Questões de Concurso Militar EEAR 2017 para Sargento da Aeronáutica - Controle de Tráfego Aéreo (Turma 2)
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Quem casa quer casa
Num tempo em que se casava depois de namorar e noivar, viajei com meu marido para a minha primeira casa, no mesmo dia do meu casamento. Partia na verdade para um reino onde, tendo modos à mesa e usando meia fina, seria uma mulher distinta como Dona Alice e seu marido saindo para a missa das dez. Pois sim, meu enxoval (...) foi despachado com zelo pela via férrea para uma cidade longe, tão longe que não pude eu mesma escolher casa e coisas. Como você quer nossos móveis?, havia perguntado meu noivo. Ah, eu disse, você pode escolher, mas gosto mesmo é daqueles escuros, pretos. Pensava na maravilhosa cristaleira de Dona Cecília, móveis de pernas torneadas e brilhantes, cama de cabeceira alta. Para a cozinha achei melhor nem sugerir, apostando na surpresa. Você pode cuidar de tudo, respondi a meu noivo atrapalhado com as providências, os poucos dias de folga na empresa, sozinho (...). Foi abrir a porta de nossa casa com alpendre e levei o primeiro susto de muitos de minha vida de casada. A mobília - palavra que sempre detestei - era daquele amarelo bonito de peroba. Tem pouco uso, disse meu marido, comprei de um colega que se mudou daqui. Gostei da cristaleira, seus espelhos multiplicando o ‘jogo de porcelana’ - que invenção! A cama era feia, egressa de um outro desenho, sem nada a ver com a sala. E a cozinha? O mesmo fogão a lenha que desde menina me encarvoara. O fogão a gás vem em duas semanas, explicou meu marido com mortificada delicadeza, adivinhando o borbotão de lágrimas. Mas o banheiro, este sim amei à primeira vista, azulejos, louça branca e um boxe com cortina amarela desenhada em peixes e algas. Recompensou-me. Faz quarenta anos desde minha apresentação a este meu primeiro banheiro com cortina, a um piso que se limpava com sapóleo, palavra que incorporei incontinente ao meu novo status. Vinha de uma casa com panelas de ferro que só brilhavam a poder de areia. (...) Quando me viu a pique de chorar, meu marido me disse naquele dia: quando puder, vou comprar móveis pretos e torneados pra você. Compreendi, com grande sorte para mim, que era melhor escutar aquela promessa ardente ao ouvido, que ter móveis bonitos e marido desatento. Do viçoso jardim arranquei quase tudo para ‘plantar do meu jeito’, tentativa de construir um lar, esperança que até hoje guardo e pela qual me empenho como se tivesse acabado de me casar.
Adélia Prado https://cronicasurbanas/wordpress/tag/adelia-prado
VOCABULÁRIO
alpendre: varanda coberta
borbotão: caudal; jorro; jato forte, em grande quantidade
egressa: afastada; retirada, que não pertence a um grupo encarvoara: sujara de carvão
incontinente: que ou quem não se contém, sem moderação
viçoso: que cresce e se desenvolve com vigor
Quem casa quer casa
Num tempo em que se casava depois de namorar e noivar, viajei com meu marido para a minha primeira casa, no mesmo dia do meu casamento. Partia na verdade para um reino onde, tendo modos à mesa e usando meia fina, seria uma mulher distinta como Dona Alice e seu marido saindo para a missa das dez. Pois sim, meu enxoval (...) foi despachado com zelo pela via férrea para uma cidade longe, tão longe que não pude eu mesma escolher casa e coisas. Como você quer nossos móveis?, havia perguntado meu noivo. Ah, eu disse, você pode escolher, mas gosto mesmo é daqueles escuros, pretos. Pensava na maravilhosa cristaleira de Dona Cecília, móveis de pernas torneadas e brilhantes, cama de cabeceira alta. Para a cozinha achei melhor nem sugerir, apostando na surpresa. Você pode cuidar de tudo, respondi a meu noivo atrapalhado com as providências, os poucos dias de folga na empresa, sozinho (...). Foi abrir a porta de nossa casa com alpendre e levei o primeiro susto de muitos de minha vida de casada. A mobília - palavra que sempre detestei - era daquele amarelo bonito de peroba. Tem pouco