Questões de Concurso Militar PM-ES 2013 para Aspirante da Polícia Militar
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E era a gaiola e era a vida era a gaiola e era o muro a cerca e o preconceito e era o filho a família e a aliança e era a grade a filha e era o conceito e era o relógio o horário o apontamento e era o estatuto a lei e o mandamento e a tabuleta dizendo é proibido.
E era a vida era o mundo e era a gaiola e era a casa o nome a vestimenta e era o imposto o aluguel a ferramenta e era o orgulho e o coração fechado e o sentimento trancado a cadeado.
E era o amor e o desamor e o medo de magoar e eram os laços e o sinal de não passar.
E era a vida era a vida o mundo e a gaiola
e era a vida e a vida era a gaiola. (Apud Alda Beraldo. Trabalhando com poesia. São Paulo: Ática, 1990. v. 2, p. 17.),
As palavras em textos literários não apresentam um sentido único, cujos valores gramaticais são relativizados em virtude da criatividade do autor. Na construção do poema tem-se a repetição da conjunção “e” que cumpre o papel de ligar as palavras e orações. Essa conjunção estabelece entre as ideias relacionadas no texto um sentido de:
Poema da necessidade Carlos Drummond de Andrade
É preciso casar João, é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades, é preciso substituir nós todos
É preciso salvar o país, é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas, é preciso comprar um rádio, é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque, é preciso estar sempre bêbado, é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens, é preciso não assassiná-los
é preciso ter mãos pálidas e anunciar o Fim do Mundo.
(Reunião.10. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1980. p. 47.)
O poema é construído a partir de uma estrutura paralelística, caracterizado por repetição de palavras e de estruturas sintáticas. Assinale a alternativa correta:
Leia o texto a seguir:
Nada como a instrução
“Rico estuda cinco anos mais.”
Cotidiano, 17 jul. 1998.
O senhor não me arranja um trocado?, perguntou o esfarrapado garoto com um olhar súplice. Outro daria o dinheiro ou seguiria adiante. Não ele. Não perderia aquela oportunidade de ensinar a um indigente uma lição preciosa:
– Não, jovem – respondeu –, não vou lhe dar dinheiro. Vou lhe dar uma coisa melhor do que dinheiro. Vou lhe transmitir um ensinamento. Olhe para você, olhe para mim. Você é pobre, você anda descalço, você decerto não tem o que comer. Eu estou bem vestido, moro bem, como bem. Você deve estar achando que isso é obra do destino. Pois não é. Sabe qual é a diferença entre nós, filho? O estudo. As estatísticas estão aí: Pobre estuda cinco anos menos do que o rico.
O menino olhava, assombrado. Ele continuou:
– Pessoas como eu estudaram mais. Em média, cinco anos mais. Ou seja: passamos cinco anos a mais em cima dos livros. Cinco anos sem nos divertir, cinco anos queimando as pestanas, cinco anos sofrendo na véspera dos exames. E sabe por quê, filho? Porque queríamos aprender. Aprender coisas como o teorema de Pitágoras. Você sabe o que é o teorema de Pitágoras? Não, seguramente você não sabe oque é o teorema de Pitágoras. Se você soubesse, eu não lhe daria um trocado, eu lhe daria muito dinheiro, como homenagem a seu conhecimento. Mas você não sabe o que é o teorema de Pitágoras, sabe?
– Não – disse o menino. E virando as costas foi embora.
Com o que ele ficou muito ofendido. O rapaz simplesmente não queria saber nada acerca do teorema de Pitágoras. Aliás – como era mesmo, o tal teorema? Era algo como o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. Ou: o quadrado do cateto é a soma dos quadrados da hipotenusa. Ou ainda, a hipotenusa dos quadrados é a soma dos catetos quadrados. Algo assim. Algo que só aqueles que têm cinco anos a mais de estudo conhecem.
(Moacyr Sclilar. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2001.
p. 25-6.)
A crônica é um gênero textual que oscila entre literatura e
jornalismo. A crônica de Moacyr Scliar acaba por revelar:
I - insólida, por causa de seu final surpreendente.
II - crítica, porque denuncia as diferenças sociais.
III - irônica, porque demonstra que o conhecimento escolar nem sempre é suficiente para que se tenha uma visão abrangente da realidade.
Qual(is) afirmativa(s) está(ão) correta(as)?
Leia o poema a seguir:
Canção do vento e da minha vida
Mário Bandeira
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varia as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varia os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.
O vento varria os sonhos
O vento varria as amizades...
O vento varria as mulheres.
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
O vento varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
(Estrela da vida inteira. 5. Ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974. p. 165-6.)
I - Agente da ação de “varrer”, o vento age diretamente (sem preposição) sobre as coisas e seres que fazem parte da vida do eu lírico. II - “Varrer” é verbo transitivo direto o que pressupõe uma ação direta do eu lírico sobre as coisas e seres que fazem parte da vida do eu lírico. III - A regência do adjetivo “cheia” sugere uma atitude passiva do eu lírico, que fica imóvel diante da ação do tempo. IV - A regência do adjetivo cheia (de) sugere o que fica acumulado, para o eu lírico, da experiência vivida, apesar (e em razão) da ação devastadora do tempo. Quais afirmativas estão corretas?