Questões Militares de Português - Problemas da língua culta
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Eles blogam. E você?
Após o surgimento da rede mundial de computadores, no início da década de 1990, testemunhamos uma revolução nas tecnologias de comunicação instantânea. Nós, que nascemos em um mundo anterior à Internet, aprendemos a viver no universo constituído por coisas palpáveis: casas, máquinas, roupas etc. O contato se estabelecia entre seres humanos reais por meios "físicos": cartas, telefonemas, encontros.
Em um mundo concreto, a escola não poderia ser diferente: livros, giz, carteiras, quadro-negro, mural. Esse espaço é ainda hoje definido por uma série de símbolos de um tempo passado e tem se mantido relativamente inalterado desde o século XIX. Os alunos atuais, porém, são nativos digitais. Em outras palavras: nasceram em um mundo no qual já existiam computadores, Internet, telefone celular, tocadores de MP3, videogames, programas de comunicação instantânea (MSN, Google Talk etc.) e muitas outras ferramentas da era digital. Seu mundo é definido por coisas imateriais: imagens, dados e sons que trafegam e são armazenados no espaço virtual.
Um dos aspectos mais sedutores do ciberespaço é o seu poder de articulação social. Foi no fim da década de 1990 que os usuários da Internet descobriram uma ferramenta facilitadora da interação escrita entre diferentes pessoas conectadas em uma rede virtual: os weblogs, que logo ficaram conhecidos como blogs. O termo é formado pelas palavras web (rede, em inglês) e log (registro, anotação diária). A velocidade de reprodução da blogosfera é assustadora: 120 mil novos blogs por dia, 1,4 blog por semana.
O blog se caracteriza por apresentar as observações pessoais de seu "dono" (o criador do blog) sobre temas que variam de acordo com os interesses do blogueiro e também de acordo com o tipo de blog. As possibilidades são infinitas: há blogs pessoais, políticos, culturais, esportivos, jornalísticos, de humor etc.
Os textos que o blogueiro insere no blog são chamados de posts. Em português, o termo já deu origem a um verbo, "postar", que significa "escrever uma entrada em um blog". Os posts são cronológicos, porém apresentados em ordem inversa: sempre do mais recente para o mais antigo. Os internautas que visitam um blog podem fazer comentários aos posts.
Justamente porque facilitam a comunicação e permitem a interação entre usuários de todas as partes, os blogs são interessantes ferramentas pedagógicas. Se a escola é o espaço preferencial para a construção do conhecimento, nada mais lógico do que levar os blogs para a sala de aula, porque eles têm como vocação a produção de conteúdo. Por que não criar um blog de uma turma, do qual participem todos os alunos, para comentar temas atuais, para debater questões polêmicas, para criar um contexto real em que o texto escrito surja como algo natural?
Na blogosfera, informação é poder. E os jovens sabem disso, porque conhecem o ciberespaço. O entusiasmo pela criação de um blog coletivo certamente será acompanhado pelo desejo de transformá-lo em ponto de parada obrigatória para os leitores que vagam no universo virtual. E esse desejo será um motivador muito importante. Para conquistar leitores, os autores de um blog precisam não só ter o que dizer, mas também saber como dizer o que querem, escolher imagens instigantes, criar títulos provocadores.
Uma vez criado o blog da turma, as possibilidades pedagógicas a ele associadas multiplicam-se. Para gerar conteúdo consistente é necessário pesquisar, considerar diferentes pontos de vista sobre temas polêmicos, avaliar a necessidade de ilustrar determinados conceitos com imagens, definir critérios para a moderação dos comentários, escolher os temas preferenciais a serem abordados etc. Todos esses procedimentos estão na base da construção de conhecimento.
Outro aspecto muito importante é que os jovens, em uma situação rara no espaço escolar, vão constatar que, nesse caso, quem domina o conhecimento são eles. Pela primeira vez não precisarão virar "analógicos" para se adaptar ao universo da sala de aula. Eu blogo. Eles blogam. E você?
Maria Luiza Abaurre, in Revista Carta na Escola. (adaptado)
Texto 01
Devemos viver a vida ou capturá-la?
Um artigo recente no New York Times explora a onda explosiva de gravações de eventos feitas em smartphones, dos mais significativos aos mais triviais. Todos são, ou querem ser, a estrela de sua própria vida e a moda é capturar qualquer momento considerado significativo. Microestrelas do YouTube têm vídeos de selfies que se tornam virais em questão de horas. [...]
Há um aspecto disso tudo que faz sentido: todos somos importantes, nossas vidas são importantes, e queremos que elas sejam vistas, compartilhadas, apreciadas. Mas há outro aspecto, geralmente desconsiderado, que é o aproveitamento real do que acontece naquele momento. Estarão as pessoas esquecendo de estar presentes no momento, saindo do seu foco, ao ver a vida através de uma tela? Você deveria estar vivendo a sua vida ou vivendo-a para que os outros a vejam?
Deve-se dizer, entretanto, que isso tudo começou antes da revolução dos celulares. Algo ocorreu entre o diário privado que mantínhamos chaveado em uma gaveta e a câmera de vídeo portátil. Por exemplo, em junho de 2001, levei um grupo de alunos da Universidade de Dartmouth em uma viagem para ver o eclipse total do Sol na África. A bordo havia um grupo de “tietes de eclipse", pessoas que viajam o mundo atrás de eclipses. Quando você vir um, vai entender o porquê. Um eclipse solar total é uma experiência altamente emocionante que desperta uma conexão primitiva com a natureza, nos unindo a algo maior e realmente incrível a respeito do mundo. É algo que necessita de foco e de um comprometimento total de todos os sentidos. Ainda assim, ao se aproximar o momento de totalidade, o convés do navio era um mar de câmeras e tripés, enquanto dezenas de pessoas se preparavam para fotografar e filmar o evento de quatro minutos.
Em vez de se envolverem totalmente com esse espetacular fenômeno da natureza, as pessoas preferiram olhar para isso através de suas câmeras. Eu fiquei chocado. Havia fotógrafos profissionais a bordo e eles iam vender/dar as fotos que tirassem. Mas as pessoas queriam as suas fotos e vídeos de qualquer forma, mesmo se não fossem tão bons. Eu fui a outros dois eclipses e é sempre a mesma coisa. Sem um envolvimento pessoal total. O dispositivo é o olho através do qual eles escolheram ver a realidade.
O que os celulares e as redes sociais fizeram foi tornar o arquivamento e o compartilhamento de imagens incrivelmente fáceis e eficientes. O alcance é muito mais amplo e a gratificação (quantos “curtir" a foto ou o vídeo recebe) é quantitativa. As vidas se tornaram um evento social compartilhado.
Agora, há um aspecto que é bom, é claro. Celebramos momentos significativos e queremos compartilhar com aqueles com quem nos importamos. O problema começa quando paramos de participar completamente do momento, porque temos essa necessidade de registrá-lo. O apresentador Conan O'Brien, por exemplo, reclamou que ele não pode mais nem ver o rosto das pessoas quando se apresenta. “Tudo que vejo é um mar de iPads”, ele disse. Algumas celebridades estão proibindo celulares pessoais durante os seus casamentos. [...]
Entendo o que elas sentem. É como palestrar usando o PowerPoint, como posso afirmar por experiência própria. Assim que uma tela iluminada aparece, os olhares se voltam a ela e o palestrante se torna uma voz vazia. Nenhum envolvimento direto é então possível. É por isso que eu tendo a usar essas tecnologias minimamente, apenas para mostrar imagens e gráficos ou citações significativas.
Marcelo Gleiser. Disponível em: http://www.fronteiras.com/artigos/marcelo-gleiser-deveriamos-viver-a-vida-ou-captura-la.
Acesso em: 20/03/2016. Adaptado.
Em nossa língua, como em outras, há convenções no que se refere ao emprego de algumas palavras e expressões. Considerando essas convenções, analise as proposições abaixo.
I. Mal começa o show, e as pessoas já estão disparando as suas câmeras.
II. Está com o smartphone sempre pronto a capturar os acontecimentos é a moda atual.
III. Ela me disse que fica meio chateada quando uma pessoa fala no celular ao seu lado.
IV. Gostar de interagir não é novidade. Mais a preferência pela interação via smartphones é.
V. Não entendo por que o compartilhamento nas redes sociais ganhou tamanha relevância.
Estão CORRETAS, apenas:
Complete as lacunas com o emprego adequado de porque, por que, porquê e / ou por quê.
I. Aquele político foi eleito _________ é honesto?
II. Creio que choveu, _________ o chão está molhado.
III. Ignoro o _________ da compra, mas valeu a pena.
IV. _________os jogadores de futebol são tão espertos?
V. O sobrevivente sofreu sem saber _________.
A sequência correta é
“(...) desde que não fosse muito caro, pois eram pessoas de modestos recursos." – linhas 6- 7.
Assinale a opção em que a conjunção poderia substituir o vocábulo em destaque SEM modificar o sentido da frase.