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Q744224 Português

TEXTO I

ENTREVISTA
Revista VEJA, 11/12/2013

VEJA – Por que criar uma lei para excluir da política governantes que retrocedem na educação? Eles já não são punidos pelo voto?

ENTREVISTADO – Historicamente, educação pública não tira nem dá voto no Brasil. Isso porque a grande maioria acha que, desde que não faltem uniforme, material e merenda, está tudo muito bem. Uma pesquisa do MEC chama atenção para essa visão limitada sobre o que se passa de verdade nas escolas brasileiras. Os pais dão nota 8,5 para o ensino oferecido aos filhos. Isso mesmo: segundo eles, estamos entre os melhores. Infelizmente, o eldorado não resiste a uma consulta ao ranking mundial. O último saiu na semana passada, e mostra o Brasil em queda: era o 53% da lista; agora está em 57º. entre 65 países. Mas o brasileiro continua sendo generoso ao avaliar a educação – e, se está tão satisfeito, não vai fazer pressão por mudanças. Por isso, precisamos de um estímulo de fora, institucional, para garantir pelo menos o mínimo: que não voltemos atrás.

VEJA – Nenhum país do mundo implantou sistema parecido com o que o senhor propõe. Por que daria certo aqui?

ENTREVISTADO – As sociedades do mundo mais desenvolvido encontram na própria cultura um ambiente de intolerância com a má prestação de serviços públicos. A Ásia, por exemplo, tem a tradição milenar da responsabilização e da cobrança de resultados; isso está enraizado em seu DNA, não é necessário uma lei para criar a pressão. A mesma coisa ocorre em países do Norte europeu, como Noruega e Finlândia. No Brasil é diferente. Precisamos de uma solução própria para esse cenário de dormência em relação à nossa tragédia educacional. Agora, não seremos os primeiros a punir autoridades incapazes de zelar pela qualidade na sala de aula. Na Inglaterra e nos Estados Unidos, um resultado catastrófico pode levar até ao fechamento de uma escola. Estou sugerindo um caminho original, é verdade, mas foi o que me pareceu mais factível.
“...mas foi o que me pareceu mais factível”; o adjetivo “factível” tem o sentido de:
Alternativas
Q744223 Português

TEXTO I

ENTREVISTA
Revista VEJA, 11/12/2013

VEJA – Por que criar uma lei para excluir da política governantes que retrocedem na educação? Eles já não são punidos pelo voto?

ENTREVISTADO – Historicamente, educação pública não tira nem dá voto no Brasil. Isso porque a grande maioria acha que, desde que não faltem uniforme, material e merenda, está tudo muito bem. Uma pesquisa do MEC chama atenção para essa visão limitada sobre o que se passa de verdade nas escolas brasileiras. Os pais dão nota 8,5 para o ensino oferecido aos filhos. Isso mesmo: segundo eles, estamos entre os melhores. Infelizmente, o eldorado não resiste a uma consulta ao ranking mundial. O último saiu na semana passada, e mostra o Brasil em queda: era o 53% da lista; agora está em 57º. entre 65 países. Mas o brasileiro continua sendo generoso ao avaliar a educação – e, se está tão satisfeito, não vai fazer pressão por mudanças. Por isso, precisamos de um estímulo de fora, institucional, para garantir pelo menos o mínimo: que não voltemos atrás.

VEJA – Nenhum país do mundo implantou sistema parecido com o que o senhor propõe. Por que daria certo aqui?

