Questões de Concurso Militar CIAAR 2015 para Primeiro Tenente - Psicologia
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O psicodrama proposto por J. L. Moreno parte de uma perspectiva de ser humano pautada nas relações interpessoais e sociais, o que evidencia um homem espontâneo, criativo e sensível, que traz consigo fatores favoráveis a seu desenvolvimento, embora possa vir a ser acompanhado por condições sociais e ambientalmente perturbadoras e constrangedoras, levando ao indivíduo desencontrar-se de si mesmo. O psicodrama visa, portanto, oferecer alternativas às referidas condições e manter a espontaneidade, a criatividade e a sensibilidade do homem. Leia as sentenças acerca do psicodrama, informe se as afirmativas abaixo são verdadeiras (V) ou falsas (F) e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) A proposta fundamental do psicodrama é oferecer adequação e ajustamento do homem a si mesmo.
( ) Trata-se de uma psicoterapia cuja proposta é evidenciar a melhor forma de o paciente expressar seus verdadeiros sentimentos e emoções por meio da representação de personagens em uma atmosfera teatral.
( ) A criatividade consiste na capacidade de agir de modo adequado diante de situações novas, criando respostas inéditas, renovadoras ou transformadoras de situações preestabelecidas.
( ) Trata-se de um modelo de psicoterapia, na qual um dos objetivos é descobrir, aprimorar e utilizar os meios que facilitam o predomínio das relações télicas sobre as relações transferenciais.
Leia o fragmento de texto de Freudem “O Ego e o ld”.
‘“Estar ‘consciente’ é, em primeiro lugar, um termo puramente descritivo, que repousa na percepção do caráter mais imediato e certo. A experiência demonstra que um elemento psíquico (uma ideia, por exemplo) não é, via de regra, consciente por um período de tempo prolongado. Pelo contrário, um estado de consciência é, caracteristicamente, muito transitório; uma ideia que é consciente agora não o é mais um momento depois, embora assim possa tornar-se novamente, em certas condições que são facilmente ocasionadas. No intervalo, a ideia foi... Não sabemos o quê. Podemos dizer que esteve latente, e, por isso, queremos dizer que era capaz de tomar-se consciente a qualquer momento. Ora, se dissermos que era inconsciente, estaremos também dando uma descrição correta dela. Aqui Inconsciente’ coincide com ‘latente e capaz de tornar-se consciente’. (...) O estado em que as ideias existiam antes de se tornarem conscientes é chamado por nós de repressão, e asseveramos que a força que instituiu a repressão e a mantém é percebida como resistência durante o trabalho de análise. Obtemos, assim, o nosso conceito de inconsciente a partir da teoria da repressão. O reprimido é, para nós, o protótipo do inconsciente. Percebemos, contudo, que temos dois tipos de inconsciente: um que é latente, mas capaz de tomar-se consciente, e outro que é reprimido e não é, em si próprio e sem mais trabalho, capaz de tornar-se consciente (...). Fazendo uma generalização rápida, poderíamos conjecturar que a essência de uma regressão da libido (da fase genital para a anal-sádica, por exemplo) reside numa desfusão de instintos, tal como, inversamente, o avanço de uma fase anterior para a genital definitiva estaria condicionado a um acréscimo de componentes eróticos. Surge também a questão de saber se a ambivalência comum, que com tanta frequência é inusitadamente forte na disposição constitucional à neurose, não deveria ser encarada como produto de uma desfusão; a ambivalência, contudo, é um fenômeno tão fundamental que ela mais provavelmente representa uma fusão instintual que não se completou. (...) Ora, o caso em que alguém primeiramente ama e depois odeia a mesma pessoa (ou o inverso), porque essa pessoa lhe deu motivo para fazê-lo, obviamente nada tem a ver com o nosso problema. Tampouco o tem o outro caso, em que sentimentos de amor que ainda não se tornaram manifestos, expressam-se, inicialmente, por hostilidade e tendências agressivas; e pode ser que aqui o componente destrutivo da catexia do objeto se tenha apressado em ir à frente e somente mais tarde se lhe juntou o erótico. Mas sabemos de diversos casos na psicologia das neuroses em que é mais plausível supor que uma transformação se efetua. Na paranoia persecutória, o paciente desvia um vínculo homossexual excessivamente forte que o liga a uma pessoa em especial; em resultado, esta pessoa a quem muito amava, se torna um perseguidor, contra quem o paciente dirige uma agressividade frequentemente perigosa. Aqui, temos o direito de interpolar uma fase prévia, que transformou o amor em ódio.”.
