Questões Militares de Português - Interpretação de Textos

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Q655767 Português

                                   Corda sensível

Um fardão de coronel estava enfiado sobre o espaldar da cadeira de balanço, e a pequena Maria, apertando na mão uma fatia de pão com manteiga, olhava extasiada. A cor azul escura da casimira, sob a claridade noturna que enchia a sala, modelava macieza de veludo e fingia reflexos de roxo. Nas ombreiras do fardão poisavam as dragonas maciças, de grande gala, com o seu chuveiro de torçais de ouro; e na frente o papo se escancarava, deixando ver a tela de croché, com que se costuma proteger as mobílias. A um lado corriam-lhe os oito botões, cada um crescido como um olho-de-boi...


Mas, quando a pequena deu com o empastamento de condecorações que encobria lado a lado o peito ao fardão, não pôde resistir ao chamariz, e pondo um joelho à beira do assento e com os bracinhos estirados agarrando-se aos braços da cadeira, subiu, apesar do balanço. As mangas da farda começaram então um movimento de pêndulo, roçando no tapete os canhões encastoados pelas pesadas divisas de coronel. O amor ao equilíbrio forçou a pequena Maria a ir com a mão ao tope da cadeira, e aí, olha lá manteiga pelas abas.


Acode naquela cabecinha castanha uma ligeira idéia de remorso, e o que há de mais simples é deixar as coisas como estavam. A esse tempo brilhavam no escuro da rua, à altura do peitoril da janela, os olhos da filha do cabo de ordens, que espiava para dentro, pode ser que arrastada pelo cheiro da ceia, cujos tirlintintins se ouvia. Que ótimo desvio! E as duas começaram a conversar-se na janela, como pessoas sisudas; bem entendido, a pequena do cabo de ordens comendo o enfastiado pão com manteiga, a célebre fatia.

No dia seguinte, quando a criada veio sacudir os móveis, caiu das nuvens, coitada! Cada rombo deste tamanho, afora uma porção de relidinhas, na casimira do fardão, de modo que a intertela e os recheios do peitilho estava tudo estripado e esbrugado. Conseqüência: um ódio entranhado aos ratos. Os cantos da casa povoaram-se de ratoeiras. Era um nunca acabar. 


Pois, senhores, roerem a mais linda, a mais garbosa, a mais rica, a mais nobre farda da província?! Ah! se o coronel pudesse estrepar toda a ratagem unânime das nações na ponta de seu gládio!


Em um amanhecer de abril, sofrivelmente belo, a criada, deixando para mais tarde a visita às ratoeiras, aconteceu que ajuntaram-se à pequena Maria o pequeno Manuel e o caçula, e foram despescar, por sua conta e risco, as da despensa. O cabeça do motim, que todos sabem ser a senhora dona Maria, como lhe chama a mãe quando se enfeza, não teve mais o que fazer, e, cercada pelos dois bargados consócios, assentou-se no chão, depondo a ratoeira sobre o pano do vestido que se fazia entre as duas perninhas abertas.


A ratoeira não era mais de que uma cúpula de arame cozida a uma rodelazinha de pinho. Dentro, porém, havia era um bicho cinzento e uma porção de bichinhos vermelhos, da cor dos dedinhos do caçula: fenômeno raro, que provocou uma gritaria hilariante, aliás inconveniente, porque atrás acudiram a criada, a mamãe e até o coronel, a ver o que fazia aquela troça de quenquéns.

Maria estava metendo a mão para abocanhar a bicharada – em tempo de ser mordida! – e o Manuel procurava também se havia outro buraco onde ele pudesse meter a dele. 


– Virgem Maria! – vozeava a criada.

– Isto é o diabo! – roncava o coronel.


Recuaram todas as mãos, e a curiosidade das criancinhas foi achar nos olhos delas o desejado e inviolável refúgio.


A mamãe, porém, encarando o caso, juntou as mãos enternecidamente, e, cobrindo o marido e os três filhinhos com um daqueles olhares que só em mulheres se depara, exclamou cheia de profundo sentimento materno:

– Espera, que é uma ratinha que deu à luz na ratoeira!


