Questões Militares Para aspirante da escola naval

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Q1859171 Matemática
Todos os pontos P(a, b) da figura abaixo podem ser 2a a representados sob a forma matricial Imagem associada para resolução da questão.

Imagem associada para resolução da questão

Ao aplicarmos uma transformação linear A. P = Q, geramos uma nova figura na qual seus pontos são representados sob a forma Imagem associada para resolução da questão. Sendo AImagem associada para resolução da questão, assinale a opção que representa a figura formada pela transformação A .P
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Q1859170 Matemática
No R3, a equação ax +by + cz + d = 0, com as constantes a,b,c,d  R, podem representar um plano.
Assinale a opção que esboça a representação geométrica dos planos no sistema linear abaixo 

Imagem associada para resolução da questão
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Q1859169 Matemática

Assinale a opção que apresenta o valor de Imagem associada para resolução da questão

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Q1859168 Matemática
Considere o sistema abaixo: 

Imagem associada para resolução da questão

Se x = a, y = b, u = c, v = d e w = e constituem a solução do sistema, assinale a opção que apresenta a soma a + b + c + d + e
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Q1859167 Matemática
Considere um triângulo ABC de modo que C esteja na origem do sistema cartesiano, A esteja no eixo das abscissas com coordenada (x,0), com x > 0, B esteja no primeiro quadrante e θ seja a medida do ângulo Imagem associada para resolução da questão. Considere também que os comprimentos dos segmentos CB e AB sejam, respectivamente, 3cm e 5 cm, e que θ varie a uma taxa constante de 1/2 rad/s. Desse modo, assinale a opção que apresenta a velocidade do ponto A quando θ = π/2 rad.  
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Q1859166 Matemática
Em um teste de prova num laboratório de engenharia civil, cilindros, circulares retos, de concreto de altura 3 dm e raio 1 dm, cada um, serão depositados em um recipiente no formato de um paralelepípedo reto-retângulo de dimensões 10 dm x 8 dm x 5,48 dm, conforme figura abaixo. 

Imagem associada para resolução da questão

Após a maior quantidade possível de cilindros ser colocada no recipiente, este será preenchido com água em sua totalidade. Sendo assim, a opção que mais se aproxima do volume de água, em litros, colocado no recipiente é:  
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Q1859165 Matemática
Um corredor pretende tornar mais regular o tempo gasto para percorrer uma determinada distância. Ele anotou os tempos, em minutos, de cada vez que ele percorreu essa distância (tabela abaixo). 

Tempo min           3     5     8     3     9     6     5     5


Percebendo a média x dos tempos observados, o corredor pretende realizar o percurso mais n vezes com o tempo exatamente igual à média, cada vez, para que o desvio padrão, de todos os tempos observados, diminua 1 unidade. Dessa forma, n deve ser igual a: 
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Q1859164 Matemática
Considere um círculo de centro circunscrito a um triângulo ABC com ângulo obtuso em A. O raio AO forma um ângulo de 30º com a altura AH e intercepta BC em um ponto E. O prolongamento da bissetriz do ângulo A intercepta BC em um ponto F e a circunferência em um ponto G, conforme figura abaixo. 

Imagem associada para resolução da questão

Assinale a opção que apresenta a área do quadrilátero FEOG sabendo que AG = 42 cm e AH Imagem associada para resolução da questão cm. 
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Q1859163 Matemática
Nos últimos jogos olímpicos (2016), o tradicional clube carioca Botafogo foi a base da equipe de remo da seleção brasileira. O clube possui esse nome em virtude do bairro onde ele nasceu. 
Imagem associada para resolução da questão
Fonte: www. botafogo.com.br  

TFOGOBOA, por exemplo, é um anagrama de Botafogo cujas letras não aparecem nas posições de origem. Sendo assim, é correto afirmar que o total de anagramas de BOTAFOGO cujas letras não aparecem nas posições de origem é igual a: 

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Q1859162 Matemática
Suponha que o conjunto solução da equação 5x3 - 4x2 + 7x - 2 = 0 é {x1, x2, x3}. Se a equação polinomial P(x) = 0 apresenta (5x1, 5x2, 5x3) como conjunto solução, assinale a opção que apresenta a soma dos coeficientes de P(x).  
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Q1859161 Raciocínio Lógico
Jayme e seu neto João irão disputar uma partida de xadrez (tabuleiro na Figura 1) 

Imagem associada para resolução da questão

João jogará uma moeda circular, de raio 1 cm, sobre o tabuleiro.

