Questões Militares de Português - Tipologia Textual
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Um persistente cio
É muito interessante observar o quanto a ditadura da velocidade e do “não tenho tempo a perder” retira do cotidiano das metrópoles uma das mais profundas maneiras de aproveitar, de fato, o tempo: a necessária paciência para a fruição, quase degustação lenta, dos movimentos de busca intensa do prazer originário do universo da leitura. Essa insana tacocracia, vivida sem reflexão, produz uma amarga rejeição à eroticidade inerente aos momentos nos quais é preciso entrar no cio emanado da leitura prazerosa, do mergulho intencional e povoadamente solitário que nos atinge quando nos abandonamos aos sussurros que vêm de dentro.
Há frase mais tola do que a daquele ou daquela que diz “acho que, para passar (ou matar) o tempo, vou ler alguma coisa”? Ler um livro para matar o tempo? Não! Afonso Arinos, importante jurista mineiro, mais conhecido por ser autor da primeira lei contra a discriminação racial, que também era escritor (ingressou na Academia Brasileira de Letras em 1958, mesmo ano em que foi eleito senador), escreveu em A Escalada que “domar o tempo não é matá-lo, é vivê-lo”.
Viver o tempo! Vivificálo, tornálo substantivo e desfrutável. Ora, nada como um bom livro para fazer pulsar a vida no nosso interior, vida essa que, quando absortos na leitura, nos faz esquecer a fluidez temporal e nos permite suspender provisoriamente a mortalidade e a finitude.
Mas o que é um bom livro? A subjetividade da resposta é evidente. No entanto, é possível estabelecer um critério: um bom livro é aquele que emociona você, isto é, aquele que produz sentimentos vitais, que gera perturbações, que comove, abala ou impressiona. Em outras palavras, um bom livro é aquele que, de alguma maneira, afeta você e o impede que passe adiante incólume.
A emoção do bom livro é tão imensa que se torna, lamentavelmente, irrepetível. Álvaro Lins, crítico literário pernambucano que chegou a chefiar a Casa Civil do governo JK, fez uma reflexão que expressa uma parte dessa contraditória agonia: “Ah, a tristeza de saber, no fim da leitura de certos livros, que nunca mais os leremos pela primeira vez, que não se repetirá jamais a sensação da primeira leitura, que não teremos renovada a felicidade de ignorá-los num dia e conhecê-los no dia seguinte”.
Assim – mesmo que quase tudo hoje em dia dificulte a urgência de vivificar com uma boa leitura, especialmente a estafa resultante do desequilíbrio e da correria incessante –, muitos não se deixam humilhar pelos assassinos do tempo; para impedir a vitória da mediocridade espiritual, há os que cantam com Djavan – na belíssima “Faltando um Pedaço” – e sabem que “o cio vence o cansaço”.
CORTELLA, Mário Sérgio. Um persistente cio.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/
eq2609200226.htm. Acesso em: 10 ago. 2021. [Fragmento]
Esse segmento pode ser caracterizado como argumentativo; sobre a estruturação desse tipo de texto aplicada a esse segmento, a afirmação adequada é:
Texto 1 - Operação Sossego: PM apreende aparelhos de som e aplica multa de R$ 7 mil por crime de poluição sonora
31 de julho de 2021
A Polícia Militar apreendeu cinco equipamentos de som que estavam perturbando o sossego dos moradores nos bairros de Bancários, Bairro dos Estados, Bairro São José, Mandacaru, Mangabeira e Varadouro, na noite dessa última sexta-feira (30), em João Pessoa. Seis pessoas foram conduzidas à delegacia e dois proprietários foram autuados e multados no valor total de R$ 7 mil pelo crime de poluição sonora. Os aparelhos foram recolhidos à Central de Polícia.
O texto 1, retirado do site da Polícia Militar da Paraíba, é exemplo
de texto informativo; entre as informações sobre a operação
presentes no texto, a única identificada de forma INADEQUADA é: