”.


Adaptado de: http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/daniel-martinsde-barros/hei-de-vencer-hei-de-vencer-hei-de-vencer-como-o-mantra-da-autoajuda-pode-te-derrotar/

Em relação ao TEXTO 1 e aos aspectos linguísticos da Língua Portuguesa, julgue, como Certo (C) ou Errado (E), o item a seguir.

A expressão “Bomba!”, que aparece no terceiro parágrafo do TEXTO 1, tem sentido pejorativo e refere-se, no contexto em que foi utilizada, tanto ao fato de que os alunos muito autoconfiantes iam, por esse motivo, mal nas provas, quanto aos possíveis anabolizantes ingeridos pelas pessoas em dieta que caíam mais nas tentações.
Alternativas
Respostas
1461: D
1462: C
1463: C
1464: B
1465: C
1466: A
1467: B
1468: A
1469: D
1470: B
1471: D
1472: D
1473: E
1474: C
1475: E
1476: E
1477: C
1478: E
1479: E
1480: E