Se a moeda cair inteiramente sobre uma única casa do tabuleiro (exemplos: Figura 2 e Figura 3), João jogará com as peças brancas, caso contrário Jayme jogará com as peças brancas. 

Imagem associada para resolução da questão
Sabe-se que o tabuleiro é formado por 64 casas (quadradas) de 4 cm de lado, cada, e que a moeda deverá tocar em pelo menos um ponto da região quadriculada (exemplos: Figuras 4 e 5).

Imagem associada para resolução da questão 

A probabilidade de João jogar com brancas é aproximadamente igual a:
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Q1859160 Matemática
Sabendo que 2sen(α + β) = sen(α) + sen(β), com α + β ≠ πk, k ∈ Imagem associada para resolução da questão assinale a opção que apresenta o valor de tg (α/2) . tg(β/2).
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Q1859159 Matemática
Um dos mais brilhantes trabalhos do matemático grego Arquimedes (287 a.C. - 212 a.C.) foi a Quadratura da Parábola. Através do Método da Exaustão, Arquimedes demonstrou que a área de um segmento parabólico (região compreendida entre a parábola e uma linha reta r), conforme figura abaixo. 
Imagem associada para resolução da questão
Imagem associada para resolução da questão
Segmento Parabólico (região hachurada) 

Essa área do segmento parabólico equivale a 4/3 da área do triângulo ABT seguinte, inscrito no segmento parabólico, sendo as retas r e s paralelas e T o ponto de tangência.  

Imagem associada para resolução da questãoImagem associada para resolução da questão

Seja p uma parábola com foco Imagem associada para resolução da questão e reta diretriz d: x + y + 2 = 0.

A parábola é seccionada pela reta r: √2.x + √2.y - 8 = 0, originando a região hachurada da figura abaixo.  

Imagem associada para resolução da questãoImagem associada para resolução da questão

Com base nas informações apresentadas, é correto afirmar que a área da região hachurada é igual a 
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Q1859158 Matemática
Assinale a opção que apresenta a soma de todas as coordenadas dos pontos da reta r: x - 1 = 2y = z que equidistam dos planos π1: 2x - 3y - 4z - 3 = 0 e π2: 4x - 3y - 2z = -3.
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Q1859157 Matemática
Seja a sequência abaixo definida por uma lei de recorrência de 3ª ordem. Cada termo dessa sequência (do quarto termo em diante) é uma combinação linear dos três termos imediatamente anteriores. (2,-1,1,6,3. -1,...).
A soma do sétimo termo com o oitavo termo é igual a 
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Q1859156 Matemática
Seja f uma função real e f' e f” as derivadas de ordem um e dois, respectivamente. A figura abaixo mostra parte dos gráficos de f, f' e f”, indicados pelas letras a, b e c. Dessa forma, assinale a opção que apresenta uma correspondência correta. 
Imagem associada para resolução da questão
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Q1859155 Matemática
Um fabricante de bolas de tênis (bolas em formatos esféricos) deseja vender as bolas em embalagens cilíndricas (cilindros circulares retos) de raio R e altura H, cada uma. Em cada embalagem há n bolas de tênis de raio R, cada bola. O fabricante deseja que a área total das superfícies das bolas seja igual à área lateral da embalagem (cilindro). Dessa forma, é correto afirmar que: 
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Q1696275 Português
O CORPO ESCRITO DA LITERATURA

