Questões Militares Para policial

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Q2025856 Português

Uma Galinha


Clarice Lispector


Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.

Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.

Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.

Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.

Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.

Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:

— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso bem!

Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:

— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!

— Eu também! jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros.

Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.

Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.

Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.

Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.


Texto extraído do livro “Laços de Família”, Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1998, pág. 30. Selecionado por Ítalo Moriconi, figura na publicação “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”

Marque a alternativa CORRETA com relação ao que propiciou o desfecho da história da galinha:
Alternativas
Q2025855 Português

Uma Galinha


Clarice Lispector


Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.

Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.

Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.

Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.

Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.

Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:

— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso bem!

Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:

— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!

— Eu também! jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros.

Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.

Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.

Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.

Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.


Texto extraído do livro “Laços de Família”, Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1998, pág. 30. Selecionado por Ítalo Moriconi, figura na publicação “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”

Marque a alternativa CORRETA que corresponda ao sentido dado à palavra apatia, na passagem do texto relacionada ao comportamento da galinha quando ela passou a viver com a família: 
Alternativas
Q2025852 Odontologia
Considerando a utilização de fixação rígida dos segmentos ósseos em cirurgia ortognática, é CORRETO afirmar que: 
Alternativas
Q2025851 Odontologia
No acesso retromandibular é CORRETO afirmar que: 
Alternativas
Q2025850 Odontologia
Segundo DIGMAN (1983), quanto ao tratamento das fraturas da apófise condilar da mandíbula é CORRETO afirmar que: 
Alternativas
Q2025849 Odontologia
Com relação aos acessos cirúrgicos sub-mandibulares, marque nas assertivas abaixo, “V” para as verdadeiras e “F” para as falsas. Em seguida, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de cima para baixo.

( ) Estruturas anatômicas mais importantes a serem observadas são: Ramo Mandibular Marginal do Nervo Facial, Artéria e Veia Facial. ( ) Há de se ter o cuidado de se posicionar a incisão com distância mínima de 1,5cm abaixo da borda inferior da Mandíbula procurando evitar lesão no ramo Mandibular Marginal do Nervo Facial. ( ) A Artéria Facial possui um trajeto tortuoso, origina-se da Artéria Carótida Externa e se estende em direção superior e medial à mandíbula, após sulcar ou passar através da Glândula Salivar Submandibular, contorna a borda inferior da mandíbula e repousa posteriormente à Veia Facial. ( ) A Veia Facial, em geral, caminha junto à Artéria Facial acima do nível da borda mandibular inferior, tendo início na Veia Angular e término na Veia Jugular Interna.
Alternativas
Q2025848 Odontologia
Com relação às fraturas de mandíbula, marque nas assertivas abaixo, “V” para as verdadeiras e “F” para as falsas. Em seguida, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de cima para baixo.

( ) A tração dos músculos inseridos na mandíbula é o fator que mais influencia no grau e na direção do deslocamento dos segmentos fraturados. ( ) Uma força em alta velocidade pode causar fraturas somente no lado de ação que ela atua. ( ) A ausência de dentes no segmento proximal da fratura de mandíbula não influencia no deslocamento dos fragmentos. ( ) Um golpe direto no queixo pode produzir fraturas em um ou nos dois colos dos côndilos e fraturas na região de sínfise. 
Alternativas
Q2025847 Odontologia
Em relação aos sinais e sintomas da fratura de corpo mandibular unilateral, marque a alternativa CORRETA: 
Alternativas
Q2025846 Odontologia
Relacione as características dos vasoconstrictores constantes na 2ª coluna de acordo com a 1ª coluna e, em seguida, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de cima para baixo.

1. Adrenalina.    2. Noradrenalina. 3. Felipressina. 4. Felinefrina.
( )  Ausência de efeitos no Miocárdio, pequena vasoconstricção na rede vascular, praticamente não altera a pressão arterial. ( )  Aumenta o fluxo das artérias coronárias (dilatação), acarreta aumento da pressão arterial e vasoconstricção da rede vascular.  ( )  Promove broncodilatação, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, pacientes com deficiência cardiovascular podem recebê-la em doses limitadas. ( )  Provoca pequeno estímulo no Miocárdio e aumento da pressão arterial, produz potente vasoconstricção na rede vascular e pequena broncodilatação. 
Alternativas
Q2025845 Odontologia
Os anestésicos do grupo amida mais usados, apresentam cada um, características que lhes são próprias. Marque nas assertivas abaixo, “V” para as verdadeiras e “F” para as falsas. Em seguida, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de cima para baixo.