ENTREVISTADO – As sociedades do mundo mais desenvolvido encontram na própria cultura um ambiente de intolerância com a má prestação de serviços públicos. A Ásia, por exemplo, tem a tradição milenar da responsabilização e da cobrança de resultados; isso está enraizado em seu DNA, não é necessário uma lei para criar a pressão. A mesma coisa ocorre em países do Norte europeu, como Noruega e Finlândia. No Brasil é diferente. Precisamos de uma solução própria para esse cenário de dormência em relação à nossa tragédia educacional. Agora, não seremos os primeiros a punir autoridades incapazes de zelar pela qualidade na sala de aula. Na Inglaterra e nos Estados Unidos, um resultado catastrófico pode levar até ao fechamento de uma escola. Estou sugerindo um caminho original, é verdade, mas foi o que me pareceu mais factível.
A alternativa em que o adjetivo mostra uma qualidade ou característica de cunho objetivo e não uma opinião do autor do texto é:
Alternativas
Q743768 Português
Texto 1:
Palavras, palavras...
Ando descobrindo coisas óbvias acerca do uso da língua, do idioma falado. Uma delas — que me surpreendeu — é que falar é sempre improvisar. E eu até hoje não me tinha dado conta disto! Não sei se você, leitor, já percebeu, mas a verdade é que, quando você pergunta à empregada o que ela sugere para o almoço, sua resposta é um improviso, e tanto ela pode dizer: “por que não se faz a costela de porco?” ou... “pode ser costeleta” ou... “faz tempo que o senhor não come costeleta”... Enfim, o que importa aqui é mostrar que a frase não está pronta, que ela é apenas uma das possibilidades de formular do falante. Certamente, há os lugares-comuns, frases já prontas que usamos automaticamente, e que foram inventadas por alguém e tão bem inventadas que todo mundo passou a repeti-las.
E disso passei a outro aspecto do uso do idioma: a palavra, a força que têm certas palavras. Por exemplo, a palavra negro. Pelas implicações raciais, pela carga de história e preconceito que pesam sobre ela, tornou-se explosiva. Para certas pessoas, referir-se a alguém como negro é quase uma ofensa, quando devia ser natural. Já um conhecido meu, que é negro e justamente revoltado com os preconceitos que experimentou ao longo da vida, radicalizou. “Lá em casa — afirmou ele — ensinei os meninos a não dizem ‘a coisa preta’; lá se diz ‘a coisa tá branca’”. Não pude deixar de rir.
— Você tá de gozação.
— Não é gozação, não. Temos que acabar com essas expressões que são fruto da discriminação.
Lembrei então de outras palavras e expressões que poderiam gerar reações semelhantes. A palavra amarelo muitas vezes é usada de maneira que poderia ofender a chineses e japoneses, se é que se consideram mesmo amarelos: “o cara amarelou”, “tá amarelo de fome”. Quando menino, ouvia as pessoas mais velhas dizerem: “desculpa de amarelo é comer terra”, frase que nunca entendi direito mas que, sem dúvida, está longe de ser um elogio aos ditos amarelos.
Augusto Meyer, em seu livro Os pêssegos verdes, informa como a cor amarela, que no Oriente simbolizou a Casa Imperial e, para o poeta grego Píndaro, expressava o esplendor do sol, entrou em desprestígio com Dante, para quem o amarelo era a cor de uma das três caras de Satanás. De lá pra cá, o amarelo tornou-se um estigma para judeus e até para prostitutas e leprosos. Isto sem falar em expressões depreciativas como “imprensa amarela”, “sorriso amarelo” e, pior, “ameaça amarela”, que esteve em voga durante a segunda guerra mundial, quando os japoneses se aliaram a Hitler.
Como se vê, certas palavras podem gozar de momentos áureos ou períodos negros (com perdão da palavra) e até mesmo adquirirem significado ironicamente contrário ao seu sentido original. Este foi o caso de Pinel, sobrenome de um famoso psiquiatra francês e nome de um pronto-socorro psiquiátrico do Rio. Durante os anos 70, os jovens drogados da zona sul da cidade, quando entravam em surto, eram levados para lá. Em consequência disso, na gíria desses jovens, o nome do médico passou a significar a doença mental que ele se dedicara a tratar.
— Fulano está pinel.
Ou seja, está surtado ou pirou, enlouqueceu. De gíria de um pequeno grupo, a expressão passou à imprensa e à televisão. Nos especiais televisivos da época, que falavam da juventude, era frequente ouvir-se a palavra pinel usada como sinônimo de loucura. Chegou mesmo a ser dicionarizada como tal. Aí, os descendentes do doutor Philippe Pinel, indignados, protestaram.
(GULLAR, Ferreira. Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: Global, 2004. p.164-166.)
O verbo grifado em “Como se vê, certas palavras podem gozar de momentos áureos ou períodos negros (com perdão da palavra) e até mesmo adquirirem significado ironicamente contrário ao seu sentido original.” efetuou concordância com a seguinte palavra:
Alternativas
Q743767 Português
Texto 1:
Palavras, palavras...
Ando descobrindo coisas óbvias acerca do uso da língua, do idioma falado. Uma delas — que me surpreendeu — é que falar é sempre improvisar. E eu até hoje não me tinha dado conta disto! Não sei se você, leitor, já percebeu, mas a verdade é que, quando você pergunta à empregada o que ela sugere para o almoço, sua resposta é um improviso, e tanto ela pode dizer: “por que não se faz a costela de porco?” ou... “pode ser costeleta” ou... “faz tempo que o senhor não come costeleta”... Enfim, o que importa aqui é mostrar que a frase não está pronta, que ela é apenas uma das possibilidades de formular do falante. Certamente, há os lugares-comuns, frases já prontas que usamos automaticamente, e que foram inventadas por alguém e tão bem inventadas que todo mundo passou a repeti-las.
E disso passei a outro aspecto do uso do idioma: a palavra, a força que têm certas palavras. Por exemplo, a palavra negro. Pelas implicações raciais, pela carga de história e preconceito que pesam sobre ela, tornou-se explosiva. Para certas pessoas, referir-se a alguém como negro é quase uma ofensa, quando devia ser natural. Já um conhecido meu, que é negro e justamente revoltado com os preconceitos que experimentou ao longo da vida, radicalizou. “Lá em casa — afirmou ele — ensinei os meninos a não dizem ‘a coisa preta’; lá se diz ‘a coisa tá branca’”. Não pude deixar de rir.
— Você tá de gozação.
— Não é gozação, não. Temos que acabar com essas expressões que são fruto da discriminação.
Lembrei então de outras palavras e expressões que poderiam gerar reações semelhantes. A palavra amarelo muitas vezes é usada de maneira que poderia ofender a chineses e japoneses, se é que se consideram mesmo amarelos: “o cara amarelou”, “tá amarelo de fome”. Quando menino, ouvia as pessoas mais velhas dizerem: “desculpa de amarelo é comer terra”, frase que nunca entendi direito mas que, sem dúvida, está longe de ser um elogio aos ditos amarelos.
Augusto Meyer, em seu livro Os pêssegos verdes, informa como a cor amarela, que no Oriente simbolizou a Casa Imperial e, para o poeta grego Píndaro, expressava o esplendor do sol, entrou em desprestígio com Dante, para quem o amarelo era a cor de uma das três caras de Satanás. De lá pra cá, o amarelo tornou-se um estigma para judeus e até para prostitutas e leprosos. Isto sem falar em expressões depreciativas como “imprensa amarela”, “sorriso amarelo” e, pior, “ameaça amarela”, que esteve em voga durante a segunda guerra mundial, quando os japoneses se aliaram a Hitler.
Como se vê, certas palavras podem gozar de momentos áureos ou períodos negros (com perdão da palavra) e até mesmo adquirirem significado ironicamente contrário ao seu sentido original. Este foi o caso de Pinel, sobrenome de um famoso psiquiatra francês e nome de um pronto-socorro psiquiátrico do Rio. Durante os anos 70, os jovens drogados da zona sul da cidade, quando entravam em surto, eram levados para lá. Em consequência disso, na gíria desses jovens, o nome do médico passou a significar a doença mental que ele se dedicara a tratar.
— Fulano está pinel.
Ou seja, está surtado ou pirou, enlouqueceu. De gíria de um pequeno grupo, a expressão passou à imprensa e à televisão. Nos especiais televisivos da época, que falavam da juventude, era frequente ouvir-se a palavra pinel usada como sinônimo de loucura. Chegou mesmo a ser dicionarizada como tal. Aí, os descendentes do doutor Philippe Pinel, indignados, protestaram.
(GULLAR, Ferreira. Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: Global, 2004. p.164-166.)
Na frase, “Certamente, há os lugares-comuns, frases já prontas que usamos automaticamente...”, é possível utilizar a seguinte pontuação sem qualquer prejuízo sintático e/ou semântico em relação à frase original:
Alternativas
Q743765 Português
Texto 1:
Palavras, palavras...
Ando descobrindo coisas óbvias acerca do uso da língua, do idioma falado. Uma delas — que me surpreendeu — é que falar é sempre improvisar. E eu até hoje não me tinha dado conta disto! Não sei se você, leitor, já percebeu, mas a verdade é que, quando você pergunta à empregada o que ela sugere para o almoço, sua resposta é um improviso, e tanto ela pode dizer: “por que não se faz a costela de porco?” ou... “pode ser costeleta” ou... “faz tempo que o senhor não come costeleta”... Enfim, o que importa aqui é mostrar que a frase não está pronta, que ela é apenas uma das possibilidades de formular do falante. Certamente, há os lugares-comuns, frases já prontas que usamos automaticamente, e que foram inventadas por alguém e tão bem inventadas que todo mundo passou a repeti-las.
E disso passei a outro aspecto do uso do idioma: a palavra, a força que têm certas palavras. Por exemplo, a palavra negro. Pelas implicações raciais, pela carga de história e preconceito que pesam sobre ela, tornou-se explosiva. Para certas pessoas, referir-se a alguém como negro é quase uma ofensa, quando devia ser natural. Já um conhecido meu, que é negro e justamente revoltado com os preconceitos que experimentou ao longo da vida, radicalizou. “Lá em casa — afirmou ele — ensinei os meninos a não dizem ‘a coisa preta’; lá se diz ‘a coisa tá branca’”. Não pude deixar de rir.
— Você tá de gozação.
— Não é gozação, não. Temos que acabar com essas expressões que são fruto da discriminação.
Lembrei então de outras palavras e expressões que poderiam gerar reações semelhantes. A palavra amarelo muitas vezes é usada de maneira que poderia ofender a chineses e japoneses, se é que se consideram mesmo amarelos: “o cara amarelou”, “tá amarelo de fome”. Quando menino, ouvia as pessoas mais velhas dizerem: “desculpa de amarelo é comer terra”, frase que nunca entendi direito mas que, sem dúvida, está longe de ser um elogio aos ditos amarelos.
Augusto Meyer, em seu livro Os pêssegos verdes, informa como a cor amarela, que no Oriente simbolizou a Casa Imperial e, para o poeta grego Píndaro, expressava o esplendor do sol, entrou em desprestígio com Dante, para quem o amarelo era a cor de uma das três caras de Satanás. De lá pra cá, o amarelo tornou-se um estigma para judeus e até para prostitutas e leprosos. Isto sem falar em expressões depreciativas como “imprensa amarela”, “sorriso amarelo” e, pior, “ameaça amarela”, que esteve em voga durante a segunda guerra mundial, quando os japoneses se aliaram a Hitler.
Como se vê, certas palavras podem gozar de momentos áureos ou períodos negros (com perdão da palavra) e até mesmo adquirirem significado ironicamente contrário ao seu sentido original. Este foi o caso de Pinel, sobrenome de um famoso psiquiatra francês e nome de um pronto-socorro psiquiátrico do Rio. Durante os anos 70, os jovens drogados da zona sul da cidade, quando entravam em surto, eram levados para lá. Em consequência disso, na gíria desses jovens, o nome do médico passou a significar a doença mental que ele se dedicara a tratar.
— Fulano está pinel.
Ou seja, está surtado ou pirou, enlouqueceu. De gíria de um pequeno grupo, a expressão passou à imprensa e à televisão. Nos especiais televisivos da época, que falavam da juventude, era frequente ouvir-se a palavra pinel usada como sinônimo de loucura. Chegou mesmo a ser dicionarizada como tal. Aí, os descendentes do doutor Philippe Pinel, indignados, protestaram.
(GULLAR, Ferreira. Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: Global, 2004. p.164-166.)
Em “Não sei se você, leitor, já percebeu...”, o vocábulo assinalado é um exemplo de emprego de:
Alternativas
Q743764 Português
Texto 1:
Palavras, palavras...
Ando descobrindo coisas óbvias acerca do uso da língua, do idioma falado. Uma delas — que me surpreendeu — é que falar é sempre improvisar. E eu até hoje não me tinha dado conta disto! Não sei se você, leitor, já percebeu, mas a verdade é que, quando você pergunta à empregada o que ela sugere para o almoço, sua resposta é um improviso, e tanto ela pode dizer: “por que não se faz a costela de porco?” ou... “pode ser costeleta” ou... “faz tempo que o senhor não come costeleta”... Enfim, o que importa aqui é mostrar que a frase não está pronta, que ela é apenas uma das possibilidades de formular do falante. Certamente, há os lugares-comuns, frases já prontas que usamos automaticamente, e que foram inventadas por alguém e tão bem inventadas que todo mundo passou a repeti-las.