    A escrita se faz com o corpo, e dar sua pulsação, seu ritmo pulslonal, sua respiração singular, sua rebeldia, às vezes domada pela força da armadura da língua, pela sintaxe, freios e ordenamentos. Assim, nunca são puras ideias abstratas que se escrevem e por isso, quando se lida com a escrita alheia do escritor ou do escrevente comum, como leitor ou crítico, toca-se em textos, com as mãos, com os olhos, com a pele. Tal gesto pode irritar profundamente aquele que escreveu, como se seu corpo sofresse uma agressão ou uma invasão Indevida, da qual ele tem que se defender, sob o risco de se ver ferido por um olhar ou mäo estranha. Por isso, aquele que escreve, a todo momento, talvez tente se explicar, se suturar, na tentativa de se preservar de um outro intrusivo, que fala de um lugar que nem sempre é o da cumplicidade especular, obrigando a um dizer outro que ele - o que escreve - recusa, desconhece ou simplesmente cala.
    O escrever tem a ver com uma intimidade que, no entanto, sempre se volta para fora, paradoxalmente se mascarando e se desvelando, ao mesmo tempo. Dar, a fugaz medida do texto, que o faz se dizer e se desdizer, no palco mesmo da folha branca, onde ele se exibe, com pudor, falso pudor, ou uma espécie de bravata exibicionista. Textos poéticos ou romanescos querem agradar ou seduzir o incauto leitor com suas manhas e artimanhas, prometendo e faltando à palavra dada, às promessas de respostas. à avidez ingênua de quem espera dele mais do que palavras, letras.
    Assim, o texto fala e fala mais do que o autor pretende, e não há como evitar essa rebeldia de palavras que fogem de um ilusório comando, mesmo quando se buscam recursos os mais variados, para domá-las, se assim se pretende, no cárcere privado da sintaxe, das normas, dos modelos, sonetos, tercetos ou a mais rígida rima livre.
    Porque as palavras são "palavras em pássaros" como afirma um personagem de João Gilberto Noll que se diz dominado por elas, no ato mesmo da escrita, como se elas escapassem de seus dedos que dedilham as teclas da máquina, sem conseguir controlá-las.
    Um dia, escrevi ou me escrevi: literatura são palavras. Mas nem todas as palavras fazem literatura, a não ser aquelas que trabalham no velho barro da língua, laborando nele como quem forja alguma coisa tão material, como com o cristal sonoro ou o som bruto de cordas que esperam as mãos do violinista, para afiná-las ou quebrá-las com som novo que possa arranhar nossos ouvidos duros, rapidamente surdos aos velhos verbos repetidos que ecoam sinistramente na velha casa da escrita. [...]
    A escrita não segura todos os riscos, todos os pontos finais, mas alguma coisa ela faz, quando se gastam todos os recursos do semblant, quando, de repente, ela começa a se dizer sozinha, avizinhando-nos do real, este insabido que fascina e nos deixa nus diante de todos os leitores.
    Talvez ar, nessa hora, surja um voyeurismo que surpreenda o escritor, lá onde ele não se adivinhava, quando pode se desconhecer em suas palavras, estas que saem de seu pobre teatro do quotidiano e o espreitam, no chão mesmo da poesia, na sua letra, ao pé da letra.
    Ela, a poesia, vem, sem suas vestimentas-textos, que, de tão decorados, se põem a despir-se. pois todo ator ou atriz tem sua hora de cansaço, quando sua fala já não fala, quando uma brusca opacidade faz que ele ou ela tropece as palavras e as gagueje, num hiato.
    Depois da luta, a luta mais vã de Drummond, fica-se sabendo que ela - a luta - é de outra ordem e se escreve com outras armas. Mas só se sabe isso depois de liquefazer suas palavras-lutas, de passar por um estado de ruptura do velho chão da gramática, da língua pátria.
    Língua pátria necessária, mas que precisa ser transformada em herança, para ser reescrita e relida, agora, noutros tempos, sem que se deixe de trabalhar o limo verde de seus vocábulos esquecidos no museu de tudo. Tudo o que me diz ou nos diz na floresta de símbolos onde nos perdermos, onde perdemos o rumo e o prumo. Mas também onde inventamos outros itinerários, com outras bússolas. no papel lívido, como disse a voz de um escritor cujo nome esqueci, mas que me fala agora. Ou mesmo, escrevendo nessa outra tela, a dos nossos fantasmas, bela ou temida janela. ou nessa outra, cujo brilho ofusca, a do computador, que faz voar, correr nas suas teclas as palavras-pássaros, sem pouso, sem pausa.
    Palavras-pássaros do tempo-espaço que não se deixam apagar nas letras empoeiradas das prateleiras de Babel, de Borges, sempre reescritas. Sempre renovadas e reinventadas, que é para isso que serve a literatura.[...]

