Questões de Concurso Militar PM-SP 2022 para Aluno - Oficial PM

Foram encontradas 9 questões

Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2022 - PM-SP - Aluno - Oficial PM |
Q1940688 Português

Leia o trecho inicial do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão.


        Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

        — Continue, disse eu acordando.

        — Já acabei, murmurou ele.

        — São muito bonitos.

        Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” — “Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” — “Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.”

    Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.

(Dom Casmurro, 2016.)

Observa-se a ocorrência de metalinguagem no seguinte trecho:
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Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2022 - PM-SP - Aluno - Oficial PM |
Q1940689 Português

Leia o texto de Friedrich Nietzsche para responder à questão.


    E se um dia, ou uma noite, um demônio lhe aparecesse furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse: “Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você terá de viver mais uma vez e por incontáveis vezes; e nada haverá de novo nela, mas cada dor e cada prazer e cada suspiro e pensamento, e tudo o que é inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terão de lhe suceder novamente, tudo na mesma sequência e ordem […]. A perene ampulheta do existir será sempre virada novamente — e você com ela, partícula de poeira!”. — Você não se prostraria e rangeria os dentes e amaldiçoaria o demônio que assim falou? Ou você já experimentou um instante imenso, no qual lhe responderia: “Você é um deus e jamais ouvi coisa tão divina!”. Se esse pensamento tomasse conta de você, tal como você é, ele o transformaria e o esmagaria talvez; a questão […] “Você quer isso mais uma vez e por incontáveis vezes?” pesaria sobre os seus atos como o maior dos pesos!

(Friedrich Nietzsche apud Eduardo Giannetti. O livro das citações, 2008.)

Verifica-se um aparente paradoxo entre os termos que compõem a expressão
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Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2022 - PM-SP - Aluno - Oficial PM |
Q1940695 Português

Leia o poema “Adeus, meus sonhos!”, do poeta Álvares de Azevedo, para responder à questão.


        Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro! 

        Não levo da existência uma saudade!         

        E tanta vida que meu peito enchia              

         Morreu na minha triste mocidade!                


           Misérrimo! votei meus pobres dias                

            À sina doida de um amor sem fruto…            

           E minh’alma na treva agora dorme                

            Como um olhar que a morte envolve em luto.


          Que me resta, meu Deus?!… morra comigo

          A estrela de meus cândidos amores,           

           Já que não levo no meu peito morto             

          Um punhado sequer de murchas flores!      

(Lira dos vinte anos, 1996.)

O tom predominante no poema é de
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Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2022 - PM-SP - Aluno - Oficial PM |
Q1940699 Português

Leia o poema “Adeus, meus sonhos!”, do poeta Álvares de Azevedo, para responder à questão.


        Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro! 

        Não levo da existência uma saudade!         

        E tanta vida que meu peito enchia              

         Morreu na minha triste mocidade!                


           Misérrimo! votei meus pobres dias                

            À sina doida de um amor sem fruto…            

           E minh’alma na treva agora dorme                

            Como um olhar que a morte envolve em luto.


          Que me resta, meu Deus?!… morra comigo

          A estrela de meus cândidos amores,           

           Já que não levo no meu peito morto             

          Um punhado sequer de murchas flores!      

(Lira dos vinte anos, 1996.)

                “Que me resta, meu Deus?!… morra comigo

                  A estrela de meus cândidos amores,

                 Já que não levo no meu peito morto

                 Um punhado sequer de murchas flores!”


A expressão sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do verso, por:

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Respostas
5: E
6: E
7: A
8: D