E disso passei a outro aspecto do uso do idioma: a palavra, a força que têm certas palavras. Por exemplo, a palavra negro. Pelas implicações raciais, pela carga de história e preconceito que pesam sobre ela, tornou-se explosiva. Para certas pessoas, referir-se a alguém como negro é quase uma ofensa, quando devia ser natural. Já um conhecido meu, que é negro e justamente revoltado com os preconceitos que experimentou ao longo da vida, radicalizou. “Lá em casa — afirmou ele — ensinei os meninos a não dizem ‘a coisa preta’; lá se diz ‘a coisa tá branca’”. Não pude deixar de rir.
— Você tá de gozação.
— Não é gozação, não. Temos que acabar com essas expressões que são fruto da discriminação.
Lembrei então de outras palavras e expressões que poderiam gerar reações semelhantes. A palavra amarelo muitas vezes é usada de maneira que poderia ofender a chineses e japoneses, se é que se consideram mesmo amarelos: “o cara amarelou”, “tá amarelo de fome”. Quando menino, ouvia as pessoas mais velhas dizerem: “desculpa de amarelo é comer terra”, frase que nunca entendi direito mas que, sem dúvida, está longe de ser um elogio aos ditos amarelos.
Augusto Meyer, em seu livro Os pêssegos verdes, informa como a cor amarela, que no Oriente simbolizou a Casa Imperial e, para o poeta grego Píndaro, expressava o esplendor do sol, entrou em desprestígio com Dante, para quem o amarelo era a cor de uma das três caras de Satanás. De lá pra cá, o amarelo tornou-se um estigma para judeus e até para prostitutas e leprosos. Isto sem falar em expressões depreciativas como “imprensa amarela”, “sorriso amarelo” e, pior, “ameaça amarela”, que esteve em voga durante a segunda guerra mundial, quando os japoneses se aliaram a Hitler.
Como se vê, certas palavras podem gozar de momentos áureos ou períodos negros (com perdão da palavra) e até mesmo adquirirem significado ironicamente contrário ao seu sentido original. Este foi o caso de Pinel, sobrenome de um famoso psiquiatra francês e nome de um pronto-socorro psiquiátrico do Rio. Durante os anos 70, os jovens drogados da zona sul da cidade, quando entravam em surto, eram levados para lá. Em consequência disso, na gíria desses jovens, o nome do médico passou a significar a doença mental que ele se dedicara a tratar.
— Fulano está pinel.
Ou seja, está surtado ou pirou, enlouqueceu. De gíria de um pequeno grupo, a expressão passou à imprensa e à televisão. Nos especiais televisivos da época, que falavam da juventude, era frequente ouvir-se a palavra pinel usada como sinônimo de loucura. Chegou mesmo a ser dicionarizada como tal. Aí, os descendentes do doutor Philippe Pinel, indignados, protestaram.
(GULLAR, Ferreira. Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: Global, 2004. p.164-166.)
O período em que houve a correta identificação de uma conjunção é o seguinte:
Alternativas
Q743763 Português
Texto 1:
Palavras, palavras...
Ando descobrindo coisas óbvias acerca do uso da língua, do idioma falado. Uma delas — que me surpreendeu — é que falar é sempre improvisar. E eu até hoje não me tinha dado conta disto! Não sei se você, leitor, já percebeu, mas a verdade é que, quando você pergunta à empregada o que ela sugere para o almoço, sua resposta é um improviso, e tanto ela pode dizer: “por que não se faz a costela de porco?” ou... “pode ser costeleta” ou... “faz tempo que o senhor não come costeleta”... Enfim, o que importa aqui é mostrar que a frase não está pronta, que ela é apenas uma das possibilidades de formular do falante. Certamente, há os lugares-comuns, frases já prontas que usamos automaticamente, e que foram inventadas por alguém e tão bem inventadas que todo mundo passou a repeti-las.
E disso passei a outro aspecto do uso do idioma: a palavra, a força que têm certas palavras. Por exemplo, a palavra negro. Pelas implicações raciais, pela carga de história e preconceito que pesam sobre ela, tornou-se explosiva. Para certas pessoas, referir-se a alguém como negro é quase uma ofensa, quando devia ser natural. Já um conhecido meu, que é negro e justamente revoltado com os preconceitos que experimentou ao longo da vida, radicalizou. “Lá em casa — afirmou ele — ensinei os meninos a não dizem ‘a coisa preta’; lá se diz ‘a coisa tá branca’”. Não pude deixar de rir.
— Você tá de gozação.
— Não é gozação, não. Temos que acabar com essas expressões que são fruto da discriminação.
Lembrei então de outras palavras e expressões que poderiam gerar reações semelhantes. A palavra amarelo muitas vezes é usada de maneira que poderia ofender a chineses e japoneses, se é que se consideram mesmo amarelos: “o cara amarelou”, “tá amarelo de fome”. Quando menino, ouvia as pessoas mais velhas dizerem: “desculpa de amarelo é comer terra”, frase que nunca entendi direito mas que, sem dúvida, está longe de ser um elogio aos ditos amarelos.
Augusto Meyer, em seu livro Os pêssegos verdes, informa como a cor amarela, que no Oriente simbolizou a Casa Imperial e, para o poeta grego Píndaro, expressava o esplendor do sol, entrou em desprestígio com Dante, para quem o amarelo era a cor de uma das três caras de Satanás. De lá pra cá, o amarelo tornou-se um estigma para judeus e até para prostitutas e leprosos. Isto sem falar em expressões depreciativas como “imprensa amarela”, “sorriso amarelo” e, pior, “ameaça amarela”, que esteve em voga durante a segunda guerra mundial, quando os japoneses se aliaram a Hitler.
Como se vê, certas palavras podem gozar de momentos áureos ou períodos negros (com perdão da palavra) e até mesmo adquirirem significado ironicamente contrário ao seu sentido original. Este foi o caso de Pinel, sobrenome de um famoso psiquiatra francês e nome de um pronto-socorro psiquiátrico do Rio. Durante os anos 70, os jovens drogados da zona sul da cidade, quando entravam em surto, eram levados para lá. Em consequência disso, na gíria desses jovens, o nome do médico passou a significar a doença mental que ele se dedicara a tratar.
— Fulano está pinel.