BRANDÃO, Ruth Silviano. A vida escrita. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006. (Texto adaptado)
No tftulo do texto, Ruth Silviano Brandão usou uma figura de linguagem. Assinale a opção que identifica corretamente essa figura.
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Q1696274 Português
O CORPO ESCRITO DA LITERATURA

    A escrita se faz com o corpo, e dar sua pulsação, seu ritmo pulslonal, sua respiração singular, sua rebeldia, às vezes domada pela força da armadura da língua, pela sintaxe, freios e ordenamentos. Assim, nunca são puras ideias abstratas que se escrevem e por isso, quando se lida com a escrita alheia do escritor ou do escrevente comum, como leitor ou crítico, toca-se em textos, com as mãos, com os olhos, com a pele. Tal gesto pode irritar profundamente aquele que escreveu, como se seu corpo sofresse uma agressão ou uma invasão Indevida, da qual ele tem que se defender, sob o risco de se ver ferido por um olhar ou mäo estranha. Por isso, aquele que escreve, a todo momento, talvez tente se explicar, se suturar, na tentativa de se preservar de um outro intrusivo, que fala de um lugar que nem sempre é o da cumplicidade especular, obrigando a um dizer outro que ele - o que escreve - recusa, desconhece ou simplesmente cala.
    O escrever tem a ver com uma intimidade que, no entanto, sempre se volta para fora, paradoxalmente se mascarando e se desvelando, ao mesmo tempo. Dar, a fugaz medida do texto, que o faz se dizer e se desdizer, no palco mesmo da folha branca, onde ele se exibe, com pudor, falso pudor, ou uma espécie de bravata exibicionista. Textos poéticos ou romanescos querem agradar ou seduzir o incauto leitor com suas manhas e artimanhas, prometendo e faltando à palavra dada, às promessas de respostas. à avidez ingênua de quem espera dele mais do que palavras, letras.
    Assim, o texto fala e fala mais do que o autor pretende, e não há como evitar essa rebeldia de palavras que fogem de um ilusório comando, mesmo quando se buscam recursos os mais variados, para domá-las, se assim se pretende, no cárcere privado da sintaxe, das normas, dos modelos, sonetos, tercetos ou a mais rígida rima livre.
    Porque as palavras são "palavras em pássaros" como afirma um personagem de João Gilberto Noll que se diz dominado por elas, no ato mesmo da escrita, como se elas escapassem de seus dedos que dedilham as teclas da máquina, sem conseguir controlá-las.
    Um dia, escrevi ou me escrevi: literatura são palavras. Mas nem todas as palavras fazem literatura, a não ser aquelas que trabalham no velho barro da língua, laborando nele como quem forja alguma coisa tão material, como com o cristal sonoro ou o som bruto de cordas que esperam as mãos do violinista, para afiná-las ou quebrá-las com som novo que possa arranhar nossos ouvidos duros, rapidamente surdos aos velhos verbos repetidos que ecoam sinistramente na velha casa da escrita. [...]
    A escrita não segura todos os riscos, todos os pontos finais, mas alguma coisa ela faz, quando se gastam todos os recursos do semblant, quando, de repente, ela começa a se dizer sozinha, avizinhando-nos do real, este insabido que fascina e nos deixa nus diante de todos os leitores.
    Talvez ar, nessa hora, surja um voyeurismo que surpreenda o escritor, lá onde ele não se adivinhava, quando pode se desconhecer em suas palavras, estas que saem de seu pobre teatro do quotidiano e o espreitam, no chão mesmo da poesia, na sua letra, ao pé da letra.
    Ela, a poesia, vem, sem suas vestimentas-textos, que, de tão decorados, se põem a despir-se. pois todo ator ou atriz tem sua hora de cansaço, quando sua fala já não fala, quando uma brusca opacidade faz que ele ou ela tropece as palavras e as gagueje, num hiato.
    Depois da luta, a luta mais vã de Drummond, fica-se sabendo que ela - a luta - é de outra ordem e se escreve com outras armas. Mas só se sabe isso depois de liquefazer suas palavras-lutas, de passar por um estado de ruptura do velho chão da gramática, da língua pátria.
    Língua pátria necessária, mas que precisa ser transformada em herança, para ser reescrita e relida, agora, noutros tempos, sem que se deixe de trabalhar o limo verde de seus vocábulos esquecidos no museu de tudo. Tudo o que me diz ou nos diz na floresta de símbolos onde nos perdermos, onde perdemos o rumo e o prumo. Mas também onde inventamos outros itinerários, com outras bússolas. no papel lívido, como disse a voz de um escritor cujo nome esqueci, mas que me fala agora. Ou mesmo, escrevendo nessa outra tela, a dos nossos fantasmas, bela ou temida janela. ou nessa outra, cujo brilho ofusca, a do computador, que faz voar, correr nas suas teclas as palavras-pássaros, sem pouso, sem pausa.
    Palavras-pássaros do tempo-espaço que não se deixam apagar nas letras empoeiradas das prateleiras de Babel, de Borges, sempre reescritas. Sempre renovadas e reinventadas, que é para isso que serve a literatura.[...]

