Questões Militares de Português - Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto
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Eu não diria que o prazer é “a” chave para a inteligência, mas sim que é um elemento subestimado de inteligência. Em outras palavras, tendemos a supor que pessoas inteligentes usam suas habilidades mentais em busca de problemas sérios que tenham clara utilidade ou recompensa econômica por trás deles. Mas o pensamento inteligente é muitas vezes desencadeado por experiências mais lúdicas, como os nossos ancestrais do Paleolítico que, esculpindo as primeiras flautas de ossos de animais, descobriram como posicionar os buracos para produzir os sons mais interessantes. Essas inovações exigiram uma grande dose de inteligência – dado o estado do conhecimento humano sobre a música e o design de instrumentos há 50 mil anos – mas esse tipo de coisa não era “útil” em nenhum sentido tradicional.
Eu não diria que o prazer é “a” chave para a inteligência, mas sim que é um elemento subestimado de inteligência. Em outras palavras, tendemos a supor que pessoas inteligentes usam suas habilidades mentais em busca de problemas sérios que tenham clara utilidade ou recompensa econômica por trás deles. Mas o pensamento inteligente é muitas vezes desencadeado por experiências mais lúdicas, como os nossos ancestrais do Paleolítico que, esculpindo as primeiras flautas de ossos de animais, descobriram como posicionar os buracos para produzir os sons mais interessantes. Essas inovações exigiram uma grande dose de inteligência – dado o estado do conhecimento humano sobre a música e o design de instrumentos há 50 mil anos – mas esse tipo de coisa não era “útil” em nenhum sentido tradicional.
O Bem e o Mal
Eu guardo em mim
dois corações
um que é do mar
um das paixões
um canto doce
um cheiro de temporal
eu guardo em mim
um deus, um louco, um santo
um bem e um mal
eu guardo em mim
tantas canções
de tanto mar
tantas manhãs
encanto doce
o cheiro de um vendaval
guardo em mim
o deus, o louco, o santo
o bem, o mal.
FALCÃO, Dudu; CAYMMI, Danilo. O bem e o mal. In: DANILO
CAYMMI. Danilo Caymmi. São Paulo: RGE, 1992. LP.
Lado A, faixa 1.
Leia este texto.
A mim pouco importava. Tendo descoberto o mundo da palavra escrita, eu estava feliz, muito feliz. [...] Bastava-me o ato de escrever. Colocar no pergaminho letra após letra, palavra após palavra, era algo que me deliciava. Não era só um texto que eu estava produzindo; era beleza, a beleza que resulta da ordem, da harmonia. Eu descobria que uma letra atrai outra, que uma palavra atrai outra, essa afinidade organizando não apenas o texto, como a vida, o universo. O que eu via, no pergaminho, quando terminava o trabalho, era um mapa, como os mapas celestes que indicavam a posição das estrelas e planetas, posição essa que não resulta do acaso, mas da composição de misteriosas forças, as mesmas que, em escala menor, guiavam minha mão quando ela deixava seus sinais sobre o pergaminho. [...] A única pessoa a quem eu tinha vontade de contar o que acontecia era o pastorzinho. Diria a ele que minha vida tinha agora um sentido, um significado: feia, eu era, contudo, capaz de criar beleza. Não a falsa beleza que os espelhos enganosamente refletem, mas a verdadeira e duradoura beleza dos textos que eu escrevia, dia após dia, semana após semana – como se estivesse num estado de permanente e deliciosa embriaguez.
SCLIAR, Moacyr. In: PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. Obra
Aberta. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento,
Ano 5. n.66, abr.2011, p.34-35. Disponível em: <https://poetriz.
wordpress.com/2011/04/16/bastava-escrever/>.
Leia este texto.
Volte para o seu lar
[...]
Aqui nessa tribo
Ninguém quer a sua catequização
Falamos a sua língua,
Mas não entendemos o seu sermão
[...]
Mas não sorrimos à toa
Não sorrimos à toa
Aqui nesse barco
Ninguém quer a sua orientação
Não temos perspectivas
Mas o vento nos dá a direção
A vida que vai à deriva
É a nossa condução
Mas não seguimos à toa
Não seguimos à toa
Volte para o seu lar
Volte para lá
Volte para o seu lar
ANTUNES, Arnaldo. Volte para o seu lar. In: MONTE, Marisa.
Mais. Rio de Janeiro: CD Records/EMI, 1991. CD.
Faixa n. 2. [Fragmento]
Em relação a essa canção, considere as afirmativas a seguir.
I. O ponto de vista evidenciado pela canção é o do nativo, do colonizado, o que pode ser comprovado pelo emprego do advérbio “aqui” que situa de onde fala esse interlocutor e pelo uso da primeira pessoa do plural, evidenciando que ele fala em nome de vários.
II. As palavras que, no texto da canção, remetem ao ambiente da colonização são: tribo, catequização, sermão, barco e, não se percebe a voz do colonizador cujo silêncio é evidenciado nessa expressão artística, de forma ficcional, pelo colonizado.
III. A voz que se expressa na canção demonstra certa revolta, um inconformismo com a situação de influência externa, apregoando o desejo de ter expressão própria e o desejo que os estrangeiros deixem os nativos viverem suas vidas, por meio de seus próprios valores.
IV. O título do texto, que se repete como refrão da canção, deflagra uma relação antagônica entre as partes que se enunciam, revelando o desejo do eu lírico, que vê, no retorno do outro, a possibilidade de ele e os seus viverem a vida como acham que devem viver.
Estão corretas as afirmativas