Ou seja, está surtado ou pirou, enlouqueceu. De gíria de um pequeno grupo, a expressão passou à imprensa e à televisão. Nos especiais televisivos da época, que falavam da juventude, era frequente ouvir-se a palavra pinel usada como sinônimo de loucura. Chegou mesmo a ser dicionarizada como tal. Aí, os descendentes do doutor Philippe Pinel, indignados, protestaram.
(GULLAR, Ferreira. Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: Global, 2004. p.164-166.)
A frase a seguir em que foi assinalada apenas uma preposição é:
Alternativas
Q743762 Português
Texto 1:
Palavras, palavras...
Ando descobrindo coisas óbvias acerca do uso da língua, do idioma falado. Uma delas — que me surpreendeu — é que falar é sempre improvisar. E eu até hoje não me tinha dado conta disto! Não sei se você, leitor, já percebeu, mas a verdade é que, quando você pergunta à empregada o que ela sugere para o almoço, sua resposta é um improviso, e tanto ela pode dizer: “por que não se faz a costela de porco?” ou... “pode ser costeleta” ou... “faz tempo que o senhor não come costeleta”... Enfim, o que importa aqui é mostrar que a frase não está pronta, que ela é apenas uma das possibilidades de formular do falante. Certamente, há os lugares-comuns, frases já prontas que usamos automaticamente, e que foram inventadas por alguém e tão bem inventadas que todo mundo passou a repeti-las.
E disso passei a outro aspecto do uso do idioma: a palavra, a força que têm certas palavras. Por exemplo, a palavra negro. Pelas implicações raciais, pela carga de história e preconceito que pesam sobre ela, tornou-se explosiva. Para certas pessoas, referir-se a alguém como negro é quase uma ofensa, quando devia ser natural. Já um conhecido meu, que é negro e justamente revoltado com os preconceitos que experimentou ao longo da vida, radicalizou. “Lá em casa — afirmou ele — ensinei os meninos a não dizem ‘a coisa preta’; lá se diz ‘a coisa tá branca’”. Não pude deixar de rir.
— Você tá de gozação.
— Não é gozação, não. Temos que acabar com essas expressões que são fruto da discriminação.
Lembrei então de outras palavras e expressões que poderiam gerar reações semelhantes. A palavra amarelo muitas vezes é usada de maneira que poderia ofender a chineses e japoneses, se é que se consideram mesmo amarelos: “o cara amarelou”, “tá amarelo de fome”. Quando menino, ouvia as pessoas mais velhas dizerem: “desculpa de amarelo é comer terra”, frase que nunca entendi direito mas que, sem dúvida, está longe de ser um elogio aos ditos amarelos.
Augusto Meyer, em seu livro Os pêssegos verdes, informa como a cor amarela, que no Oriente simbolizou a Casa Imperial e, para o poeta grego Píndaro, expressava o esplendor do sol, entrou em desprestígio com Dante, para quem o amarelo era a cor de uma das três caras de Satanás. De lá pra cá, o amarelo tornou-se um estigma para judeus e até para prostitutas e leprosos. Isto sem falar em expressões depreciativas como “imprensa amarela”, “sorriso amarelo” e, pior, “ameaça amarela”, que esteve em voga durante a segunda guerra mundial, quando os japoneses se aliaram a Hitler.
Como se vê, certas palavras podem gozar de momentos áureos ou períodos negros (com perdão da palavra) e até mesmo adquirirem significado ironicamente contrário ao seu sentido original. Este foi o caso de Pinel, sobrenome de um famoso psiquiatra francês e nome de um pronto-socorro psiquiátrico do Rio. Durante os anos 70, os jovens drogados da zona sul da cidade, quando entravam em surto, eram levados para lá. Em consequência disso, na gíria desses jovens, o nome do médico passou a significar a doença mental que ele se dedicara a tratar.
— Fulano está pinel.
Ou seja, está surtado ou pirou, enlouqueceu. De gíria de um pequeno grupo, a expressão passou à imprensa e à televisão. Nos especiais televisivos da época, que falavam da juventude, era frequente ouvir-se a palavra pinel usada como sinônimo de loucura. Chegou mesmo a ser dicionarizada como tal. Aí, os descendentes do doutor Philippe Pinel, indignados, protestaram.
(GULLAR, Ferreira. Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: Global, 2004. p.164-166.)
O emprego do travessão no fragmento “— Você tá de gozação.” se justifica porque marca uma
Alternativas
Q743761 Português
Texto 1:
Palavras, palavras...
Ando descobrindo coisas óbvias acerca do uso da língua, do idioma falado. Uma delas — que me surpreendeu — é que falar é sempre improvisar. E eu até hoje não me tinha dado conta disto! Não sei se você, leitor, já percebeu, mas a verdade é que, quando você pergunta à empregada o que ela sugere para o almoço, sua resposta é um improviso, e tanto ela pode dizer: “por que não se faz a costela de porco?” ou... “pode ser costeleta” ou... “faz tempo que o senhor não come costeleta”... Enfim, o que importa aqui é mostrar que a frase não está pronta, que ela é apenas uma das possibilidades de formular do falante. Certamente, há os lugares-comuns, frases já prontas que usamos automaticamente, e que foram inventadas por alguém e tão bem inventadas que todo mundo passou a repeti-las.
E disso passei a outro aspecto do uso do idioma: a palavra, a força que têm certas palavras. Por exemplo, a palavra negro. Pelas implicações raciais, pela carga de história e preconceito que pesam sobre ela, tornou-se explosiva. Para certas pessoas, referir-se a alguém como negro é quase uma ofensa, quando devia ser natural. Já um conhecido meu, que é negro e justamente revoltado com os preconceitos que experimentou ao longo da vida, radicalizou. “Lá em casa — afirmou ele — ensinei os meninos a não dizem ‘a coisa preta’; lá se diz ‘a coisa tá branca’”. Não pude deixar de rir.
— Você tá de gozação.
— Não é gozação, não. Temos que acabar com essas expressões que são fruto da discriminação.
Lembrei então de outras palavras e expressões que poderiam gerar reações semelhantes. A palavra amarelo muitas vezes é usada de maneira que poderia ofender a chineses e japoneses, se é que se consideram mesmo amarelos: “o cara amarelou”, “tá amarelo de fome”. Quando menino, ouvia as pessoas mais velhas dizerem: “desculpa de amarelo é comer terra”, frase que nunca entendi direito mas que, sem dúvida, está longe de ser um elogio aos ditos amarelos.