BRANDÃO, Ruth Silviano. A vida escrita. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006. (Texto adaptado)
Leia o trecho a seguir.
"0 escrever tem a ver com uma intimidade que, no entanto sempre se volta para fora[...]" (2°§)
A expressão destacada é classificada como uma conjunção coordenativa com função:
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Q1696273 Português
O CORPO ESCRITO DA LITERATURA

    A escrita se faz com o corpo, e dar sua pulsação, seu ritmo pulslonal, sua respiração singular, sua rebeldia, às vezes domada pela força da armadura da língua, pela sintaxe, freios e ordenamentos. Assim, nunca são puras ideias abstratas que se escrevem e por isso, quando se lida com a escrita alheia do escritor ou do escrevente comum, como leitor ou crítico, toca-se em textos, com as mãos, com os olhos, com a pele. Tal gesto pode irritar profundamente aquele que escreveu, como se seu corpo sofresse uma agressão ou uma invasão Indevida, da qual ele tem que se defender, sob o risco de se ver ferido por um olhar ou mäo estranha. Por isso, aquele que escreve, a todo momento, talvez tente se explicar, se suturar, na tentativa de se preservar de um outro intrusivo, que fala de um lugar que nem sempre é o da cumplicidade especular, obrigando a um dizer outro que ele - o que escreve - recusa, desconhece ou simplesmente cala.
    O escrever tem a ver com uma intimidade que, no entanto, sempre se volta para fora, paradoxalmente se mascarando e se desvelando, ao mesmo tempo. Dar, a fugaz medida do texto, que o faz se dizer e se desdizer, no palco mesmo da folha branca, onde ele se exibe, com pudor, falso pudor, ou uma espécie de bravata exibicionista. Textos poéticos ou romanescos querem agradar ou seduzir o incauto leitor com suas manhas e artimanhas, prometendo e faltando à palavra dada, às promessas de respostas. à avidez ingênua de quem espera dele mais do que palavras, letras.
    Assim, o texto fala e fala mais do que o autor pretende, e não há como evitar essa rebeldia de palavras que fogem de um ilusório comando, mesmo quando se buscam recursos os mais variados, para domá-las, se assim se pretende, no cárcere privado da sintaxe, das normas, dos modelos, sonetos, tercetos ou a mais rígida rima livre.
    Porque as palavras são "palavras em pássaros" como afirma um personagem de João Gilberto Noll que se diz dominado por elas, no ato mesmo da escrita, como se elas escapassem de seus dedos que dedilham as teclas da máquina, sem conseguir controlá-las.
    Um dia, escrevi ou me escrevi: literatura são palavras. Mas nem todas as palavras fazem literatura, a não ser aquelas que trabalham no velho barro da língua, laborando nele como quem forja alguma coisa tão material, como com o cristal sonoro ou o som bruto de cordas que esperam as mãos do violinista, para afiná-las ou quebrá-las com som novo que possa arranhar nossos ouvidos duros, rapidamente surdos aos velhos verbos repetidos que ecoam sinistramente na velha casa da escrita. [...]
