Questões Militares de Português

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Q2101520 Português
Instrução: Leia o texto a seguir para responder à questão.

A arte de revelar sem matar a graça

Após exibir o último episódio da meia-temporada de The Walking Dead — seriado de zumbis de maior audiência dos EUA — o canal de TV AMC divulgou inadvertidamente em sua página do Facebook a morte violenta de um de seus principais personagens. Devido à diferença de fuso horário entre as costas leste e oeste do continente norte-americano, milhares de fãs do seriado que ainda não haviam assistido ao episódio ficaram furiosos ao descobrir com antecedência o final bombástico.
A frustração dos espectadores que seguiam a série foi tão grande, e tantas as reclamações, que o canal se viu obrigado a deletar a postagem e publicar um pedido de desculpas: “Ouvimos a reação de vocês ao post da noite passada, e pedimos desculpas. Sem nenhuma intenção negativa, nos precipitamos e soltamos um spoiler. Por favor saibam que estamos trabalhando para garantir que, no futuro, possíveis spoilers nas redes sociais da AMC sejam exterminados antes que possam infectar a transmissão na costa oeste dos EUA”. Essa falta de timing da AMC, ao divulgar prematuramente informações sobre um de seus programas mais vistos, está longe de ser um caso isolado. Os chamados spoilers têm se mostrado verdadeiros “estragaprazeres” para uma parcela do público consumidor de narrativas (o termo vem do verbo to spoil, “estragar”) — ocorrendo principalmente no ambiente virtual, onde as informações circulam com maior velocidade.
Em alguns casos mais extremos, spoilers também têm sido fonte de prejuízo para estúdios, interferindo na audiência de programas e melando a surpresa de projetos confidenciais. [...]
Há quem diga que conhecer de antemão os rumos de uma estória não interfere em nada na experiência de desfrutá-la. Seja como for, com a abundância — e a concomitância — de tramas serializadas e narrativas em geral, criou-se um ambiente propício ao surgimento de uma etiqueta para poupar o público de informações não solicitadas, com avisos de spoilers tão restritivos na abertura dos textos quanto cercas de arame farpado com placas de “não ultrapasse”. Contudo, em se tratando de redes sociais, ficar imune a revelações inconvenientes pode ser uma tarefa quase impossível, tão arriscada como passear por um campo minado. Para se manter desinformado só há dois modos: filtrar as redes sociais com aplicativos que bloqueiem referências a assuntos específicos ou basicamente manter-se off-line e, ainda assim, ter de proibir os amigos de comentar sobre — recomenda o crítico Fernando Oliveira, autor do blog Mundo da TV.


Fonte: MURANO, Edgard. A arte de revelar sem matar a graça. Revista LÍNGUA. São Paulo: Editora Segmento. Ano 9. n.112. Fev. 2015. p.16- 17. [Fragmento]. 
A partir da leitura desse texto, é CORRETO afirmar que: 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: IBGP Órgão: CBM-MG Prova: IBGP - 2023 - CBM-MG - Cadete |
Q2101219 Português
O poema a seguir, de Carlos Drummond de Andrade, retoma a famosa “Canção do exílio” de Gonçalves Dias.

 Nova canção do exílio
A Josué Montello Um sabiá na palmeira, longe. Estas aves cantam um outro canto. O céu cintila sobre flores úmidas. Vozes na mata, e o maior amor. Só, na noite, seria feliz: um sabiá, na palmeira, longe.
Onde é tudo belo e fantástico, só, na noite, seria feliz (Um sabiá, na palmeira, longe). Ainda um grito de vida e voltar para onde é tudo belo e fantástico: a palmeira, o sabiá, o longe.

Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. p. 145-146. 

É CORRETO afirmar que Carlos Drummond de Andrade retoma o conhecido texto de Gonçalves Dias pelo viés da:
Alternativas
Ano: 2023 Banca: IBGP Órgão: CBM-MG Prova: IBGP - 2023 - CBM-MG - Cadete |
Q2101217 Português
Leia o poema a seguir, extraído do livro “O coração disparado”, de Adélia Prado.
 Órfã na janela
Estou com saudade de Deus, uma saudade tão funda que me seca. Estou como palha e nada me conforta. O amor hoje está tão pobre, tem gripe, meu hálito não está para salões. Fico em casa esperando Deus, cavacando a unha, fungando meu nariz choroso, querendo um pôster dele no meu quarto, gostando igual antigamente da palavra crepúsculo. Que o mundo é desterro eu toda vida soube. Quando o sol vai-se embora é pra casa de Deus que vai, pra casa onde está meu pai.
Fonte: PRADO, Adélia. Poesia reunida. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2015. p. 158.

Sobre o texto, é INCORRETO afirmar que:
Alternativas
Ano: 2023 Banca: IBGP Órgão: CBM-MG Prova: IBGP - 2023 - CBM-MG - Cadete |
Q2101216 Português
Leia o poema a seguir, extraído do livro “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto.

O retirante resolve apressar os passos para chegar logo ao Recife
– Nunca esperei muita coisa, digo a Vossas Senhorias. O que me fez retirar não foi a grande cobiça; o que apenas busquei foi defender minha vida da tal velhice que chega antes de se inteirar trinta; se na serra vivi vinte, se alcancei lá tal medida, o que pensei, retirando, foi estendê-la um pouco ainda. Mas não senti diferença entre o agreste e a caatinga, e entre a caatinga e aqui a mata a diferença é a mais mínima. Está apenas em que a terra é por aqui mais macia; está apenas no pavio, ou melhor, na lamparina: pois é igual o querosene que em toda parte ilumina, e quer nesta terra gorda quer na serra, de caliça, a vida arde sempre com a mesma chama mortiça. Agora é que compreendo por que em paragens tão ricas o rio não corta em poços como ele faz na Caatinga: vive a fugir dos remansos a que a paisagem o convida, com medo de se deter, grande que seja a fadiga. Sim, o melhor é apressar o fim desta ladainha, fim do rosário de nomes que a linha do rio enfia; é chegar logo ao Recife, derradeira ave-maria do rosário, derradeira invocação da ladainha, Recife, onde o rio some e esta minha viagem se fina.

Fonte: ELO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 186-187.

Sobre os versos, é INCORRETO afirmar que:
Alternativas
Ano: 2023 Banca: IBGP Órgão: CBM-MG Prova: IBGP - 2023 - CBM-MG - Cadete |
Q2101215 Português
Leia o soneto a seguir

Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.
Fonte: MORAES, Vinicius de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986. p. 226-227.

Assinale a alternativa que apresenta CORRETAMENTE um verso do soneto em que há antítese: 
Alternativas
Respostas
766: D
767: B
768: A
769: D
770: C