Augusto Meyer, em seu livro Os pêssegos verdes, informa como a cor amarela, que no Oriente simbolizou a Casa Imperial e, para o poeta grego Píndaro, expressava o esplendor do sol, entrou em desprestígio com Dante, para quem o amarelo era a cor de uma das três caras de Satanás. De lá pra cá, o amarelo tornou-se um estigma para judeus e até para prostitutas e leprosos. Isto sem falar em expressões depreciativas como “imprensa amarela”, “sorriso amarelo” e, pior, “ameaça amarela”, que esteve em voga durante a segunda guerra mundial, quando os japoneses se aliaram a Hitler.
Como se vê, certas palavras podem gozar de momentos áureos ou períodos negros (com perdão da palavra) e até mesmo adquirirem significado ironicamente contrário ao seu sentido original. Este foi o caso de Pinel, sobrenome de um famoso psiquiatra francês e nome de um pronto-socorro psiquiátrico do Rio. Durante os anos 70, os jovens drogados da zona sul da cidade, quando entravam em surto, eram levados para lá. Em consequência disso, na gíria desses jovens, o nome do médico passou a significar a doença mental que ele se dedicara a tratar.
— Fulano está pinel.
Ou seja, está surtado ou pirou, enlouqueceu. De gíria de um pequeno grupo, a expressão passou à imprensa e à televisão. Nos especiais televisivos da época, que falavam da juventude, era frequente ouvir-se a palavra pinel usada como sinônimo de loucura. Chegou mesmo a ser dicionarizada como tal. Aí, os descendentes do doutor Philippe Pinel, indignados, protestaram.
(GULLAR, Ferreira. Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: Global, 2004. p.164-166.)
Os vocábulos “é”, “cá”, “lá” e “tá” recebem acento gráfico porque todos são:
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Q743760 Português
Texto 1:
Palavras, palavras...
Ando descobrindo coisas óbvias acerca do uso da língua, do idioma falado. Uma delas — que me surpreendeu — é que falar é sempre improvisar. E eu até hoje não me tinha dado conta disto! Não sei se você, leitor, já percebeu, mas a verdade é que, quando você pergunta à empregada o que ela sugere para o almoço, sua resposta é um improviso, e tanto ela pode dizer: “por que não se faz a costela de porco?” ou... “pode ser costeleta” ou... “faz tempo que o senhor não come costeleta”... Enfim, o que importa aqui é mostrar que a frase não está pronta, que ela é apenas uma das possibilidades de formular do falante. Certamente, há os lugares-comuns, frases já prontas que usamos automaticamente, e que foram inventadas por alguém e tão bem inventadas que todo mundo passou a repeti-las.
E disso passei a outro aspecto do uso do idioma: a palavra, a força que têm certas palavras. Por exemplo, a palavra negro. Pelas implicações raciais, pela carga de história e preconceito que pesam sobre ela, tornou-se explosiva. Para certas pessoas, referir-se a alguém como negro é quase uma ofensa, quando devia ser natural. Já um conhecido meu, que é negro e justamente revoltado com os preconceitos que experimentou ao longo da vida, radicalizou. “Lá em casa — afirmou ele — ensinei os meninos a não dizem ‘a coisa preta’; lá se diz ‘a coisa tá branca’”. Não pude deixar de rir.
— Você tá de gozação.
— Não é gozação, não. Temos que acabar com essas expressões que são fruto da discriminação.
Lembrei então de outras palavras e expressões que poderiam gerar reações semelhantes. A palavra amarelo muitas vezes é usada de maneira que poderia ofender a chineses e japoneses, se é que se consideram mesmo amarelos: “o cara amarelou”, “tá amarelo de fome”. Quando menino, ouvia as pessoas mais velhas dizerem: “desculpa de amarelo é comer terra”, frase que nunca entendi direito mas que, sem dúvida, está longe de ser um elogio aos ditos amarelos.
Augusto Meyer, em seu livro Os pêssegos verdes, informa como a cor amarela, que no Oriente simbolizou a Casa Imperial e, para o poeta grego Píndaro, expressava o esplendor do sol, entrou em desprestígio com Dante, para quem o amarelo era a cor de uma das três caras de Satanás. De lá pra cá, o amarelo tornou-se um estigma para judeus e até para prostitutas e leprosos. Isto sem falar em expressões depreciativas como “imprensa amarela”, “sorriso amarelo” e, pior, “ameaça amarela”, que esteve em voga durante a segunda guerra mundial, quando os japoneses se aliaram a Hitler.
Como se vê, certas palavras podem gozar de momentos áureos ou períodos negros (com perdão da palavra) e até mesmo adquirirem significado ironicamente contrário ao seu sentido original. Este foi o caso de Pinel, sobrenome de um famoso psiquiatra francês e nome de um pronto-socorro psiquiátrico do Rio. Durante os anos 70, os jovens drogados da zona sul da cidade, quando entravam em surto, eram levados para lá. Em consequência disso, na gíria desses jovens, o nome do médico passou a significar a doença mental que ele se dedicara a tratar.
— Fulano está pinel.
Ou seja, está surtado ou pirou, enlouqueceu. De gíria de um pequeno grupo, a expressão passou à imprensa e à televisão. Nos especiais televisivos da época, que falavam da juventude, era frequente ouvir-se a palavra pinel usada como sinônimo de loucura. Chegou mesmo a ser dicionarizada como tal. Aí, os descendentes do doutor Philippe Pinel, indignados, protestaram.
(GULLAR, Ferreira. Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: Global, 2004. p.164-166.)
Em “Nos especiais televisivos da época, que falavam da juventude, era frequente ouvir-se a palavra pinel usada como sinônimo de loucura.”, a expressão grifada está sendo empregada com o valor de um:
Alternativas
Q743757 Português
Texto 1:
Palavras, palavras...
Ando descobrindo coisas óbvias acerca do uso da língua, do idioma falado. Uma delas — que me surpreendeu — é que falar é sempre improvisar. E eu até hoje não me tinha dado conta disto! Não sei se você, leitor, já percebeu, mas a verdade é que, quando você pergunta à empregada o que ela sugere para o almoço, sua resposta é um improviso, e tanto ela pode dizer: “por que não se faz a costela de porco?” ou... “pode ser costeleta” ou... “faz tempo que o senhor não come costeleta”... Enfim, o que importa aqui é mostrar que a frase não está pronta, que ela é apenas uma das possibilidades de formular do falante. Certamente, há os lugares-comuns, frases já prontas que usamos automaticamente, e que foram inventadas por alguém e tão bem inventadas que todo mundo passou a repeti-las.
E disso passei a outro aspecto do uso do idioma: a palavra, a força que têm certas palavras. Por exemplo, a palavra negro. Pelas implicações raciais, pela carga de história e preconceito que pesam sobre ela, tornou-se explosiva. Para certas pessoas, referir-se a alguém como negro é quase uma ofensa, quando devia ser natural. Já um conhecido meu, que é negro e justamente revoltado com os preconceitos que experimentou ao longo da vida, radicalizou. “Lá em casa — afirmou ele — ensinei os meninos a não dizem ‘a coisa preta’; lá se diz ‘a coisa tá branca’”. Não pude deixar de rir.
