Questões de Concurso Militar PM-SP 2013 para Tecnólogo de Administração Policial-Militar

Foram encontradas 5 questões

Q2212797 Português
Leia o texto para responder à questão.

A língua frouxa

  O poeta Ezra Pound dizia que era preciso manter a língua eficiente. Palavras corrompidas, usadas fora de contexto, e a substituição arbitrária e compulsória de umas por outras tornam a língua pobre, imprecisa, ineficiente. Com isso, produzem pensamentos frouxos, e a vida vai para o beleléu.
  Ao agradecer, por exemplo, quase ninguém mais diz “Obrigado”. O gato comeu o primeiro “o”. Milhões agora gorgolejam um excruciante “Brigado”. Não que isso seja novidade – apenas tornou-se uma regra não escrita. Naturalmente, o mesmo empobrecimento que produz o “brigado” impede que, se for uma mulher, ela diga “Obrigada”.
  Da mesma forma, quando alguém hoje nos lisonjeia com um “Obrigado” (ou seu correspondente “Obrigada”), abandonamos a resposta clássica, sóbria e elegante, “De nada” ou “Por nada”. Em vez disso, cacarejamos “Imagina!” – como se ficássemos sinceramente ofendidos por alguém estar nos agradecendo. Há casos em que, não contente, a pessoa solta: “Magina!”. Proponho o seguinte: se alguém nos diz “Brigado!”, fica liberado o uso de “Magina!” – uma elocução merece a outra.
   E o que dizer do “Com certeza!”? Há anos, mandou para o limbo uma variedade de opções, como “Claro!”, “Sem dúvida!”, “Evidente!” ou “Certo!”, além do melhor e tão mais simples “Sim!”. Jogadores de futebol, nas torturantes entrevistas que concedem ao fim da partida, são os grandes abonadores do “Com certeza!”. Quase sempre, sem saber o que significa.
  O locutor pergunta: “Fulaninho, vocês perderam por 10 a 0. Como será o próximo jogo?”. O craque responde: “Com certeza. Agora é levantar a cabeça e trabalhar duro para vencer o próximo jogo e conquistar nossos objetivos”. O locutor só pode agradecer: “Brigado!”.
   E o craque, retrucar: “Magina!”.

(Ruy Castro, Folha de S.Paulo, 01.11.2008. Adaptado)
Em – Há anos, mandou para o limbo uma variedade de opções… –, o verbo haver contribui para marcar a passagem do tempo.
Assinale a alternativa em que o verbo em destaque exerce a mesma função e foi empregado de acordo com a norma­ -padrão.
Alternativas
Q2212801 Português
Leia o capítulo XX de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, para responder à questão.

Bacharelo-me


   Um grande futuro! Enquanto esta palavra me batia no ouvido, devolvia eu os olhos, ao longe, no horizonte misterioso e vago. Uma ideia expelia outra, a ambição desmontava Marcela. Grande futuro? Talvez naturalista, literato, arqueólogo, banqueiro, político ou até bispo, – bispo que fosse, – uma vez que fosse um cargo, uma preeminência, uma grande reputação, uma posição superior. A ambição, dado que fosse águia, quebrou nessa ocasião o ovo, e desvendou a pupila fulva e penetrante. Adeus, amores! adeus, Marcela! dias de delírio, joias sem preço, vida sem regime, adeus! Cá me vou às fadigas e à glória; deixo-vos com as calcinhas da primeira idade.
   E foi assim que desembarquei em Lisboa e segui para Coimbra. A Universidade esperava-me com as suas matérias árduas; estudei-as muito mediocremente, e nem por isso perdi o grau de bacharel; deram-mo com a solenidade do estilo, após os anos da lei; uma bela festa que me encheu de orgulho e de saudades, – principalmente de saudades. Tinha eu conquistado em Coimbra uma grande nomeada de folião; era um acadêmico estroina, superficial, tumultuário e petulante, dado às aventuras, fazendo romantismo prático e liberalismo teórico, vivendo na pura fé dos olhos pretos e das constituições escritas. No dia em que a Universidade me atestou, em pergaminho, uma ciência que eu estava longe de trazer arraigada no cérebro, confesso que me achei de algum modo logrado, ainda que orgulhoso. Explico-me: o diploma era uma carta de alforria; se me dava a liberdade, dava-me a responsabilidade. Guardei-o, deixei as margens do Mondego, e vim por ali fora assaz desconsolado, mas sentindo já uns ímpetos, uma curiosidade, um desejo de acotovelar os outros, de influir, de gozar, de viver, – de prolongar a Universidade pela vida adiante…

(Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1997)
A norma-padrão determina que, havendo partícula atrativa, o pronome deve vir antes do verbo, isto é, deve-se utilizar a próclise.
Sabendo-se que as conjunções subordinativas são partículas atrativas, assinale o trecho do texto que exemplifica essa norma gramatical.
Alternativas
Q2212803 Português
Considere a tirinha para responder à questão.





(Rafael, Folha de S.Paulo, 23.02.2012.)
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, o texto a seguir elaborado a partir da tirinha.
_______ era criança, Elder tinha sorte no jogo _______ ganhava todas as partidas de Banco Imobiliário, fazendo questão de mostrar-se superior, _______ isso irritasse seus colegas. Hoje é um empresário de sucesso, ______ causa perplexidade saber qual é seu método para tomar importantes decisões.
Alternativas
Q2212805 Português
Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade, publicado no livro Alguma Poesia, para responder à questão.

Balada do Amor através das Idades


Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.
Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.
Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.
Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.
Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount*,
te abraço, beijo e casamos.

*Importante estúdio de cinema

(Carlos Drummond de Andrade. Alguma Poesia.
Rio de Janeiro: Record, 2007
Assinale a afirmação correta sobre a construção estética do poema.
Alternativas
Q2212806 Português
Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade, publicado no livro Alguma Poesia, para responder à questão.

Balada do Amor através das Idades


Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.
Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.
Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.
Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.
Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount*,
te abraço, beijo e casamos.

*Importante estúdio de cinema

(Carlos Drummond de Andrade. Alguma Poesia.
Rio de Janeiro: Record, 2007
A correta relação entre o trecho em destaque e a circunstância adverbial que ele expressa encontra-se na alternativa:
Alternativas
Respostas
1: D
2: E
3: C
4: A
5: D