uso, disse meu marido, comprei de um colega que se mudou daqui. Gostei da cristaleira, seus espelhos multiplicando o ‘jogo de porcelana’ - que invenção! A cama era feia, egressa de um outro desenho, sem nada a ver com a sala. E a cozinha? O mesmo fogão a lenha que desde menina me encarvoara. O fogão a gás vem em duas semanas, explicou meu marido com mortificada delicadeza, adivinhando o borbotão de lágrimas. Mas o banheiro, este sim amei à primeira vista, azulejos, louça branca e um boxe com cortina amarela desenhada em peixes e algas. Recompensou-me. Faz quarenta anos desde minha apresentação a este meu primeiro banheiro com cortina, a um piso que se limpava com sapóleo, palavra que incorporei incontinente ao meu novo status. Vinha de uma casa com panelas de ferro que só brilhavam a poder de areia. (...) Quando me viu a pique de chorar, meu marido me disse naquele dia: quando puder, vou comprar móveis pretos e torneados pra você. Compreendi, com grande sorte para mim, que era melhor escutar aquela promessa ardente ao ouvido, que ter móveis bonitos e marido desatento. Do viçoso jardim arranquei quase tudo para ‘plantar do meu jeito’, tentativa de construir um lar, esperança que até hoje guardo e pela qual me empenho como se tivesse acabado de me casar.
Adélia Prado https://cronicasurbanas/wordpress/tag/adelia-prado
VOCABULÁRIO
alpendre: varanda coberta
borbotão: caudal; jorro; jato forte, em grande quantidade
egressa: afastada; retirada, que não pertence a um grupo encarvoara: sujara de carvão
incontinente: que ou quem não se contém, sem moderação
viçoso: que cresce e se desenvolve com vigor
Quem casa quer casa
Num tempo em que se casava depois de namorar e noivar, viajei com meu marido para a minha primeira casa, no mesmo dia do meu casamento. Partia na verdade para um reino onde, tendo modos à mesa e usando meia fina, seria uma mulher distinta como Dona Alice e seu marido saindo para a missa das dez. Pois sim, meu enxoval (...) foi despachado com zelo pela via férrea para uma cidade longe, tão longe que não pude eu mesma escolher casa e coisas. Como você quer nossos móveis?, havia perguntado meu noivo. Ah, eu disse, você pode escolher, mas gosto mesmo é daqueles escuros, pretos. Pensava na maravilhosa cristaleira de Dona Cecília, móveis de pernas torneadas e brilhantes, cama de cabeceira alta. Para a cozinha achei melhor nem sugerir, apostando na surpresa. Você pode cuidar de tudo, respondi a meu noivo atrapalhado com as providências, os poucos dias de folga na empresa, sozinho (...). Foi abrir a porta de nossa casa com alpendre e levei o primeiro susto de muitos de minha vida de casada. A mobília - palavra que sempre detestei - era daquele amarelo bonito de peroba. Tem pouco uso, disse meu marido, comprei de um colega que se mudou daqui. Gostei da cristaleira, seus espelhos multiplicando o ‘jogo de porcelana’ - que invenção! A cama era feia, egressa de um outro desenho, sem nada a ver com a sala. E a cozinha? O mesmo fogão a lenha que desde menina me encarvoara. O fogão a gás vem em duas semanas, explicou meu marido com mortificada delicadeza, adivinhando o borbotão de lágrimas. Mas o banheiro, este sim amei à primeira vista, azulejos, louça branca e um boxe com cortina amarela desenhada em peixes e algas. Recompensou-me. Faz quarenta anos desde minha apresentação a este meu primeiro banheiro com cortina, a um piso que se limpava com sapóleo, palavra que incorporei incontinente ao meu novo status. Vinha de uma casa com panelas de ferro que só brilhavam a poder de areia. (...) Quando me viu a pique de chorar, meu marido me disse naquele dia: quando puder, vou comprar móveis pretos e torneados pra você. Compreendi, com grande sorte para mim, que era melhor escutar aquela promessa ardente ao ouvido, que ter móveis bonitos e marido desatento. Do viçoso jardim arranquei quase tudo para ‘plantar do meu jeito’, tentativa de construir um lar, esperança que até hoje guardo e pela qual me empenho como se tivesse acabado de me casar.