— Você tá de gozação.
— Não é gozação, não. Temos que acabar com essas expressões que são fruto da discriminação.
Lembrei então de outras palavras e expressões que poderiam gerar reações semelhantes. A palavra amarelo muitas vezes é usada de maneira que poderia ofender a chineses e japoneses, se é que se consideram mesmo amarelos: “o cara amarelou”, “tá amarelo de fome”. Quando menino, ouvia as pessoas mais velhas dizerem: “desculpa de amarelo é comer terra”, frase que nunca entendi direito mas que, sem dúvida, está longe de ser um elogio aos ditos amarelos.
Augusto Meyer, em seu livro Os pêssegos verdes, informa como a cor amarela, que no Oriente simbolizou a Casa Imperial e, para o poeta grego Píndaro, expressava o esplendor do sol, entrou em desprestígio com Dante, para quem o amarelo era a cor de uma das três caras de Satanás. De lá pra cá, o amarelo tornou-se um estigma para judeus e até para prostitutas e leprosos. Isto sem falar em expressões depreciativas como “imprensa amarela”, “sorriso amarelo” e, pior, “ameaça amarela”, que esteve em voga durante a segunda guerra mundial, quando os japoneses se aliaram a Hitler.
Como se vê, certas palavras podem gozar de momentos áureos ou períodos negros (com perdão da palavra) e até mesmo adquirirem significado ironicamente contrário ao seu sentido original. Este foi o caso de Pinel, sobrenome de um famoso psiquiatra francês e nome de um pronto-socorro psiquiátrico do Rio. Durante os anos 70, os jovens drogados da zona sul da cidade, quando entravam em surto, eram levados para lá. Em consequência disso, na gíria desses jovens, o nome do médico passou a significar a doença mental que ele se dedicara a tratar.
— Fulano está pinel.
Ou seja, está surtado ou pirou, enlouqueceu. De gíria de um pequeno grupo, a expressão passou à imprensa e à televisão. Nos especiais televisivos da época, que falavam da juventude, era frequente ouvir-se a palavra pinel usada como sinônimo de loucura. Chegou mesmo a ser dicionarizada como tal. Aí, os descendentes do doutor Philippe Pinel, indignados, protestaram.
(GULLAR, Ferreira. Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: Global, 2004. p.164-166.)
Na frase “... e tanto ela pode dizer: “por que não se faz a costela de porco?” ou...”, foram utilizadas as aspas em “por que não se faz a costela de porco?” com o objetivo de:
Alternativas
Q743756 Português
Texto 1:
Palavras, palavras...
Ando descobrindo coisas óbvias acerca do uso da língua, do idioma falado. Uma delas — que me surpreendeu — é que falar é sempre improvisar. E eu até hoje não me tinha dado conta disto! Não sei se você, leitor, já percebeu, mas a verdade é que, quando você pergunta à empregada o que ela sugere para o almoço, sua resposta é um improviso, e tanto ela pode dizer: “por que não se faz a costela de porco?” ou... “pode ser costeleta” ou... “faz tempo que o senhor não come costeleta”... Enfim, o que importa aqui é mostrar que a frase não está pronta, que ela é apenas uma das possibilidades de formular do falante. Certamente, há os lugares-comuns, frases já prontas que usamos automaticamente, e que foram inventadas por alguém e tão bem inventadas que todo mundo passou a repeti-las.
E disso passei a outro aspecto do uso do idioma: a palavra, a força que têm certas palavras. Por exemplo, a palavra negro. Pelas implicações raciais, pela carga de história e preconceito que pesam sobre ela, tornou-se explosiva. Para certas pessoas, referir-se a alguém como negro é quase uma ofensa, quando devia ser natural. Já um conhecido meu, que é negro e justamente revoltado com os preconceitos que experimentou ao longo da vida, radicalizou. “Lá em casa — afirmou ele — ensinei os meninos a não dizem ‘a coisa preta’; lá se diz ‘a coisa tá branca’”. Não pude deixar de rir.
— Você tá de gozação.
— Não é gozação, não. Temos que acabar com essas expressões que são fruto da discriminação.
Lembrei então de outras palavras e expressões que poderiam gerar reações semelhantes. A palavra amarelo muitas vezes é usada de maneira que poderia ofender a chineses e japoneses, se é que se consideram mesmo amarelos: “o cara amarelou”, “tá amarelo de fome”. Quando menino, ouvia as pessoas mais velhas dizerem: “desculpa de amarelo é comer terra”, frase que nunca entendi direito mas que, sem dúvida, está longe de ser um elogio aos ditos amarelos.
Augusto Meyer, em seu livro Os pêssegos verdes, informa como a cor amarela, que no Oriente simbolizou a Casa Imperial e, para o poeta grego Píndaro, expressava o esplendor do sol, entrou em desprestígio com Dante, para quem o amarelo era a cor de uma das três caras de Satanás. De lá pra cá, o amarelo tornou-se um estigma para judeus e até para prostitutas e leprosos. Isto sem falar em expressões depreciativas como “imprensa amarela”, “sorriso amarelo” e, pior, “ameaça amarela”, que esteve em voga durante a segunda guerra mundial, quando os japoneses se aliaram a Hitler.
Como se vê, certas palavras podem gozar de momentos áureos ou períodos negros (com perdão da palavra) e até mesmo adquirirem significado ironicamente contrário ao seu sentido original. Este foi o caso de Pinel, sobrenome de um famoso psiquiatra francês e nome de um pronto-socorro psiquiátrico do Rio. Durante os anos 70, os jovens drogados da zona sul da cidade, quando entravam em surto, eram levados para lá. Em consequência disso, na gíria desses jovens, o nome do médico passou a significar a doença mental que ele se dedicara a tratar.
— Fulano está pinel.
Ou seja, está surtado ou pirou, enlouqueceu. De gíria de um pequeno grupo, a expressão passou à imprensa e à televisão. Nos especiais televisivos da época, que falavam da juventude, era frequente ouvir-se a palavra pinel usada como sinônimo de loucura. Chegou mesmo a ser dicionarizada como tal. Aí, os descendentes do doutor Philippe Pinel, indignados, protestaram.
(GULLAR, Ferreira. Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: Global, 2004. p.164-166.)
Nas expressões “imprensa amarela”, “sorriso amarelo” e “ameaça amarela”, o vocábulo amarelo/a foi empregado em todos os três casos como:
Alternativas
Q743727 Física