Considerando o fragmento do texto, é possível levantar hipóteses acerca da neurose e da psicose para Freud.
Tendo isso em vista, assinale a opção correta.
A terapia cognitiva proposta por Aron Beck na década de 1960 tem como objetivo, “ensinar o paciente a reconhecer as cognições negativas e sua conexão com o afeto e comportamento; examinar as evidencias contra e a favor à tais pensamentos e substituí-los por interpretações mais orientadas para a realidade”. Esse objetivo foi desenvolvido a partir da constatação, em estudos científicos, que a perspectiva negativista de pacientes deprimidos possuía acerca de si mesmos, do mundo e do futuro, portanto distorcida, desencadeava o quadro depressivo em que se encontravam. Posteriormente a esses achados, esse modelo psicoterápico foi estendido a outras modalidades de transtornos psicológicos tais como ansiedade, alimentares, de personalidade, dentre outros. Julgue as sentenças que salientam distorções ou cognições negativas, informe se as afirmativas abaixo são verdadeiras (V) ou falsas (F) e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) A catastrofização ou adivinhação consiste em predizer o futuro negativamente, sem levar em consideração outros resultados mais prováveis.
( ) O filtro mental ou abstração seletiva consiste em chegar a uma conclusão negativa abrangente que extrapola a situação em questão.
( ) A hipergeneralização ou supergeneralização consiste em prestar atenção num pequeno detalhe, ao invés de ver o quadro por inteiro.
( ) O pensamento polarizado, tudo ou nada, preto e branco ou dicotômico, envolve a percepção de uma situação
de forma dicotômica, em apenas duas categorias, ao invés de um continum.
O psicodiagnóstico pode ser definido como um procedimento científico, limitado no tempo, que lança mão de técnicas e estratégias de avaliação e testagem psicológica, em nível individual ou em grupo. Visa o esclarecimento de problemas por meio de pressupostos teóricos dos construtos aos quais o problema se refira; bem como a identificação e avaliação dos aspectos específicos para a classificação do caso, a previsão do curso possível, a comunicação dos resultados e as proposições de solução caso seja necessário. Além disso, um psicodiagnóstico sustenta-se na necessidade de:
I. Tomar conhecimento acerca do que ocorre e o que motiva tal acontecimento, de maneira a responder à demanda pela qual foi iniciada uma consulta.
II. Evitar o risco significativo em que implica a ausência de um questionamento realizado previamente ao tratamento, tais como a inoperância técnica e terapêutica frente a patologias e situações complicadas e perturbadoras.
III. Proteger o profissional da psicologia que propicia o início de um determinado tratamento necessariamente pautado em dimensões clínica e ética, as quais são idôneas e comprometidas, sobretudo mediante o desconhecido e a falta de clareza do que se apresenta.
IV. Estabelecer diagnóstico e avaliação do tratamento, o que significa correr o risco de uma rotulação do caso e estar sujeito às mudanças repentinas, já que são necessários, respectivamente, retestes e manuseio de instrumentos em diferentes momentos para evitar respostas lacônicas e esporádicas fora das circunstâncias de testes.
Tendo isso em vista, o que torna um psicodiagnóstico preciso, estão corretas apenas as afirmativas
Freud (1970), em seu texto intitulado “Sobre o início do tratamento”, salientou a importância da formação do vínculo ou da aliança terapêutica, a qual envolve um padrão de relacionamento do paciente, propiciado pelo curso de seu desenvolvimento, e que geralmente se repete com o terapeuta e uma relação de transferência. Em outros termos, Freud mencionou que “permanece sendo objetivo ligar o paciente a ele (o tratamento) e à pessoa do médico. Para assegurar isso, nada precisa ser feito, exceto conceder-lhe tempo. Se se demonstra um interesse sério nele, se cuidadosamente se dissipam as resistências que vêm à tona no início e se evitam cometer certos equívocos, o paciente por si só fará essa ligação e o vinculará o médico a uma das imagens das pessoas por quem costumava ser tratado com afeição”. Considerando o fragmento de texto exposto no enunciado, leia as proposições acerca do vínculo terapêutico, informe se as afirmativas abaixo são verdadeiras (V) ou falsas (F) e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) O tempo disponibilizado para que o paciente relate suas questões o mais livremente possível e em ambiente de privacidade, consiste em uma atitude básica do terapeuta que facilita o estabelecimento de vínculo.