O duro militar ficou basbaque. Enquanto a rata puérpera, impunemente, pacatamente, com o salvo-conduto de sua boa estrela de mãe, Saia, como um anão no meio de enormes gigantes de conto de fada, e galgava novamente as prateleiras prenhes de queijo. A ninhada se amontoava no regaço da pequena Maria, - uma porção de bichinhos vermelhos, da cor das carnes tenras do caçula, cujo corpinho nu estava ali acocorado, a alma de criança aberta nuns olhos admirativos, exclamando com jubilosa admiração:


– Uói! - apontando para os ratinhos com o dedinho vermelho.  


PAIVA, Manoel de Oliveira. Corda Sensível. Rio de Janeiro: Graphia, 1993. Disponível em: http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos. Acessado em 30/10/2014  

Marque a alternativa CORRETA que corresponda à comparação entre os ratos recém-nascidos e a criança caçula da família:  
Alternativas
Q655639 Português

Observe:

Exemplos de alimentos com índice maior de

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A partir das informações acima e das informações que se encontram no texto, pode-se afirmar que

Alternativas
Q652163 Português

Leia:

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Marque a opção que apresenta correta interpretação da tirinha da Mafalda, personagem presente no último quadrinho, de autoria do cartunista argentino Quino, em que Felipe, no primeiro quadrinho, mostra-se pensativo com a possibilidade de participar do serviço militar.

Alternativas
Q652155 Português

Leia:

I. “As derrotas e as frustrações são amargas”.

II. “O rio tinha entrado em agonia, após tantos meses sem chuva”.

III. “As crianças cresceram, no devagar depressa do tempo”.

IV. “Maria Joaquina completava quinze primaveras”.

As figuras de linguagem encontradas nos textos acima são, respectivamente,

Alternativas
Q652154 Português

Leia:

“Você é exatamente o que eu sempre quis/ Ela se encaixa perfeitamente em mim”.

O trecho apresenta um fragmento de uma canção, de autoria de Sorocaba. Em relação ao uso dos pronomes, marque a alternativa correta, de acordo com a gramática normativa.

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Q652153 Português

Leia:

Meteoro (Sorocaba)

Te dei o Sol

Te dei o Mar

Pra ganhar seu coração

Você é raio de saudade

Meteoro da paixão

Explosão de sentimentos que eu não pude acreditar

Aaaahh...

Como é bom poder te amar [...]

O trecho da canção de autoria de Sorocaba, que ficou famosa na voz de Luan Santana, está escrito em linguagem coloquial. Quanto ao uso dos pronomes oblíquos, marque a alternativa correta.

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Q652152 Português

Leia:

“Aquele Sérgio, de Raul Pompéia, entrava no internato de cabelos grandes e com uma alma de anjo cheirando a virgindade”.

(José Lins do Rego, Menino de Engenho. Ed. Moderna Ltda., São Paulo, 1983).

No texto, o verbo cheirar tem significado de

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Q652143 Português

                             MORTE E VIDA SEVERINA

                             — O meu nome é Severino,

                             como não tenho outro de pia.

                             Como há muitos Severinos,

                             que é santo de romaria,

                             deram então de me chamar

                             Severino de Maria;

                             Como há muitos Severinos

                             com mães chamadas Maria,

                             fiquei sendo o da Maria

                             do finado Zacarias.

                           

                             [...]

                             Somos muitos Severinos

                             iguais em tudo na vida:

                             na mesma cabeça grande

                             que a custo é que se equilibra

                             no mesmo ventre crescido

                             sobre as mesmas pernas finas,

                             e iguais também porque o sangue

                             que usamos tem pouca tinta.

                             

                             E se somos Severinos

                             iguais em tudo na vida,

                             morremos de morte igual,

                             mesma morte severina:

                             que é a morte de que se morre

                             de velhice antes dos trinta,

                             de emboscada antes dos vinte,

                             de fome um pouco por dia

                             (de fraqueza e de doença

                             é que a morte severina

                             ataca em qualquer idade,

                             e até gente não nascida).


(João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina) - texto adaptado 

Em relação aos versos “O meu nome é Severino/como não tenho outro de pia”, marque a alternativa correta quanto ao significado da palavra “pia”.
Alternativas
Q652142 Português

                             MORTE E VIDA SEVERINA

                             — O meu nome é Severino,

                             como não tenho outro de pia.

                             Como há muitos Severinos,

                             que é santo de romaria,

                             deram então de me chamar

                             Severino de Maria;

                             Como há muitos Severinos

                             com mães chamadas Maria,

                             fiquei sendo o da Maria

                             do finado Zacarias.