A tabela abaixo mostra as temperaturas de fusão e ebulição da água, nas escalas Celsius (°C) e Fahrenheit (°F).

Imagem associada para resolução da questão

Uma temperatura de 20° corresponde, na escala Fahrenheit, a uma temperatura de:

Alternativas
Q743716 Física

Observe o sistema de forças abaixo, que atua sobre o corpo M:

Imagem associada para resolução da questão

O módulo da força resultante desse sistema vale:

Alternativas
Q743712 Inglês

TEXT II

The four-thousand-year-old computer

In 1901, a group of divers excavating an ancient Roman shipwreck near the island of Antikythera, off the southern coast of Greece, found a mysterious object - a lump of calcified stone that contained within it several gearwheels welded together after years under the sea. The 2,000-year-old object, no bigger than a modern laptop, is now regarded as the world's oldest computer, devised to predict solar eclipses and, according to recent findings, calculate the timing of the ancient Olympics. Following the efforts of an international team of scientists, the mysteries of the Antikythera Mechanism are uncovered, revealing surprising and awe-inspiring details of the object that continues to mystify.

(From: http://www.bbc.co.uk/programmes/b01hlkcq)

The opposite of “under” in “under the sea" is:
Alternativas
Q743711 Inglês

TEXT II

The four-thousand-year-old computer

In 1901, a group of divers excavating an ancient Roman shipwreck near the island of Antikythera, off the southern coast of Greece, found a mysterious object - a lump of calcified stone that contained within it several gearwheels welded together after years under the sea. The 2,000-year-old object, no bigger than a modern laptop, is now regarded as the world's oldest computer, devised to predict solar eclipses and, according to recent findings, calculate the timing of the ancient Olympics. Following the efforts of an international team of scientists, the mysteries of the Antikythera Mechanism are uncovered, revealing surprising and awe-inspiring details of the object that continues to mystify.

(From: http://www.bbc.co.uk/programmes/b01hlkcq)

The material which "a lump of calcified stone" is made of is:
Alternativas
Q743710 Inglês

TEXT II

The four-thousand-year-old computer

In 1901, a group of divers excavating an ancient Roman shipwreck near the island of Antikythera, off the southern coast of Greece, found a mysterious object - a lump of calcified stone that contained within it several gearwheels welded together after years under the sea. The 2,000-year-old object, no bigger than a modern laptop, is now regarded as the world's oldest computer, devised to predict solar eclipses and, according to recent findings, calculate the timing of the ancient Olympics. Following the efforts of an international team of scientists, the mysteries of the Antikythera Mechanism are uncovered, revealing surprising and awe-inspiring details of the object that continues to mystify.

(From: http://www.bbc.co.uk/programmes/b01hlkcq)

The verb "found" can be replaced by:
Alternativas
Q743709 Inglês

TEXT II

The four-thousand-year-old computer

In 1901, a group of divers excavating an ancient Roman shipwreck near the island of Antikythera, off the southern coast of Greece, found a mysterious object - a lump of calcified stone that contained within it several gearwheels welded together after years under the sea. The 2,000-year-old object, no bigger than a modern laptop, is now regarded as the world's oldest computer, devised to predict solar eclipses and, according to recent findings, calculate the timing of the ancient Olympics. Following the efforts of an international team of scientists, the mysteries of the Antikythera Mechanism are uncovered, revealing surprising and awe-inspiring details of the object that continues to mystify.

(From: http://www.bbc.co.uk/programmes/b01hlkcq)

The object mentioned in the title was found:
Alternativas
Q743708 Inglês

TEXT II

The four-thousand-year-old computer

In 1901, a group of divers excavating an ancient Roman shipwreck near the island of Antikythera, off the southern coast of Greece, found a mysterious object - a lump of calcified stone that contained within it several gearwheels welded together after years under the sea. The 2,000-year-old object, no bigger than a modern laptop, is now regarded as the world's oldest computer, devised to predict solar eclipses and, according to recent findings, calculate the timing of the ancient Olympics. Following the efforts of an international team of scientists, the mysteries of the Antikythera Mechanism are uncovered, revealing surprising and awe-inspiring details of the object that continues to mystify.

(From: http://www.bbc.co.uk/programmes/b01hlkcq)

The function of this text is to:
Alternativas
Q743703 Português

TEXTO

O IDIOMA, VIVO OU MORTO?

Jorge Fernando dos Santos

    O grande problema da língua pátria é que ela é viva e se renova a cada dia. Problema não para a própria língua, mas para os puristas, aqueles que fiscalizam o uso e o desuso do idioma. Quando Chico Buarque de Hollanda criou na letra de “Pedro Pedreiro” o neologismo “penseiro”, teve gente que chiou. Afinal, que palavra é essa? Não demorou muito, o Aurélio definiu a nova palavra no seu dicionário. Isso mostra o vigor da língua portuguesa. Nas próximas edições dos melhores dicionários, não duvidem: provavelmente virá pelo menos uma definição para a expressão “segura o tcham”. Enfim, as gírias e expressões populares, por mais erradas ou absurdas que possam parecer, ajudam a manter a atualidade dos idiomas que se prezam.

No texto, aparecem três termos entre aspas: “Pedro Pedreiro” (I), “penseiro” (II) e “segura o tcham” (III); sobre esse emprego pode-se dizer que:
Alternativas
Respostas
21: D
22: A
23: C
24: B
25: B
26: C
27: B
28: D
29: A
30: C
31: B
32: C
33: B
34: B
35: B
36: B
37: D
38: C
39: A
40: D