    A escrita não segura todos os riscos, todos os pontos finais, mas alguma coisa ela faz, quando se gastam todos os recursos do semblant, quando, de repente, ela começa a se dizer sozinha, avizinhando-nos do real, este insabido que fascina e nos deixa nus diante de todos os leitores.
    Talvez ar, nessa hora, surja um voyeurismo que surpreenda o escritor, lá onde ele não se adivinhava, quando pode se desconhecer em suas palavras, estas que saem de seu pobre teatro do quotidiano e o espreitam, no chão mesmo da poesia, na sua letra, ao pé da letra.
    Ela, a poesia, vem, sem suas vestimentas-textos, que, de tão decorados, se põem a despir-se. pois todo ator ou atriz tem sua hora de cansaço, quando sua fala já não fala, quando uma brusca opacidade faz que ele ou ela tropece as palavras e as gagueje, num hiato.
    Depois da luta, a luta mais vã de Drummond, fica-se sabendo que ela - a luta - é de outra ordem e se escreve com outras armas. Mas só se sabe isso depois de liquefazer suas palavras-lutas, de passar por um estado de ruptura do velho chão da gramática, da língua pátria.
    Língua pátria necessária, mas que precisa ser transformada em herança, para ser reescrita e relida, agora, noutros tempos, sem que se deixe de trabalhar o limo verde de seus vocábulos esquecidos no museu de tudo. Tudo o que me diz ou nos diz na floresta de símbolos onde nos perdermos, onde perdemos o rumo e o prumo. Mas também onde inventamos outros itinerários, com outras bússolas. no papel lívido, como disse a voz de um escritor cujo nome esqueci, mas que me fala agora. Ou mesmo, escrevendo nessa outra tela, a dos nossos fantasmas, bela ou temida janela. ou nessa outra, cujo brilho ofusca, a do computador, que faz voar, correr nas suas teclas as palavras-pássaros, sem pouso, sem pausa.
    Palavras-pássaros do tempo-espaço que não se deixam apagar nas letras empoeiradas das prateleiras de Babel, de Borges, sempre reescritas. Sempre renovadas e reinventadas, que é para isso que serve a literatura.[...]

BRANDÃO, Ruth Silviano. A vida escrita. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006. (Texto adaptado)
Observe o trecho a seguir.
"Talvez aí, nessa hora, surja um voyeurismo que surpreenda o escritor, lá onde ele não se adivinhava, quando pode se desconhecer em suas palavras, estas que saem de seu pobre teatro do quotidiano e o espreitam, no chão mesmo da poesia, na sua letra, ao pé da letra." (7º§)
O termo sublinhado possui uma variante ortográfica, que substitui o qu- inicial por um c-, podendo, portanto, ser também escrito como "cotidiano", sem implicar qualquer mudança do seu sentido original. Assinale a opção em que o termo apresentado também apresenta essa propriedade.
Alternativas
Respostas
61: C
62: D
63: D
64: A
65: D
66: C
67: C
68: E
69: D
70: A
71: B
72: A
73: B
74: C
75: D
76: D
77: B
78: E
79: A
80: D