Adélia Prado https://cronicasurbanas/wordpress/tag/adelia-prado
VOCABULÁRIO
alpendre: varanda coberta
borbotão: caudal; jorro; jato forte, em grande quantidade
egressa: afastada; retirada, que não pertence a um grupo encarvoara: sujara de carvão
incontinente: que ou quem não se contém, sem moderação
viçoso: que cresce e se desenvolve com vigor
Quem casa quer casa
Num tempo em que se casava depois de namorar e noivar, viajei com meu marido para a minha primeira casa, no mesmo dia do meu casamento. Partia na verdade para um reino onde, tendo modos à mesa e usando meia fina, seria uma mulher distinta como Dona Alice e seu marido saindo para a missa das dez. Pois sim, meu enxoval (...) foi despachado com zelo pela via férrea para uma cidade longe, tão longe que não pude eu mesma escolher casa e coisas. Como você quer nossos móveis?, havia perguntado meu noivo. Ah, eu disse, você pode escolher, mas gosto mesmo é daqueles escuros, pretos. Pensava na maravilhosa cristaleira de Dona Cecília, móveis de pernas torneadas e brilhantes, cama de cabeceira alta. Para a cozinha achei melhor nem sugerir, apostando na surpresa. Você pode cuidar de tudo, respondi a meu noivo atrapalhado com as providências, os poucos dias de folga na empresa, sozinho (...). Foi abrir a porta de nossa casa com alpendre e levei o primeiro susto de muitos de minha vida de casada. A mobília - palavra que sempre detestei - era daquele amarelo bonito de peroba. Tem pouco uso, disse meu marido, comprei de um colega que se mudou daqui. Gostei da cristaleira, seus espelhos multiplicando o ‘jogo de porcelana’ - que invenção! A cama era feia, egressa de um outro desenho, sem nada a ver com a sala. E a cozinha? O mesmo fogão a lenha que desde menina me encarvoara. O fogão a gás vem em duas semanas, explicou meu marido com mortificada delicadeza, adivinhando o borbotão de lágrimas. Mas o banheiro, este sim amei à primeira vista, azulejos, louça branca e um boxe com cortina amarela desenhada em peixes e algas. Recompensou-me. Faz quarenta anos desde minha apresentação a este meu primeiro banheiro com cortina, a um piso que se limpava com sapóleo, palavra que incorporei incontinente ao meu novo status. Vinha de uma casa com panelas de ferro que só brilhavam a poder de areia. (...) Quando me viu a pique de chorar, meu marido me disse naquele dia: quando puder, vou comprar móveis pretos e torneados pra você. Compreendi, com grande sorte para mim, que era melhor escutar aquela promessa ardente ao ouvido, que ter móveis bonitos e marido desatento. Do viçoso jardim arranquei quase tudo para ‘plantar do meu jeito’, tentativa de construir um lar, esperança que até hoje guardo e pela qual me empenho como se tivesse acabado de me casar.
Adélia Prado https://cronicasurbanas/wordpress/tag/adelia-prado
VOCABULÁRIO
alpendre: varanda coberta
borbotão: caudal; jorro; jato forte, em grande quantidade
egressa: afastada; retirada, que não pertence a um grupo encarvoara: sujara de carvão
incontinente: que ou quem não se contém, sem moderação
viçoso: que cresce e se desenvolve com vigor
Leia:
Assinale a alternativa referente ao verso em que a conjunção
e estabelece relação de sentido diferente das demais.
