Um rapaz de dezesseis anos de idade, de profissão
desconhecida, solteiro, católico e que cursava o 6.º ano do ensino
fundamental, apresentava, havia um ano, agressividade recorrente
contra sua irmã. Mostrava-se ausente, desconectado do meio
ambiente, preferindo retirar-se e isolar-se do contato com outras
pessoas. Apresentava medos difusos e, quando interrogado a
respeito disso, dizia estar com problema espiritual. Ele já havia sido
internado durante vinte dias, mas acabara saindo no mesmo estado
de retraimento e desinteresse. Perante os médicos, apresentava uma
postura desafiadora e irônica, afirmando não confiar em psicólogos.
“Nunca tive amigos. Às vezes é difícil falar. Eu reúno todas as
palavras na cabeça e não me esqueço de nada”, dizia o rapaz.
De acordo com a equipe de enfermagem, ele agia com birra e
pirraça, além de ter comportamento bizarro, andando com o pé
arrastando pela parede. Era irritável, impulsivo contra os outros e
si mesmo e insistia que seu problema era espiritual. O exame
psíquico evidenciou atenção dispersa, incapacidade de interpretar
provérbios, pensamentos desconexos, com associações frouxas e
respostas curtas. Muitas vezes, não respondia ao que havia sido
perguntado; ficava com a cabeça baixa e feição séria. Ao ser
questionado a respeito, o jovem dizia “eu sou de fazer, não sou de
falar”.