                           

                             [...]

                             Somos muitos Severinos

                             iguais em tudo na vida:

                             na mesma cabeça grande

                             que a custo é que se equilibra

                             no mesmo ventre crescido

                             sobre as mesmas pernas finas,

                             e iguais também porque o sangue

                             que usamos tem pouca tinta.

                             

                             E se somos Severinos

                             iguais em tudo na vida,

                             morremos de morte igual,

                             mesma morte severina:

                             que é a morte de que se morre

                             de velhice antes dos trinta,

                             de emboscada antes dos vinte,

                             de fome um pouco por dia

                             (de fraqueza e de doença

                             é que a morte severina

                             ataca em qualquer idade,

                             e até gente não nascida).


(João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina) - texto adaptado 

Com relação ao adjetivo severina, da expressão Morte e Vida Severina que intitula o texto, marque V para verdadeiro e F para falso. Em seguida, assinale a alternativa com a sequência correta.

( ) Refere-se apenas à vida e morte de Severino, protagonista do poema, que luta contra o sistema que o oprime.

( ) É a flexão para o feminino de Severino, diminutivo de severo, que significa cruel, difícil.

( ) Qualifica a existência dos Severinos e apresenta a vida daqueles seres marginalizados, determinada pela morte.

Alternativas
Q652141 Português

                             MORTE E VIDA SEVERINA

                             — O meu nome é Severino,

                             como não tenho outro de pia.

                             Como há muitos Severinos,

                             que é santo de romaria,

                             deram então de me chamar

                             Severino de Maria;

                             Como há muitos Severinos

                             com mães chamadas Maria,

                             fiquei sendo o da Maria

                             do finado Zacarias.

                           

                             [...]

                             Somos muitos Severinos

                             iguais em tudo na vida:

                             na mesma cabeça grande

                             que a custo é que se equilibra

                             no mesmo ventre crescido

                             sobre as mesmas pernas finas,

                             e iguais também porque o sangue

                             que usamos tem pouca tinta.

                             

                             E se somos Severinos

                             iguais em tudo na vida,

                             morremos de morte igual,

                             mesma morte severina:

                             que é a morte de que se morre

                             de velhice antes dos trinta,

                             de emboscada antes dos vinte,

                             de fome um pouco por dia

                             (de fraqueza e de doença

                             é que a morte severina

                             ataca em qualquer idade,

                             e até gente não nascida).


(João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina) - texto adaptado 

Assinale a alternativa que contém a figura de linguagem apresentada no trecho “o sangue que usamos tem pouca tinta”.
Alternativas
Q652140 Português

                             MORTE E VIDA SEVERINA

                             — O meu nome é Severino,

                             como não tenho outro de pia.

                             Como há muitos Severinos,

                             que é santo de romaria,

                             deram então de me chamar

                             Severino de Maria;

                             Como há muitos Severinos

                             com mães chamadas Maria,

                             fiquei sendo o da Maria

                             do finado Zacarias.

                           

                             [...]

                             Somos muitos Severinos

                             iguais em tudo na vida:

                             na mesma cabeça grande

                             que a custo é que se equilibra

                             no mesmo ventre crescido

                             sobre as mesmas pernas finas,

                             e iguais também porque o sangue

                             que usamos tem pouca tinta.

                             

                             E se somos Severinos

                             iguais em tudo na vida,

                             morremos de morte igual,

                             mesma morte severina:

                             que é a morte de que se morre

                             de velhice antes dos trinta,

                             de emboscada antes dos vinte,

                             de fome um pouco por dia

                             (de fraqueza e de doença

                             é que a morte severina

                             ataca em qualquer idade,

                             e até gente não nascida).


(João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina) - texto adaptado 

Assinale a alternativa incorreta sobre “Morte e Vida Severina”.
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Q652029 Português
Assinale a alternativa em que há metáfora.
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Q652013 Português

Leia o poema abaixo, do poeta Mário Quintana.

Inscrição para um portão de cemitério

Na mesma pedra se encontram,

Conforme o povo traduz,

Quando se nasce uma estrela,

Quando se morre uma cruz.

Mas quantos que aqui repousam

Hão de emendar-nos assim:

“Ponha-me a cruz no princípio...

E a luz da estrela no fim.”

Analisando as figuras de linguagem presentes nesses versos, é incorreto afirmar que

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Q651993 Português
“Havia um mistério naquele movimento interno da massa.” Qual é o mistério a que essa passagem se refere?
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Q651991 Português

De acordo com o texto, quais afirmações abaixo estão corretas?

I. A biotecnologia gerou muita expectativa nos meios científicos.

II. Os monges medievais rezavam para se livrar dos efeitos do demônio sobre o pão.

III. Logo a humanidade descobriu o que acontecia naquele processo: a multiplicação de micro-organismos.

Alternativas
Q651990 Português
Assinale a alternativa cuja expressão não representa, no texto, um desatino (falta de juízo, loucura) das pessoas em relação à Ciência.
Alternativas
Q649739 Português

      O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.

      Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da ignorância, nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os livros são potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na ironia do "sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos que guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e, até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de "burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém transforma o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são esquecidos. Eles são desnecessários como "meios para o saber". Cancelada a curiosidade, como sinal de um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos permite saber se opõe à que nos deforma por estagnação, A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta.

      [ ... ]

      Para aprender a perguntar, precisamos aprender a ler. Não porque o pensamento dependa da gramática ou da língua formal, mas porque ler é um tipo de experiência que nos ensina a desenvolver raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja, a entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um de nós mesmos. 

      Pensar, esse ato que está faltando entre nós, começa aí, muitas vezes em silêncio, quando nos dedicamos a esse gesto simples e ao mesmo tempo complexo que é ler um livro, É lamentável que as pessoas sucumbam ao clima programado da cultura em que ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livro nunca prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele. Muitos que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem tenha descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem - compreensão e diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o mundo todo - e ela mesma - é algo bem diferente. 

(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em http://revistacult.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações) 

Em "[...]se opõe à que nos deforma por estagnação." (2°§) e "Muitos que foram educados para não pensar,[...]." (4°§), os termos destacados expressam, respectivamente, ideias de
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Q649729 Português

      O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.

      Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da ignorância, nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os livros são potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na ironia do "sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos que guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e, até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de "burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém transforma o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são esquecidos. Eles são desnecessários como "meios para o saber". Cancelada a curiosidade, como sinal de um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos permite saber se opõe à que nos deforma por estagnação, A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta.

      [ ... ]

      Para aprender a perguntar, precisamos aprender a ler. Não porque o pensamento dependa da gramática ou da língua formal, mas porque ler é um tipo de experiência que nos ensina a desenvolver raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja, a entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um de nós mesmos. 

      Pensar, esse ato que está faltando entre nós, começa aí, muitas vezes em silêncio, quando nos dedicamos a esse gesto simples e ao mesmo tempo complexo que é ler um livro, É lamentável que as pessoas sucumbam ao clima programado da cultura em que ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livro nunca prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele. Muitos que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem tenha descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem - compreensão e diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o mundo todo - e ela mesma - é algo bem diferente. 

(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em http://revistacult.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações) 

Com o fragmento "Muitos que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. " (4°§), infere-se que
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Q649726 Português

      O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.

      Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da ignorância, nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os livros são potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na ironia do "sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos que guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e, até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de "burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém transforma o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são esquecidos. Eles são desnecessários como "meios para o saber". Cancelada a curiosidade, como sinal de um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos permite saber se opõe à que nos deforma por estagnação, A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta.

      [ ... ]

      Para aprender a perguntar, precisamos aprender a ler. Não porque o pensamento dependa da gramática ou da língua formal, mas porque ler é um tipo de experiência que nos ensina a desenvolver raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja, a entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um de nós mesmos. 

      Pensar, esse ato que está faltando entre nós, começa aí, muitas vezes em silêncio, quando nos dedicamos a esse gesto simples e ao mesmo tempo complexo que é ler um livro, É lamentável que as pessoas sucumbam ao clima programado da cultura em que ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livro nunca prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele. Muitos que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem tenha descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem - compreensão e diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o mundo todo - e ela mesma - é algo bem diferente. 

(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em http://revistacult.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações) 

Qual opção está de acordo com as ideias expressas no texto?
Alternativas
Respostas
1621: C
1622: B
1623: A
1624: D
1625: C
1626: A
1627: D
1628: B
1629: C
1630: C
1631: B
1632: A
1633: B
1634: A
1635: B
1636: D
1637: D
1638: D
1639: E
1640: C