( ) Lidocaína: metabolizada no Fígado, excreção renal, concentração eficaz de 2%, dose máxima 4,4mg-Kg, máximo 300mg. ( ) Mepivacaína: metabolizada no Fígado e Baço, excreção renal, concentração eficaz 3% com vasoconstritor e 2% sem vasoconstritor, dose máxima 4,4mgKg, com máximo de 300mg. ( ) Prilocaína: metabolizada no Fígado, excreção renal, concentração eficaz 3 a 4%, dose máxima 6mg-Kg, máximo de 400mg. ( ) Articaína: metabolizada no Fígado e plasma, excreção renal, concentração ideal 4%, dose máxima 7mg-Kg, máximo de 500mg.
Alternativas
Q2025844 Odontologia
Conforme PRADO (2004), quanto às principais complicações que podem ocorrer durante as exodontias, é CORRETO afirmar que: 
Alternativas
Q2025843 Odontologia
MISCH (2000) fez uma revisão anatômica aplicada aos implantes dentários. Conforme suas afirmações, marque a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q2025842 Odontologia

São condições que afetam NEGATIVAMENTE o pós-operatório da cirurgia de levantamento do Seio Maxilar: 

Alternativas
Q2025841 Odontologia
NÃO é considerado critério para avaliação de implantes bem sucedidos na cirurgia de segundo estágio (reabertura):
Alternativas
Q2025840 Odontologia
Na obtenção de enxertos ósseos autógenos extrabucais para implantes endo-ósseos, é CORRETO afirmar que: 
Alternativas
Q2025839 Odontologia
Em relação à densidade óssea e o efeito das abordagens cirúrgicas para implante, é CORRETO afirmar que:
Alternativas
Q2025838 Odontologia
Marque a alternativa CORRETA para a descrição abaixo:

“Neoplasma Odontogênico Verdadeiro, sendo um Tumor Odontogênico de natureza epitelial, localmente invasivo, podendo apresentar aspecto radiográfico unicístico ou multilocular não havendo predileção por sexo e mais frequentemente encontrado em pacientes na faixa etária entre 30 e 70 anos”.
Alternativas
Q2025837 Odontologia
O Fibroma Ossificante ou Fibroma Cemento-Ossificante é um neoplasma verdadeiro, composto de tecido fibroso que contém uma variável mistura de trabéculas ósseas e cemento. Ocorre em uma ampla variedade de idade, com predileção pelo sexo feminino, leucoderma e pela mandíbula. Dentre as modalidades cirúrgicas abaixo relacionadas, escolha a alternativa de tratamento cirúrgico ideal para esse caso específico:
Alternativas
Q2025835 Odontologia
Paciente H.L.T, gênero masculino, 42 anos, procura um serviço de urgência odontológica com aumento de volume apresentando sintomatologia dolorosa à palpação na região submandibular direita, recidivante, com evolução de 15 dias. Observa-se também aumento de volume no soalho bucal direito e dificuldade de drenagem na carúncula sublingual. Baseado nesse quadro clínico, marque dentre as alternativas abaixo, a CONDUTA INDICADA para confirmação diagnóstica e tratamento definitivo dessa condição.
Alternativas
Q2025834 Odontologia
Em qual situação abaixo ESTÁ INDICADA a tomografia computadorizada para auxiliar no diagnóstico de condições traumáticas e patológicas envolvendo a região bucomaxilofacial?  
Alternativas
Respostas
8021: C
8022: B
8023: B
8024: C
8025: A
8026: D
8027: B
8028: B
8029: D
8030: C
8031: A
8032: A
8033: B
8034: C
8035: D
8036: C
8037: B
8038: A
8039: B
8040: C