( ) O apoio ao paciente na manutenção de defesas, por vezes úteis, é insuficiente para o estabelecimento de estratégias a serem adotadas para remoção das mesmas, posto que destitui o terapeuta de sua função.
( ) A capacidade de compreensão e entendimento do motivo pelo qual o paciente se mobiliza a buscar tratamento, baseada em empatia, cordialidade e sensibilidade para responder às dúvidas que surgirem.
( ) A atenção parcial ao paciente limitada ao contexto terapêutico, o qual é provido de curiosidade, interesse e
carga emocional; bem como sujeito a julgamentos por implicar uma tarefa conjunta com o paciente.
O tema oncologia é um dos mais estudados e passíveis de intervenção por parte do profissional da psicologia hospitalar e da saúde mediante doenças crônicas e fatais. Nesse sentido, é possível dizer que essa especialidade tem por compromisso assumir um fazer em psicologia incorporando uma dimensão social, de investigação contínua e de atuação multiprofissional. São, portanto, objetivos da psicologia junto à oncologia:
I. Prover ao paciente oncológico e aos seus familiares todo suporte emocional que lhes são necessários.
II. Evitar orientações e informações aos pacientes e seus familiares, fornecendo-as somente à equipe de saúde, impedindo o desenvolvimento de crises decorrentes da experiência de interrupção da continuidade da vida.
III. Desenvolver projetos científicos na área de psicologia voltados para a oncologia.
IV. Contribuir para a formação de profissionais da área de psicologia especialistas em oncologia, que se orientem pelo modelo de compreensão biopsicossocial dos processos de saúde e doenças.
Estão corretas apenas as afirmativas
Em 2010, o Conselho Federal de Psicologia e o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) divulgaram uma cartilha de práticas profissionais de psicólogos a atenção básica à saúde, a qual traz considerações importantes acerca da atuação multiprofissional do profissional da psicologia, principalmente por salientar que esse tipo de atuação faz parte dos objetivos e da organização do trabalho na Atenção Básica à Saúde, cabendo ao profissional, portanto, planejar, realizar e avaliar as ações desenvolvidas nesse contexto. Dentre as diversas ações em equipe, destacam-se as reuniões para discussão e supervisão de casos clínicos. Essas discussões abrangem, entre outros temas, os procedimentos, diagnósticos, a formulação dos casos, e o planejamento, acompanhamento e possíveis desfechos dos tratamentos. Abrangem, inclusive, a formulação cultural de um caso clínico, a qual pauta-se:
I. Em uma abordagem de assistência, em que o entendimento da cultura norteia a compreensão das causas dos comportamentos de indivíduos e grupos e que independa do tipo de identificação cultural que eles possuam.
II. Na consideração das normas e crenças culturais, visto que, estas exercem impacto mais significativo sobre indivíduos que se identificam fortemente com sua cultura de origem.
III. Em um modelo de atendimento em que, embora os sintomas do paciente não representem uma síndrome ligada a cultura, os clínicos devam levar em conta a estrutura cultural de indivíduos e grupos como um pano de fundo.
IV. No exame da formação cultural do paciente, como uma maneira de determinar os apoios culturais disponíveis, visto que, estes fornecem importantes recursos emocionais que funcionam com estratégias de enfrentamento de eventos estressores.
Analisando as sentenças, os aspectos privilegiados na formulação cultural, estão corretas apenas nas afirmativas
O trabalho interdisciplinar do psicólogo clínico, em contextos de consultório e da atenção primária, exige conhecimento claro do curso de desenvolvimento humano, sobretudo quando o público alvo dos atendimentos são crianças e adolescentes. De acordo com Cordioli (2008), o trabalho clínico direcionado às crianças que têm se destacado nos últimos tempos é o das terapias cognitivo-comportamentais, principalmente o da terapia cognitiva focada no trauma - TCC-FT, a qual baseia-se em teorias do aprendizado e da cognição, e visa atuar em áreas específicas de perturbações psicológicas e sintomas verificados em crianças que sofreram abuso. Leia as proposições acerca da TCC-FT para crianças, informe se as afirmativas abaixo são verdadeiras (V) ou falsas (F) e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) Intervenções cujo foco são as crianças têm por escopo, promover o desenvolvimento das capacidades de expressão emocional, de enfrentamentos, de monitoramento e modificação de pensamentos automáticos; bem como de resolver problemas, à educação sexual caso haja histórico de abuso e ao desenvolvimento de habilidades sociais.
( ) As técnicas parentais que são trabalhadas desde as primeiras sessões visam atenuar o sofrimento pelo evento traumático, as condutas agressivas e as explosões de raiva.
( ) A psicoeducação consiste em uma técnica que deve ser utilizada com cautela no processo psicoterápico com crianças, cabendo ao terapeuta utilizá-la apenas após a consolidação o vínculo terapêutico.
( ) Intervenções com uso das técnicas de relaxamento, são empregadas com ou sem a presença de sintomas
psicofisiológicos decorrentes das experiências traumáticas, visando a conscientização do trauma.
A clínica com adolescentes destaca-se por possuir características bastante peculiares em razão das constantes modificações em níveis físico, psicológico e social do indivíduo que está em transição da infância para a idade adulta. Essas peculiaridades exigem compreensão e técnicas específicas no campo psicoterápico, principalmente no que concerne ao início do processo. Nesse início, no que se refere à aliança terapêutica, é preciso considerar:
I. A capacidade de auto-observação instável do sujeito adolescente, já que ele expressa-se tanto de modo introspectivo e, simultaneamente, extrovertido, quanto por recorrer a diferentes formas de atuação.
II. Uma postura em que o profissional demonstre interesse pelo desafio enfrentado pelo adolescente no curso de seu próprio desenvolvimento, embora evidencie que não possa fazê-lo por ele, mesmo auxiliando-o no controle das atuações quando estas forem lesivas ao setting e ao próprio indivíduo.
III. Sustenta-se nos pressupostos do método psicanalítico, tendo em vista que este se sobressai na oferta de uma compreensão do desenvolvimento adolescente como um momento de crise, orientando o profissional numa configuração analítica em que seja feita uma intervenção baseada no tripé analista, sujeito e configuração parental.
IV. Uma gama de interpretações elaboradas de forma clara e diretiva, no sentido de promover a compreensão do sujeito adolescente, o que exige do terapeuta uma postura mais ativa sem desprover-se do manejo do silêncio durante as sessões.
Após análise das sentenças, estão corretas apenas as afirmativas
Na abordagem de psicoterapia denominada Terapia Centrada na Pessoa, o homem é visto como sendo intrinsecamente motivado para um processo construtivo. É esta motivação, uma espécie de sabedoria do organismo, que o leva a sobreviver, a manter a sua organização, a curar-se, se for necessário, e a evoluir na direção de uma progressiva complexidade e autonomia. Considerando essa perspectiva de homem da Terapia Centrada na Pessoa, associe as colunas relacionando os construtos às suas definições.
(1) Organismo
(2) Campo fenomenal
(3) Subcepção
(4) Self
( ) construto organizado e consistente, composto por percepções das características do ‘eu’ e pelas percepções dos relacionamentos do ‘eu’ com os outros. Está disponível à consciência, é fluida e mutante, um processo, mas em qualquer momento dado é uma entidade específica e não necessariamente consciente.
( ) é o foco de toda a experiência, a qual inclui tudo o que está acontecendo dentro do organismo em qualquer momento dado e que está potencialmente disponível para a consciência.
( ) poder do organismo para discriminar e reagir a uma experiência não simbolizada.
( ) estrutura de referência do indivíduo, que só pode ser conhecida pelo próprio indivíduo ou pela inferência empática. Consiste em sua realidade subjetiva, constituída por experiências conscientes (simbolizadas) e inconscientes (não simbolizadas).
A sequência correta é