EDITORIAL » O poder das mulheres do maracatu (Texto brevemente alterado -
Publicação: 05/11/2016 3:00)
Primeiro elas se libertaram do papel de cozinheiras. Depois, ganharam as ruas com
roupas coloridas e um som alegre. Desafiaram o machismo instaurado historicamente na
brincadeira de maracatu rural. Hoje, estão mais empoderadas que ontem. Prontas, portanto,
para receberem a homenagem merecida. Doze anos depois de lançado, o Maracatu Feminino
de Baque Solto Coração Nazareno, o único do Brasil formado apenas por mulheres, será
agraciado com a Ordem do Mérito Cultural (OMC), considerada a condecoração mais
importante da cultura brasileira e ofertada pelo Ministério da Cultura (MinC).
O evento acontece no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta segunda-feira. Eliane
Rodrigues, idealizadora e coordenadora do maracatu, embarca sozinha para representar 72
mulheres, a maioria de Nazaré da Mata, conhecida como a Capital do Maracatu. O grupo é
diverso (...).
Até os anos de 1990, somente os homens podiam brincar no maracatu, explica Eliane
Rodrigues. Às mulheres, cabia apenas o papel de cozinhar para eles. Tabu quebrado, as
participantes passaram de coadjuvantes a protagonistas. No carnaval, reinam de igual para
igual com os maracatus formados por homens. Nas apresentações, tornam-se poderosas em
qualquer idade. O Coração Nazareno tem participantes de oito a oitenta anos de idade. Se não
preservamos a cultura, perdemos aos poucos nossa história. Primordial, portanto, passar essa
informação valiosa para as crianças.
A importância da agremiação já foi contada no livro A mulher no maracatu rural, da
historiadora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Tamar Thalez, e em curtas,
produzidos, inclusive, por estrangeiros em visita ao estado. Hoje, calcula-se 23 maracatus em
Nazaré da Mata, sendo que 19 deles estão em maior evidência.
O grupo foi formado em 8 de março de 2004, no Dia Internacional da Mulher, pelas
integrantes da Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam). Hoje, tem dois CD’s,
além de prêmios, como o Cultura Popular nas Ondas do Rádio e o Prêmio Culturas Populares -
100 Anos Mazzaropi, do Ministério da Cultura. Além de trabalhar o protagonismo feminino na
dança, a Amunam investe na economia criativa, através do Ponto de Cultura Engenhos dos
Maracatus. Lá, são ofertadas às mulheres e suas famílias oficinas de artesanato voltadas para
a produção de adereços de maracatus. Patrimônio Imaterial do Brasil, o maracatu rural deixa
Pernambuco por um dia para brilhar e fazer brilhar os olhos dos habitantes de Brasília.
Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/opiniao/46.97.43.74/2016/11/05/interna opinião, 157335/o-poder-das-mulheres-domaracatu.shtml Acesso: 05/11/2016
Leia estes três conjuntos de trechos do texto e apreciações interpretativas e
metalinguísticas, depois responda à questão a seguir.
I. Primeiro elas se libertaram do papel de cozinheiras. Depois, ganharam as ruas com roupas
coloridas e um som alegre. Desafiaram o machismo instaurado historicamente na brincadeira
de maracatu rural. Hoje, estão mais empoderadas que ontem.
(Neste fragmento, o pronome “elas” e o emprego da elipse foram recursos eficientes para
manter o tópico “mulheres” nos períodos.)
II. Até os anos de 1990, somente os homens podiam brincar no maracatu, explica Eliane
Rodrigues. Às mulheres, cabia apenas o papel de cozinhar para eles. Tabu quebrado, as
participantes passaram de coadjuvantes a protagonistas. No carnaval, reinam de igual para
igual com os maracatus formados por homens.
(Neste trecho, o recurso semântico da comparação foi empregado para dar destaque à
manutenção temática).
III. A importância da agremiação já foi contada no livro A mulher no maracatu rural, da
historiadora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Tamar Thalez, e em curtas,
produzidos, inclusive, por estrangeiros em visita ao estado. Hoje, calcula-se 23 maracatus em
Nazaré da Mata, sendo que 19 deles estão em maior evidência. (Neste trecho, a temática das
empoderadas foi mantida indiretamente, uma vez que se deu ênfase a fatos associados, não a
elas necessariamente)