Assinale a alternativa que traz a correta sequência dos termos que preenchem as lacunas do poema abaixo, observando a regência dos verbos que os exigem.
Hão de chorar___ ela os cinamomos;
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se________que____ colhia.
[...]
Hão de chorar a irmã que____sorria.
[...]
A lua que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê(ver)____
Entre lírios e pétalas de rosa.
(Alphonsus de Guimaraens)
Leia:
Abandonado à escrivaninha em São Paulo/ Na minha casa (...)/ De sopetão senti um friúme por dentro/ Fiquei trêmulo, muito comovido/ Com o livro palerma olhando para mim.
(Mário de Andrade)
Assinale a alternativa que corresponde ao exato número de advérbios e locuções adverbiais presentes ao texto acima.
Considere os três períodos abaixo:
I. O estado de saúde do menino piorou.
II. A família levou-o para atendimento médico.
III. O hospital estava lotado e não havia vaga para internação do enfermo.
Formando um só período com as orações expressas nas sentenças, assinale a alternativa que traz a correta sequência das conjunções coordenativas que explicitam corretamente a relação de sentido entre elas.
Leia o texto a seguir e responda ao que se pede.
Chamas de louco ou tolo ao apaixonado que sente ciúmes quando ouve sua amada dizer que na véspera de tarde o céu estava uma coisa lindíssima, com mil pequenas nuvens de leve púrpura sobre um azul de sonho. (Rubem Braga)
Assinale a alternativa correta referente ao adjetivo destacado no texto.
Identifique a função sintática dos termos destacados nas sentenças abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que contém a sequência correta da classificação desses termos.
1 - A aldeia era povoada de caiçaras.
2 - O artista estava cercado de fãs adolescentes.
3 - As plantas ficaram ávidas de água revigorante.
4 - Todos foram tomados de sentimentos apaziguadores.
Leia as frases:
I. Gostava de doces caramelizados da doçaria de Dona Dalva.
II. No shopping, vigiava-a com a discrição de um investigador profissional.
III. Entre livros e cadernos velhos, na estante, encontrou um bilhete da antiga namorada.
IV. Lembrava-se ainda do período de sua infância vivida naquela cidadezinha do interior do Brasil.
Há objeto direto nas sentenças
Leia as sentenças abaixo, observando nelas a correção ortográfica das palavras destacadas.
1 - O belo corte de seda pedia mãos delicadas e olhos perscrutadores a cuidar das minúscias do maravilhoso bordado que brilharia no corpo da noiva.
2 - Todos os dias, ao longe, ouvia o apito do requintado trem. O som lhe parecia mais um gorjeio que a levava para dentro de uma cabina de luxo, onde tomava chá como uma dama invejada.
3 - A criança, doida pelo presente, expiava o colorido papel que cobria a grande caixa, imaginando que dali saltaria seu amado, macio e branco urso.
Está(ão) correta(s) a(s) sentença(s)
Há, no texto abaixo, uma oração reduzida em destaque. Leia-a com atenção e, a seguir, assinale a alternativa que traz sua correspondente classificação sintática.
...o foco narrativo mostra a sua verdadeira força na medida em que é capaz de configurar o nível de consciência de um homem que, tendo conquistado a duras penas um lugar ao sol, absorveu na sua longa jornada toda a agressividade latente de um sistema de competição. (Alfredo Bosi)
Leia:
1 - Eu vou tirar você de mim/Assim que descobrir /Com quantos nãos se faz um sim
2 - Vale todo um harém a minha bela/Em fazer-me ditoso ela capricha.../Vivo ao sol de seus olhos namorados,/Como ao sol de verão a lagartixa.
3 - Ilumina meu peito, canção./Dentro dele/Mora um anjo,/Que ilumina/O meu coração.
Nas sentenças acima, encontram-se, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem: